Saturday, March 7, 2015

Votação sobre eucalipto transgênico é adiada

Votação sobre eucalipto transgênico é adiada Notícia - 6 - mar - 2015 Após protestos de camponeses, CTNBio adia decisão sobre eucalipto geneticamente modificado; milho resistente ao agrotóxico 2,4-D foi aprovado zoom Camponeses protestam contra liberação de transgênicos (Divulgação MST) A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou ontem duas novas variedades de milho transgênico, uma delas resistente ao agrotóxico 2,4-D, conhecido mundialmente por ser um dos ingredientes da arma química Agente Laranja usada na Guerra do Vietnã. A votação da liberação comercial do eucalipto transgênico foi adiada após protestos, e será retomada no próximo mês. Cerca de 300 camponeses da Via Campesina ocuparam a sala na qual acontecia a reunião da CTNBio, em Brasília, para protestar contra a aprovação das novas espécies de organismos geneticamente modificados. No momento da ocupação, os dois pedidos de liberação comercial de milho transgênico já tinham sido aprovados. A polícia foi chamada, mas não houve confronto. Diante do impasse, a reunião foi cancelada e a decisão sobre o eucalipto transgênico foi adiada para abril. Leia mais: CTNBio vota três novas variedades de transgênicos esta semana Mais cedo na manhã de ontem, cerca de mil mulheres do MST (Movimento Sem Terra) dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais ocuparam uma fábrica da FuturaGene Brasil / Suzano no município de Itapetininga, em São Paulo. O objetivo da ocupação também era protestar contra a possível liberação da árvore geneticamente modificada. Veja o vídeo da ocupação:“O eucalipto transgênico da FuturaGene / Suzano não foi totalmente estudado e seus impactos no meio ambiente são ainda desconhecidos. Camponeses e consumidores estão preocupados e a sociedade está mobilizada para pedir que essa liberação não aconteça”, disse Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de agricultura e alimentação do Greenpeace. “Resta saber se a CTNBio vai ouvir os pedidos da sociedade ou se vai priorizar os interesses de uma única empresa”, completou ela. Embora o adiamento da decisão sobre o eucalipto transgênico seja uma boa notícia, a aprovação das duas novas variedades de milho é preocupante por seu alto potencial de danos à saúde e ao meio ambiente. Em março de 2014, o Ministério Público pediu a suspensão de diversos tipos de agrotóxicos usados no Brasil, dentre eles o 2,4-D e o glifosato, amplamente usados em culturas transgênicas.

1 comment:

  1. Ainda que a gente possa compreender que as invasões fazem parte de um ativismo mais agressivo e que podem, em muitos casos, ser justificadas, e ainda que se possa de forma geral simpatizar e até apoiar um movimento que luta por uma distribuição mais justa de terras, isso não valida automaticamente qualquer ação das entidades que levam esta bandeira. No caso específico do MST e sua oposição aos transgênicos, o que se vê é uma extrapolação grave de sua missão original, que era lutar pela melhor distribuição de terras. Ser contra os transgênicos sem ser contra absolutamente todo o agronegócio é absurdo e vender a luta contra os transgênicos como se fosse a mais refinada forma de luta contra o modelo do agronegócio é vender uma farsa. Aqui o Movimento abraça a questão do capital estrangeiro, sem pensar que os beneficiados pela tecnologia somos todos nós. É inútil adentrar nesta discussão, porque o viés ideológico é potente e dispersa qualquer tentativa de ser razoável.

    Especificamente quanto ao eucalipto, a CTNBio fez uma avaliação de risco muitíssimo cuidadosa. Os pareceres finais e o consolidado atestam que cada perigo, por mais improvável que fosse, foi considerado e o risco associado a ele foi estimado. É assim que funciona, não basta dizer que vai acontecer A ou B, tem que haver uma base cientifica e técnica para isso.

    No caso do consumo de água, para que alguém possa se posicionar com base técnica, precisa entender que a maior parte da água que chega a uma plantação (a menos que seja por gotejamento) vai para o subsolo. Nas áreas típicas de plantio de eucalipto há uma precipitação de 1500 mm anuais, o que significa dizer que para cada metro quadrado de solo são despejados 1 milhão e meio de litros d´água. A maioria desce para o subsolo e recarrega o freático ou escorre pela superfície para algum riacho e apenas uma pequena porção será retida pelo eucalipto. É provável que esta porção aumente um pouco, provavelmente bem menos do que o percentual do ganho de crescimento, então o resultado final da dinâmica da água será pouco diferente. Afirmar que o eucalipto vai beber toda a água que chegar ou que estas novas variedades serão responsáveis pela seca dos mananciais é absurdo: o que seca mananciais é o desflorestamento ou o uso muito intensivo das áreas, independente do que se plante (ou não se plante lá). Minha experiência com assentamentos, por exemplo, é de que a forma como ocupam o solo das áreas conquistadas, depois de muita luta, leva rapidamente à degradação e à seca de todos os mananciais. Pode haver exceções, é claro, mas eu não as conheço.

    No caso do mel, basta lembrar que as abelhas escolhem sempre as floradas mais próximas, evitando voar muito longe. E dificilmente voam mais que 1 km. Então, para evitar o pólen do eucalipto GM no mel basta manejar direitinho as colmeias, não há qualquer dificuldade nisso. Agora, dizer que o mel brasileiro é majoritariamente feito a partir de eucalipto é uma mentira muito grande! Além disso, mel de eucalipto tem um sabor muito marcante e a maioria das pessoas prefere aqueles elaborados a partir de outras floradas. Por fim, o eucalipto só flora uma vez, sete anos depois de plantado, e depois será cortado (ou até antes de florar!).

    Concluo lembrando que toda forma de agricultura é agressiva ao ambiente (inclusive a feita com enxada), mas sem ela morreremos de fome ou não teremos nossos produtos do dia a dia. A gente não come eucalipto, mas é absurdo cortar a planta por causa disso: todos nós dependemos de papel para um sem fim de coisas e, no duro, a celulose entra até nos alimentos, mas isso é outra história.

    Para uma avaliação de risco de verdade (e não para uma coleção de perigos presentidos) sugiro a leitura atente de http://genpeace.blogspot.com.br/2015/02/avaliacao-de-risco-do-eucalipto.html

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