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Lideranças do povo Munduruku fazem manifestação em frente ao Ministério de Minas e Energia, e entregam documento com demandas a assessor de Edison Lobão (© Greenpeace). Há exatos 44 dias, cerca de 150 indígenas, em sua maioria do povo Munduruku, deixaram suas aldeias para mostrar ao mundo que suas terras e seus direitos não são brincadeira. Numa manifestação que já tem sido considerada pela imprensa internacional como a 'Primavera Indígena', os índios têm saído em defesa de suas populações e repudiam a construção de novas hidrelétricas nos rios Tapajós, Xingu e Teles Pires. Depois de deixar o canteiro de obras da usina de Belo Monte, no Pará, eles se dirigiram à capital federal para serem ouvidos pelas autoridades.
“O governo não tem nos levado a sério. Dizem que querem o diálogo, mas colocam barreiras policiais para não nos receber. Viemos a Brasília para mostrar que não abrimos mão da conversa e da consulta, que nos é garantida pela Constituição. Mas até agora, nenhum funcionário do alto escalão desceu de suas bases para conversar com a gente. Eles acham que vão nos vencer pelo cansaço, mas nós vamos resistir”, afirmou um dos líderes, Josias Munduruku.
Nesta segunda-feira, dois dias após a saída da presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marta Azevedo, os Munduruku ocuparam o órgão em protesto. Sem garantia de alimentação ou hospedagem, eles afirmam que vão permanecer por lá até que tenham um sinal de resposta do governo.
A desocupação da Funai teve apenas uma exsceção: hoje, por volta de 11h30, eles desceram pela Esplanada dos Ministérios a caminho do Ministério de Minas e Energia, para entregar o documento com suas demandas ao minsitro Edison Lobão. Mesmo assim, cerca de 20 guerreiros permaneceram no local sinalizando que não há intenção de desistência.
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No Ministério, eles foram recebidos por um assessor do ministro, que se comprometeu a protocolar o documento e levar às autoridades competentes. Ele disse também que está aberto a dialogar com o Munduruku: “É só vocês dizerem o dia e o local, que estamos dispostos a conversar.” Essa afirmação, no entanto, não foi suficiente para os indígenas.
“É justamente isso que estamos fazendo aqui. Mas o governo não tem demonstrado querer conversa, como você está dizendo. A forma de vocês conversarem é essa aqui”, contestou Valdenir Munduruku, liderança da Aldeia Teles Pires, mostrando uma foto do assassinato de Adenilson Munduruku, ocorrido em novembro durante a Operação Eldorado, da Polícia Federal.
Os indígenas seguirão na cidade até que consigam uma audiência oficial com alguma das autoridades competentes. Eles reivindicam a consulta pública e o respeito à legislação federal e à Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), da qual o Brasil é signatário, e que prevê a consulta prévia aos povos indígenas em quaisquer atividades que afetem seus territórios e suas populações.
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