Saturday, June 29, 2013

Animais silvestres e vulneráveis

Foto: © Greenpeace/Rodrigo Baleia  

Nesta quarta-feira, o Brasil deu mais um passo para trás na questão ambiental. É que o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) aprovou a resolução normativa n° 457. Ela permite ao infrator manter animais silvestres em seu poder provisório sempre que não existir local apropriado para abrigá-los, embora o governo tenha a obrigação não só de construir, como de manter esses locais em condições de receber animais apreendidos.
As condições apresentadas pelo Conama para esses casos é que os espécimes não apresentem risco de invasão de ecossistemas, não estejam ameaçados de extincão, não sejam vítimas de maus tratos ou tenham porte incompatível com o espaço onde estiverem alojados.
A resolução é mais um exemplo da série de retrocessos que o país tem enfrentado no sentido de enfraquecer nossas normas ambientais – tirando do poder público as responsabilidades que lhe cabem – e premiar criminosos. O governo deve garantir a proteção da biodiversidade brasileira e não deixá-la nas mãos de quem interceptou ou retirou ilegalmente animais de seu habitat natural.

Bora solarizar o Brasil?

Durante inauguração das placas solares em Vila Isabel, os jovens do Juventude Solar receberam certificados por terem participado das capacitações (©Otávio Almeida/Greenpeace)  

Felizes. É assim que tenho que descrever como estamos – eu, os voluntários e os jovens do Juventude Solar - após a inauguração das placas solares no Centro Comunitário Lídia dos Santos, em Vila Isabel. Durante dez encontros semanais tivemos capacitações e oficinas sobre energia solar e suas aplicações e o ponto alto foi o momento em que teoria virou prática e as placas foram instaladas e começaram a gerar energia.
Depois de dois meses trabalhando com os jovens pude observar que cada um dos nossos encontros enriqueceu o grupo. Os jovens, sempre alegres e curiosos, surpreenderam com seu envolvimento, atenção e fixação do aprendizado. Tenho certeza de que eles chegaram ao final do projeto diferentes, com um olhar mais crítico em relação à seus futuros profissionais e à importância da adoção de fontes limpas como uma garantia para as futuras gerações.
O Ceaca-Vila (Centro Comunitário Lídia dos Santos) também passou por uma profunda transformação. Teve o privilégio de receber a primeira instalação de um sistema de energia solar conectado à rede em uma comunidade e tem, hoje, a possibilidade de fazer parte do circuito de visitação das instalações solares no Rio de Janeiro. Certamente, o Ceaca-Vila abrigará projetos educacionais voltados à promoção do uso da energia solar e trará benefícios aos mais de 27 mil habitantes do Morro dos Macacos.
Esse projeto pioneiro foi realizado pelo Greenpeace Brasil com o auxílio do grupo de voluntários do Rio de Janeiro, mostrando que existem soluções para limpar a matriz energética do país e que elas estão ao alcance de todos.
Agradecemos a cada um que vibrou conosco desde o início. Um obrigado especial à Dona Anna Marcondes e à equipe do Ceaca-Vila que nos recebeu com carinho e que nos incentivou durante todo o percurso do projeto. Também não posso esquecer de agradecer os jovens que permitiram que fizéssemos parte de suas vidas. Convidamos todos a deixar o Sol entrar em suas vidas também! Bora solarizar o Brasil?
*Vânia Stolze é coordenadora do projeto Juventude Solar

Violência ao índio: uma realidade crescente

Na semana passada, indígenas se juntaram a outros movimentos populares em passeata na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. 


A maioria das formas de violência cometidas contra contra os povos indígenas aumentou em 2012. Um crescimento de 237% foi constatado somente no ano passado na categoria "violência contra a pessoa", que engloba ameaças de morte, homicídios, tentativas de assassinato, racismo, lesões corporais e violência sexual, quando comparado com os casos registrados em 2011. A categoria "vítimas de violência" teve um aumento de 76%. Os dados foram trazidos à tona em relatório lançado nesta quinta-feira (27) pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário).
Segundo a pesquisa, foram cometidos 60 homicídios contra indígenas no Brasil no ano passado, o que representa nove mortes a mais do que no ano anterior. O maior número ocorreu em Mato Grosso do Sul, que contabilizou 37 casos, seguido de Maranhão e Bahia, com sete e quatro casos, respectivamente. Segundo o Cimi, nos últimos dez anos ocorreram cerca de 563 assassinatos de índios em todo o país.
A omissão do poder público, a morosidade nos processos de regularização fundiária, os confinamentos de grandes populações em pequenas reservas e a situação de isolamento estão entre as categorias mais praticadas contra as comunidades tradicionais. A pesquisa aponta também que a falta de respeito aos direitos dos indígenas como parte do povo brasileiro está no cerne de todas as violações.
Aliada a todos os tipos de violência sistematizados está a diminuição acentuada do ritmo das demarcações de Terras Indígenas no Brasil. A degradação ambiental realizada em territórios indígenas, em sua maioria já demarcados, mas que são invadidos por não índios e têm seus recursos naturais explorados ilegalmente – principalmente madeira –, também figuram como uma das principais causa.
“Onde há disputa de terra há violência e violação de uma série de outros direitos. Nos últimos tempos, após a aprovação do novo Código Florestal, houve um aumento significativo e visível da retirada ilegal de madeira e do assédio contra territórios indígenas”, concluiu a antropóloga Lúcia Helena Rangel, coordenadora do relatório.
Constam no relatório casos como o dos Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, e o da Operação Eldorado, em novembro de 2012, que levou dezenas de agentes da Polícia Federal e soldados da Força Nacional à aldeia Teles Pires, do povo Munduruku. Na ocasião, o indígena Adenilson Kirixi Munduruku foi morto com dois tiros nas pernas e um na testa. Ainda impune, o crime revela como a violência contra as comunidades tradicionais tem partido de quem deveria defendê-las: o Estado.
Outra causa que contribue para a violência vivida pelos povos em suas aldeias são a política desenvolvimentista do governo, que enxerga os indígenas como obstáculo ao progresso. “Nós vamos acusar o governo por omissão sempre que alguma coisa seja feita contra os povos indígenas. O resultado concreto da vinda dos Munduruku em Brasília para a reunião com o governo foi mínima", afirmou Dom Erwin Kräutler, presidente do Cimi.
“Na Amazônia, a violência, o trabalho escravo, a opressão contra os povos tradicionais e o desmatamento são íntimos e caminham de mãos dadas. O governo precisa de políticas públicas específicas e contundentes voltadas para essas populações. Mas o cenário que temos hoje é que nem mesmo os direitos já garantidos pela Constituição aos indígenas têm sido respeitados. O preocupante quadro atual de violência no campo é uma realidade concreta, e alerta para a necessidade de o govermno responder a isso, recolocando a pauta na agenda de debate, junto com as outras reivindicações legítimas que estão nas ruas”, defendeu Kenzo Jucá, coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace.

Wednesday, June 26, 2013

Haddad, cadê o Plano de Mobilidade?

Em campanha lançada em abril, Greenpeace cobra pressa na aprovação de um Plano de Mobilidade para São Paulo (©Otávio Almeida/Greenpeace)

Depois de suspender o aumento das tarifas de ônibus na cidade de São Paulo, o prefeito Fernando Haddad (PT) tomou outra medida na direção de um sistema de transporte público mais acessível, eficiente e sustentável. Agora é ver se as promessas são para valer ou se são apenas medidas populistas.
Hoje, a prefeitura paulistana suspendeu a licitação do novo sistema de transportes na cidade. Com um valor estimado de R$ 46,3 bilhões, o mais alto que São Paulo já teve, os novos contratos teriam validade de 15 anos. Haddad, agora, quer ouvir as propostas da população antes de assumir esse compromisso.
Também anunciou que pretende atingir a meta de 220 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus na cidade ate 2013, contra os 150 quilômetros prometidos anteriormente para 2016.
A última medida anunciada foi a reativação de um Conselho Municipal de Transporte, criado em 1967, mas que não o funciona há sete anos. Um novo grupo será formado por membros da sociedade civil, incluindo empresários de ônibus, usuários, Ministério Público e ONGs.
As iniciativas são promissoras, mas é claro que a complexidade do problema de mobilidade urbana em uma cidade que, por décadas, priorizou o automóvel exige soluções integradas de curto, médio e longo prazos. São Paulo precisa ter muito claro quais são os rumos a seguir e isso só será resolvido por um documento que oriente a evolução do transporte e da mobilidade.
Isso tem nome. E prazo para ser concluído. Todas as cidades brasileiras com mais de 20 mil habitantes precisam aprovar um Plano de Mobilidade Urbana até 2015. O prazo é curto frente ao desafio. Enquanto isso, antes das manifestações, a Secretaria de Transportes Municipal de São Paulo indicou que começaria os trabalhos de formulação apenas no ano que vem. Quem sabe agora a prefeitura entende que não dá para empurrar a discussão com a barriga.
Um sistema público de transporte eficiente e sustentável significa também reduzir as emissões de gases-estufa de uma das maiores cidades do mundo. Para se ter uma ideia, dados de 2006 mostram que os automóveis representavam 39% das emissões nacionais de CO2 equivalentes do setor de transportes. Já os ônibus contribuíam com 7% das emissões.
Clique aqui e acompanhe a campanha do Greenpeace pela formulação de planos de mobilidade: www.greenpeace.org.br/cade.

Obama anuncia medidas pelo clima


Com o chapéu de maior país emissor de CO2 na cabeça, os Estados Unidos anunciaram, nesta terça-feira, algumas medidas contra a crise climática que atravessamos. O setor energético foi um dos mais contemplados. Além de fixar limites de emissões para as novas centrais termoelétricas – responsáveis por um terço do dióxido de carbono que os EUA lançam nos ares –, o presidente Obama prometeu liberar terras para expandir projetos de energia solar e eólica. Abaixo, o diretor executivo do Greenpeace nos EUA, Phil Radford, comenta o anúncio.
“Em seu discurso nesta terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, nos desafiou a responder a uma pergunta essencial para qualquer nova decisão sobre política energética: quais serão os impactos climáticos se colocarmos este plano para frente?
O discurso foi corajoso e contundente. Durante anos, o Greenpeace vinha avisando que quanto mais tempo demorássemos para tomar partido, pior seriam os efeitos das mudanças climáticas. A fala de Obama mostrou que já estava mais do que na hora de ele decidir se colocar ao lado das pessoas, e não da indústria de combustíveis fósseis.
Nós estamos ao lado de Obama na luta contra a poluição e emissões. Mas sabemos que essa batalha não será vencida só com palavras. Sobre o oleoduto Keystone-XL [um dos projetos com maior potencial de emissões] o presidente afirmou: “Os efeitos climáticos do Keystone serão fundamentais para decidirmos se vamos em frente com esse projeto”.
Nessa linha, fica claro que não existe espaço no nosso futuro não só para este oleoduto, mas também para a exploração do Ártico ou da indústria de carvão em nossas terras. Todos esses projetos teriam impactos significativos no clima, e não são de interesse nacional.
No início do ano, a organização Oil Change International soltou dados mostrando que o oleoduto de Keystone, sozinho, jogaria na atmosfera pelo menos 181 milhões de toneladas de CO2. No Ártico, se continuarmos a extrair e queimar petróleo por ali, a região vai continuar a desaparecer, e num ritmo muito mais veloz, alimentando os desastres climáticos ao redor do mundo. A expansão da indústria do carvão nos EUA também preocupa: ela tem o potencial de poluição e de emissões maior que qualquer novo projeto de combustível fóssil no país.
Em seu discurso, Obama lembrou das futuras gerações: “Algum dia, nossos filhos e netos vão olhar nos nossos olhos e perguntar se fizemos de tudo para deixar a eles um mundo mais limpo, seguro e estável. Eu quero ter condições de responder que sim. E vocês, também não querem?”, ele perguntou. Sim, presidente, queremos. E ficamos contentes em saber que você também quer."

*Phil Radford é diretor-executivo do Greenpeace nos Estados Unidos.

Trabalhando juntos por um FSC mais forte

Com a expansão do FSC no mundo, o rigor no processo de controle e certificação da madeira também precisa crescer para manter a credibilidade do selo (© Daniel Beltra / Greenpeace). 

O FSC (Conselho de Manejo Florestal, da sigla em inglês) foi criado em 1993 para permitir que as empresas e o público pudessem identificar produtos provenientes de florestas geridas de forma ambientalmente responsável. Duas décadas depois, o FSC continua a ser o único sistema de certificação de manejo florestal com credibilidade, mas ele não é perfeito.
O Greenpeace teme que, com o rápido crescimento do sistema, a aplicação e a interpretação de suas normas tenham sido enfraquecidas. É por esse motivo que a organização acaba de publicar o primeiro conjunto de estudos de caso que destaca tanto as melhores práticas quanto as áreas onde o FSC precisa melhorar para manter a sua reputação e garantir que ele continue sendo uma marca na qual os consumidores podem confiar.
O lado bom
Um bom exemplo de manejo florestal certificado pelo FSC pode ser encontrado na cidade de British Columbia, no Canadá, onde a organização ambientalista Canadá Ecotrust possui o certificado para um grupo de gestores de pequenas florestas localizadas na ilha de Vancouver e na região do rio Kootenay.
O certificado da Canadá Ecotrust é um exemplo do FSC fazendo o que ele foi criado para fazer: garantir a extração de madeira através de métodos de baixo impacto, que conservam os valores ecológicos e sociais da floresta. Além de ambientalmente corretas, essas práticas são também economicamente viáveis, pois os consumidores estão realmente dispostos a pagar mais por produtos de boa qualidade e de madeiras de boa procedência.
Os membros certificados estão trabalhando ativamente para conservar o habitat de espécies em risco e manter a diversidade dessas espécies, que têm diminuído ao longo de décadas de práticas destrutivas de exploração florestal.
Os membros do Canadá Ecotrust também têm um histórico positivo de relação com comunidades das chamadas Primeiras Nações, ou povos tradicionais da região – incluindo um acordo formal com o povo Hupacasath, que reconhece seus direitos sobre a terra e tem seu consentimento para práticas florestais.
O lado não tão bom assim
Enquanto boas práticas são vistas em alguns lugares do globo, em outros como na Escandinávia, infelizmente, a má gestão das empresas madeireiras controladas pelo FSC está ameaçando a sobrevivência de espécies em risco.
“O que é madeira controlada?”, perguntam-se os consumidores. O selo do FSC é uma pequena etiqueta, que assegura que o produto é proveniente de fontes responsáveis. Mas não é só isso. Ele garante que a madeira foi selecionada pelas empresas para evitar que a matéria-prima seja proveniente de fontes não controladas, como extração ilegal, conversão de florestas em plantações e outros usos não-florestais, que estejam relacionadas a conflitos sociais ou sejam de espécies geneticamente modificadas.
Na Finlândia, as três maiores empresas do setor florestal continuaram seus negócios como de costume, usando a imagem verde a seu favor, mas sem corresponder aos princípios da certificação. Elas estão categorizando todo o país como áreas de baixo risco para a falta de controle de madeira. Isso é inaceitável.
Especialistas finlandeses dizem que a maioria das espécies ameaçadas de extinção dependem de florestas e são ameaçadas pela silvicultura intensiva no país. Dois terços de todo o remanescente florestal está ameaçado – e, novamente, a principal razão para isso é a silvicultura destrutiva. Portanto, o risco de que a madeira proveniente de habitats ameaçados entre no sistema do FSC como madeira controlada é muito alto, embora as empresas digam o contrário. Esta não é a gestão florestal responsável que o conselho requer, e não deve ser aprovada pelo FSC.
O Greenpeace acredita que o manejo florestal pode e deve ser melhorado. Atualmente, menos de 2,5% das florestas manejadas da Finlândia são certificadas pelo FSC. Enquanto isso, a demanda por madeira controlada com selo FSC só cresce e uma série de danos está sendo causada para suprir isso.
Se o FSC quer manter sua integridade e a confiança do consumidor, as práticas precárias e os abusos ligados à aquisição de certificação por quem pratica um manejo florestal incorreto precisam parar imediatamente. Práticas como as da Canadá Ecotrust precisam ser incentivadas. Precisamos do sistema FSC para garantir boas práticas de forma consistente em todo o mundo, mas o FSC precisa cuidar e proteger a sua reputação.
A certificação florestal desempenha um papel importante na conservação das florestas do mundo. Mas, na mesma medida em que o FSC continua a se expandir no mercado, ele deve tranquilizar os consumidores de que seus padrões serão aplicados rigorosamente em todas as regiões do planeta. Isso significa reforçar o controle da qualidade de suas operações de certificação em 100% dos produtos que possuam seu selo, para se livrar de qualquer madeira não controlada.
Caso isso não ocorra, o FSC corre o risco de deixar de ser um importante instrumento de proteção florestal para se tornar apenas mais um esquema de "greenwash", que vende “imagens verdes” a quem não as merece.
* Judy Rodrigues é coordenadora da campanha de Florestas do Greenpeace International

População pede pressa para regularizar Gurupi

Cerca de 28% da Reserva Biológica do Gurupi, no Maranhão, já foi devastada pela extração ilegal de madeira (© Rodrigo Baleia / Greenpeace). 

A Reserva Biológica do Gurupi, uma unidade de conservação de proteção integral localizada no estado do Maranhão, “é talvez o remanescente florestal mais importante da Amazônia oriental”. A declaração foi do diretor de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial em Unidades de Conservação do ICMBio, João Novaes. Em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (25) – e sob pressão dos movimentos sociais do entorno da reserva –, ele anunciou a criação, até 25 de agosto, de um conselho gestor para regularizar a situação fundiária da Rebio, na tentativa de limar os diversos conflitos socioambientais que assombram a região.
Durante debate na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia, o diretor do ICMBio ouviu as demandas dos representantes dos movimentos e confirmou uma audiência pública para meados de julho em Centro Novo do Maranhão, município que tem pelo menos 70% de seu território dentro dos limites da unidade. O objetivo é discutir com a população local o processo de regularização territorial da reserva.
“A Rebio tem uma relevante função ambiental a cumprir, pois abriga um número elevado de espécies ameaçadas da região. Mas para que sua proteção seja efetiva, precisamos identificar as falhas na dinâmica das operações na unidade com a sociedade local. O produtor rural precisa ter segurança jurídica para poder exercer seus direitos”, afirmou Novaes.
Segundo ele, os conflitos por terra no entorno e dentro da reserva são o grande problema que tem ocasionado um forte aumento no desmatamento nos últimos 15 anos. “Não aceditamos em regulamentação de unidades de conservação que não respeite os direitos de suas populações. A fiscalização é importante, pois existe o tráfico ilegal de madeira e diversas outras irregularidades, mas também há pessoas de bem, querendo exercer seus direitos. Não devemos permitir que o ilegal se beneficie da missão do Estado de não prejudicar o pequeno produtor.”
Sandra Aguiar, representante dos movimentos sociais da região, alertou para a necessidade de o governo ser parceiro das comunidades locais. “Nós estamos do mesmo lado. Somos contra os madeireiros, pois nós também vivemos da floresta. Vemos madeira saindo da reserva, mas não podemos fazer nada, pois somos ameaçados. Queremos a regularização também por proteção. Não pode mais haver violência na região. Aquilo lá é um barril de pólvora, e se a gente quiser, a gente acende o pavio.”
Histórico de devastação e conflitos
Com mais de 341 mil hectares, a Rebio criada em janeiro de 1988 é palco de intensa disputa territorial desde a década de 1970, quando o governo incentivou a ocupação da porção norte e nordeste do país. Pequenos produtores rurais vieram junto com posseiros e madeireiros, que trouxeram irregularidades como a extração e o comércio ilegal de madeira. Mesmo possuindo plano de manejo para uso de sua área florestal, a reserva vem sendo severamente desmatada desde então.
Até 2011, cerca de 28% da reserva foi devastada pela exploração ilegal de madeira, atividade que causou os mais graves danos à unidade. As espécies mais procuradas pelos madeireiros são maçaranduba e jatobá, de alto valor comercial. Mesmo com toda a degradação, a Rebio do Gurupi ainda representa um recorte importante do ponto de vista da preservação da biodiversidade. Junto com três Terras Indígenas no entorno – Atlo Turiaçu, Awá e Caru –, a Rebio compõe o último grande bloco de remanescente florestal na região.

O que é bom pode ser ainda melhor

Weverson, Max, Wesley, Jonathan, Caio, Jefferson, Carlos, Felipe, Leonardo e 'Faísca' (e todos os outros que não estão na foto): obrigada por terem dividido comigo essa experiência incrível, vai deixar saudades imensas. (©Otávio Almeida/Greenpeace) 

Faz quase dois meses que eu vim ao Rio de Janeiro pela primeira vez para conhecer os jovens de Vila Isabel com quem eu trabalharia no projeto Juventude Solar. O trabalho por si só já me encantava: o Greenpeace instalaria placas solares no Centro Comunitário Lídia dos Santos, o Ceaca do qual tanto ouvi falar, que existe há 30 anos e que oferece cursos de dança, inglês, computação, futebol (e por aí vai) aos jovens do Morro dos Macacos. Trabalhar com energia solar bastava para eu me sentir muito sortuda por ter a chance de trabalhar com algo em que acredito de verdade e que eu sei que traz benefícios práticos e imediatos na vida das pessoas.
O ditado diz: tudo que é bom dura pouco. No meu caso, eu adaptaria para ‘tudo que é bom poder ser ainda melhor’, afinal, foi isso que aconteceu – e vem acontecendo comigo – desde abril. O que era um projeto interessante tornou-se mágico para mim, e isso até pode soar muito piegas, mas é assim que tenho que descrever o que vivenciei.
Participei do processo de educação de jovens e aprendi muito com eles, vi desde os primeiros dias de aprendizado sobre energia solar até a instalação das placas, momento no qual percebi que eles tinham consciência do que aquilo representava não apenas para o Ceaca, mas para o país e para o futuro deles.
Conheci pessoas e jovens inspiradores como a Dona Anna, presidente do Ceaca, que não sabe quanto uma entrevista rápida com ela me fez admirá-la muito e me fez repensar minhas próprias ações. Também preciso lembrar dos meninos da comunidade que sempre me receberam mais do que muito bem, sempre contando uma história, fosse da escola, do dia a dia ou de uma partida de futebol, com um sorriso, com uma piada, com uma brincadeira. Sempre muito sinceros fizeram com que eu realmente me sentisse parte do grupo e fizeram cada minuto dos meus sábados ao lado deles valer a pena.
‘Re-conheci’ pessoas que já havia encontrado, voluntários queridos, que são sempre uma lição de força e inspiração, que me fazem acreditar que existem pessoas que realmente acreditam que podem fazer algo para mudar o mundo e que lutam pelo o que acreditam todos os dias. Estive com pessoas com quem trabalho e conheci o lado 'fora do escritório', dei risada, dividimos histórias e, com certeza, tenho ainda mais orgulho de trabalhar com essa equipe depois desse projeto.
Foram dois meses de muitas experiências que vou carregar sempre dentro de mim com carinho e felicidade por ter feito parte disso tudo. Obrigada a cada um que cruzei nesse caminho (que tenho a certeza de que continuará a ser trilhado!). Feliz por tudo que pude fazer por este trabalho e ainda mais feliz por saber que tudo que foi feito, foi feito com amor. A risada que eu dou no vídeo que gravamos em nosso primeiro encontro é uma marca sincera que vou levar sempre comigo. Mais uma vez, obrigada.

Sol no morro

Com apoio do Greenpeace, jovens de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, inauguram placas solares instaladas no Morro dos Macacos para iluminar centro comunitário
Cerimônia de inauguração das placas solares instaladas no Centro Comunitário Lídia dos Santos no Morro dos Macacos/RJ (©Otávio Almeida/Greenpeace)

O Sol nasceu para todos. Também quero aproveitar.” Criados há setenta anos, os versos de Noel Rosa nunca foram tão atuais. Nesta terça-feira, cerca de vinte jovens do Morro dos Macacos, em Vila Isabel – berço do sambista carioca –, celebram o fruto de dois meses de trabalho com o Greenpeace: a partir de agora, a comunidade vai usar a luz do sol para gerar energia elétrica.
A inauguração dos painéis solares no Centro Comunitário Lídia dos Santos (Ceaca-Vila) é resultado do projeto Juventude Solar. Em encontros semanais, voluntários do Greenpeace mobilizaram jovens moradores para ensinar como gerar energia elétrica a partir do sol.
As reuniões, porém, foram além da parte técnica: “Foi muito importante participar do projeto. Antes, eu não entendia nada sobre consumo de energia, e agora sei de que forma posso gerar energia limpa e contribuir para um mundo mais sustentável”, diz, animada, Joyce Moreira Barbosa, que mora no local.
Com os vinte painéis fotovoltáicos instalados no telhado do Ceaca-Vila, os cursos de dança, inglês, computação e outros oferecidos pelo centro comunitário vão funcionar com geração de energia limpa. Mas também barata: estima-se que a geração local de energia – que está começando a ser regularizada no Morro dos Macacos – possa reduzir a conta de luz do Ceaca em até 60%.
Isso é possível devido à recente resolução normativa 482/2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Com ela, o Ceaca-Vila poderá injetar na rede elétrica pública a energia excedente produzida ali. E com isso, receber uma compensação, em kWh, da distribuidora de energia.
A coordenadora do Juventude Solar, Vânia Stolze, indica ainda outros ganhos do projeto: “Conseguimos despertar nos jovens o interesse por uma nova tecnologia, e tenho certeza que eles entrarão no mercado de trabalho com um diferencial”, celebrou.
Ricardo Baitelo, que está à frente da campanha de Clima e Energia do Greenpeace, também comemora o exemplo que a comunidade de Vila Isabel está passando para o resto do país. “O Brasil precisa cada vez mais de energia para continuar crescendo, e é importante que ela venha de fontes limpas se queremos evitar as consequências das mudanças climáticas”, afirmou. “Trabalhar com jovens é fundamental, é com educação que conseguiremos fazer com que o meio ambiente seja preservado, já que são eles que terão que dar continuidade a esse trabalho no futuro.”
A inauguração dos painéis solares aconteceu na quadra do Ceaca, com a presença dos jovens, dos voluntários e dos coordenadores do projeto. Após a cerimônia, os times Juventude Solar e Bola pra Frente se enfrentaram numa partida de futebol, que foi finalizada com apresentações musicais.
“É com imensa alegria que inauguramos a energia sola. Quando cheguei em Vila Isabel não tínhamos nem água, nem luz, e ter energia renovável hoje no Centro Comunitário parece um sonho”, disse Dona Anna, presidente do Ceaca.
Quer saber mais sobre o Projeto? Acesse: www.greenpeace.org.br/juventudesolar

Mobilidade urbana entra na pauta nacional

Após protestos, transporte público entra na pauta do Governo Federal. Mas proposta do governo não menciona urgência de se aprovar os planos municipais de mobilidade urbana. Após protestos, transporte público entra na pauta do Governo Federal. Mas proposta do governo não menciona urgência de se aprovar os planos municipais de mobilidade urbana.
Campanha do Greenpeace cobra urgência na aprovacnao dos Planos de Mobilidade Urbana (©Otávio Almeida/Greenpeace) 

Em reunião com governadores e prefeitos das capitais brasileiras, e após a onda de protestos que se espalharam por todo o país, a presidente Dilma Rousseff propôs hoje “cinco pactos em favor do Brasil”. O tema mobilidade urbana não poderia ter ficado de fora, uma vez que o aumento das tarifas de ônibus e metrô foi o estopim que motivou o início das manifestações.
De acordo com a presidente, o governo federal vai destinar mais R$ 50 bilhões para novos investimentos em obras de mobilidade urbana, além de ampliar a desoneração do PIS/Cofins sobre o óleo diesel dos ônibus e da energia elétrica consumida por trens e metrô.
Dilma, entretanto, não levou em consideração proposta defendida por alguns prefeitos, entre eles o de São Paulo, Fernando Haddad, do mesmo partido da presidente. A ideia dos prefeitos é municipalizar a Cide, imposto que incide sobre os combustíveis, e  com isso criar um fundo para financiar a tarifa do transporte coletivo. A medida seria também uma forma de desincentivar o transporte privado.
Outra medida anunciada pela presidente é a criação do Conselho Nacional de Transporte Público, com participação da sociedade civil, para maior transparência e controle público sobre o cálculo das tarifas.
Cadê o Plano de Mobilidade?
O anúncio de hoje ignorou a necessidade e a urgência de se elaborar os plano de mobilidade urbana das cidades com mais de 20 mil habitantes. De acordo com lei federal, estes municípios têm até 2015 para apresentar seus planos. As cidades que não cumprirem este prazo não poderão receber recursos destinados à mobilidade urbana.
O plano de mobilidade urbana é um documento que servirá para orientar e regular o transporte e a mobilidade das cidades. Nele, o município deve garantir a universalização e a acessibilidade do serviço, priorizar o transporte não motorizado (o pedestre e o uso da bicicleta) e, em seguida, o coletivo, podendo adotar medidas para restringir o uso de veículos individuais, como forma de desestimular seu uso habitual.
Em abril, o Greenpeace lançou uma campanha pedindo agilidade para a elaboração dos planos de mobilidade urbana. Ele deve ser elaborado de forma participativa e apresentar metas a curto e longo prazos capazes de aumentar a mobilidade urbana, promover a diversificação e integração dos meios de transporte e controlar a poluição e emissões de gases do efeito estufa do setor de transportes.
Até agora, apenas 9 capitais desenvolveram planos de mobilidade urbana.
O que queremos?
Considerando a questão da mobilidade essencial para a construção de cidades mais sustentáveis, acessíveis e democráticas, pedimos às autoridades que atendam a pressão das ruas e priorizem as políticas de mobilidade urbana, segundo os critérios abaixo:
1) Prioridade para o transporte coletivo e não-motorizado
Precisamos de mais transporte público, de melhor qualidade e acessível. Precisamos de políticas pensadas especialmente para facilitar o acesso da população mais carente e de públicos que mais necessitam do transporte e que não têm como arcar com a despesa. Para que os cidadãos brasileiros que troquem o carro pelo transporte coletivo ou pela bicicleta é preciso que o Estado garanta a infraestrutura adequada que viabilize a transformação da mobilidade nas nossas cidades.
Precisamos de investimentos no transporte coletivo e não motorizado, mas é preciso garantir a qualidade do investimento. A desoneração de impostos que só beneficiam as empresas de transporte que não são transparentes sobre os custos reais da operação não basta. É preciso que esse recurso seja destinado às prefeituras e aos governos estaduais para que eles possam estruturar um verdadeiro sistema público de transporte.
Da mesma forma, a verba destinada para obras de mobilidade precisam atender a critérios claros que garantam que os projetos tenham como única destinação aumentar a oferta e a qualidade de transporte coletivo, pois algumas obras da mobilidade mostram-se extremamente caras porque buscam também manter a estrutura viária para o transporte individual.
2) Integração de políticas públicas: mobilidade e mudanças climáticas
O setor de transportes representa um quarto do total de consumo de energia global. O último inventário brasileiro de emissões de gases de efeito estufa mostra o setor como o segundo maior emissor do país. O governo federal estima que, em 2020, se emita 60% a mais de CO2 do que em 2009.
Os planos municipais de mobilidade urbana precisam estar alinhados com o Plano Setorial de Transporte e Mobilidade Urbana para Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima e vice-versa. Ambos precisam ter metas e ações claras, precisas e, acima de tudo, ambiciosas.
Investimentos para melhoria do transporte coletivo e incentivo ao uso de transporte não motorizado também são fundamentais para evitar o aumento da temperatura média global em mais do que 2 graus Celsius e, consequentemente, os impactos perigosos no planeta e para toda a sociedade.
3) Transparência e participação
A proposta do Greenpeace é que as pessoas possam atuar de forma participativa no planejamento de suas cidades, participando da elaboração dos Planos de Mobilidade Urbana e cobrando investimentos em transporte coletivo e não motorizado, como ciclovias, bicicletários, calçadas de qualidade.
As cidades que ainda não elaboraram ou estão elaborando seus planos de mobilidade, precisam fazê-lo promovendo o debate público e a participação da sociedade. Aquelas cidades que já elaboraram seus planos de mobilidade precisam garantir formas da sociedade acompanhar e avaliar a sua implantação.
Acesse aqui o site da campanha: www.greenpeace.org.br/cade

Governo suspende estudos no Tapajós

Povo Munduruku sai em passeata em Jacareacanga, em abril (©Greenpeace/Eliza Capai).


Mais de dois meses de luta e resistência depois, o povo Munduruku teve um alento. Em troca da liberação dos três biólogos de uma empresa terceirizada pela Eletrobrás, que foram encontrados pelos indígenas dentro de seu território e estavam sob custódia desde a última sexta-feira em Jacareacanga (PA), a Funai (Fundação Nacional do Índio) anunciou a suspensão dos estudos de impacto ambiental na região, realizados para a construção de um complexo hidrelétrico no rio Tapajós, morada dos indígenas.
De acordo com o órgão indigenista, a suspensão foi uma exigência dos Munduruku para liberar o grupo de pesquisadores. O governo aceitou o acordo e prometeu agendar uma reunião com a lideranças indígenas para julho, a fim de pactuar um processo de consulta prévia, como prevê a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), com relação a qualquer empreendimento que impacte diretamente os povos indígenas do Brasil.
As lideranças disseram se sentir felizes com a suspensão, mas afirmaram que a sua principal demanda é a anulação total das pesquisas. “Libertamos os biólogos, mas vamos continuar na nossa luta. A gente não quer que os estudos sejam suspensos. Nós queremos que os estudos e as obras sejam cancelados, a suspensão é uma vitória apenas parcial”, afirmou Paygomuyatpu Munduruku, chefe dos guerreiros.
Contra energias que custem a vida
Durante os últimos meses, os indígenas realizaram inúmeras manifestações exigindo a suspensão das obras. Em fim de abril, depois de uma assembleia que reuniu mais de 200 lideranças, os Munduruku marcharam pelas ruas de Jacareacanga.
Em maio, juntaram-se a outros indígenas da bacia do Tapajós e médio Xingu e ocuparam o principal canteiro de obras da usina de Belo Monte. Na capital federal, ocuparam a sede da Funai e protestaram em frente ao Ministério de Minas e Energia e ao Palácio do Planalto.
Os Mundurukus são contrários à construção de hidrelétricas e exigem a suspensão dos estudos de barragens no rio Tapajós e Teles Pires, que afetarão diretamente o modo de vida de cerca de 13 mil pessoas de seu povo. Em abril os estudos já haviam sido suspensos, mas voltaram à tona. Segundo eles, mesmo com as manifestações e negociações em Brasília, as pesquisas na região não pararam e os índios se sentiram traídos pelo governo.
O Greenpeace acredita que o governo precisa perceber que os custos socioambientais da construção de hidrelétricas não compensam a energia que será gerada. Além disso, o Brasil é rico em fontes energéticas alternativas, como a eólica, a solar e a biomassa. Basta que o Estado conceda incentivos ao seu desenvolvimento, e elas serão suficientes para suprir a demanda do país.

Fumaça não vê fronteira

Há pelo menos uma semana, o céu de Cingapura é cinza e pesado: os níveis de poluição do ar atingiram níveis recordes. Levada pelos ventos, a espessa cortina de fumaça veio da vizinha Indonésia, que enfrenta nova temporada de incêndios florestais. Apesar de ter ganhado as manchetes, a notícia não é nova, pois se repete a cada ano alimentada pelas indústrias de papel e óleo de palma, que continuam a avançar sobre a floresta.
“As grandes empresas da indústria de óleo de palma, como a Sime Darby e Wilmar Internacional, não podem lavar as mãos para esse crime, se escondendo atrás de suas políticas de não produzir queimadas. Foram companhias desse tipo que criaram condições para o desastre, ao desmatar a floresta”, diz Bustar Maitar, que coordena a campanha de floresta do Greenpeace na Indonésia. Como se sabe, quando a mata é aberta, cria-se condições muito mais favoráveis para que qualquer faísca – acidental ou não – vire um grande incêndio.
Enquanto escolas, comércio e aeroporto são afetados, o Greenpeace segue sua campanha para denunciar os efeitos do desmatamento, que já não se restringem ao país. E continua a fazer pressão para que as gigantes da indústria de óleo de palma tome medidas para garantir que sua cadeia de produção é livre de derrubadas.

Saturday, June 22, 2013

O Sol ao alcance dos jovens

Jovens que participam do Projeto Juventude Solar, em Vila Isabel, tiveram sua última capacitação sobre eletricidade e energia solar (©Otávio Almeida/Greenpeace) 

O final de semana chegou e para os jovens do Juventude Solar foi mais um dia de capacitação e de estudo. Ansiosos para a inauguração oficial das placas solares que foram instaladas no telhado do Centro Comunitário Lídia dos Santos, os jovens lotaram a sala do Centro estiveram em Vila Isabel junto com voluntários do Greenpeace para uma última aula e revisão de tudo que aprenderam desde abril.
Os jovens pareciam estar ligados no 220V e fizeram muitas perguntas sobre eletricidade, energia solar e sobre as placas fotovoltaicas. Quem deu aula hoje foi Gustavo Buiatti, da Econova, empresa que trabalha com instalações de energias renováveis. Depois de explicar como é possível aproveitar os benefícios e o potencial do Sol, houve uma parte prática na qual os jovens puderam entender melhor o funcionamento das placas.
“Precisamos mudar a forma como utilizamos energia elétrica no Brasil e aproveitar o potencial que ainda temos de energia solar. Somos um país iluminado que tem todas as condições para despontar com essa energia”, afirmou Gustavo. 
Durante a apresentação, a questão dos empregos verdes foi abordada e ressaltada. O setor das energias renováveis gera mais postos de trabalho do que as energias fósseis e para mostrar que realmente incentivam o surgimento destes novos postos de trabalho, a Econova disponibilizará duas vagas para os jovens do Juventude Solar para um curso de aperfeiçoamento em energia solar. “Que tipo de emprego é esse?”, perguntaram aos jovens. A resposta estava na ponta da língua e foi dada sem dúvidas: “Verde!”.

Friday, June 21, 2013

Índios na passeata: a união dos vários Brasis

Cidadãos das grandes cidades têm bradado aos quatro ventos nas últimas manifestações que “o povo acordou”, mas um significativo grupo de legítimos brasileiros, espalhados pelos rincões do país, já estava há muito tempo desperto e – mais do que isso – alerta. Os direitos dos povos indígenas, que têm sofrido afronta cerrada nos últimos meses, viraram mais uma das reivindicações das ruas, no ato desta quinta-feira em Brasília.
A passeata tomou conta de toda a Esplanada dos Ministérios. Cerca de 80 índios, em sua maioria da etnia Kayapó, se uniram à multidão de mais de 50 mil pessoas que se concentrou em frente ao Congresso Nacional, mostrando a cara dos vários Brasis contindos num único país, e demandando respeito e paz aos povos tradicionais do Brasil, além de fazer coro às demais pautas como corrupção, violência, educação e saúde.
Pintados, enfeitados com cocares e portando burdunas, arcos e flechas, seus instrumentos de guerra, eles traziam cartazes que pediam a revogação de medidas legislativas como a PEC 215, o PL 1610 e a Portaria 303 da AGU, a demarcação de Terras Indígenas no Paraná e demais estados, e o cumprimeto da consulta prévia, prevista na Constituição Federal.
Quando os líderes Kayapó conseguiram chegar até o gramado do Congresso, eles cantaram e dançaram, e foram aplaudidos de pé pelos milhares de manifestantes, que gritavam em direção à sede do poder legislativo: “os índios nos representam, vocês não representam.” Mais cedo, o líder Kayapó Akiabôrô havia questionado os parlamentares: “Nós também votamos, temos título de eleitor. Mas onde estão esses representantes quando precisamos que nossos direitos sejam defendidos?”
Crimes hoje e ontem
Antes da rumarem para a concentração da marcha, que teve início às 17h, as lideranças indígenas estiveram presentes em uma audiência na Câmara dos Deputados, que discutiu o Relatório Figueiredo, estudo da Comissão da Verdade que analisa as atrocidades cometidas a seus povos durante a ditadura militar.
Mais de vinte Kayapós, que compareceram para acompanhar a plenária, foram barrados na porta. Com esforço dos demais indígenas presentes, que ameaçaram suspender a sessão se não tivessem a presença dos demais, as lideranças conseguiram finalmente entrar.
Sônia Guajajara, liderança do Maranhão, lembrou que a Comissão volta o olhar para as violências cometidas contra os indígenas no passado, mas que a mesma truculência continua muito presente nos dias de hoje.
“É importante trazer de volta a memória dos fatos ocorridos em outra época, mas e os crimes de hoje? O governo não usa mais facão e bala, mas tenta legalizar o extermínio por meio de projetos de leis, portarias e emendas constitucionais. Falar de direitos humanos e indígenas no Brasil se tornou uma ofensa, uma ameaça à soberania nacional. Mas nós só reivindicamos o cumprimento da lei”, pressionou.

Outro motivo para ir às ruas

Mobilização contra o Código Florestal, Rio de Janeiro - 2010 (© Paulo Barros/Greenpeace) 

O Greenpeace vai às ruas de oito capitais brasileiras para conversar com o público e apresentar o projeto Juventude Solar, da campanha de Clima e Energia. Os Pontos Verdes são instalações em locais estratégicos das cidades, nos quais os voluntários oferecem esclarecimentos sobre os projetos do Greenpeace e sobre a organização, e também recolhem assinaturas em nossas petições que defendem um país mais verde e limpo.
Com a recente instalação das placas solares no Centro Comunitário Lídia dos Santos, em Vila Isabel, Rio de Janeiro, o objetivo dos próximos Pontos Verdes será promover o conhecimento sobre energia solar, e como é possível, a partir da nova resolução da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), reduzir os gastos na conta de luz com a captação residencial a partir de paineis solares.
Os Pontos Verdes estarão presentes nas cidades de Brasília, Manaus, Porto Alegre, São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte, nos seguintes dias e horários:

Baixou! E agora?

Após protestos em todo o país, São Paulo e Rio baixam as tarifas do transporte público (©Greenpeace/Alexandre Cappi) 

Os brasileiros finalmente se apoderaram da política. Será uma afirmação precipitada? Otimista demais? Talvez. Mas não há dúvidas de que esta já é uma vitória popular histórica. O povo acostumado a ver inerte as grandes mudanças de seu país, decidiu reagir e fazer parte desta mudança.
Em anúncio realizado no palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad anunciaram hoje a redução da tarifa de metrô, trens e ônibus de R$ 3,20 para R$ 3,00. Simultaneamente, no Rio, o prefeito Eduardo Paes fez o mesmo: o ônibus na capital carioca voltou a R$ 2,75.

Após semanas de protestos, que levaram milhares de pessoas às ruas e ganharam força após violenta repressão policial, os governos tiveram de ceder. Os 20 centavos foram o elemento que catalisou todo o processo de insatisfação com as políticas públicas no campo da mobilidade, da saúde, da educação. E isso serviu para mostrar que, por trás de tudo isso, estava o desejo da população de se mostrar um ator relevante nos rumos políticos.
Na voz dos governantes, um tom cabisbaixo, de preocupação: investimentos que podem ser comprometidos; orçamentos que deverão ser cortados; um gesto de boa vontade para interromper os protestos e abrir o diálogo. Mas ninguém comentou o aprendizado: a população também tem o direito de definir como os recursos público serão empregados.
O Greenpeace participou do quinto grande ato contra o aumento da tarifa, realizado na última segunda-feira, em São Paulo. A metrópole acostumada a ver suas ruas paradas por conta do trânsito desta vez parou porque o povo decidiu ocupá-la.
Nossa participação foi discreta. Decidimos ir às ruas sem nossa marca. Queríamos estar diluídos no meio da população e fazer volume. E como somos uma organização que faz uso do protesto pacífico como forma de pressionar por mudanças de atitudes de governos e corporações, achamos fundamental mostrar nossa indignação contra a violência policial e garantir o direito à livre manifestação.
Os políticos prometeram abrir o diálogo. Nada mais urgente. A solução ao problema da mobilidade urbana nas grandes cidades do país passa por um transporte público acessível e de qualidade. A tarifa é apenas uma parte dessa discussão. Os 20 centavos são apenas o começo.
Conheça nossa campanha sobre mobilidade urbana: www.greenpeace.org.br/cade.

O futuro do Clima, segundo o Banco Mundial

Indústria do betume no Canadá: exemplo de prática que não pode continuar (©Greenpeace/Jiri Rezac) 

Ondas de calor, quebra de safras, ciclones mais frequentes e alteração no padrão das chuvas, causando cheias ou secas. Estes são alguns dos problemas que a humanidade pode enfrentar em um futuro breve, segundo relatório do Banco Mundial divulgado nesta quarta-feira, 19.
Após ter alertado sobre o risco de um aumento de 4oC na temperatura média global em relatório publicado em novembro passado, o novo documento do Banco Mundial mostra as possíveis consequências para algumas áreas pobres do planeta, como o Sul e Sudeste Asiático e a África subsaariana.
Leia o relatório na íntegra, em inglês: "Turn Down The Heat: Climate Extremes, Regional Impacts, and the Case for Resilience".
Embora um aumento de 4oC possa parecer a diferença que faz você decidir se vai ou não à praia, ela pode ter consequências devastadoras em uma escala mundial. É praticamente o que determinou a alteração climática entre a última era do gelo e a atualidade, só que agora pode acontecer num período de tempo bastante mais curto.
A queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral, são os maiores vilões do clima, uma vez que despejam na atmosfera enormes quantidades de carbono por ano. Este gás tem a capacidade de represar o calor. Daí o gradual aumento da temperatura global.
Os cientistas estão convencidos de que são necessários esforços para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis para manter o aumento da temperatura média global em até 2oC, evitando, assim, piores consequências para o planeta.
“Alguns impactos das mudanças climáticas já são inevitáveis. Os países ricos devem prestar apoio urgente às nações mais pobres e vulneráveis para adaptação”, disse Stephanie Tunmore, da campanha de Clima do Greenpeace Internacional. “Aumentos maciços dos futuros custos de adaptação e reparação de danos apenas poderão ser evitados com investimentos imediatos em um futuro de energia limpa.

A luta pacífica continua

A Av. Paulista, nesta terça-feira: milhares de pessoas em clima de paz. Foto: Mídia NINJA

Por mais um dia, São Paulo parou. Nesta terça-feira, milhares de pessoas tomaram as ruas novamente, pelo direito de se manifestar pacificamente e por um transporte público acessível e de qualidade.
Os episódios de violência que aconteceram na última noite foram pontuais, isolados e não representam a multidão que marchou, pacificamente, da Praça da Sé à Avenida Paulista: diante de algumas pessoas mais exaltadas, os próprios manifestantes tomavam a iniciativa de acalmar os ânimos.
Desde que os atos começaram, grupos de ‘pacificadores’ - de variadas idades e formações -  têm ido para o meio da multidão. Entre um grito de protesto e outro, eles ficam espertos para qualquer princípio de nervosismo ou tumulto, tanto de manifestantes como de transeuntes ou policiais. E passam a mensagem: pedem calma, lembram que o ato é pacífico e seguem cantando junto com o povo. Médicos voluntários também estão nessa, e têm ficado de olho e dado assistência quando alguém precisa.
A atuação dos ‘pacificadores’, porém, não é tão trabalhosa: basta ter ido a pelo menos uma das passeatas para perceber que o clima que predomina é de pura paz.  Ativistas do Greenpeace se uniram a esses grupos - que não têm nome ou logo, pois são formados acima de tudo por cidadãos - para engrossar os protestos pacíficos e cobrar dos governantes cidades para as pessoas. Amanhã tem mais. Vamos para as ruas?

Fuga na certificação florestal da Indonésia

Toras de madeira sendo transportadas em balsas na Indonésia. A concessão florestal é da empresa April, segunda maior produtora de papel e celulose no país asiático (© Kemal Jufri / Greenpeace). 

Reconhecida produtora de papel e celulose da Indonésia, a empresa April tem uma história conturbada com o Conselho de Manejo Florestal (ou FSC, na sigla em inglês). Na última semana, porém, essa relação finalmente chegou ao fim – e da forma mais inesperada possível.
Na última sexta-feira chegaram notícias de que, antes mesmo que o processo de denúncia de uma ONG já iniciada no FSC tivesse sequer a oportunidade de dar início às investigações sobre as práticas de desmatamento da April, a compania deliberadamente se retirou do regime de certificação do conselho. Aparentemente, a empresa não quis se arriscar nas minuciosas averiguações da Política de Associação do FSC.
Esse passo marca o fim do que vinha sendo um relacionamento atribulado entre uma conhecida destruidora de florestas e o FSC, mas também sinaliza o início de uma campanha de marketing que a April está empreendendo para tentar administrar essa sua má reputação.
Após a sua saída do FSC antes mesmo de ter sido expulsa, a empresa agora parece estar torcendo para evitar uma aparição pública que, de fato, relacione suas práticas à destruição das florestas.
Histórico duvidoso
A história teve início em 2008, quando a April convenceu um certificador do FSC de que eles levavam a questão da proteção florestal a sério. A empresa, então, foi autorizada a comercializar alguns de seus produtos com o logo do FSC, desde que eles não fossem feitos com fibra proveniente de fontes 'não controladas' - tais como o desmatamento.
Mas depois de apenas dois anos, o certificador do FSC decidiu cortar os laços com as fábricas da April na Indonésia, tendo como principal fator o fracasso da empresa em cumprir um prazo "para parar toda a conversão de floresta natural". No entanto, sendo um ator global na indústria do papel, a April tinha uma série de fábricas-irmãs na China, que ainda tinham o direito de usar o logo do FSC em alguns produtos.
O Greenpeace, junto com a WWF e Rainforest Action Network (RAN), pensou que era apenas uma questão de tempo para que a April fosse obrigada a deixar de usar o logo do FSC para pintar a sua imagem de verde, em qualquer lugar do mundo. Em maio, as três organizações apresentaram uma queixa formal ao conselho, pedindo que desassociasse a marca de todas as empresas ligadas à April, incluindo aquelas que ainda detêm certificados FSC.
As notícias mais recentes mostram que a April não queria se envolver em uma confusão criada por ela mesma. A empresa ter solicitado que todos os seus certificados FSC fossem retirados coloca em pauta uma outra questão: por que os certificados foram concedidos num primeiro momento?
Se o FSC existe para evitar o uso de seu logo por empresas não comprometidas com os princípios fundamentais básicos do manejo florestal responsável, precisa reforçar os seus devidos procedimentos de diligência como parte de sua política para a Associação.
Claramente, o fiasco da April mostra como algumas empresas vão tentar evitar os holofotes quando estes lhes acharem – e irão evitar também a responsabilização por crimes florestais documentados em denúncias de outras ONGs para o FSC.
A April não pode simplesmente "administrar" a sua má reputação e tentar escapar do exame minucioso do conselho. Junto com nossos colaboradores, nós do Greenpeace continuaremos investigando e expondo a destruição das florestas ao redor do mundo.
Junte-se a nós para saber mais.
* Bustar Maitar é coordenador da Campanha de Florestas da Indonésia e parte do Greenpeace do Sudeste Asiático

Tuesday, June 18, 2013

Valor econômico entrevista Marcelo Furtado

Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace Brasil, deixa em breve a organização após 23 anos (©Greenpeace/Caio Paganotti) 

O jornal Valor Econômico, na edição desta terça-feira, 18, publicou uma entrevista com Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace Brasil.
Após 23 anos no Greenpeace, cinco deles a frente da direção-executiva do escritório brasileiro, Marcelo deixa em breve a organização.
Engenheiro químico, Marcelo iniciou a carreira no Greenpeace trabalhando no escritório dos EUA como estagiário. Pouco depois assumiu como coordenador de uma campanha contra o comércio internacional de lixo tóxico.
De volta ao Brasil, foi responsável pela ampliação de campanhas contra a poluição industrial na Ásia e na América Latina.
Na entrevista, Marcelo comenta sobre alguns dos maiores desafios ambientais humanidade e o papel do Brasil na construção de um futuro mais verde e limpo.
Leia o artigo na íntegra (acesso apenas para assinantes do Valor).


A rua de volta a quem ela pertence

O Brasil saiu às ruas como não fazia há tempos. E gritou o que estava entalado na garganta. Não se tratava mais – ou apenas – de 20 centavos.
Em defesa da liberdade de manifestação pacífica e por um transporte público acessível, o Greenpeace participou do quinto grande ato contra o aumento das passagens em São Paulo (©Greenpeace/Alexandre Cappi) 

“O povo acordou” – e não vai mais dormir. A frase entoada nos quatro cantos do Brasil, nesta segunda-feira, era a síntese do que se via por todos os lados: já passava de meia-noite e milhares de pessoas continuavam nas ruas – e nas redes sociais – compartilhando emoções, imagens e memórias de um dia que já virou História no país.
Nunca uma segunda-feira foi tão esperada por tantas pessoas. Cem, duzentas, trezentas mil... O número exato já não importa. O Brasil saiu às ruas como não fazia há tempos. E gritou o que estava entalado na garganta. Não se tratava mais – ou apenas – de 20 centavos. O que começou com uma indignação pelo aumento das tarifas do transporte público virou algo muito maior. Depois de manifestações reprimidas violentamente pelo Estado, as pessoas saíram de casa para relembrar que o espaço da democracia é a rua.

Em São Paulo, a cidade que nunca para – a não ser nos engarrafamentos – milhões de automóveis sumiram do caminho para dar lugar a milhares de pessoas. Mas não foi só ali. Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Maceió, Belém, Rio Branco... Os protestos se espalharam como pólvora por todo o país.

Mas de pólvora quase nada se viu. O que explodiu no asfalto, dessa vez, foi a mais pura brasilidade. Daquelas que otimismo, criatividade, bom-humor e repulsa  cabem num mesmo cartaz, num mesmo grito de guerra. Democracia, educação, saúde, fim da corrupção, direito à manifestação pacífica, transporte público acessível e de qualidade... Estava tudo ali, num mesmo caldo de reivindicações.
Como uma organização que tem o protesto pacífico em seu DNA, o Greenpeace apoia, aplaude e se orgulha de ter participado de um dos momentos mais bonitos da História recente do Brasil. Vamos continuar cobrando dos governantes cidades para as pessoas, com mobilidade para todos. Que os ventos de mudança continuem soprando pelo país e que cada um de nós, cidadãos, se aproprie desse aprendizado: a política também se faz com as nossas mãos.
E que, aquilo que nasceu da indignação pelo aumento das tarifas do transporte público, não fique sem resposta. Os governos precisam ceder à pressão da população e oferecer uma solução para a questão do alto preço do transporte, além de se abrir para a elaboração participativa dos planos de mobilidade das cidades.
Após décadas e décadas de incentivo ao transporte privado, está na hora de repensar este modelo exaurido e garantir volumosos recursos em transporte coletivo. O problema da mobilidade urbana nos grandes centros urbanos brasileiros não pode mais ser ignorado. O principal caminho para solucioná-lo é um transporte coletivo acessível e eficiente.
Saiba mais sobre nossa campanha de mobilidade urbana: www.greenpeace.org.br/cade

Monday, June 17, 2013

Acompanhe ao vivo os protestos em SP

Em solidariedade às milhares de pessoas que têm ocupado as ruas para protestar, o Greenpeace participa nesta segunda-feira, 17, do quinto grande ato contra o aumento das passagens, que acontece na capital paulista. Nossa participação é também pela defesa do Estado democrático de direito e da liberdade de manifestação pacífica.As manifestações tiveram como estopim o aumento das tarifas do transporte público, mas demonstram o profundo descontentamento da população com um transporte que se mostra inacessível, seja pelo preço, seja pela ineficiência em garantir a todos o pleno acesso à cidade.

O Greenpeace defende o direito ao protesto não violento como instrumento ao exercício democrático e considera inaceitável a violência executada pelas autoridades policiais.

Com relação ao urgente problema do transporte público, que afeta a maioria das grandes cidades brasileiras, o Greenpeace considera que é urgente uma revisão de prioridades do governo, com maciços investimentos em mobilidade urbana.

Saiba mais sobre nossa campanha de mobilidade: www.greenpeace.org.br/cade.

Com energia solar num futuro melhor

Rio de Janeiro, 08 de junho de 2013 - Jovens instalam placas solares no telhado do Centro Comunitário Lídia dos Santos, junto com voluntários do Greenpeace, em Vila Isabel - Rio de Janeiro/RJ. (©Otávio Almeida/Greenpeace)  
Nesse sábado, 15 de junho, eu tive a oportunidade de visitar o projeto  Juventude Solar do Greenpeace Brasil no CEACA, em Vila Isabel, Rio de Janeiro. É muito  bonito ver como jovens estão à frente das mudanças para energias renováveis, realizando projetos concretos e tão positivos, tanto paro o futuro deles quanto para sua comunidade.
Eu pude conversar com os jovens e assim conhecer melhor as suas motivações, o que eles aprenderam sobre a energia solar e como foi a experiência em participar desse projeto.
A coisa que mais surpreendeu Felipe foi que "apenas o raio do sol batendo na placa transmite energia - e de graça". Ele me contou que a energia é utilizada no Centro Comunitário, que oferece diversos cursos para os jovens de segunda a sexta-feira.
O Weverson contou que participou porque "é um negócio para o meu futuro e eu  tenho tempo - comecei, gostei, tô aqui." Depois do projeto ele quer um emprego verde e o primeiro passo é instalar uma placa na própria casa. O fogão solar o surpreendeu ainda mais: "Não sabia que podia cozinhar com papelão".
A Joyce, que também luta Karatê no tempo livre e quer ser advogada, gostou do projeto porque o considera muito interessante. Ela ficou fascinada como o fogão, o carrinho e a lanterna funcionam com energia do sol e aprendeu como economizar energia. Ela quer passar esse conhecimento para os amigos porque acha importante preservar o meio ambiente e economizar luz elétrica.
Além de me contar as experiências que tiveram, os jovens prepararam os banners para a festa da inauguração que vai acontecer no dia 25 de junho. Todo mundo estava muito animado e num dado momento eles até começaram a dançar e improvisaram um rap.
Tive a certeza de que a revolução energética no Brasil será um movimento alegre e animado - e que pode ficar muito mais forte se envolver cada vez mais jovens.
*Simone Pulfer trabalha para o Youth Support Center do Greenpeace, que apoia projetos de jovens no mundo inteiro.

Sunday, June 16, 2013

Ventos mais fortes pelo mundo

Aerogeradores do Parque Eólico de Taíba, em Osório, no Rio Grande do Sul. O Estado concentra um grande potencial de geração de energia eólica. (©Greenpeace/Rogério Reis)  

É possível reforçar ainda mais a importância de se ter um cenário energético sustentável para o Brasil e para o mundo no Dia Mundial do Vento. A energia eólica é um dos carros-chefes que impulsionam o desenvolvimento de energia limpa e, hoje, se mostra muito mais madura e pronta para competir de frente com fontes tradicionais.
O Dia Mundial do Vento serve como mais um apelo para a construção de um Brasil baseado em energia limpa já que ressalta a importância do vento em nossa vida, que dentre diversas funções, pode exercer um papel fundamental para a revolução energética brasileira: suprir grande parte da demanda energética do país de maneira sustentável e auxiliar na descentralização da produção de energia. O governo brasileiro tem planos para instalar campos eólicos em, pelo menos, nove Estados do Brasil.
O estudo Revolução Silenciosa, do Greenpeace, revela que entre 2000 e 2010, 26% de todas as centrais elétricas que surgiram no mundo eram de fontes renováveis, principalmente de energia eólica. E, em 2013, o total gerado de energia eólica no mundo é de 282.500 MW, sendo que o Brasil representa 0,7% desse valor, deixando claro que ainda tem muito espaço para crescer no setor.
Entretanto, não se pode deixar de lado o incentivo crescente que o país tem dado à indústria eólica. Em 2007, praticamente só o parque eólico de Osório, no Rio Grande do Sul, produzia energia com ajuda dos ventos representando 200 MW. Após seis anos, em 2011, registrava-se um aumento de 10 vezes na produção de energia.
Com o aumento da competitividade e a redução dos custos de instalação, a energia eólica continua recebendo incentivos e investimentos: até o momento, contabiliza-se que os parques eólicos instalados no Brasil tenham capacidade instalada de aproximadamente 2.100 MW, mais que o dobro se comparado ao ano de 2011. Espera-se, portanto, que o país supere os 8500 MW até 2016, que já apresenta projetos contratados e alguns até em construção.
É preciso considerar também que esse crescimento está sob ameaça no momento. Com o endurecimento das regras de produção de energia eólica, agora será mais difícil alcançar um taxa de crescimento na área tão grande como foi visto nos anos anteriores. É visível o interesse do governo em favorecer as usinas térmicas, inclusive a de carvão, que voltam aos leilões depois de cinco anos. O percurso ainda é longo, mas temos total condição de transformar o Brasil no primeiro país de matriz energética limpa do mundo. Feliz Dia Mundial do Vento!

Direitos humanos na praça

A Comissão Extraordinária de Direitos Humanos, na Praça Roosevelt. Foto: NINJA 

“Somos os filhos esquecidos dessa pátria”. A fala do índio Lindomar Ferreira, liderança do povo Terena, ecoou na Praça Roosevelt, São Paulo, nesta sexta-feira à noite. Os olhares atentos em torno dele provavam, porém, que nem sempre é assim como ele diz. Na Comissão Extraordinária dos Direitos Humanos e Minorias – evento realizado por grupos e coletivos culturais independentes – dezenas de pessoas compareceram para se informar sobre o atropelo aos direitos indígenas que o Brasil vem enfrentando.
“Desde o governo Lula, nunca se investiu tanto contra os direitos dos povos indígenas”, lamentou Lindomar. Tanto é assim que, há mais de um mês, centenas de indígenas deixaram suas aldeias para protestar país afora contra obras que vão afetar suas terras, contra leis que estão sendo propostas para reduzir seus direitos e contra uma política de desenvolvimento que está passando por cima – em alguns casos literalmente – dos povos tradicionais.
O encontro na Praça Roosevelt é mais um desdobramento dessas manifestações, e contou com a presença de lideranças de diferentes povos, além de representantes de organizações da sociedade civil. Os convidados citaram a truculência da polícia nos protestos dos últimos dias em São Paulo para lembrar que a mesma brutalidade é usada, via de regra, com os indígenas. Há algumas semanas, um Terena foi morto em conflito de terra no Mato Grosso do Sul. E nos últimos anos, ele não foi o único.
“O aumento de mortes de indígenas aumentou 269%”, alertou Lindomar, chamando a sociedade a se organizar para mudar o rumo dessa história. A indígena Fernanda Kaingang, da etnia que carrega no nome, também comentou o descaso do governo com os povos nativos. “Desde a ditadura militar, o governo Dilma é o que menos demarcou Terra Indígena”, informou. E criticou o desequilíbrio político e de recursos entre a causa indígena e o setor do agronegócio, alfinetando: “Terra pra gente não é fonte de renda, é fonte de vida”.

Friday, June 14, 2013

Por um transporte público acessível

Leia posicionamento do Greenpeace Brasil sobre as manifestações contra o aumento das tarifas do transporte público Pelo direito à manifestação sem violência e pelo transporte público acessível
Em sinal de paz, manifestante ocupa av. Paulista com rosas brancas nas mãos, pedindo redução no preço da tafira de metrô e ônibus. (foto: Brunno Marchetti) 

As manifestações contra o aumento da passagem do transporte público começaram em São Paulo e tiveram rápida adesão no Rio, em Belo Horizonte e em Curitiba. Outras cidades prometem ter manifestações semelhantes nos próximos dias, o que mostra a urgência do tema.
A discussão da tarifa foi apenas o estopim de uma demanda há tempos reprimida: a melhoria e expansão do transporte público nas grandes cidades brasileiras passa por uma revisão de prioridades do governo e vultuosos investimentos em mobilidade, que tornem o ir e vir de todos um direito mais realista.
Com décadas e décadas de incentivo ao transporte individual, as megacidades brasileiras foram cedendo espaços de convivência e de troca social aos automóveis. O que os jovens estão fazendo, agora, é se levantar contra esse modelo insustentável e retomar a rua, espaço que lhes é de direito.
Considerando a questão da mobilidade essencial para a construção de cidades mais sustentáveis, acessíveis e democráticas, pedimos às autoridades que aceitem a pressão das ruas como forma de repensar suas políticas de mobilidade urbana. O financiamento do transporte público precisa ser tratado como uma política nacional. Se a discussão do transporte se concentrar simplesmente no orçamento municipal, não haverá solução.
Precisamos de mais transporte público, de melhor qualidade e mais barato. Também precisamos de políticas pensadas especialmente para facilitar o acesso da população mais carente e de públicos que mais necessitam do transporte e que não têm como arcar com a despesa, como os estudantes.
Também são necessárias medidas que desestimulem o transporte individual e um redirecionamento dos subsídios dos combustíveis fósseis para o transporte público.
Os protestos vão continuar e o poder público precisa estar aberto ao diálogo. É muito perigoso para a democracia quando os governos viram as costas aos anseios da juventude e respondem com métodos típicos dos anos de chumbo. Balas de borracha, bombas de efeito moral e cassetetes são incapazes de calar inconformismos e desejos de mudanças.
O Greenpeace é uma organização que tem em seu DNA o protesto pacífico como forma de cobrar mudanças de atitudes de governos e de corporações. Lamentamos as cenas divulgadas nos últimos protestos e pedimos prudência de ambos os lados. De qualquer maneira, defenderemos sempre o direito à manifestação não violenta, afinal ela é um instrumento da democracia.
O papel da força policial, que representa o Estado, é implementar a lei e garantir a segurança. Jamais usar a violência para coibir a livre manifestação do pensamento e para promover um ambiente de pânico e caos. O governador Alckmin deve se posicionar de forma favorável ao direito de manifestação pacífica e coibir as cenas de violência policial, inaceitáveis num estado democrático.
Marcelo Furtado
Diretor-executivo do Greenpeace Brasil

O Congresso nas ruas

Nesta sexta-feira, às 19h, a Praça Roosevelt, em São Paulo, vai abrigar a Comissão Extraordinária dos Direitos Humanos e Minorias. O encontro é uma resposta da sociedade civil a um Congresso sitiado por ruralistas que tentam, dia após dia, rasgar as leis que protegem o meio ambiente e os indígenas.
Lindomar Ferreira, liderança indígena do povo Terena, vai estar à mesa de discussões, que conta também com o engenheiro e professor da USP, Célio Bermann, além de outros representantes do movimento indígena. A ideia é alimentar o debate público sobre os atropelos que o Congresso e o governo têm feito em cima dos indígenas, com grandes obras, violência e desrepeito a seus territórios.

Quem vai de bike?

Cerca de 61,3 bilhões de deslocamentos foram realizados no Brasil em 2011, de acordo com a ANTP. Do total, 2,1 bilhões foram feitos por bicicletas. O número pode parecer pequeno, mas se torna expressivo quando pensamos que é igual ao dos realizados por motos e bem próximo dos realizados por veículos sobre trilhos (como trens e metrôs), que foi de 2,4 bilhões.
Apesar da crescente importância da bicicleta, que há muito deixou de ser somente um instrumento de lazer para se transformar em um efetivo meio de transporte, a maioria das cidades brasileiras ainda carece de um planejamento que integre a bicicleta aos outros modais existentes e incentive o seu uso.
Isso porque a falta de infraestrutura aliada à falta de respeito e à insegurança faz com que muitas pessoas tenham medo de adotar a magrela como meio diário de deslocamento. Para dar uma forcinha, o pessoal da Bike Anjo criou a EBA (Escola Bike Anjo), que realiza uma oficina por mês para aqueles que querem começar a pedalar ou ganhar mais prática. Ficou interessado? Confira a programação aqui.
Outra iniciativa interessante, voltada para aqueles que já pedalam por aí, é a Mão na Roda, uma oficina comunitária do Ciclocidade, na qual os ciclistas têm a oportunidade de usar as ferramentas disponibilizadas para fazer reparos ou regulagens em suas bikes, além de trocar experiências e dicas entre si.
Quer saber mais sobre como é andar de bike pela cidade? Assista ao segundo episódio da websérie sobre mobilidade urbana do Greenpeace, que foi ao ar hoje. A ideia é mostrar, em cada capítulo, um pouco sobre as várias formas de se deslocar na cidade e ressaltar a importância de termos um plano de mobilidade que priorize as pessoas e não os carros.

Thursday, June 13, 2013

Falta ambição para a UE

Aumento recorde das licenças de carbono no sistema de comércio de emissões da União Europeia dificulta o cumprimento das metas do bloco de países (©Greenpeace/Karol Grygoruk)  

Um aumento recorde das licenças de carbono no sistema de comércio de emissões da União Europeia dificultará que o bloco cumpra suas metas climáticas para 2030, segundo um relatório da Ecofys, empresa de pesquisa ambiental.
A União Europeia precisa diminuir um extra de 7% de suas emissões de carbono devido ao aumento das licenças, que podem ser concedidas durante a próxima década, de acordo com o estudo encomendado pelo Greenpeace. O bloco composto por 27 países tem como meta diminuir em 20% os níveis de 1990 até 2020 e também se comprometeu com a redução em 40% da poluição até 2030, de acordo com o órgão regulador da UE.
“É essencial para a eficácia do sistema de comércio de emissões da União Europeia que a trajetória da meta de gases de efeito estufa até 2030 seja definida considerando qualquer excedente pré-2020”, afirmou Niklas Hoehne, diretor de políticas energética e climática em Utrecht, sede da Ecofys na Holanda, em comunicado oficial.

Metas ambiciosas
“Dado o aumento esperado das emissões, a meta de 2030 ou a trajetória em direção a essa meta precisa ser significativamente mais restritiva”, afirmou Hoehne. O excesso de autorizações empurrou os preços do carbono no sistema de comércio de emissões da UE para o valor recorde de US$3,25 por tonelada métrica, em abril.
A Comissão Europeia propôs adiar a venda de alguns subsídios que estavam sendo considerados por alguns Estados-membros e pelo Parlamento Europeu. A medida paliativa seria seguida de uma reforma mais profunda no mercado de carbono.
O Greenpeace pediu que a comissão, os governos nacionais e que o Parlamento apoiassem a redução das emissões de carbono em pelo menos 55% em 2030. Essa meta deve ser parte de um novo programa de clima e energia mais abrangente que inclua o objetivo de obter 45% de energias renováveis.
“O relatório mostra que a meta de redução de 40% das emissões apresentada pela Comissão Europeia é totalmente inadequada, especialmente considerada o impacto da falha do sistema de comércio de carbono”, afirmou Jorid den Blanken, diretor de políticas climáticas do Greenpeace UE. Ele concluiu que “a União Europeia precisa de uma meta mais rigorosa para 2030 se quiser manter o sistema de comércio de carbono vivo e evitar os efeitos mais graves das mudanças climáticas.”