Friday, June 21, 2013

Baixou! E agora?

Após protestos em todo o país, São Paulo e Rio baixam as tarifas do transporte público (©Greenpeace/Alexandre Cappi) 

Os brasileiros finalmente se apoderaram da política. Será uma afirmação precipitada? Otimista demais? Talvez. Mas não há dúvidas de que esta já é uma vitória popular histórica. O povo acostumado a ver inerte as grandes mudanças de seu país, decidiu reagir e fazer parte desta mudança.
Em anúncio realizado no palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad anunciaram hoje a redução da tarifa de metrô, trens e ônibus de R$ 3,20 para R$ 3,00. Simultaneamente, no Rio, o prefeito Eduardo Paes fez o mesmo: o ônibus na capital carioca voltou a R$ 2,75.

Após semanas de protestos, que levaram milhares de pessoas às ruas e ganharam força após violenta repressão policial, os governos tiveram de ceder. Os 20 centavos foram o elemento que catalisou todo o processo de insatisfação com as políticas públicas no campo da mobilidade, da saúde, da educação. E isso serviu para mostrar que, por trás de tudo isso, estava o desejo da população de se mostrar um ator relevante nos rumos políticos.
Na voz dos governantes, um tom cabisbaixo, de preocupação: investimentos que podem ser comprometidos; orçamentos que deverão ser cortados; um gesto de boa vontade para interromper os protestos e abrir o diálogo. Mas ninguém comentou o aprendizado: a população também tem o direito de definir como os recursos público serão empregados.
O Greenpeace participou do quinto grande ato contra o aumento da tarifa, realizado na última segunda-feira, em São Paulo. A metrópole acostumada a ver suas ruas paradas por conta do trânsito desta vez parou porque o povo decidiu ocupá-la.
Nossa participação foi discreta. Decidimos ir às ruas sem nossa marca. Queríamos estar diluídos no meio da população e fazer volume. E como somos uma organização que faz uso do protesto pacífico como forma de pressionar por mudanças de atitudes de governos e corporações, achamos fundamental mostrar nossa indignação contra a violência policial e garantir o direito à livre manifestação.
Os políticos prometeram abrir o diálogo. Nada mais urgente. A solução ao problema da mobilidade urbana nas grandes cidades do país passa por um transporte público acessível e de qualidade. A tarifa é apenas uma parte dessa discussão. Os 20 centavos são apenas o começo.
Conheça nossa campanha sobre mobilidade urbana: www.greenpeace.org.br/cade.

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