Monday, September 29, 2014

Olha ela aí

Energia solar pode representar 50% da capacidade mundial de eletricidade até 2050 
 
A Agência Internacional de Energia(IEA) divulgou uma pesquisa que comprova que até 2050 os vários tipos de energia solar podem suprir mais de 50% da demanda elétrica mundial. Entre 2011, 2012 e 2013 1/3 de todas as novas plantas de energia construídas ao redor do mundo eram de energia eólica ou solar.
Sven Teske, especialista em energia do Greenpeace Internacional acredita que a divulgação da pesquisa vem em ótima hora, tendo em vista que a pauta climática está atraindo holofotes do mundo inteiro


(© Vivek M. / Greenpeace)

“Com o desenrolar da Cúpula do Clima da ONU, essa é exatamente a notícia que todas as pessoas preocupadas com mudanças climáticas querem ouvir”, afirma Teske
Os dados publicados pela IEA confirmam os resultados da versão global do relatório “Revolução Energética”, publicado pelo Greenpeace em julho de 2012, que assim como a IEA, chegou à projeção de que a energia fotovoltaica pode chegar  a 4.548 GW de capacidade instalada até 2050.
“O Greenpeace pede aos governantes do mundo inteiro que aceitem o fato de que as energias renováveis são uma realidade e passem a realizar um planejamento energético que leve isso em conta. A eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e nucleares é uma necessidade socioambiental e econômica e não pode ser vista como um peso para o desenvolvimento de nenhum país”, completa Teske.

Dia mundial do petróleo: algo a comemorar?

Consequências do vazamento do navio Exxon Valdez © Ken Graham / Greenpeace

Há mais de um século, usamos o petróleo como principal fonte de combustível. Mesmo após sangrentas guerras ao redor do globo, catastróficos acidentes envolvendo as plataformas petrolíferas e estudos que comprovam que a fonte é totalmente poluente e contribui para o aquecimento global, governos continuam investindo brutalmente no “ouro negro”.
O principal uso do petróleo é no setor de transportes, que contribui diretamente nas emissões de CO2, além de comprometer a saúde da população. No Brasil, a maior fonte de petróleo é o pré – sal, que tem como agravante sua perigosa produção em alto mar. Uma plataforma no meio do oceano está sujeita às intempéries do clima, como ficou claro no acidente da Shell no Alasca em 2013, quando a plataforma Kulluk adernou e encalhou devido ao mau tempo. 
Outro exemplo que condena a exploração em alto mar é o vazamento de petróleo que pode afetar de maneira irreversível o ecossistema marítimo. Em 1989, o navio Exxon Valdezdespejou 41 milhões de litros de petróleo em uma área de vida selvagem no Alasca (EUA) e, mesmo após 25 anos do acidente, a população local e os animais continuam sofrendo com os danos causados pelo vazamento.
Investimentos voltados para mobilidade urbana e eficiência energética veicular poderiam reduzir esses impactos. Já é mais do que sabido que o petróleo e outros fósseis podem ser gradualmente substituídos por fontes limpas e renováveis como a energia solar, eólica e a biomassa.
“Precisamos agir imediatamente. Se não o fizermos agora, vamos pagar um preço muito alto. Este é o nosso mundo e o planeta Terra está sendo destruído. Em nome da prosperidade, devemos deixar o planeta Terra em bom estado ambiental, social e econômico. Temos uma responsabilidade moral e política”, afirma o secretario geral da ONU Ban Ki-moon.

É campeão… de ilegalidade

Enquanto a madeira ilegal é extraída sem controle, os que tentam atuar de forma correta acabam sendo castigados pela competição desleal de preços 

O mercado de madeira brasileiro, responsável por movimentar cerca de 5 bilhões de reais ao ano, está fora de controle. “Até 80% da madeira retirada da Amazônia é ilegal”. Assim começa o penúltimo vídeo de uma série de seis produzidos pelo Greenpeace em parceria com a produtora o Bijari, a fim de pressionar os candidatos por uma política eficiente de combate à extração ilegal de madeira, que contribui para a destruição da floresta e graves conflitos sociais.
“Os caras fazendo a festa. E o que é que nos resta?”, questiona o vídeo. Grande parte dessa ilegalidade recebe documentação oficial do governo – veja mais em chegademadeirailegal.org.br. A facilidade de fabricação de créditos de madeira sem lastro permite que se ‘lave’ esse produto. “Em 5 anos, encheram 950 mil caminhões de madeira ilegal. Em fila, eles iriam de São Paulo à Paris.”
Leia mais:
Não à toa, a competição nesse mercado é injusta e favorece aqueles que optam pelo crime ambiental. O filme explica em poucas palavras: “Quem quer fazer a coisa legal, tá indo embora. Não dá pra competir com o barato da ilegalidade”.
Essa investida rende enorme perda florestal: entre 2007 e 2012, falhas primárias nos sistemas oficiais de controle do setor permitiram que fossem irregularmente comercializados 1,9 milhão de metros cúbicos de produtos florestais, volume equivalente à uma área de 64 mil campos de futebol explorada de forma criminosa. Outra grave consequência é a violência no campo: “E o poder finge que não vê a corrupção e a guerra sangrenta pelas matas. 448 pessoas mortas entre 2004 e 2013.”
Com apenas uma semana para a votação, o Greenpeace chama atenção à grave situação em que se encontra a maior floresta tropical do mundo. Como é possível uma atividade que cria milhares de empregos por ano ser fonte de tamanha irregularidade e crime? O próximo presidente da República precisa reformar o sistema de fiscalização, desfazendo a impressão de que o governo faz vistas grossas em relação ao caso.
Demande uma solução para o caos madeireiro. Entre em pressioneverde.org.br e pressione os candidatos!

Friday, September 26, 2014

26 de setembro: um dia para lembrar

Ana Paula manda mensagem durante julgamento em Murmansk, na Rússia.
© Greenpeace

Há exatamente um ano, começava o julgamento dos trinta ativistas do Greenpeace que foram presos por autoridades russas após um protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico. Um caso que ganhou forte repercussão, mobilizou pessoas de todos os continentes eficou mundialmente conhecido como os “30 do Ártico”. Dentre eles estava Ana Paula Maciel, ativista brasileira do Rio Grande do Sul.
O grupo de ativistas, de diferentes partes do mundo, compunham a equipe que foi acusada injustamente de pirataria. Os trinta ficaram presos em Murmansk e São Petersburgo por dois meses. Foi um período muito difícil para a organização e para todos eles. Mas, ao mesmo tempo, foi um momento importantíssimo para nossa história, pois, por meio da mobilização de milhares de pessoas, percebemos que não estávamos sozinhos nessa. No final conseguimos um apoio massivo e conseguimos libertar nossos heróis.

Ana Paula retorna ao Brasil e encontra sua família no aeroporto.
© Greenpeace

Após a liberação de nossa equipe, o navio Arctic Sunrise ficou detido por cerca de 9 meses no porto de Murmansk e foi severamente danificado. Atualmente o navio está em Amsterdam, onde será submetido a uma série de reparos.
Para nosso navio voltar a navegar, precisamos de sua ajuda!
Nossa campanha já atingiu boa parte de sua meta. Temos quatro dias para completarmos nosso objetivo. Embarque nessa e nos ajude a colocar o navio de volta no mar!


Vitória para a floresta

O Tribunal Nacional Verde da Índia (NGT) tornou inválida a permissão de desmatamento e exploração de carvão nas florestas Mahan, outrora concedida às mineradoras Essar e Hindalco’s Mahan Coal. O Tribunal optou por cancelar realocar 214 blocos de mineração.
A decisão do NGT representa um verdadeiro alívio para os habitantes da floresta, que se opuseram e sofreram com o projeto de exploração de carvão na região por três anos. Para comemorar o veredicto histórico os moradores organizaram uma carreata na qual se mostraram determinados a não permitir que as florestas Mahan caiam novamente nas garras das mineradoras.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014 Moradores das florestas Mahan fizeram uma carreata para comemorar
a decisão do NGT. (© Anand Singh / Greenpeace)

“Estamos muito contentes com a decisão do NGT sobre o desmatamento das florestas. Já percorremos um longo caminho lutando contra ameaças, prisões ilegais e invasões policiais na calada da noite. Sabemos que essa poderia ser apenas uma vitória temporária, mas a nossa luta vai continuar e vamos nos opor a qualquer tentativa futura de entregar nossas florestas para a mineração”, afirma Kripanath Yadav, morador do vilarejo Amelia e membro do MSS.
A decisão do NGT é resultado de uma petição apresentada por membros do grupo Mahan Sangharsh Samiti (MSS), grupo formado por membros de onze das 54 aldeias dependentes das florestas Mahan, que tem por objetivo lutar contra a exploração de carvão na região.
Acredita-se que a ação de desmatamento tenha derrubado aproximadamente 50 mil árvores e afetado os meios de subsistência de 50 mil pessoas nas 54 aldeias da região da floresta no período de três anos.
O governo indiano disse que vai agir rápido para leiloar os blocos cancelados. O MSS e o Greenpeace exigem que o governo reveja os critérios de atribuição de minas de carvão para excluir áreas florestais como Mahan.
“Mahan é um exemplo da crescente oposição das comunidades que se opõem a projetos de mineração que degradam suas florestas. É temerário para as empresas investir seu dinheiro para exploração de carvão em uma região onde a população é oposta às atividades mineradoras. Este também é um exemplo do trabalho que o Greenpeace tem feito”, diz Priya Pillai, membro da MSS e campaigner sênior do Greenpeace Índia.
O Greenpeace Índia e a sociedade civil chamam a atenção do governo para garantir a integridade do meio ambiente e dos direitos às leis do país. Em uma tentativa de acelerar liberações para grandes projetos de mineração, por exemplo, o governo não pode violar leis como a Lei de Conservação Florestal, Lei de Proteção ao Meio Ambiente e Lei de Direitos da Floresta.

Thursday, September 25, 2014

O mundo todo está errado

Enquanto governos, empresas e sociedade civil dizem querer o fim do desmatamento, Dilma parece não pensar do mesmo jeito 

 
Foto: Greenpeace/Daniel Beltra 


Nesta semana, iniciativas globais elevaram o tom da discussão em torno de aumentar a proteção das floretas. Em dois diferentes momentos, empresas e governos assinaram compromissos pedindo pelo fim do desmatamento. Ao mesmo tempo, no Brasil, uma pesquisa apontou que 90% dos brasileiros são contra a derrubada da Amazônia. E a lei de iniciativa popular pelo desmatamento zero já contabiliza mais de 1 milhão de assinaturas. Porém, para a presidente Dilma e o ex-ministro Roberto Rodrigues, um dos representantes do agronegócio nacional, o fim do desmatamento é “utópico” e “demagógico”. Para Rodrigues, desmatamento zero é “coisa errada”.
O mundo parece que não concorda. Na última quarta-feira, o fórum global conhecido como ‘Consumers Goods Forum’, que reúne 400 marcas globais, como L’Oreal, Proctor & Gamble e Unilever, se comprometeu a ajudar seus membros a alcançar a meta de ‘desmatamento zero líquido’ em suas cadeias produtivas até 2020. Tais compromissos precisam ser tratados com interesse e atenção. Uma vez traduzidos em realidade, eles têm a capacidade de impactar positivamente a proteção às florestas ao redor do globo. Mas é preciso monitorar essas ações. E é neste campo que algumas iniciativas já existentes, como a moratória da soja e acordos de não-desmatamento para óleo de palma, são determinantes.
No mesmo dia, na conferência da ONU, foi apresentada a declaração de Nova Iorque, documento que pede o fim do desmatamento em escala mundial. A declaração conta com 150 assinaturas, entre elas 32 países,  20 estados e outras 40 empresas de atuação global. Foi exatamente nesse evento que o governo brasileiro protagonizou cenas lamentáveis ao se negar a assiná-lo.
“A postura do Governo é tacanha. O Brasil detém mais de 30% das florestas tropicais do mundo e deveria, por conta disso, não apenas assinar, mas liderar a escrita desse texto, tentando deixá-lo mais ousado. Ao contrário disso, Dilma deu as costas para as florestas, assim como faz aqui no Brasil”, disse Marcio Astrini, do Greenpeace. “Pior, o governo foi aplaudido por parte do agronegócio brasileiro. Esse tipo de postura compromete a imagem do próprio setor agropecuário nacional, colocando nele o rótulo do atraso. Apequenaram nosso país”, completou. 
Fazendo coro aos acordos mundiais, uma pesquisa divulgada no início da semana resume que, para os brasileiros, a Amazônia é muito valiosa e não deve ser desmatada. A pesquisa realizada com 2.000 pessoas é intitulada "Floresta Amazônica e Alterações Climáticas", feita pelo Instituto Análise e publicada no jornal Valor Econômico.
Quase por unanimidade, 90% dos entrevistados dizem que o desmatamento da Amazônia é ruim para o desenvolvimento do Brasil, pois reduzirá as chuvas e aumentará as temperaturas. A percepção dos brasileiros está alinhada com o que diz a ciência; é da Amazônia que vem a maior parte das chuvas que abastecem os reservatórios de água e as plantações de comida do sul e sudeste do país.
A pesquisa ainda mostra a opinião contrária dos entrevistados nos temas hidrelétricas na Amazônia, expansão da agricultura sobre florestas e código florestal.
De comum, os compromissos internacionais e a pesquisa sobre Amazônia nos revelam que a demanda global por produtos livres de desmatamento é crescente. E neste novo mundo, o Brasil poderia ser um exemplo de liderança. Temos potencial para sermos o maior produtor de alimentos e maior protetor de florestas do planeta, usando as áreas já abertas em nosso país, que oferecem espaço suficiente para dobrar a produção de alimentos sem desmatar.
Porém, a escolha de Dilma e de parte do Agronegócio é a de virar as costas para essa realidade. Ao negarem o fim do desmatamento, eles vão não apenas levar mais destruição às nossas florestas, mas também comprometer o futuro da própria agropecuária brasileira.
Mas, se depender de Dilma e do ex-ministro, o Brasil vai continuar olhando para o futuro pelo retrovisor.

Por que a Cúpula do Clima foi boa?

Na véspera da Cúpula, milhares de pessoas ajudaram a colocar as mudanças
climáticas de volta à agenda global.

Nos últimos dias, mais de cem líderes de governos do mundo todo estiveram nos Estados Unidos para participar da Cúpula do Clima da ONU. A presidenta Dilma Rousseff também passou por lá. Não saíram grandes acordos dali. Mas o jornal britânico The Guardian registrou cinco motivos que fizeram do encontro uma marca na política climática global. A lista vale ser reproduzida.
Motivo 1: Os políticos falaram. E muito. Cada uma das 120 lideranças mundiais discursou por alguns minutos sobre mudanças climáticas. Isso é significativo por pelo menos duas razões. A primeira é que a maioria deles nunca havia abrido a boca para comentar o assunto. A cúpula os forçou a tornar públicas as medidas que pretendem tomar contras as mudanças climáticas. A segunda razão é justamente essa: suas palavras estão registradas, e podem ser cobradas nos próximos encontros onde compromissos serão firmados.
Motivo 2: A China – maior emissor de gases estufa do planeta – afirmou que vai anunciar, “o mais breve possível”, uma data limite para que suas emissões atinjam um pico e comecem a ser reduzidas. Até então, o país não havia esboçado publicamente qualquer previsão disso. Quando o compromisso vier dos chineses, os Estados Unidos vão sofrer uma enorme pressão para também estipular datas internas.
Motivo 3: O encontro estimulou uma série de compromissos do mercado, de governos e de outros atores em aspectos específicos. No campo florestal, por exemplo, 24 grandes empresas prometeram tirar de sua cadeia de produção fornecedores de óleo de palma que têm desmatado. Um grupo de bancos e fundos de pensão também se comprometeram a investir US$ 200 bilhões em projetos de baixo carbono, enquanto 2 mil cidades ao redor do mundo anunciaram planos de reduzir suas emissões.
Motivo 4: ACúpula apresentou uma nova lógica para que essas ações possam sair do papel. Vários líderes, como Obama e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, declararam que não há mais necessidade de escolher entre crescimento econômico e redução de emissões: os países podem ter os dois. A fala deles estava apoiada num estudo lançado na última semana, o Climate Economy (Economia do Clima). O relatório traz novas e fortes evidências de que agir contra as mudanças climáticas faz muito bem à economia.

Motivo 5:
Talvez o mais importante dos cinco: o movimento pelo clima está com novo fôlego. Na véspera do encontro, as mais de 400 mil pessoas que tomaram as ruas em Nova York e outras milhares que fizeram o mesmo em outras cidades do mundo colocaram o assunto em pauta novamente. As manifestações mostraram aos governos que muita gente se importa com o que está sendo dito e feito sobre clima.

Soluções do século XIX

Terceiro vídeo da série expõe a crise energética, que o Brasil enfrenta com medidas paliativas e retrógradas 

Em contexto de crise, onde o País é ameaçado pelo racionamento e o aumento do preço da energia, cabe questionar e reavaliar a política energética nacional. A prioridade para combustíveis fósseis e a centralização da produção de energia trava um possível modelo de desenvolvimento sustentável.
No terceiro vídeo de uma série de seis, produzidos pela o Bijari, com roteiro e direção de Fernando Salem e Tadeu Jungle, o Greenpeace critica a conduta brasileira de continuar incentivando fontes sujas e hidrelétricas – embora sejam renováveis, são instáveis em períodos de chuva e com altos impactos socioambientais.
Leia mais:
“O governo aquece os investimentos nas térmicas para os próximos dez anos. Péralá! O que eles querem? Mais poluição? Mais gases efeito estufa? Ufa!” questiona o vídeo sobre os futuros investimentos brasileiros, previsto no recém lançado Plano de Expansão Decenal de Energia. A conta é estarrecedora: 71% dos investimentos energéticos serão em fontes fósseis, enquanto as renováveis, como solar, eólica e de biomassa, receberão menos que 10%. “Soluções do século XIX”.
As grandes centrais hidrelétricas, como Belo Monte, também foram alvo de crítica: “Belo Monte de merda! Atingiu trinta terras indígenas, doze unidades de conservação e 100 mil hectares de floresta. Vale a pena?”.  E a pergunta é válida, uma vez que energia renovável não é necessariamente energia limpa.
Na terça-feira desta semana, o Greenpeace realizou streaming em parceria com o Fluxo para também debater o tema de Energia. Célio Bermann (IEE-USP), doutor em planejamento energético, levantou a seguinte pergunta: “O Brasil tem 42% da sua matriz baseada em energia renovável, mas não leva em consideração o mais importante: nossa matriz é sustentável?”. E completou lembrando que “para ser sustentável, tem que levar em conta os impactos socioambientais”.
Todos os vídeos, propostas e material do Greenpeace sobre as eleições 2014 estão na plataforma Pressione Verde. Depois de conhecer as demandas, o eleitor pode enviar uma mensagem aos candidatos à presidência cobrando seu comprometimento com importantes questões socioambientais a serem enfrentadas no próximo mandato.
Chega de perder tempo! Aperte pressioneverde.org.br para apertar os candidatos!

Wednesday, September 24, 2014

Cargill, é hora da verdade

Empresa anuncia que vai excluir de sua cadeia produtiva fornecedores que causam desmatamento. No Brasil, é hora de afirmar seu apoio à continuação da moratória da soja

 
Se a moratória da soja chegar ao fim sem uma alternativa, o desmatamento pode voltar a subir. Foto: Greenpeace/Daniel Beltra 

A Cargill está entre as maiores comercializadoras de commodities do planeta. Ela compra e vende soja e óleo de palma, dentre outros produtos. E nesta terça-feira, se comprometeu a parar de comprar produtos agrícolas de empresas ou agricultores envolvidos com desmatamento. É uma ótima notícia.
Desde 2006, a companhia já vem sendo um importante ator na Moratória da Soja, um acordo entre os principais comercializadores comprometidos a não comprar o grão de produtores que destroem a Amazônia brasileira. No entanto, o acordo está em risco.
Inicialmente, a moratória deveria ter durado apenas dois anos, tempo que seria suficiente para encontrar uma solução permanente para o problema.  No entanto, o acordo continuou sendo renovado ano a ano, pois nunca foi apresentada uma alternativa. Se a moratória acabasse prematuramente, o cultivo de soja poderia voltar a ser uma ameaça para a Amazônia, como costumava ser antes do compromisso.
Encontrar uma solução duradoura para acabar com a destruição da floresta leva tempo. Mas a moratória está prevista para acabar de vez no próximo mês de dezembro. Se não há uma alternativa na mesa, vamos, obviamente, ter que estender a moratória mais um pouco – caso contrário colocamos essa conquista para a floresta em xeque.
Poderíamos passar os próximos meses discutindo sobre renovar a moratória ou não. Mas não seria mais sensato concordar que vamos mantê-la até que uma alternativa real seja apresentada para substitui-la? E então poderíamos focar numa solução que de fato proteja a floresta.
Durante a Cúpula do Clima da ONU, que aconteceu no último dia 23 de setembro, o diretor executivo do Greenpeace Kumi Naidoo chamou a atenção da Cargill em seu discurso: “A Cargill tem sido importante para o sucesso da moratória da soja no Brasil, o que ajudou a reduzir drasticamente o desmatamento. No entanto, este sucesso vai ser apenas temporário caso a moratória acabe prematuramente no final deste ano”.
Pedimos à empresa que coopere e aproveite essa oportunidade para declarar seu apoio à continuação da moratória, enquanto soluções permanentes para conter o desmatamento da Amazônia sejam construídas e acordadas.
A Cargill diz querer ajudar a acabar com o desmatamento. Nesse sentido, trabalhar com outros comercializadores  de soja para garantir que a moratória não termine agora deve ser sua prioridade no momento.

Ser renovável não é ser sustentável

Segundo debate sobre política e meio ambiente discutiu o tema energético e levantou questões centrais sobre a matriz brasileira e a abordagem eleitoral 

Foto aérea de Altamira, no Pará, com bairro alagado pela construção
de Belo Monte. ©Marizilda Cruppe / Greenpeace
 
A menos de duas semanas para o Brasil ir às urnas, o Greenpeace explora um assunto central e no entanto ainda raso no debate presidencial. Em parceria com o estúdio de jornalismo independente Fluxo, o Sujeito Oculto de ontem debateu sobre Energia, tema caro aos palanques eleitorais de todo o Brasil. Participaram da conversa Célio Bermann (IEE-USP), Rodrigo Sauaia (ABSOLAR) e Ricardo Baitelo (Greenpeace). A mediação ficou a cargo de Bruno Torturra (Fluxo).
Em contexto de crise, onde o País é ameaçado pelo racionamento e o aumento do preço da energia, é preciso reavaliar a política energética nacional. A prioridade para combustíveis fósseis e a centralização da produção de energia trava um possível modelo de desenvolvimento sustentável.
“O mundo hoje utiliza apenas 14% de fontes renováveis para produção de energia elétrica e combustíveis. O Brasil tem 42% da sua matriz baseada em energia renovável, mas não leva em consideração o mais importante: nossa matriz é sustentável?”, questionou o professor Célio Bermann, abrindo o debate. Doutor em engenharia e planejamento energético, com dois livros publicados na área, o professor chamou a atenção para um importante ponto: ser renovável não é ser sustentável. “Para ser sustentável, tem que levar em conta os impactos socioambientais”.
A questão das hidrelétricas, clamadas pelo governo como fontes limpas, inesgotáveis e a solução para o abastecimento do Brasil, foi abordada a fundo. Bruno Weis, jornalista do Greenpeace, foi à Altamira, no Pará, cidade de 80 mil habitantes que recebeu 25 mil trabalhadores para as obras de Belo Monte – sendo a grande maioria homens.

Ponto de ônibus em Altamira com apenas homens, que esperam
transporte para voltar às obras de Belo Monte. ©Zé Gabriel / Greenpeace

 “A cidade é um coquetel que mistura ócio, dinheiro no bolso (pois eles recebem e não têm onde gastar), saudade de casa, prostituição, bebidas e outras drogas”, explica Weis. Segundo o jornalista, a enorme população masculina transforma Altamira numa atmosfera opressora para mulheres: “Altamirenses que defendiam a obra se arrependem ao verem que a cidade se transformou numa ferida aberta, um formigueiro de desilusões”.

Rua de Altamira. ©Zé Gabriel / Greenpeace

Alguns mais céticos podem argumentar que de fato existe um custo benefício nessa equação. Em detrimento dos impactos socioambientais, a geração de energia vai ser em enorme escala, devolvendo a segurança energética ao País. Como contraponto, Bermann sinalizou que a capacidade de geração da hidrelétrica, na casa dos 11,2 mil MegaWatts (MW), não passará de 1,1 mil MW em período de secas. “Estas cada vez mais severas”, lembrou o professor.
“A alternativa já apareceu em nosso horizonte, mas teimam em ofuscá-la”, se posicionou o diretor executivo da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), Rodrigo Sauaia. As energias renováveis, como eólica, solar e de biomassa, tornam-se cada vez mais competitivas: no caso da energia solar fotovoltaica, seu preço despencou 80% nos últimos 4 anos. “Com a resolução 482/2012 da ANEEL [Agência Nacional de Energia Elétrica], qualquer brasileiro pode instalar um sistema renovável e injetar energia na rede, compensando o consumo”.
Com os incentivos corretos, como linhas de crédito adequadas ao investimento, e a não tributação da microgeração (hoje, a cada 1 kwh consumido, é necessário injetar 1,5 kwh), é possível criar um cenário ideal para uma revolução energética. Bermann salientou que “as empresas precisam ter condições para produzir painéis solares”, usando a China como exemplo. Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace, completou: “A China começou produzindo painéis solares para exportação. Agora ela absorve toda a produção excedente e planeja instalar neste ano uma Itaipu em painéis solares”.
Por fim, não tinha como deixar de lado outro protagonista do debate energético: o pré-sal. Bruno Weis indagou os participantes da polaridade da discussão: “O debate político fala que ou você é a favor do pré-sal ou contra a nação e seu desenvolvimento”. Para responder, Baitelo recorre à economia, e não apenas ao meio ambiente. Se em 2012 o pré-sal arrecadou R$ 31,5 bilhões em royalties, por outro lado se perde muito mais com o uso irracional de combustíveis.
A conta é simples: como nossos veículos bebem muito combustível por quilômetro rodado em relação aos equivalentes fabricados na Europa, devemos desperdiçar 114 bilhões de litros até 2030. Isso representa uma perda de R$ 287 bilhões até 2030, segundo estudo realizado pelos economistas Amir Khair e Luiz Afonso Simoens.
“O pré-sal parece um número mágico, como se fossem tirar R$ 1,3 trilhão de reais de dentro da terra”, defendeu Baitelo. E fechou o debate: “Toda fonte de energia tem potencial de gerar renda e empregos. Se somar os benefícios das renováveis, podemos ter um valor muito maior”.
Gostou? Assista o próximo programa, sobre Amazônia. Veja aqui o convite.

Parem o trem

Ativistas bloqueiam trem com mais de uma tonelada de carvão no Reino Unido 

© Greenpeace

Cinquenta ativistas do Greenpeace ocuparam um trem que carregava cerca de 1.500 toneladas de carvão que seriam entregues a uma das usinas mais poluentes do Reino Unido. Os ativistas utilizaram luzes de emergência para forçar a paralização do trem, que tinha como destino a usina de Cottam, em Nottinghamshire. Além de bloquear a rota, o grupo transferiu carvões de um vagão inteiro para sacos personalizados com o nome do presidente Vladimir Putin, a fim de enviá-los de volta à Rússia.
A usina de carvão de Cottam é uma das mais poluentes da Europa – juntamente à usina de West Burton, libera anualmente mais carbono para atmosfera do que o Sri Lanka.
“Estamos fazendo exatamente o que o líderes de governo em Nova Iorque deviam fazer, que é impedir a movimentação do carvão, uma das fontes mais prejudiciais a saúde e ao meio ambiente”, afirma Will McCallum, coordenador da campanha de clima do Greenpeace Reino Unido.
O bloqueio do Greenpeace ocorreu enquanto David Cameron se preparava para expor os planos do Reino Unido para inibir as emissões de carbono na Comissão do Clima da ONU, em Nova Iorque. Ao mesmo tempo, o líder da oposição, Ed Miliband, era esperado na conferência do Trabalho para discursar a posição do seu partido sobre energia e alterações climáticas.
Um ativista fantasiado de urso polar ficou parado na frente do trem, impedindo que o veículo se locomovesse. O urso é o principal símbolo da campanha “Salve o Ártico” do Greenpeace, que já mobilizou cerca seis milhões de pessoas em todo o mundo.

© Greenpeace

 O Greenpeace está fazendo um chamado para os líderes políticos justificarem suas promessas, opondo-se a novos subsídios, parando a queima desnecessária do carvão e estabelecendo um plano claro para aposentar a prática de extração de carvão dentro dos próximos dez anos, buscando fontes limpas de energia. O ‘vício’ britânico por carvão está causando danos climáticos, poluição atmosférica e uma perigosa dependência de oligarquias russas, já que o Reino Unido importa 51% do carvão russo.
Os ativistas exigem medidas para combater os danos causados pela emissão de carbono. As companhias de energia vêm queimando uma quantidade desnecessária de carvão, visando somente o lucro, ignorando outras formas de energia, como o gás natural. Como resultado, as emissões de carbono no Reino Unido aumentaram em 20% entre 2010 e 2013.
“Para piorar a situação, o governo está prestes a nos condenar a muito mais anos de dependência dessa energia suja, dando milhões de libras em subsídios para manter a exploração da energia proveniente do carvão”, afirma McCallum.
Consultores climáticos do próprio governo alertaram que a Reino Unido precisa aposentar o uso do carvão até o início da próxima década se quiser cumprir as metas de redução de carbono.
Médicos especialistas na área afirmam que as emissões são responsáveis por 1600 mortes prematuras e custam ao país mais de dois bilhões de libras por ano.
O Greenpeace escreveu uma carta a todos os operadores de usinas de carvão do Reino Unido em agosto, a fim de alertar para os impactos na saúde e no clima como consequência da queima de carvão, entretanto, não foi obtida nenhuma resposta.
Jacky Westwood (56), que era um dos ativistas presentes no trem, disse:
"Temos alertado nossos líderes políticos durante anos sobre os custos humanos e ambientais da queima de carvão. Eu mesmo já assinei petições, cartas aos deputados e esteve em marchas - mas eles não deram ouvidos. É por isso que hoje eu estou tomando a ação direta pacífica para proteger a saúde, a vida e a propriedade das pessoas em todo o mundo, contra a devastação da mudança climática movidos a nossa dependência do carvão sujo."

© Greenpeace


Tuesday, September 23, 2014

Menos palavras, mais ações

Anunciado na ONU, novo compromisso global pelas florestas é bem vindo. Mas ações imediatas são necessárias. 

 
Em protesto, Estátua da Liberdade sofre com a mudança climática.
Foto: © Christian Åslund / Greenpeace 


Foi apresentado nesta terça-feira, durante a Cúpula do Clima da ONU, um Compromisso Global pelas Florestas. O documento traz objetivos para deter a perda de florestas naturais em todo o mundo. O Greenpeace reconhece sua importância, porém reforça que os compromissos voluntários não podem substituir ações governamentais.
"Precisamos de leis que protejam as florestas e as pessoas, bem como o melhor cumprimento das leis já existentes. No documento faltam metas ambiciosas e ações palpáveis. Parar a perda de cobertura florestal até 2030 e eliminar o desmatamento da cadeia de produção de commodities agrícolas até 2020 significa que ainda existe uma folga de muitos anos para continuar desmatando”, disse Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace Internacional. “Enquanto celebramos os anúncios no jornal de hoje, as florestas e os povos que nela vivem enfrentam diversas ameaças, que devem ser evitadas para que o compromisso se torne realidade".
O Greenpeace demanda que ações sejam tomadas o quanto antes para proteger as florestas mundiais. As principais delas são as seguintes:
- Os governos devem assegurar o cumprimento das leis que conservam a floresta e combatem a corrupção;
- Os governos devem proteger e garantir os direitos e territórios dos povos indígenas. Atualmente, há uma série de ataques da bancada ruralista à legislação brasileira no que se refere a Terras Indígenas e Unidades de Conservação.
- Empresas devem eliminar imediatamente a prática do desmatamento de sua cadeia de produção,  além de implementar políticas eficazes que garantam uma produção livre da destruição florestal.  A moratória da soja no Brasil é um exemplo disso, mas o compromisso acaba no final de 2014. Por enquanto, não há uma solução de longo prazo para substitui-la.
- O financiamento para a proteção das florestas deve vir somado à redução das emissões que por queima de combustíveis fósseis. A compensação de emissões através de investimentos em florestas daria carta branca para aqueles que poluem continuarem nessa rota, representando um obstáculo ao combate às mudanças climáticas.
- Governos e  instituições financeiras públicas e privadas precisam cortar o financiamento de projetos que contribuem com desmatamento e a degradação florestal.
- Finalmente, os governos de mercados consumidores precisam ajudar a cortar a demanda por commodities e produtos  que têm ligação com o desmatamento, desenvolvendo políticas públicas que garantam produtos livres de desmatamento para seus consumidores.
Kumi Naidoo cobra mais ação, menos palavras: "Temos visto muitas declarações em reuniões de alto nível", concluiu Naidoo. "Mas só podemos comemorar quando as palavras bem-intencionadas resultam em ações efetivas e imediatas para salvar as florestas mundiais. Estamos ansiosos para saber mais sobre os passos que serão dados no curto e médio prazo para implementar esses compromissos".
(Clique aqui para acessar a análise completa do compromisso, feita pelo Greenpeace - em inglês)
Brasil não adere ao compromisso
A ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira afirmou que o Brasil não assinará o compromisso global pelas florestas apresentado durante a Cúpula do Clima da ONU. Ela justificou dizendo que o país “não foi convidado a se engajar no processo de preparação” do plano. Já Charles McNeill, conselheiro-sênior de política ambiental do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), afirmou que foram realizadas tentativas para chegar ao governo brasileiro, mas não obteve resposta.
Não é de hoje que o atual governo deixa de lado compromissos que estão sendo feitos mundialmente. O Brasil não ratificou o Protocolo de Nagoya e, desde 2011, não se cria unidades de conservação por aqui. Por outro lado, baixou a cabeça para os ruralistas ao aprovar o novo Código Florestal, dando anistia a quem desmatou nossas florestas.

Aproveite a Semana da Mobilidade e cobre seu candidato!

No último dia 16, teve início a Semana da Mobilidade, engrossando as comemorações e as atividades do Dia Mundial Sem Carro, que acontece todo dia 22 de Setembro. Com o objetivo de aumentar a conscientização e estimular o uso de transportes alternativos aos automóveis, a Semana da Mobilidade traz protestos pacíficos e criativos para as ruas das cidades de vários países no mundo, como por exemplo, a Marcha dos Super Heróis Urbanos, que levou ciclistas e pedestres fantasiados para a Avenida Paulista na noite de ontem.
Porém, em 2014, a Semana da Mobilidade é ainda mais especial no Brasil, pois antecede as eleições presidenciais e estaduais, e abre oportunidade para a cobrança dos candidatos por ações efetivas para melhorar a mobilidade urbana. Pensando nisso, os voluntários do Greenpeace estão se mobilizando para cobrar dos candidatos mais investimento e, principalmente, planejamento em mobilidade urbana.
Confiram algumas iniciativas bacanas:
- Foto oportunidade na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, cobrando os principais candidatos ao governo um posicionamento sobre o trânsito que piora a cada dia na capital carioca: “Só nadando pra fugir do trânsito, e aí candidato, nada?”;
- Vaga Viva em Manaus, mostrando que, com boa vontade política, no espaço de um carro estacionado muitas coisas boas podem acontecer;
- Mensagens expondo os números absurdos da mobilidade urbana em vários pontos da cidade de Salvador, onde as pessoas já passam um mês por ano no trânsito: “Chega de perder tempo no trânsito! Cobre do seu candidato uma solução!”.
A Semana da Mobilidade acabou ontem, mas ainda dá tempo de cobrar seu candidato antes do primeiro turno das eleições. Uma cidade para pessoas, com mais qualidade de vida, depende de mais investimento em mobilidade; e aí candidato, qual seu plano?
Conheça as demandas do Greenpeace para mobilidade acessando nosso vídeo:

Pera lá, Dilma!

Em discurso na ONU, a presidente fala sobre mudanças climáticas e desmatamento e apresenta Brasil para gringo ver; Greenpeace lembra que a situação “no chão” é bem diferente 

Presidenta Dilma Rousseff fala na Cúpula do Clima. © Roberto Stuckert Filho/PR

O Brasil é um exemplo de que um modelo de desenvolvimento sustentável é possível. Esse foi o tom do discurso da presidente Dilma Rousseff na Conferência de Clima da ONU, realizado nesta terça-feira 23. Se a fala soa como música aos ouvidos da comunidade internacional, ela não dá conta dos problemas e retrocessos enfrentados aqui no Brasil.
Dilma enfatizou a diminuição do desmatamento na Amazônia como a maior contribuição para redução das emissões de gases efeito estufa no país. Porém, essa importante conquista, fruto de esforços da sociedade, de setores de mercado e de ações do governo está sob séria ameaça. A queda do desmatamento foi interrompida na medição do ultimo período, apresentando aumento de 29%. Dados recentes do INPE apontam que esse ano temos um nova tendência de alta de 9% para este ano.
Além disso, com o novo Código Florestal, aprovado em 2012, o governo federal anistiou o desmatamento ilegal, fazendo a alegria daqueles que derrubaram a floresta apostando na impunidade. Outra ameaça está hoje no Congresso Nacional, onde tramitam projetos de lei que colocam em risco Unidades de Conservação e Terras Indígenas, mecanismos que são comprovadamente os mais  eficientes na preservação das florestas.
“No chão da floresta, a desgovernança é muito maior do que o discurso da presidente na ONU dá a entender”, defende Marcio Astrini, coordenador do Greenpeace. Para ele, a exploração de madeira na Amazônia, forte vetor de destruição florestal, está fora do controle: entre 60 e 80% de toda a madeira explorada é ilegal, o que acarreta no aumento significativo da violência na região.
Aqui no Brasil  a presidente, que também é candidata à reeleição, continua relutante em anunciar o compromisso com o fim do desmatamento nas florestas brasileiras no próximos quatro anos.
Sobre energia renovável, Dilma anunciou para a plateia da ONU que o país investe nesse tipo de geração. Não é o que se vê na prática: o Plano de Expansão Decenal de Energia, anunciado há uma semana, prevê que 70% dos investimentos no setor de energia serão voltados aos combustíveis fósseis. Para as renováveis, como eólica, solar e biomassa, serão apenas 9,2% e, para os biocombustíveis, 6,5%.
Energia Solar, que poderia abastecer mais de 10 milhões de residências e baixar tanto a conta de luz quanto o custo ambiental do país, ainda é vista pela presidente como energia de pouca importância. O pouco investimento nessas fontes ocorre ao mesmo tempo em que o governo prioriza grande usinas hidrelétricas na Amazônia. Quase metade da expansão de eletricidade prevista de capacidade instalada no Plano de Energia é voltado para grandes hidrelétrica, a maior parte delas na Amazônia, que embutem enormes impactos socioambientais e tem sua viabilidade econômica contestada.
Ainda no contexto das emissões brasileiras, faltou também mencionar que outros setores como indústria, transporte, energia e agropecuária nunca pararam de crescer. Entre 2009 e 2012, somente o setor elétrico aumentou suas emissões em cerca 500%.
A redução do desmatamento nos últimos anos foi extremamente importante, mas está sob risco. A falta de governança em nossas florestas ainda impera e continuamos perdendo 6.000 km2 de Amazônia anualmente e o quadro de violência na região só aumenta. Além disso,  os principais investimentos em energia caminham rumo às fontes sujas e as emissões dessa área aumentam sensivelmente.
“O atual quadro não permite que o governo passe a impressão de que no Brasil o desmatamento está sob controle e a lição de casa foi feita. Sob a batuta do atual governo, o Brasil não ruma para ser exemplo de modelo sustentável, como afirmou hoje a presidente Dilma na tribuna da ONU”, completa Astrini.
Leia aqui o discurso completo de Dilma Rousseff.

Luzes na ONU

Greenpeace projeta mensagem em nove línguas na sede da ONU, em NY, para pressionar resultados da Cúpula do Clima

Projeção do Greenpeace na sede da ONU, em Nova York. © Greenpeace

Nesta manhã, dois dias depois de 300 mil pessoas tomarem as ruas da cidade de Nova York pedindo ações concretas pelo clima, o Greenpeace projetou a mensagem “Listen to the People, Not the Polluters” (Ouça as pessoas, não os poluidores, em português) no prédio da sede da ONU, em Manhattan. A frase foi então traduzida em nove línguas: inglês, chinês, francês, russo, alemão, português, hindi e árabe.
A Marcha do Povo pelo Clima, que aconteceu no último domingo em mais de 160 comunidades do mundo todo, é sinal da resistência da sociedade contra políticas poluentes. A manifestação em Nova York foi a maior marcha pelo clima da história dos EUA.

© Greenpeace

“As energias sujas nos levaram a esse quadro de desequilíbrio climático, e não vão nos tirar dele. Os governos precisam parar de investir o dinheiro do contribuinte em carvão, petróleo e energia nuclear”, defende Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace Internacional.
“Esperamos que esse encontro dê oportunidade aos líderes mundiais de tomarem decisões acertadas e ambiciosas nos próximos encontros”, diz Naidoo, referindo-se às duas próximas Conferências de Mudanças Climáticas (COP). O Peru sediará o encontro desse ano, mas o foco recai sobre a COP 21, ano que vem, em Paris.
Para o Greenpeace, os países devem apoiar a transição completa às energias renováveis até 2050, erradicando energias sujas como os combustíveis fósseis e o carvão. Para isso, é preciso criar de um Fundo Climático Verde, que proponha caminhos para o desenvolvimento sustentável.
Outra questão sensível é o posicionamento dos EUA e da China em relação às metas de mitigação. Grandes países com gigante capacidade de produção, ambos têm papel fundamental a desempenhar no movimento global pelo clima. Os norte-americanos precisam diminuir as emissões domésticas e de térmicas a carvão, enquanto os chineses devem se comprometer em diversificar sua matriz energética, também a base de carvão.
“As energias renováveis pipocaram ao redor do mundo, num curto período de tempo. Ela é acessível, abundante, limpa e segura, podendo prover toda energia que o planeta precisa. Mas, para isso acontecer, os líderes precisam ter coragem para se livrarem do modelo ultrapassado”, completa Naidoo.
 

Monday, September 22, 2014

Enxugando o Ártico

Nível mínimo recorde de gelo é anunciado em tempos de intenso debate sobre mudanças climáticas; Cúpula do Clima da ONU acontece amanhã com mais de 100 líderes 

Barack Obama (EUA), Vladimir Putin (Rússia), David Cameron (Grã-Bretanha), François Hollande (França), Stephen Harper (Canadá), Angela Merkel (Alemanha) e Narendra Modi (Índia) ©Greenpeace

Hoje foi anunciado o nível mínimo de gelo no Ártico em 2014. A realidade é triste: nos últimos oito anos, o Ártico teve seus oito recordes mínimos de gelo. 
A Cúpula do Clima da ONU acontece amanhã, dia 23 de setembro, em Nova York. Líderes de alguns dos países mais poderosos do mundo debaterão sobre um dos maiores desafios do nosso tempo - as mudanças climáticas.
Cientistas da NISDC (National Snow & Ice Data Center em inglês), que utilizam dados da NASA, declararam a sexta menor extensão mínima de gelo do mar Ártico desde que os registros começaram. Confirmação de que o gelo do Ártico está derretendo rapidamente por causa do aquecimento global.
Nesse contexto, o Greenpeace fez uma brincadeira inusitada: sob o título Heads of States (cabeças de Estado em português, ou seja, líderes mundiais), voluntários colocaram máscaras de sete governantes para lembrar que o que acontece no Ártico não fica no Ártico.

Barack Obama (EUA), Vladimir Putin (Rússia), David Cameron (Grã-Bretanha), François Hollande (França), Stephen Harper (Canadá), Angela Merkel (Alemanha) e Narendra Modi (Índia) © Greenpeace

Barack Obama (EUA), Vladimir Putin (Rússia), David Cameron (Grã-Bretanha), François Hollande (França), Stephen Harper (Canadá), Angela Merkel (Alemanha) e Narendra Modi (Índia) © Greenpeace

Luciana Genro publica compromissos com o meio ambiente

Assim como Eduardo Jorge e Marina Silva, candidata do PSOL apresenta propostas detalhadas; Dilma e Aécio ainda não lançaram programas de governo completos 

 
Luciana Genro (PSOL) © Reprodução / Facebook 

Nestas eleições, o Greenpeace tem mantido diálogo com candidatos à presidência e membros de suas equipes de campanha, buscando compromissos com medidas concretas para a proteção das florestas, mobilidade urbana, energias renováveis e combate às mudanças climáticas.
Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB), Eduardo Jorge (PV), Marina Silva (PSB) e Luciana Genro (PSOL) receberam as propostas do Greenpeace em reuniões presenciais com os próprios candidatos ou membros das coordenações das campanhas. Em paralelo, a pressão só aumenta via redes sociais, com o apoio de cidadãos que enviam mensagens para os candidatos pela plataforma Pressione Verde, onde estão todas as propostas citadas.
No último dia 5, o Greenpeace publicou uma análise dos programas de governo completos de Marina Silva e Eduardo Jorge, disponível aqui. Agora, Luciana Genro lançou o seu, assumindo compromissos com importantes temas socioambientais - diversos deles alinhados às propostas do Greenpeace, conforme apresentado abaixo. Desmatamento zero e apoio à expansão da energia solar estão entre os destaques desses três candidatos.
Aécio Neves disse que irá apresentar a versão completa de seu programa nos próximos dias. Dilma Rousseff declarou que não pretende fazer o mesmo. O Greenpeace espera que Aécio e Dilma também assumam compromissos concretos com as questões ambientais.
A pressão segue até o final das eleições, sem esquecer de acompanhar de perto quem quer que seja eleito para garantir que as promessas se tornem realidade.
Energias Renováveis:
- Solarização de 1 milhão de casas em 4 anos, por meio de: criação de incentivos fiscais às energias renováveis, que levaria a uma redução de 20% do preço de equipamentos do sistema solar fotovoltaico; articulação junto ao Conselho Nacional de Política Fazendária (ConFaz) para garantir que a energia injetada na rede por mini e microgeneradores de energia tenha o mesmo valor que a consumida da rede; tratamento diferenciado ao PIS-COFINS incidente sobre o consumo de energia, que pode ser garantido via decreto, com vistas também a garantir que a energia injetada na rede por mini e microgeneradores de energia tenha o mesmo valor que a consumida da rede; e criação de linhas de crédito com juros baixos e prazo acima de 10 anos para financiamento da compra do sistema fotovoltaico pelos bancos oficiais de crédito, para que cada brasileiro possa gerar energia a partir do telhado de sua casa (link)
- Incentivo ao desenvolvimento e utilização de fontes de energia limpas, renováveis e de baixo impacto ambiental, incluindo: riação de incentivos fiscais às energias renováveis, envolvendo tributos federais (II, IPI e PIS-COFINS); ampliação da participação de novas energias renováveis na matriz elétrica por meio da realização de leilões por fonte de energia; e geração anual de 13 GW de eólica, 14 GW de biomassa e 3 GW de solar até 2018 (link)
Mobilidade e Transportes:
- Estabelecer o transporte público como direito social nos termos do artigo sexto da Constituição Federal (link)
- Destinação de ao menos 2,1% do PIB para mobilidade urbana (link)
- Estabelecimento de padrões de eficiência para a produção de carros brasileiros: fabricantes deverão alcançar metas mínimas de eficiência energética veicular, que serão progressivamente introduzidas de 2018 a 2021, até atingir 1,22 Mj/Km (megajoules por quilômetro) (link)
- Integração do Planejamento e Logística de Transportes nacional às realidades de estados, regiões metropolitanas e municípios: Por meio de investimentos em capacitação técnica, humana e financeira de setores do governo, como a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), deve-se prover estados e municípios de apoios diretos ao aperfeiçoamento e criação de planos de mobilidade onde estes não existam e integrá-los a um plano comum nacional com otimização dos investimentos e resultados (link)
Mudanças Climáticas:
- Criação de novas Unidades de Conservação, especialmente nos locais que foram identificados como prioritários para a conservação da biodiversidade, incluindo a ampliação em 2,5 milhões de hectares das unidades localizadas no Cerrado (link)
Proteção das Florestas Brasileiras:
- Desmatamento zero (link)
- Elaboração do Plano Nacional de Proteção das Áreas de Mananciais das grandes cidades brasileiras, com o objetivo de auxiliar estados e municípios a conservar as florestas e matas fundamentais para garantir a produção de água visando o abastecimento da população (link)
- Criação de novas Unidades de Conservação, especialmente nos locais que foram identificados como prioritários para a conservação da biodiversidade, incluindo a ampliação em 2,5 milhões de hectares das unidades localizadas no Cerrado (link)
- Criação do Programa Ciência na Floresta, visando promover a pesquisa e o uso de novas tecnologias para o setor madeireiro com o objetivo de tornar o país líder na exploração sustentável das florestas tropicais (link)
Madeira:
- Realização de um zoneamento ecológico econômico para a produção madeireira na Amazônia, por meio do qual serão definidas as áreas de maior importância para a atividade (link)
- Investimentos para a exploração responsável e sustentável e a elaboração de plano de capacitação e investimentos consistentes no manejo florestal comunitário (link)
Agronegócio:
- Reformular o Imposto Territorial Rural (link)
Para ver a análise das propostas dos candidatos Eduardo Jorge e Marina Silva, clique aqui.

LEGO, 1 milhão de assinaturas é insignificante?

LEGO pisa na bola, lança nova linha de brinquedos e ignora pedido de milhões de pessoas.

 
Mesmo com o apelo de mais de 1 milhão de pessoas pedindo o fim da parceria entre as empresas, a LEGO continua nos ignorando. 

Difícil de lidar com a LEGO! Descobrimos que eles lançaram mais uma linha de produtos padronizados com o símbolo da Shell no mercado infantil, dessa vez em Cingapura. Após dois meses de campanha, alcançamos a extraordinária marca de 1 milhão de assinaturas pedindo o fim da parceria, mas mesmo assim a LEGO continua ignorando nosso pedido.
No inicio do mês de julho de 2014, lançamos a campanha pedindo para que a LEGO se desassocie da Shell, pois a empresa tem planos de explorar petróleo no Ártico, o que resultaria em um desequilíbrio ecológico e climático no planeta. Uma empresa infantil não pode ter sua imagem associada a uma petrolífera que visa destruir o meio ambiente dos ursos polares e de outras raras espécies animais.
Para piorar a situação, a Shell apresentou ao governo americano um plano de perfuração exploratória offshore no Ártico que está em análise. O governo tem de ponderar todos os ricos socioambientais que a perfuração pode causar. As condições extremas do Ártico, incluindo temperaturas congelantes, tempestades, meses de completa escuridão e mares agitados dificultam a exploração offshore na área. Cientistas afirmam que um vazamento de petróleo seria fatal para o ecossistema.
Mesmo com o apelo de mais de 1 milhão de pessoas pedindo o fim da parceria entre as empresas, a LEGO continua nos ignorando, fingindo que nada está acontecendo. Precisamos manter a pressão, é de extrema importância a preservação desse magnífico ecossistema.
Ajude-nos nessa campanha assinando a petição!

Sem plano B, sem planeta B

Marcha do Povo pelo Clima toma as ruas de Nova York e intensifica pressão sobre líderes mundiais que debatem clima na sede da ONU 

Com a reunião sobre mudanças climáticas convocada pelo Secretário Geral da ONU Ban Ki-moon, marcada para dia 23 em Nova York com 122 líderes de governo, inclusive a presidente Dilma Rousseff, a sociedade civil mundial foi às ruas de 166 países para marchar e cobrar medidas mais duras e eficazes dos líderes em relação ao desastroso quadro do clima global. Em Nova York, A Marcha do Povo pelo Clima juntou 310 mil pessoas para mostrar à ONU que eles já estão tomando medidas em suas comunidades, e apoiarão qualquer avanço feito no Ban Ki-moon Summit.
Tudo ocorreu tranquilamente, sem violência, num clima amigável e familiar. Crianças, idosos e até os bichos de estimação marcharam pelo clima. O recado para a reunião da ONU vem em importante momento. Como um ensaio para a Conferência das Mudanças Climáticas, a COP 20, sediada em dezembro desse ano no Peru, o encontro proposto por Ban Ki-moon tem o dever de intensificar o debate sobre o tema, derrubando o persistente ceticismo dos governos e encaminhando propostas concretas para a conferência do fim do ano.
Para tanto, o próprio Secretário General da ONU participou da marcha. “Não tem plano B porque não temos planeta B. Obrigado a todos por seus esforços e poder de mudança”, disse ele. Bill McKibben, fundador da ONG 350.org, afirmou que as mobilizações internacionais demonstram um momento de fortalecimento da atuação política da sociedade.
Os desastres naturais, por exemplo, são resultado das mudanças climáticas. Assim como no estado do Rio Grande do Sul, que sofre uma escalada dessas ocorrências, comunidades do mundo inteiro são afetadas por tempestades, inundações e cheias, como também deslizamentos, secas e migração forçada. Uma transição dos combustíveis fósseis, redução dos despejos e uma política de transporte público estratégica são algumas das demandas da marcha para uma economia baseada tanto em pessoas como no planeta.
Dois dos maiores emissores de gás efeito estufa, EUA e China, que são avaliados como ponto focal da reunião, recentemente aprovaram planos para reduzir a poluição de usinas sujas em seus respectivos países. Assim como o Brasil, ambos os países têm um importante papel a desempenhar na transição da matriz energética.
É justo reconhecer que as mudanças climáticas assumem um papel cada vez mais sensível no debate global. Por um lado, inúmeros estudos – dentre eles o IPCC, painel internacional da ONU – colocam o homem como principal responsável pelo desequilíbrio do clima. E puxando o outro lado da corda, com resoluta força, estão os governos e grandes empresas, embasados por uma lógica de desenvolvimento ultrapassada. Desde o século XIX, a partir da Revolução Industrial, a exploração desenfreada de recursos naturais, e o uso deles, como os combustíveis fósseis, catalisou as mudanças climáticas para o alarmante nível atual. O planeta e a sociedade pedem um modelo de crescimento do século XXI, responsável e sustentável. Mas atenção, ainda para esse mesmo século. Se não, pode esquecer.

Saturday, September 20, 2014

Dia Mundial Sem Carro terá Marcha dos Super-Heróis Urbanos



Em 22 de Setembro, Dia Mundial Sem Carro, usuários de diversos veículos a propulsão humana como bicicleta, skate e patins, assim como pedestres e carroceiros, se unirão na Avenida Paulista para realizar a Marcha dos Super-Heróis Urbanos.
A marcha chamará atenção para a necessidade de se implementar políticas públicas de mobilidade que levem São Paulo além de um modelo de urbanização centrado no transporte individual motorizado, que há anos já se mostra insustentável. Atualmente, quem se locomove sem carro na cidade pode ser considerado praticamente um super-herói, mas essa realidade pode - e deve - mudar.
O evento ocorrerá paralelamente à tradicional Bicicletada que ocorre todos os anos no Dia Mundial Sem Carro, e os participantes são inclusive convidados a virem fantasiados.
Marcha dos Super-Heróis Urbanos
Data: 22/Set, 2a-feira, Dia Mundial Sem Carro
Horário: 19h
Local da concentração: Praça do Ciclista (cruzamento da Av. Paulista com a Consolação)
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/697812443629764/

A rua é nossa



Já nem lembro a última vez que entrei num carro e girei a chave para ir a algum lugar. Mas lembro de quantos ‘bom dia’ recebi ontem, quando fui caminhando para a feira. Ou daquela sensação deliciosa de descer a ladeira de bike, indo para o trabalho, com o vento batendo na cara.
Parece discurso de gente deslumbrada, riponga. Mas nem é. Carro, hoje, invariavelmente me remete a engarrafamento e prisão. Penso em bike e caminhada e as palavras que me vêm à mente são exatamente opostas: liberdade e trânsito fluido. Não é difícil entender porque tenho escolhido a segunda opção.
E não estou sozinho. Com a Semana de Mobilidade batendo à porta, resolvemos reunir um grupo de pessoas que não costuma ser incluído nos debates sobre mobilidade urbana: as crianças. Perguntamos a elas como imaginam que seria uma rua dos sonhos – dá uma olhada no vídeo fofíssimo ali em cima!
Elas não querem algodão doce no lugar do asfalto nem tapetes voadores. O que elas querem é muito prático: mais árvores para caminhar na sombra, mais espaço para brincar, mais flores para dar cor às cidades. Querem ruas menos agitadas, onde há espaço inclusive para carros. Numa rua dos sonhos, tem que caber todo mundo.
É nessa pegada que vários países celebram, na próxima segunda-feira, o Dia Mundial Sem Carro. No Brasil, a iniciativa começou em 2001 e a cada ano arrasta mais pessoas para fora dos veículos. Mais gente que desliga o motor e consegue enxergar – e construir – cidades mais saudáveis, diversas, democráticas. E mais gostosas de viver.

Governo recua no Leilão do Tapajós

Devido a pressão dos povos indígenas, que seriam afetados pelo projeto e que ainda não foram ouvidos, MME adia a venda da hidrelétrica no Pará

Em passeata realizada em 2013, cerca de 150 indígenas do povo Munduruku deixaram a aldeia Sai Cinza e foram às ruas da cidade de Jacareacanga, no Pará, para protestar contra a construção da barragem no rio Tapajós, que afetaria diretamente seu território e seu modo de vida. Com mensagens de “Tapajós livre”e “Deixem o nosso rio em paz”, os Munduruku frisaram sua posição contra a barragem do rio para construção da usina hidrelétrica São Luís do Tapajós. (©Greenpeace/Eliza Capai)

A história energética do Brasil pôde registrar uma notável reviravolta nesta segunda-feira (15). Logo depois de anunciar o Leilão da Usina Hidrelétrica São Luiz do Tapajós, projetada para o Pará, o Ministério de Minas e Energia (MME) emitiu uma nova portaria revogando a venda, devido a “necessidade de adequações aos estudos associados ao tema do componente indígena”.

A decisão sinaliza uma mudança importante no processo de construção de barragens na bacia amazônica, onde não há mais espaço para ignorar a Consulta Prévia das comunidades
afetadas. Mas devemos ficar atentos, para que este posicionamento não passe de uma manobra política para legitimar a conturbada política de construção de hidrelétricas na Amazônia.

O universo dos empreendimentos hidroelétricos é balizado por uma série de regras internacionais, criadas pela Comissão Mundial de Barragens (WCD) na tentativa de minimizar os impactos ambientais e sociais deste tipo de construção.  Os padrões estipulados por este documentos servem de modelo para o Banco Mundial e instituições financeiras de diversos países, no tocante a aprovação de financiamentos para suas construções.

Entre as recomendações estão a realização de estudos sobre os impactos ambientais, viabilidade econômica e de Consultas Prévias com as comunidades atingidas pelas obras, para assegurar que seus direitos e desejos sejam respeitados.

No caso de povos indígenas, a necessidade de realizar as consultas é reforçada pelo Convenção n° 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais, de 1989, do qual o Brasil é signatário.

De acordo com o artigo 6° da Convenção, as comunidades indígenas devem ser consultadas, “mediante procedimentos apropriados sobre projetos de grande impacto, através de suas instituições representativas cada vez que sejam previstas medidas legislativas ou administrativas suscetíveis de afetá-Ios diretamente”. Além disso, o documento, que tem efeitos de Lei no Brasil, desde 2005, estabelece que a consulta deve
ser feita com “boa fé e de maneira apropriada às circunstâncias”, a fim de conseguir o consentimento das povos afetados.

Mas não é o que acontece na prática. “O governo não realiza as consultas, e quando dialoga é com o viés apenas informativo, no contexto da decisão política já tomada”, afirma Danicley de Aguiar, da Campanha Amazônia do Greenpeace.

Estudos sob encomenda

Em nota publicada nesta segunda-feira, justificando a decisão, o Ministério de Minas e Energias informou que iria suspender o Leilão “apesar do Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica – EVTE -  e do EIA/RIMA terem sido concluídos pelo consórcio desenvolvedor dentro dos prazos acordados”, mais uma vez negando a aplicação da Consulta Prévia, Livre e Informada, como parte do processo de tomada de decisão.

No entanto, como observou o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Philip M. Fearnside, em artigo publicado pelo site Amazônia Real, os estudos, tanto ambientais, como sociais, são convenientemente pagos pelos interessados nos projetos. “A indústria de produzir relatórios, tanto ao nível de empresas de consultoria e ao nível de consultores individuais, tem forte motivação para produzir documentos favoráveis aos projetos, para aumentar as chances de ser contratado para projetos futuros. Exemplos incluem a barragem de Tucuruí, Samuel, Santo Antônio/Jirau, Belo Monte, Jatapu e Cotingo”, disse.

“Infelizmente o fato é que a política energética nacional parece estar mais interessada em atender sobretudo os interesses dos seguimentos indústrias energo-intensivos e das empresas que prestam os serviços de construção e equipagem das dezenas de hidrelétricas planejadas”, ressalta Danicley.

Democracia, direitos e os 30 do Ártico

Os 30 ativistas do Greenpeace após serem libertados em São Peterbusrgo pela justiça da Rússia. © Dmitri Sharomov / Greenpeace

O direito ao protesto pacífico é um princípio básico de uma sociedade sã – um direito inerente ao ser humano, que se levanta e se expressa para desafiar leis injustas e governos falhos, opondo-se à destruição e dando voz aos sem vozes.
Hoje faz um ano que um protesto pacífico do Greenpeace no Ártico foi interrompido por agentes da Guarda Costeira russa. Hoje faz um ano que trinta ativistas foram injustamente acusados de pirataria e mantidos em detenção por mais de dois meses em Murmansk e São Petersburgo, na Rússia.  Depois de enorme pressão internacional eles estão livres, inocentados de um crime que nunca cometeram.
Leia mais:
No entanto, a justiça arbitrária condena muitos outros ativistas no mundo inteiro. Brasil, Índia, Espanha, EUA e Rússia estão no fogo cruzado entre governo e indústrias que se sentem ameaçados pela sociedade civil. Por isso silenciá-la. A estratégia desses poderosos atores é criminalizar protestos pacíficos, diminuindo o espaço democrático por todo o mundo.
Aqui no Brasil, a capital paulista aprovou o Projeto de Lei 50/2014, que prevê a proibição de máscaras em protestos. A lei acaba por criar uma situação absurda, que anula uma forma tradicional das pessoas se manifestarem nos mais diferentes contextos – desde marchas e protestos até festividades culturais. O Greenpeace, como exemplo, utiliza máscaras e fantasias em suas ações e protestos. Veja galeria de fotos.
A situação é parecida na Espanha, que está para aprovar um lei que multa manifestantes. Já na Rússia, o ativista Yevgeny Vitishko, membro da ONG ambientalista North Caucasus, foi preso em protesto pacífico contra as Olimpíadas de Inverno de Sochi por pintar numa cerca as palavras “as florestas são para todos”. Vitishko foi condenado a três anos de prisão.
Em solo indiano, o povo de Mahan, uma das mais antigas florestas da Índia, está sofrendo muita pressão de mineradoras que querem operar na região. Muitos ativistas passaram a apoiar a comunidade, e as ameaças se estenderam. Dois ativistas do Greenpeace já foram presos.
É impossível olhar para esses exemplos – e tantos outros – sem associá-los a um debate maior sobre direito de protesto, livre expressão e liberdade. Acomodar-se e achar que essa é uma batalha para outras pessoas lutarem é a parte fácil. Difícil, mas necessário, é enfrentar a repressão na esperança de um mundo mais justo.
Compartilha essa ideia? Veja maneiras de ajudar aqui.

Neste fim de semana vai dar Praia Limpa em Torres!


Neste domingo, a Praia da Guarita será palco de uma ação especial de limpeza de praia do Projeto Praia Limpa Torres (Associação dos Surfistas de Torres) + Grupo de Voluntários do Greenpeace de Porto Alegre pela preservação da natureza. Essa campanha de limpeza de praias acontece em todo o mundo e é apelidada de “Clean Up the World” ou “International Costal Clean Up”, pelas organizações que iniciaram o projeto na Austrália e EUA nos anos 80.
Trata-se da maior ação global para limpeza de praias do planeta. O evento já envolveu mais de 35 milhões de pessoas em diversas partes do mundo e a longo prazo vem possibilitando mudanças de atitudes e comportamentos em escala global. A ideia da campanha é simples. Voluntários atuam na limpeza da sua comunidade, transformando o ambiente em um local mais agradável e saudável para viver.
A ação chegou ao Brasil no final dos anos 90 e leva o nome de Dia Mundial da Limpeza em Rios e Praias – Teremos atividades na Praia da Guarita que variam desde a coleta do lixo, campanhas educativas, abraço simbólico, atrações culturais e musicais e distribuição de brindes para os voluntários. Será uma ação diferenciada e emocionante...todos juntos por Torres e pelo Planeta, venham participar!” – convida o coordenador do Projeto Praia Limpa Torres, Alexis Sanson.”
QUANDO: Domingo, 21 de setembro, às 10h.
ONDE: Praia da Guarita, Torres, RS.

Thursday, September 18, 2014

Nuclear em baixa, solar em dúvida

O debate entre presidenciáveis promovido pela CNBB na última terça-feira (16) trouxe sinalizações relevantes sobre as perspectivas do atual governo para o setor de energia

 
Instalação de paineis solares por voluntários. © Nathalie Bertrams / Greenpeace


Por um lado, a presidente Dilma Rousseff indicou que energia nuclear está longe de ser uma prioridade. Apesar de não descartar a conclusão das obras da usina de Angra 3, declarou que não vê o investimento em nuclear como necessário ou tampouco estratégico, mostrando concordar que o Brasil não precisa dessa fonte de energia altamente poluidora e insegura - algo defendido pelo Greenpeace e por várias organizações e movimentos que se opõem à energia nuclear no Brasil e no mundo.
Por outro lado, Dilma mostrou que ainda existe resistência ao investimento em energia solar, afirmando não crer que essa fonta tenha potencial para se tornar protagonista no país.
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Infelizmente, neste ponto Dilma vai contra toda evidência científica disponível, e do planejamento feito pela própria Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão do seu próprio governo, segundo o qual até 2050 nossa matriz contará com 118 GW de energia solar. A posição da EPE segue o mesmo rumo do proposto pelo Greenpeace em seu relatório [R] evolução energética (link).
A história, pelo visto, se repete: há alguns anos o governo também não valorizava o potencial da energia eólica, que hoje já compete em custo com hidrelétricas e cresce a passos largos. Não há, assim, porque continuar duvidando do potencial do Sol - fonte ideal para complementar uma matriz baseada em hidrelétricas, como a nossa - e adiando investimentos cruciais para que o país consiga garantir, no caso da falta de chuva, luz e preços estáveis. O que falta é só vontade política.
Energia é tema quente nestas eleições, e felizmente o debate sobre novas fontes renováveis está mais forte do que nunca. Seguiremos pressionando todos os candidatos a assumirem compromissos cada vez mais consistentes e significativos. A pressão apenas se ampliará para cima de quem quer que seja eleito a partir do ano que vem!

Ban Ki-Moon recebe Greenpeace

Pela defesa do Ártico, ONG entrega assinaturas ao secretário geral da ONU
Delegação do Greenpeace com Ban Ki-Moon. Da esquerda para a direita: Josefina Skerk (política de Saami, povo tradicional do Ártico), Ban Ki-Moon (ONU), Kumi Naidoo (diretor executivo Greenpeace), Margareta Malmgren-Koller e Neil Hamilton (ambos assessores de Políticas Públicas do Greenpeace). © Greenpeace / Michael Nagle

O Greenpeace está no Ártico há meses. Nesse tempo, testemunhamos grandes mudanças pelas quais a região está passando. As tentativas ultrajantes para encontrar petróleo em águas geladas põem em risco esse bioma que é único. O crescente degelo fragiliza ainda mais o Ártico, que vem diminuindo consideravelmente ano a ano. Por isso que pedir a sua proteção é uma causa muita cara, sobre a qual o Greenpeace dedica intenso trabalho.
Além de inúmeros protestos no gelado mar ártico, denunciando a perigosa operação das petrolíferas, criamos uma petição popular e a Declaração Internacional pelo Futuro do Ártico.
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Já são mais de 6 milhões de pessoas que assinaram a petição pela criação de um santuário no Ártico. Pela Declaração, são mil signatários, que têm o poder de influenciar a política dos países com território no Ártico. Além disso, pesquisa encomendada pelo Greenpeace, feita em 30 países dos cinco continentes, mostrou uma média de 74% da população mundial a favor do santuário.
Munido desse gigante apoio global, uma delegação do Greenpeace, da qual Kumi Naidoo – diretor executivo da ONG – faz parte, se reuniu mais cedo com Ban Ki-Moon, Secretário Geral da ONU, para apresentar as demandas referentes à proteção do Ártico. As assinaturas foram entregues numa esfera com água derretida das geleiras. As palavras do secretário da ONU foram: "Vocês são muito corajosos; não apenas dedicados, vocês são muito, muito mais que dedicados; são bravos e corajosos, verdadeiros herois".
Ban Ki-Moon é um forte defensor da urgente necessidade de ações voltadas para as mudanças climáticas. E é também um grande fã do Ártico. No início deste ano, viajou para a Groenlândia para testemunhar a situação da região.
Durante a jornada, ele expressou o sentimento de estar "profundamente alarmado" e afirmou que "o problema não desaparecerá ficando em silêncio". "Temos que agir agora", disse ele. Assim, Ban Ki-Moon convidou líderes de todo o mundo para uma reunião em Nova York, com o objetivo de aumentar a pressão por compromissos na Cúpula do Clima da ONU (COP), que acontecerá no Peru no fim do ano.
Esse é mais um passo em direção ao reconhecimento mundial de que o Ártico é uma questão de interesse internacional. "O que acontece no Ártico não fica no Ártico", o Greenpeace costuma dizer. Infelizmente, os Estados do Ártico, que formam o Conselho do Ártico, não têm feito jus às suas responsabilidades.
A região está derretendo por causa das mudanças climáticas causadas pelo homem. Somente as nações do Ártico produzem 25% das emissões globais de gases de efeito estufa, e se você incluir os Estados participantes do Conselho do Ártico, esse número sobe para 80%. Mesmo assim, as empresas de petróleo e outras indústrias destrutivas têm suporte dos governos para expandir a exploração de combustíveis fósseis, que causaram o aquecimento em primeiro lugar.
Muitas nações do mundo estão sendo diretamente afetadas pelo derretimento das geleiras no Ártico e o aquecimento do Oceano Ártico. Este mês, o Comissário do Clima das Filipinas, Yeb Saño está visitando o Ártico pela primeira vez para destacar esse fato. A mensagem de ambos é clara: o que está acontecendo no Norte está afetando o meu povo, e isso tem que parar! Saño realizou um emocionante discurso na COP do ano passado, na Polônia, após o super tufão Hayan devastar seu país.
Que essa importante etapa sirva como um claro sinal às nações do Ártico. Que mudem suas abordagens atuais, longes de adequadas. Nessa, Ban Ki-Moon, o grande fã do Ártico, parece concordar.