Friday, May 30, 2014

Câmara dos Vereadores freia mobilidade de SP

Na última quarta-feira, a Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou o Projeto de Lei que põe fim à inspeção veicular na cidade, mostrando estar em total descompasso com as demandas sociais por uma melhor mobilidade e com os esforços da Prefeitura em priorizar o transporte coletivo.
Uma melhor mobilidade significa dar aos cidadãos mais opções para se deslocar na cidade. O fim do rodízio vai na contramão disso exatamente porque significa reafirmar a opção pelo transporte individual.
O fato é que o tal do rodízio sempre foi assunto controverso, atraindo muitos inimigos porque, durante um dia da semana, a opção mais cômoda (o carro) teria que ser deixada de lado em prol de um bem maior. Sim, pois o rodízio cumpre dupla função. A primeira é a de tentar melhorar o trânsito na cidade (estima-se que levou à redução de cerca de 15% dos carros na rua), que poderia ser ainda pior. A segunda – e mais importante – é a de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e de poluentes, ou seja, assegurar uma melhor qualidade de vida ao cidadão.
O princípio é simples: se cada um abre mão de um pouquinho, inicia-se a construção de um todo que é melhor para a coletividade, para mim e para você.
Essa ideia de construir um coletivo melhor, infelizmente, passou bem longe da Câmara nessa semana, quando os vereadores aprovaram o PL 15/2006, de autoria do Adilson Amadeu (PTB). A votação não foi nominal e esse PL, de tão absurdo, estava fora de pauta desde 2007.
Contudo, ainda há esperança: o projeto ainda não foi sancionado pelo Prefeito Fernando Haddad, que, ao que tudo indica, não apoia a proposta. Isso mostra, pelo menos nesse caso, existe bom senso em SP, mas só lá no Executivo.

Dia de luta e luto para indígenas de todo Brasil


Índios se acorrentam ao mastro da bandeira nacional em frente ao Ministério da Justiça em protesto (Foto: Oswaldo Braga de Souza - ISA).

O último dia da Mobilização Nacional Indígena terminou com ares de tristeza. Nesta quinta-feira, (29), o ministro da (in)Justiça, José Eduardo Cardozo, sinalizou que vai manter a suspensão das demarcações de terras indígenas em todo o país e informou que vai insistir em modificar os procedimentos demarcatórios, conforme proposta que veio a público no final de 2013.
Cardozo teve uma reunião, na tarde de ontem, em Brasília, com líderes indígenas depois que, às 8h da manhã, as mais de 500 pessoas que participavam da manifestação interditaram as entradas do Ministério da Justiça e ocuparam parte do Eixo Monumental, principal via do centro de Brasília. Um grupo de quilombolas também se juntou ao protesto.


Bandeira Guarani içada ao lado da bandeira nacional pede demarcação de terras indígenas (©Greenpeace).

Pouco antes do encontro com o ministro, cinco índios acorrentaram-se ao mastro da bandeira do Brasil, em frente ao ministério, e arriaram o pavilhão nacional a meio mastro para simbolizar o luto dos povos indígenas pelo descaso do governo com seus direitos. Eles também hastearam uma bandeira negra feita pelo povo Guarani no mastro ao lado, que dizia “Assina logo, Cardozo”, em referência ao pedido para que ele libere as portarias declaratórias. O protesto foi pacífico, apesar da presença de um grande contingente de policiais dentro e fora do prédio ao longo do dia.
Segundo os líderes indígenas, o ministro afirmou que seguirá implantando “mesas de diálogo” locais – envolvendo governos, produtores rurais e índios – para discutir as demarcações sob a justificativa de evitar a judicialização desses processos. Para o movimento indígena, na prática, esse expediente está paralisando a oficialização de novas TIs. Cardozo teve coragem de afirmar ainda que o assassinato do indígena Oziel Terena, em 30 de maio de 2013, foi resultado da portaria declaratória de sua terra, a TI Buriti, em 2010.

Atividade eleitoreira

 
Ministro Eduardo Cardozo (no meio) e a presidente da Fudação Nacional do Índio, Maria Augusta Assirati (à esquerda), em reunião com líderes indígenas (Foto: José Cruz - Agência Brasil).

 “Ele disse que não irá assinar nada, nenhuma portaria declaratória, que irá insistir na tentativa de construir ‘mesas de diálogo’ porque é nessas mesas que há a possibilidade de promover a negociação nos conflitos em áreas indígenas”, informou Wilton Tuxá, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). “O que o governo quer é fazer acordos políticos para ganhar votos. O travamento das demarcações é uma atividade eleitoreira. Certamente os povos indígenas do Brasil vão dar uma resposta a este governo”, finalizou Tuxá.
De acordo com uma liderança indígena que participou da reunião, Cardozo disse que é necessário negociar com os produtores rurais mesmo nos processos onde não há contestação judicial porque, quando a demarcação avança, novos conflitos aparecem.
“A reunião foi péssima porque o ministro não demonstrou que tem interesse em resolver nosso problema. Ele não quer se prejudicar com os ruralistas”, avaliou Sônia Guajajara, da coordenação da Apib. Em nota, o ministro afirmou apenas que sua “pasta está empenhada em encontrar soluções para as questões apresentadas por meio da mediação”.
Os líderes indígenas entregaram uma carta com suas reivindicações. Nela, exigem que Cardozo dê sequência às demarcações e arquive de vez sua proposta de alterar o procedimento de formalização das TIs, que, na prática, pode paralisar definitivamente as demarcações.
São 37 os processos de demarcação nas mãos do ministro hoje. Sem pendências, eles aguardam apenas a assinatura das portarias declaratórias que reconhecem a posse permanente das comunidades indígenas sobre seus territórios.
A Mobilização Nacional Indígena terminou as atividades de uma nova rodada de manifestações em Brasília ontem, depois da reunião. O objetivo foi protestar contra a série de propostas e medidas do governo federal e do Congresso que atentam contra os direitos territoriais indígenas.
*Esta matéria foi escrita pelo Comitê de Comunicação da Mobilização Nacional Indígena

Ativistas removidos de plataforma no Ártico


Um agente norueguês, vestido de preto, retira ativista do Greenpeace, de vermelho. (©Greenpeace)

Depois de 48 horas, os ativistas do Greenpeace foram removidos pela força de segurança norueguesa da plataforma Transocean Spitsbergen, contratada pela Statoil, que se encontra no Mar de Barents, região do Ártico pertencente à Noruega. Os ativistas escalaram e ocuparam a plataforma na terça-feira de manhã para protestar contra os planos de exploração de petróleo do governo norueguês.

O grupo de voluntários é internacional: Dinamarca, Finlândia, Filipinas e Suécia. Dentre eles está Sini Saarela, finlandesa de 32 anos que ficou presa por dois meses na Rússia por escalar outra plataforma no Ártico em setembro passado. Logo antes de ser retirada da Transocean Spitsbergen, Siri conseguiu gravar uma mensagem que foi transmitida ao navio Esperanza, do Greenpeace:
“Estamos ocupando a plataforma da Statoil há dois dias. Durante esse período ela ficou impedida de navegar ou operar. A polícia está aqui agora, é só uma questão de tempo para nos levarem”. A Transocean Spitsbergen segue agora para o local de perfuração.

Embora os ativistas tenham sido removidos, eles contam com o apoio de mais de 5 milhões de pessoas no mundo inteiro que assinaram a petição para salvar o Ártico das empresas que ameaçam o equilíbrio da região e consequentemente o equilíbrio do nosso planeta.
O Governo da Noruega se comprometeu a não permitir operações de extração de petróleo perto da borda do gelo ártico – onde o gelo encontra o mar. Entretanto, baseado num pesquisa recente do Polar Institute, a plataforma da Statoil está a 25 quilômetros da borda do gelo, sendo que a distância segura seria de 100 quilômetros.

Ativismo tem novo endereço

A partir da próxima segunda-feira, dia 2 de junho, o escritório do Greenpeace Brasil na capital paulista terá novo endereço: Rua Fradique Coutinho, número 352, no bairro de Pinheiros.



Depois de mais de 11 anos na Rua Alvarenga, no Butantã, a organização cresceu, o número de funcionários aumentou e a casa, que antes era grande, ficou pequena. O novo prédio comportará todos os funcionários e proporcionará à organização ótima estrutura para continuar propagando seus princípios mundo a fora.
A nova localização também foi pensada estrategicamente para facilitar o acesso de seus funcionários, colaboradores, voluntários e parceiros, de modo a estimular, por exemplo, o uso do sistema de transporte público e outros meios alternativos, como bicicletas.
A construção foi adaptada e reformada levando-se em consideração a utilização racional de recursos para evitar desperdício de materiais, assim como priorizou-se a economia de energia elétrica, com uso de lâmpadas, equipamentos mais eficientes, além da valorização de iluminação natural. Outras ações de curto, médio e longo prazo, como instalação de fachada verde e uso de energias renováveis, também estão programadas.
 “Nossa nova sede coloca o Greenpeace mais em contato com São Paulo e com os movimentos sociais e ambientais que transitam pela cidade. Por estarmos em uma região mais central e acessível, podemos abrir nossas portas para toda sociedade”, afirmou Fernando Rossetti, diretor - executivo do Greenpeace Brasil.

Sem água, sem clima

Greenpeace alerta para um prisma pouco discutido: altos e baixos no padrão de chuva cada vez mais frequentes, graças às mudanças climáticas.


Com torneira gigante na Praça da Sé, Greenpeace alerta para a crise da água e para a crise do clima (Otávio Almeida/Greenpeace)

A praça da Sé foi tomada hoje por uma fila de pessoas que queriam encher baldes e canecas d'água na torneira gigante ali montada pelo Greenpeace. Todos queriam garantir o seu, já que altos e baixos no padrão de chuva serão cada vez mais frequentes graças às mudanças climáticas, e a crise de água que atinge o Estado de São Paulo desde o começo do ano pode se repetir nos próximos anos. Afinal, a crise da água é também crise do clima.
A crise da água é resultado de uma série de questões que os paulistas conhecem bem: falta de cuidado das nascentes, desmatamento do mata ciliar, poluição, desperdício e má gestão. Agora há um novo fator, que intensifica todos os problemas anteriores e que coloca uma nova camada de desafio no planejamento e na gestão dos recursos naturais.
Eventos climáticos extremos como a seca que atinge São Paulo serão cada vez mais intensos e comuns com a elevação da temperatura média do planeta. Rezar para São Pedro aumentar o nível das represas, como os governantes têm feito, para garantir o abastecimento de água e de energia para a população pode não ser suficiente.
“As mudanças climáticas e os eventos extremos decorrentes delas não são levados em consideração quando obras de infraestrutura e políticas públicas são pensadas”, diz Cristina Amorim, coordenadora da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. “O planejamento baseia-se no registro do que aconteceu em anos anteriores. Só que o passado não representa mais o que se espera do futuro.” Na prática, a chuva tão esperada, quando chegar, pode vir diferente de antes - e ninguém está preparado para isso.

É preciso fazer mais e melhor. Começando pelo poder público, que precisa inserir cenários de mudanças climáticas ao decidir como e quando serão feitos os investimentos e a gestão dos recursos naturais. "Devemos diminuir a quantidade de gases do efeito estufa que jogamos no ar, e precisamos desenvolver e implementar políticas de adaptação, para que os efeitos no clima impactem menos a população", afirma Amorim.
Infelizmente, nada disso tem sido feito até agora, como mostram exemplos recentes como a cheia do rio Madeira, a estiagem que atingiu a produção de café e a própria crise energética, outra consequência da seca. "A ciência pode não falar que o que acontece hoje é consequência inequívoca do aquecimento global, porque o processo de formulação do conhecimento exige tempo. Mas ninguém tem mais dúvidas de que as coisas mudaram", diz a coordenadora da campanha. "E todos, em maior ou menos grau, sofrem com seus efeitos. Quanto antes começarmos a agir, melhor."

Faça parte do nosso conselho

Processo de seleção para o conselho diretor do Greenpeace Brasil


quinta-feira, 29 de maio de 2014 © Greenpeace / Rodrigo Paiva

O Greenpeace Brasil tem o prazer de anunciar a abertura do processo de seleção para o seu Conselho Diretor.  O processo está aberto a qualquer um que compartilhe os valores fundamentais do Greenpeace e que esteja genuinamente disposto a servir ao Conselho. Os candidatos não devem ter interesses que possam estar em conflito com a missão e os objetivos da organização.
O Greenpeace é guiado por princípios e valores como a independência e a não-violência. O Conselho do Greenpeace Brasil tem como maior objetivo ter uma representação diversa da sociedade brasileira. Sua composição busca refletir essa expectativa, visando uma estrutura de governança mais justa, transparente, eficiente e inovadora.
Para mais informações sobre o processo de seleção, acesse o documento.

Presidente da Câmara quer consenso na PEC 215


Presidente Henrique Eduardo Alves recebe comitiva indígena na Câmara dos Deputados (JBatista / Câmara dos Deputados).
 
O terceiro dia da Mobilização Nacional Indígena foi agitado. E terminou com um saldo positivo para os mais de 600 índios de cerca de 100 diferentes povos de todo o Brasil presentes em Brasília. Durante a reunião com uma comitiva de lideranças na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Enrique Eduardo Alves (PMDB-RN), se comprometeu a não aprovar ou deixar que siga para votação, até que haja um consenso, a Proposta de Emenda Constitucional que visa passar para o Congresso Nacional a prerrogativa de decisão sobre a demarcação de terras indígenas.
“Sem consenso, a PEC 215 não irá para plenário. Esse é o meu compromisso”, assumiu o deputado federal. O presidente da Câmara ressaltou ainda que “por mais forte numericamente que possa ser a bancada (ruralista), eu digo a vocês que com a responsabilidade que eu tenho não posso ser instrumento de uma proposta que fere as nações indígenas”.
Segundo avaliação da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), essa foi uma vitória, ainda que modesta. “Apesar de não ter sido um compromisso por escrito, ele afirmou isso na presença de várias lideranças indígenas, da imprensa e dos demais parlamentares presentes. E nós fizemos questão de nos assegurar e reiterar que ele estava falando mesmo em consenso, e não na vontade da maioria, já que essa Casa é composta por uma maioria ruralista e anti-indígena”, afirmou Sonia Guajajara.
Após a reunião, a comitiva seguiu para o Senado Federal, para uma conversa com o presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL). Barrar a PEC 38, de teor semelhante ao da 215, com a diferença de que dá ao Senado a competência para aprovar os processos demarcatórios, foi o pedido dos indígenas ao senador. Um pouco mais enfático do que seu colega de partido e cadeira, Calheiros refutou o avanço destas PECs e garantiu que durante a sua presidência, o destino delas será a gaveta: “Não passarão”.

Enquanto isso, no gramado do lado de fora, o restante do grupo aguardava seus representantes entoando cânticos e danças. Integrantes do Movimento Uma Gota no Oceano, que tem como bandeira principal a campanha Tamuaté-aki, em apoio às demandas indígenas, os atores Maria Paula e Tony Garrido marcaram presença na mobilização, conversando e dando depoimentos junto aos índios.
Nas redes sociais, até o pré-candidato à presidencia pelo PV, Eduardo Jorge, se pronunciou em defesa dos índios. “Precisamos reconhecer o direito dos povos indígenas à terra e de tomar suas próprias decisões. Reconhecer também a contribuição de sua cultura ao patrimônio universal. Não podemos deixar passar uma PEC como a 215, que torna exclusividade do Congresso Nacional a demarcação de terras indígenas. O governo brasileiro como um todo deve garantir os direitos dos habitantes ancestrais do Brasil.”
Coletiva denuncia violência
Durante a tarde também aconteceu uma coletiva de imprensa, convocada pelo Comitê Popular da Copa, organizador na marcha de terça-feira, para devolver a violência a quem lhe é de direito, ou seja, denunciar os ataques feitos pela polícia contra a sociedade civil – e não o contrário, como noticiaram maliciosa e oportunistamente alguns veículos da grande mídia.
Segundo balanço divulgado pelo comitê, quatro mil pessoas participaram da passeata que parou o centro de Brasília no final da tarde de ontem. Pelo menos oito manifestantes ficaram feridos, entre eles seis indígenas.
Na entrevista, os representantes do comitê reforçaram que a marcha era pacífica e que foi fechado um acordo prévio com a Polícia Militar para que ela seguisse tranquilamente até o Estádio Mané Garrincha. Segundo os índios que apoiaram o protesto, eles estavam dançando e cantando quando foram surpreendidos pela cavalaria e pela tropa de choque da PM.
“Os indígenas foram vítimas da repressão do Estado em uma caminhada pacífica”, salientou Marcos Xukuru, da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME). Ele informou que depois que a tropa de choque barrou a passagem dos manifestantes, eles foram atacados por uma saraivada de bombas de gás e de balas de borracha. Xukuru ressaltou que, se houve reação de alguns indígenas, foi em legítima defesa.
Xukuru e outras lideranças indígenas presentes à coletiva voltaram a condenar o fato de o governo gastar bilhões com os estádios e obras da Copa, enquanto as demarcações de terras indígenas continuam paralisadas e as políticas de educação, saúde e proteção dos territórios seguem precárias.

Wednesday, May 28, 2014

Segundo dia de ocupação de plataforma no Ártico

Equipe de ativistas segue a bordo de plataforma norueguesa no Mar de Barents; Statoil quer ser a segunda empresa a explorar petróleo no Ártico. Veja o vídeo da ação.

Plataforma Transocean Spitsbergen, contratada pela Statoil, no Mar de Barents. (©Greenpeace)

Há mais de trinta horas que a plataforma de petróleo Transocean Spitsbergen, da estatal norueguesa Statoil, exibe diversos cartazes com a mensagem “Salve o Ártico”. Quinze ativistas do Greenpeace começaram a ocupar a instalação às 5 horas da manhã de ontem e mantiveram firmes suas posições, lutando contra o clima gelado do Ártico.
Em entrevista a Bloomberg, agência de notícia inglesa, Oerjan Heradsveito, porta-voz da Statoil, admitiu que o plano de exploração será atrasado por causa do protesto, que atraiu atenção internacional ao projeto de perfurações da Noruega.


Escaladores arrumam barraca suspensa na qual passaram a noite. (©Greenpeace)

Direto da plataforma, o ativista filipino do Greenpeace Elmer Vestidas comentou as dificuldades da ação: “O clima do Ártico é de frio intenso. Eu passei uma noite gélida no lado externo da plataforma, mas nós filipinos somos fortes”, e completa: “O projeto da Statoil traz diversas consequências negativas, e não só para o Ártico. A extração e queima de petróleo acelera intensamente as mudanças climáticas, já notadas ao redor do globo inteiro. Não quero outro super tufão Haiyan no meu país ou em qualquer outro lugar”.

Escaladores exibem banner na plataforma Transocean Spitsberg, da Statoil. (©Greenpeace)


No começo do dia de hoje, ainda durante a madrugada, cinco ativistas se retiraram voluntariamente do protesto e foram transportados de helicóptero até Hammerfest, na Noruega, onde receberão atendimento e cuidados. O resto do grupo se dividiu em dois times, um de escaladores rotativos e outro que continua ocupando o deque da plataforma.
Os dez ativistas restantes estão atuando ao lado de quase 5 milhões de pessoas que assinaram a petição internacional Salve o Ártico. Com o protesto, a pressão agora recai sobre o ministro do meio ambiente norueguês, que tem em mãos a oportunidade de vetar o projeto da Statoil.

Veja o vídeo da ação:

Statoil, outra gigante estatal
Após a Gazprom, estatal russa, ser a primeira a extrair petróleo offshore do Ártico, a Statoil almeja ser a segunda a tirar proveito da frágil região.
A empresa foi fundada como uma companhia petrolífera estatal, e o governo norueguês mantém até hoje 67% sob seu controle. Por sua vez, a Noruega é conhecida como uma das nações engajadas com a mitigação das mudanças climáticas e a proteção do Ártico, o que torna a aprovação do projeto da Statoil uma grande controvérsia.
A Statoil vê no Ártico em degelo uma oportunidade de negócio: desde 2012 ela triplicou seu investimento de €11 milhões para €33 milhões. O governo da Noruega proibe a exploração a menos de 100 quilômetros da chamada “borda gelada”, onde o gelo se encontra com o mar. A Statoil, entretanto, estabeleceu sua primeira perfuração a apenas 25 quilômetros desse local.

Protesto em Israel contra madeira ilegal

Ipê florido no meio da floresta Amazônica. Essa é a árvore preferida de Israel, que importa grandes quantidades dessa madeira ilegal 'lavada'. (© Greenpeace / Daniel Beltrá)

Ativistas do Greenpeace fizeram uma ação em Tel Aviv, Israel, para expor o problema da extração ilegal de madeira na Amazônia brasileira. Escaladores abriram faixas com os dizeres: “Pare o crime na Amazônia” (em inglês). Oito ativistas foram presos. Uma carta foi entregue na prefeitura de Tel Aviv para exigir que a cidade pare de utilizar madeira da Amazônia sem garantias de origem.
A atividade ocorre após o lançamento da investigação de dois anos do Greenpeace que revelou o descontrole e os altos índices de ilegalidade que imperam no setor madeireiro na região.
Israel se tornou um dos destinos chave para a madeira proveniente da Amazônia brasileira: em 2013, o país foi o 11º maior importador em termos de valor (US$) para todas as madeiras amazônicas, totalizando cerca de 5 mil toneladas de madeira, a grande  maioria supostamente de ipê, espécie da qual é o atual 8º maior importador. Cerca de 80% das importações do país vieram de dois Estados: Pará e Mato Grosso, onde, respectivamente, 78% e 54% das explorações madeireiras aconteceram em áreas sem autorização e, portanto, de forma ilegal.

A ação ocorreu em resposta aos planos da prefeitura de usar madeira em deques e pergolados de obras públicas em Tel Aviv, onde quase todos os projetos atuais preveem a utilização de ipê. O moderno complexo do Porto da cidade, por exemplo, já construiu deques feitos de ipê totalizando mais de 20 mil metros quadrados. Acredita-se que este seja um dos maiores projetos do mundo que utiliza esta espécie de madeira.
Além do Porto de Tel Aviv, outros exemplos são a mais antiga estação de trens em Jerusalém e, mais recentemente, o Passeio de Tel Aviv, onde está sendo feito um projeto de reforma para instalar deques e pérgulas  com o uso de ipê.
A investigação do Greenpeace também apontou que a empresa contratada para a primeira fase do projeto do Passeio de Tel Aviv negocia com fornecedores brasileiros que compram de várias pequenas serrarias ligadas com a lavagem de madeira ilegal.
Na Amazônia, o atual sistema oficial de controle da exploração florestal não é capaz de oferecer garantias de que a origem da madeira seja legal. Por este motivo, há cerca de duas semanas o Greenpeace lançou a campanha “chega de madeira ilegal”, onde pede a consumidores de todo o mundo que só adquiram madeira proveniente da Amazônia caso esta apresente garantias de origem e rastreabilidade de produção.
A denúncia e os protestos também se espalharam por outros países que compram madeira brasileira como Itália, França, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos. Como resposta, o ministro italiano de Agricultura e Florestas, Maurizio Martina, anunciou a aprovação de decreto que regulamenta a aplicação da legislação europeia de combate à madeira ilegal. Na França, ativistas embargaram simbolicamente um carregamento de madeira vindo da Amazônia brasileira, com indícios de ilegalidade. Na semana passada, ativistas do Greenpeace bloquearam, no estado de Virgínia, Estados Unidos, a entrada da empresa Lumber Liquidators, uma das maiores varejistas de produtos de madeira do país, durante reunião de sócios e investidores da companhia.
“A situação da madeira brasileira está completamente fora de controle. Os sistemas que deveriam controlar a extração de madeira na Amazônia estão na verdade servindo pra legalizar boa parte da extração predatória e ilegal. Iremos denunciar isso ao redor do mundo até que os problemas sejam solucionados”, afirmou Marina Lacorte, da campanha Amazônia do Greenpeace.


O que o satélite não vê



O Deter, sistema de detecção em tempo real do desmatamento do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) identificou, entre agosto de 2013 e 30 de abril deste ano, 1,5 mil km² de alertas de desmatamento, o que representa, segundo cálculos do Ministério do Meio Ambiente, uma redução de 20% na comparação com o período anterior. O anúncio vem um dia depois da publicação de informações de que o desmatamento na Mata Atlântica sofreu alta de 9%.
O sistema Deter, ao contrário do Prodes, não mede o tamanho total do desmatamento, mas pode indicar um quadro de tendência. Mesmo assim, qualquer notícia de diminuição da derrubada da floresta é bem vinda. Porém, devemos considerar alguns fatos.
Independente do número oficial, a quantidade de floresta que continua a ser perdida na Amazônia é alarmante e injustificável, ainda mais considerando que somos um país que pode continuar se desenvolvendo e até mesmo dobrar a produção de alimentos sem derrubar mais nenhum hectare de floresta.
Além disso, houve um aumento de concentração de nuvens em torno de 20% em comparação ao mesmo período da medição anterior. As nuvens limitam a capacidade de detecção dos satélites, o que pode impedir a visualização de áreas que sofreram desmate. Por fim, e caso confirmada, a queda anunciada ainda seria menor do que o aumento de 28% registrado no ano passado, o que  nos deixaria mais distantes de acabar com o desmatamento do que estávamos há dois anos atrás.
Mais do que em números, precisamos nos concentrar no que acontece no chão da floresta e que não sai nas fotografias enviadas pelos satélites. Há cerca de uma semana, lançamos uma campanha que denuncia o total quadro de descontrole e ilegalidade que imperam num dos maiores vetores de desmatamento da Amazônia, que é a extração madeireira. Segundo o IMAZON, entre 2011 e 2012 houve um aumento de 151% da extração ilegal de madeira apenas no Estado do Pará. A extração ilegal serve, na maioria das vezes, para financiar a operação do desmatamento, que é o que compõe os números finais do estrago florestal. Pior que isso, hoje os sistemas oficiais do governo que deveriam controlar e combater essa situação prestam o vergonhoso serviço de gerar documentos para “legalizar” madeira ilegal, alimentando o quadro atual.
Somente nos estados do Maranhão e Pará, quase 500 mil m³ de madeira serrada apresentaram documentos fraudulentos em 2013 – o suficiente para carregar 14 mil caminhões. Entre 2007 e 2012, uma falha nos sistemas permitiu que fosse irregularmente autorizada a comercialização de 1,9 milhão de metros cúbicos de produtos florestais, volume equivalente à uma área de 64 mil hectares de floresta explorada de forma ilegal, mais do que a área urbana da cidade do Rio de Janeiro.
Ineficiência de sistemas de controle, planos de manejo fraudulentos, impunidade, falta de governança na floresta, afrouxamento das leis ambientais  e o sucateamento dos órgãos de fiscalização são a base dos lamentáveis números de floresta perdida que são anunciados anualmente. E esses crimes contra a floresta acontecem principalmente em salas refrigeradas e gabinetes, locais que, mesmo sem nuvens, não são detectados pelos satélites.

Violência e dissimulação em marcha anti-Copa


Seis indígenas, um fotógrafo da Reuters e um padre foram feridos durante ataque da polícia em manifestação em Brasília (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr).

Após manifestarem na Praça dos Três Poderes e protocolarem uma denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) contra dois deputados federais, os mais de 500 indígenas presentes na capital federal para a Mobilização Nacional Indígena engrossaram o coro junto a cerca de 400 trabalhadores sem teto, além de dezenas de movimentos e organizações sociais, coletivos e ativistas de diversas áreas que participaram do Comitê Popular da Copa, que aconteceu na tarde desta terça-feira (27), em Brasília (DF).
O objetivo da manifestação é explicitar os diversos crimes e violações cometidos contra a população para possibilitar a realização de uma Copa do Mundo que não traz benefícios para a população. Dentre eles estão: a remoção de 250 mil pessoas de suas casas para a construção de obras, a mudança da legislação para a efetivação de políticas de exceção, a criminalização dos movimentos sociais, dentre outros.
Durante a manifestação pacífica – e a menos de três semanas do evento esportivo que vai colocar o Brasil nos holofotes de todo o mundo –, a polícia mostrou novamente suas armas contra a população, como em junho do ano passado. Seis indígenas, um fotógrafo da Reuters e um padre foram feridos durante o ataque da PM. Três pessoas foram presas.
Antes de se juntarem à marcha que seguiu pela Esplanada dos Ministérios até o estádio Mané Garrincha, os índios ocuparam a marquise do Congresso Nacional em protesto contra o abuso de propostas legislativas a seus direitos Constitucionais, e entoaram discursos inflamados em frente ao Ministério da Justiça.
Frente à desvirtuação do foco da grande imprensa quanto às notícias sobre a violência na manifestação, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) divulgou uma carta repudiando a ação das forças armadas brasileiras e esclarecendo o verdadeiro ocorrido.
Veja abaixo a íntegra da carta:
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) vem a público repudiar a violenta e despropositada ação da Polícia Militar do Distrito Federal, que reprimiu na tarde desta terça-feira, 27/05, ato pacífico em que participavam cerca de 600 lideranças indígenas de todo o país.
Por volta das 17h40 os indígenas, que estão em Brasília participando da Mobilização Nacional em Defesa dos Direitos Territoriais de seus povos, se uniram ao ato convocado pelo Comitê Popular da Copa – DF e marchavam tranquilamente em direção ao Estádio Nacional Mané Garrincha quando foram surpreendidos pela Cavalaria da Polícia com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, spray de pimenta e tiros de bala de borracha.
O Tenente Coronel Moreno, da Polícia Militar, havia feito acordo com o Comitê Popular da Copa para assegurar a chegada do protesto pacífico ao Estádio Nacional Mané Garrincha. Porém, quando os manifestantes se aproximaram do estádio, começaram a ser atacados pela polícia.
Seis lideranças indígenas foram atingidas por balas de borracha, entre elas uma mulher do povo Pankararu, do Nordeste. Um fotógrafo da Agência Reuters sofreu ferimento na perna por resquícios da explosão de uma bomba de efeito moral. Um padre que acompanhava o povo Xerente foi atingido na mão por uma bala de borracha. Além dos feridos, três manifestantes foram presos.
Diante desses fatos, exigimos a apuração imediata dos abusos cometidos pela polícia que são parte da estratégia de criminalização dos movimentos sociais e dos nossos povos.
Brasília-DF, 27 de maio de 2014.
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB

Indígenas denunciam parlamentares ao STF


Manifestação na Praça dos Três Poderes, em Brasília, marcou o primeiro dia de aparição pública da Mobilização Nacional Indígena.

A Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, tornou-se o pátio principal para as mais de 500 lideranças indígenas, de cerca de 100 diferentes povos de todo o Brasil, organizadas na Mobilização Nacional Indígena.
No final da manhã desta terça-feira (27), após danças, cantos e manifestações que incluíram a abertura de cartazes que pediam a demarcação de suas terras, uma comissão protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma queixa-crime contra os deputados federais Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e Alceu Moreira (PMDB-RS), pelo episódio em que protagonizam um vídeo gravado durante audiência pública da Comissão de Agricultura, realizada em novembro do ano passado com produtores rurais de Vicente Dutra (RS), no qual incitam a violência contra indígenas, quilombolas e homossexuais.

Documento foi protocolado no STF na manhã desta terça-feira.


A comissão, composta pela direção da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e por lideranças indígenas de cada uma das regiões do país, entregou ao Supremo um documento em que pedem que os ministros apurem as declarações racistas e homofóbicas desses parlamentares. O documento solicita ainda a apuração dos crimes de incitação à violência e ao ódio contra as comunidades que reivindicam seus territórios tradicionais.
Os ataques foram desferidos por Moreira e Heinze, atual presidente da Frente Parlamentar Agropecuária na Câmara dos Deputados, em discurso na audiência, financiada com dinheiro público. Os parlamentares incentivam os agricultores a formar milícias e pedem que eles impeçam as retomadas de terras proferidas por indígenas com violência.
Assista aqui ao vídeo
Segundo Cretã Kaingang, liderança do Sul do Brasil, o conflito fundiário em Faxinalzinho (RS) foi acirrado por essas declarações: “Nunca quisemos tirar o direito de ninguém. Apenas queremos o pouco que restou de nossas terras. Os deputados estão querendo jogar pequenos agricultores e a sociedade não-índia contra nós”, afirma a liderança. Leia o pronunciamento dos Kaingang de Kandóia-Votouro sobre o conflito.
Durante o trajeto das delegações indígenas de Luziânia (GO) – onde fica localizada a chácara do Cimi, que abriga as comitivas indígenas – para Brasília (DF), a Polícia Rodoviária Federal parou os cinco ônibus na BR-040, altura do município de Santa Maria, para contar a quantidade de indígenas em cada ônibus. Segundo as lideranças, os policiais afirmaram ter recebido ordens para informar quantas pessoas estavam se deslocando para a Esplanada dos Ministérios.

Monday, May 26, 2014

Greenpeace bloqueia porto holandês para atrasar Gazprom

Grupo de ativistas tenta impedir a saída de plataforma contratada pela Gazprom para extrair petróleo do Ártico russo


Ativistas chegando no porto de Ijmuiden, na Holanda, para impedir a saída da plataforma da Gazprom rumo ao ártico russo. (© Greenpeace)

Ativistas do Greenpeace bloqueiam a saída de uma plataforma de petróleo contratada pela Gazprom em direção ao Ártico. Trinta voluntários contruíram um cerco em volta da GSP Saturn, que se encontra no porto de Ijmuiden (Holanda), enquanto mergulhadores fixam correntes nas enormes pernas da estrutura.
Desta maneira, será impossível a saída da plataforma rumo ao Mar de Pechora, norte da Rússia, para extrair petróleo em nome da estatal russa Gazprom. A equipe do Greenpeace conta com estoque de provisões que podem durar dias.


“Estamos ao lado de milhões de pessoas que apoiam nossa campanha pelo fim da exploração negligente de petróleo no Ártico. Enquanto o degelo serve de sinal para mudanças climáticas para muitas comunidades científicas, a Gazprom e parceiras – como a Shell, Statoil e Rosneft – vêem nele um sinal de lucro ainda maior: lugares antes inacessíveis viram rotas para o transporte de petróleo”, explica Fazia Oulahsen, coordenadora da campanha Salve o Ártico.
A plataforma romena GSP Saturn, construída em 1988, não foi projetada para operar em condições tão adversas como as da região ártica. Em 2011, a plataforma Kolskaya, também da Gazprom e do mesmo modelo da GSP Saturn, não resisitu a uma tempestade e acabou afundando, levando 53 tripulantes à morte.
A empresa comandada pelo governo russo produziu recentemente, por meio da plataforma Prirazlomnaya, a primeira leva de petróleo extraído do Ártico. Essa plataforma foi cenário de um protesto do Greenpeace em setembro do ano passado, quando 30 ativistas foram presos por dois meses – sendo que o navio do Greenpeacem Arctic Sunrise continua sob custódia das autoridades russas.
A própria Fazia Oulahsen era um membro dos 30 do Ártico: “A plataforma GSP Saturn é símbolo de uma grande crise. Companhias ocidentais de petróleo estão lado a lado para abrir a última fronteira do Ártico. Em nome do meio ambiente e do futuro do planeta, precisamos interromper essa invasão ao Ártico e investir em energias limpas e renováveis”, defende ela. A campanha Salve o Ártico apela para o bom senso da sociedade, expondo os sérios riscos que a exploração de petróleo traz à região. “Nós não vamos parar até a indústria petroquímica se retirar de vez do Ártico”.

Pelo fim da madeira ilegal na Amazônia

Entre agosto de 2011 e julho de 2012, estima-se que 78% das áreas com atividades madeireiras no Pará , não tinham autorização de exploração.

Depois de lançar a campanha “Chega de Madeira ilegal”, o Greenpeace divulga uma animação que ilustra como funciona a extração e a importação de nível internacional da madeira extraída na Amazônia e quais danos a prática esta causando ao bioma.
Grande parte da madeira exportada da Amazônia é ilegal. As madeireiras encontram furos no sistema para legalizar a exploração ilegal através de documentos falsos. Entre agosto de 2011 e julho de 2012, estima-se que 78% das áreas com atividades madeireiras no Pará - maior produtor e exportador de madeira da Amazônia - não tinham autorização de exploração.
Os madeireiros manipulam o sistema de controle, extraem madeiras de áreas de preservação e as exportam com “documentos oficiais”, que afirmam que a madeira é de origem legal. O sistema de controle que devia proibir a atividade está sendo usado para legitimar a exportação, o que gera lucro para as madeireiras e incentiva o aumento de tal prática.
A exploração ilegal de madeira na Amazônia está acabando com a floresta tropical que abriga a maior variedade de fauna e flora do mundo e é fundamental para combater as ameaças causadas pelas mudanças climáticas. Também gera conflitos com populações locais e índios, que resultam em morte e desrespeito aos direitos humanos.
Assista ao vídeo, entenda como esse processo funciona e ajude-nos a salvar a Amazônia.  


O grito da floresta

O povo caminha em marcha, cantando à capela e pisando firme na estrada de chão batido que corta o Projeto de Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. Começa o terceiro ato em memória a José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do
Espírito Santo, que foram assassinados por pistoleiros em 24 de maio de 2011 numa covarde emboscada.
A morte do casal há muito estava anunciada. Zé Claudio incomodava madeireiros, fazendeiros e grileiros da região ao levantar a voz para proteger a floresta. Há anos ele vivia ameaçado, mas não se calava. No fim de 2010, foi palestrante do TEDx Amazônia, em Manaus, onde falou
sobre as ameaças que sofria “Eu vivo com a bala na cabeça a qualquer hora.... A mesma coisa que fizeram no Acre com Chico Mendes querem fazer comigo. A mesma coisa que fizeram com a Irmã Dorothy querem fazer comigo. Eu posso estar aqui hoje aqui conversando com vocês e daqui a um mês vocês podem saber a notícia de que desapareci”.
Cerca de seis meses depois dessa palestra, Zé Claudio seguia de moto com Maria na garupa pela estrada esburacada do assentamento. Eles costumavam passar em alta velocidade para evitar os pistoleiros. Mas a estrada é cheia de pontes improvisadas e buracos gigantes que se
formam com a chuva forte característica da Amazônia e a falta de infraestrutura do assentamento. Nesse dia, Zé Claudio foi obrigado a reduzir a velocidade para conseguir equilibrar a moto numa dessas pinguelas. E foi ali que estavam os dois pistoleiros que dispararam tiros em direção a eles. Zé Claudio e Maria tombaram. A orelha de Zé Claudio foi cortada como uma espécie de prova dos pistoleiros para os mandantes de que o “serviço” havia sido executado.
Logo após a morte do casal, irmãos e irmãs de Zé Claudio e Maria que viviam no assentamento, com as contínuas perseguições e ameaças que deixariam qualquer um aterrorizado, com medo de se tornarem as próximas vítimas. No terceiro ano da morte do casal, a família recebeu o apoio inesperado de várias pessoas através do site Vakinha, que colaboraram para arrecadar fundos com o objetivo de organizar o ato "A floresta vai gritar" que promoveu a marcha, chamado de “A floresta vai gritar” para celebrar a vida e a luta de Zé Cláudio e Maria.
“Esse é o momento de não sofrer mais. A luta é desleal mas a gente tem que ter força e coragem. A gente vai enfrentar. A regra lá no assentamento é o medo. Mas a gente tem que saber que todo mundo junto tem mais força do que eles. Se escondendo a gente estaria dando
vitória para os assassinos”, disse Claudelice Silva dos Santos, de 32 anos, irmã mais nova de Zé Cláudio. “Esse é um ato de retomada, resistência e o recomeço da luta”, concluiu.
Desmatamento e assassinatos: uma longa história de violência
Três anos depois do assassinato, a marcha seguiu com cerca de 150 pessoas que caminhavam sob o sol forte da Amazônia, afundando os pés na lama dessa mesma estrada onde ocorreu a tragédia, caminhando por cerca de oito quilômetros até o local do crime para celebrar uma
homenagem.
Ao longo do caminho, a paisagem ao redor da estrada não lembrava em nada a floresta Amazônica. Por todo o horizonte só se via pasto, algumas castanheiras com seus galhos contorcidos, mortas, e os babaçus, que são os primeiros que se erguem depois que uma floresta é desmatada. Um enorme contraste em relação ao lote de Zé Claudio, que é
totalmente rodeado pela mata imponente e bela. Produzindo óleo de castanha, polpa de cupuaçu e outros produtos extraídos da floresta, ele a mantinha preservada e sabia extrair renda dela.
Claudelice explicou que, na região, o ciclo do desmatamento começa com a retirada das espécies de árvores mais valiosas pelos madeireiros, seguida da venda dos galhos que restaram para os carvoeiros e, por fim, a chegada do gado e das pastagens. Zé Claudio dizia que, quando
ele chegou ao assentamento, 85% do local era de floresta nativa e depois, com a chegada dos madeireiros, restou pouco mais de 20%, “um desastre pra quem vive do extrativismo como eu, que sou castanheiro desde os sete anos de idade, vivo da floresta e protejo ela de todo o jeito”, disse ele, na palestra do TEDx.
Foi somente depois da repercussão nacional e internacional do assassinato do casal que o Governo Federal resolveu atuar na área, determinando uma rigorosa fiscalização do Ibama. Fornos de carvão e serrarias ilegais foram destruídos e fechados, a extração de madeira
diminuiu, mas o problema persiste. Segundo dados oficiais do governo, desde a morte da irmã Dorothy Stang, em 2005, até hoje, a Amazônia perdeu mais de 85 mil quilômetros quadrados de mata nativa.
A impunidade prevalece no campo
Na marcha estavam representados também Chico Mendes, Dorothy Stang, Dema, Dezinho e outros tantos nomes que tombaram nessa luta injusta e desigual que se trava na Amazônia há mais de 30 anos e que continua deixando mártires pelo caminho.
Três anos depois que Zé Claudio e Maria morreram, a família ainda tem sido intimidada. Uma caminhonete parada na beira da estrada passou pela marcha e o motorista deixou um recado: “Diz pra essa moça que tá falando no microfone tomar cuidado com o que ela fala”.
O caso ganhou fama internacional, repercutiu em diversos países, mas, com a absolvição de suspeitos de serem mandantes, o clima de ameaça não cessa. De acordo com a CPT (Comissão Pastoral da Terra), desde 2005, 199 pessoas foram assassinadas na Amazônia. Outro levantamento mostrou que, de 1985 a 2013, foram registrados 699 assassinatos na Amazônia Legal, com 981 vítimas no total. De todos esses, apenas 35 foram julgados, condenando 20 mandantes e 27 executores.

As emissões escondidas


zoomO saldo negativo do descontrole da atividade madeireira na Amazônia pode ir além dos danos florestais, de biodiversidade e impactos sociais. É isso o que nos revela um estudo que contou com a participação de 10 autores de 11 instituições do Brasil e da Inglaterra.
A pesquisa mostra que, somente em 2010, a quantidade de carbono perdido na Amazônia por degradação (pela atividade madeireira e pela ocorrência de fogos rasteiros) equivale a cerca de 40% do total de carbono emitido no mesmo período por conta do desmatamento, uma conta de 54 bilhões de toneladas. Hoje, esse volume não aparece nos cálculos oficiais das emissões brasileiras.
Para piorar, os altos índices de ilegalidade da atividade madeireira na Amazônia podem agravar ainda mais a situação. Entre 2011 e 2012, cerca de 78% das áreas que tiveram extração de madeira no Pará ocorreram de forma ilegal. No Mato Grosso, esse índice atingiu 54%. Madeira retirada ilegalmente não utiliza técnicas de baixo impacto, deixando para trás um enorme rastro de destruição e de prejuízos econômicos e climáticos para o país e para o mundo.
O estudo completo deve ser publicado na próxima quarta-feira, dia 28, no periódico acadêmico Global Change Biology. Entre os titulares do projeto está a Dra. Érika Berenguer, pesquisadora da Universidade de Lancaster e que por muito tempo colaborou com as campanhas desenvolvidas pelo Greenpeace no Brasil. Parabéns Érika. Agradecimentos e admiração pelo seu trabalho.

*Marcio Astrini é coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace.
Apesar de altas, emissões da atividade madeireira não são contabilizadas. Foto: Greenpeace/Marizilda Cruppe


Papo Greenpeace sobre madeira ilegal na Amazônia



No dia 29/05, Marcio Astrini, da campanha da Amazônia do Greenpeace, participa do #PapoGreenpeace sobre a exploração de madeira ilegal na Amazônia. Ele responderá às dúvidas dos internautas relativas a como ocorre essa prática e muito mais.
Até o momento já foram coletadas mais de 25 mil assinaturas para impedir a exploração de madeira ilegal. Quer saber mais e tirar suas dúvidas? Envie sua pergunta pelo Twitter com a hashtag #PapoGreenpeace ou deixe um comentário com a sua pergunta no Facebook.
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 Já é hora de o Brasil proteger suas florestas.

Ativistas presos na final da UEFA

Eles viveram por três dias na estrutura no Estádio da Luz, mas a equipe de ativistas foi presa minutos antes de conseguir estender um banner de 50m² da cobertura da arena


Banner contra a Gazprom em jogo da Liga dos Campeões da UEFA, em 2013. (© Greenpeace)

Um time de dez ativistas do Greenpeace foi apreendido durante a final da Liga dos Campeões da UEFA, um dos mais importantes torneios de futebol do mundo. Os seguranças localizaram a equipe antes que um banner gigante pudesse ser estendido do teto do estádio. O objetivo era denunciar a exploração de petróleo no Ártico feita pela Gazprom, principal patrocinadora do campeonato.
A equipe do Greenpeace passou três dias vivendo dentro de um tubo de concreto da estrutura do Estádio da Luz, em Lisboa, sede da final interclubes da Europa. Momentos antes de o jogo começar, os ativistas se preparavam no teto do estádio quando foram surpreendidos pelos seguranças. O plano era estender um bandeirão de 50 metros quadrados da cobertura da arena com os dizeres: “Pare Gazprom – Salve o Ártico” (“Stop Gazprom – Save the Arctic”, em inglês).

Um dos ativistas chegou a abrir uma bandeira do Greenpeace na cobertura do Estádio da Luz, em Lisboa. (© Greenpeace)

 A Gazprom, companhia de petróleo estatal a mando do governo russo, é patrocinadora oficial da Liga dos Campeões da UEFA após estabelecer em contrato um vínculo de três com a organização do campeonato por 160 milhões de euros. Mas a empresa lidera de modo negligente a extração de petróleo no Ártico, pondo em risco o equilíbrio da região e acelerando as mudanças climáticas.
“Estávamos tentando arrumando o banner, já que era sabida a presença dos chefões da Gazprom no estádio. A petrolífera pagou milhões para estampar seu logo numa das maiores competições esportivas do mundo: isso para tentar convencer o grande público que eles são um empresa normal”, relata John Sauven, coordenador da campanha Salve o Ártico. Segundo ele, o Ártico sofre intensa ameaça das empresas de petróleo, principalmente da Gazprom (que já explora na região) e da Statoil (estatal norueguesa que planeja iniciar operação no Ártico o mais rápido possível). “A UEFA não deveria firmar parceria com a Gazprom”, conclui Sauven.
Assine a petição do Ártico.

Friday, May 23, 2014

Protesto nos EUA contra madeira ilegal da Amazônia

Ativistas do Greenpeace bloqueiam sede de empresa americana que tem ligações com exploração florestal irregular na Amazônia brasileira


Ativistas bloqueiam entrada da Lumber Liquidators

Ativistas do Greenpeace bloquearam no estado de Virgínia, Estados Unidos, a entrada da empresa Lumber Liquidators, uma das maiores varejistas de produtos de madeira dos Estados Unidos. A atividade aconteceu na manhã de hoje, durante reunião de sócios e investidores da companhia, para protestar contra as ligações da Lumber com a extração ilegal de madeira na Amazônia brasileira e a falta de uma política eficaz de controle sobre sua cadeia de custódia.
A atividade ocorre após o lançamento de uma investigação de dois anos do Greenpeace que revelou o descontrole e os altos índices de ilegalidade que imperam no setor madeireiro na Amazônia. O levantamento mostrou que a Lumber Liquidators tem feito negócios com exportadores de madeira brasileiras cujas cadeias produtivas estão contaminadas com ilegalidades na exploração da floresta.
“A Amazônia está enfrentando uma crise silenciosa, resultante da exploração madeireira ilegal e do descontrole do setor. Sem garantias reais de origem, a grande demanda por espécies raras e valiosas de madeira brasileira por parte de empresas como a Lumber Liquidators está alimentando ainda mais esta grave situação”, disse Daniel Brindis, da Campanha de Florestas do Greenpeace.
“Os acionistas da empresa precisam saber que sua política florestal não tem critérios que realmente impeçam a madeira ilegal vinda do Brasil de entrar em sua cadeia de suprimentos. Eles estão fazendo negócios com empresas brasileiras que têm milhões de dólares em multas por crimes ambientais, em uma região onde grande parte da exploração madeireira é feita sem autorização e, portanto, de forma ilegal”.
Na última semana, ativistas do Greenpeace ocuparam a madeireira Pampa Exportações Ltda, próximo à cidade de Belém, no Pará, com o objetivo de chamar atenção para o descontrole no setor. Em poucos dias, mais de 22 mil brasileiros enviaram emails aos principais pré-candidatos à presidência, exigindo que se posicionem sobre o problema e apresentem soluções. Nos EUA, mais de 40 mil pessoas já pediram o mesmo à Lumber Liquidators.
Os protestos também se espalharam por outros países que estão comercializando madeira brasileira sem garantias de sua legalidade, como Itália, Espanha, Inglaterra e Israel. Como resposta, o ministro italiano de Agricultura e Florestas, Maurizio Martina, anunciou a aprovação de decreto que regulamenta a aplicação da legislação europeia de combate à madeira ilegal. Ontem, na França, ativistas embargaram simbolicamente um carregamento de madeira vindo da Amazônia brasileira, com indícios de ilegalidade.
“A situação da madeira brasileira está completamente fora de controle. Os sistemas que deveriam controlar a extração de madeira na Amazônia estão na verdade servindo pra legalizar boa parte da extração predatória e ilegal. Iremos denunciar isso ao redor do mundo até que os problemas sejam solucionados”, afirmou Marina Lacorte, da campanha Amazônia do Greenpeace, que participou da ação nos EUA.
O Greenpeace exige que o governo brasileiro reveja todos os planos de manejo aprovados na Amazônia desde 2006, implemente regras mais consistentes para controle do setor, torne esses processos públicos, e aumente a governança na região, dando maior capacidade e infraestrutura aos órgãos ambientais federais e estaduais.
“O mercado também tem um papel a cumprir: empresas que adquirem madeira da Amazônia devem parar de comprar a menos que tenham garantias, através de mecanismos próprios, de que sua origem não tenha contribuído para o desmatamento, degradação florestal, perda de biodiversidade ou impactos sociais negativos, uma vez que o atual sistema oficial é falho e inseguro”, diz Marina.

Activists Block Liquidators Entrances

Mobilização Nacional Indígena - edição 2014



Na próxima semana, de segunda a quinta-feira (26 a 29 de maio), povos e organizações indígenas de todo o país promoverão novas manifestações e eventos em defesa de seus direitos e de suas terras. As atividades acontecerão em Brasília, durante a segunda edição da Mobilização Nacional Indígena. Na quarta (28/5), às 9h, está confirmado um Ato Público em Defesa da Agenda Legislativa Indígena, na Câmara dos Deputados.
Os protestos ocorrem num cenário de ataque generalizado aos direitos indígenas, em especial os direitos territoriais, da parte de vários setores do governo e de um conjunto de atores políticos e econômicos capitaneados pela bancada ruralista no Congresso Nacional.
Um dos principais objetivos da mobilização da semana que vem é impedir a aprovação da série de projetos contra os direitos indígenas em tramitação no parlamento, como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215, que pretende transferir aos congressistas a atribuição de aprovar a demarcação das Terras Indígenas (TIs); o Projeto de Lei (PLP) 227, que visa abrir essas áreas à exploração econômica; o PL 1610, que regulamenta a mineração nas TIs, entre vários outros.
Também serão alvos dos protestos, entre outras medidas do governo, a proposta de alteração do procedimento de demarcação das TIs do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e a Portaria 303 da Advocacia-Geral da União (AGU), que objetiva generalizar a todas as TIs as condicionantes definidas para a TI Raposa Serra do Sol (RR), contrariando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Na prática, todas essas propostas do Executivo e do Legislativo pretendem paralisar definitivamente os processos de demarcação, já suspensos pelo governo federal.
Enquanto isso, a tramitação de projetos importantes para consolidar os direitos indígenas e que são bandeiras do movimento indígena, como o Estatuto dos Povos Indígenas e o Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI), está paralisada há anos nos corredores do Congresso, sem qualquer avanço. A Mobilização Nacional Indígena também defende a aprovação dessas duas propostas.
“Vivenciamos uma pactuação dos poderes do Estado e dos representantes do capital contra os direitos indígenas. Está em curso uma virulenta campanha de criminalização, deslegitimação, discriminação, racismo e extermínio dos povos indígenas”, alerta Sônia Guajajara, da coordenação executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Ela destaca, como exemplos dessa campanha, as prisões arbitrárias de integrantes do povo Kaingang no Sul do País, dos cinco tenharim em Humaitá (AM) e, na Bahia, do cacique Babau Tupinambá.
A Mobilização Nacional Indígena é promovida pela Apib, com apoio do Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Instituto Socioambiental (ISA), Greenpeace, Instituto de Educação do Brasil (IIEB), entre outras organizações indígenas e indigenistas. Em apoio à Mobilização, foi relançado nesta sexta-feira o site A República dos Ruralistas, que passou por uma atualização, com inclusão de novos parlamentares.

As novas faces da República dos Ruralistas



Lançado no fim de setembro do ano passado, o site A República dos Ruralistas está de cara nova – ou melhor, traz novas caras. Relançado nesta sexta-feira (23), ele vem como aquecimento para a Mobilização Nacional Indígena, que acontece na próxima semana, de 26 a 29 de maio. A página, que mapeia os principais integrantes da bancada que representa os grandes proprietários do agronegócio no Congresso, passou por uma atualização e teve a inclusão de 18 novos perfis de parlamentares, sendo 12 senadores e 6 deputados federais.
Acesse aqui o site.
Entre eles figuram nomes que dispensam maiores apresentações, como o da presidente da Confederação Nacional da Agricultura, senadora Kátia Abreu (PMDB-TO); do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), um dos protagonistas do vídeo em que incita a violência contra indígenas no seu estado; senador Blairo Maggi (PR-MT), conhecido com o “Rei da Soja”; senador Romero Jucá (PMDB-RR), autor do PL 1610, que visa autorizar a mineração em terras indígenas; deputado Moreira Mendes (PSDB-RO), autor do PL 3842, que modifica o conceito de trabalho escravo; do ex-presidente do Brasil e atual senador José Sarney (PMDB-AP); dentre outros.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), o Greenpeace e o Instituto Socioambiental (ISA), como contribuição para a Mobilização Nacional Indígena. Classificando os parlamentares por “ruralista”, “anti-indígena” e/ou “grande proprietário de terras”, a plataforma apresenta dados sobre a atuação parlamentar, o patrimônio fundiário e financeiro, os financiadores de campanha e as ocorrências judiciais das principais lideranças ruralistas – e anti-indígenas – no Congresso Nacional.
De fontes públicas, tais como o Tribunal Superior Eleitoral e os sites da ONG Transparência Brasil, os dados sistematizados reforçam a ligação desses parlamentares com empresas multinacionais do agronegócio, crimes ambientais e contra populações tradicionais e pequenos agricultores. Tornam claros também os interesses particulares e corporativos das propostas que defendem.

Thursday, May 22, 2014

É oficial: deputados são contra áreas protegidas


Rio Araguari circundando as matas do Parque Nacional das Serras do Tumucumaque, no Amapá, maior unidade de conservação do país (©Greenpeace/Rogério Reis/Tyba).

Ela passou quase despercebida no dia em que foi registrada na Câmara dos Deputados, em 22 de abril, mas chocou as comunidades ambientalista, indigenista e científica assim que veio à tona. A Frente Parlamentar em Defesa das Populações Atingidas por Áreas Protegidas (Unidades de Conservação e Terras Indígenas), liderada pelo deputado federal ruralista Weverton Rocha (PDT-MA), conta com a assinatura de 214 outros deputados, entre eles figuras conhecidas por seu ferrenho posicionamento anti-indígena e anti-conservacionista, que agora é oficializado.
Estão entre os listados nomes como o de Alceu Moreira (PMDB-RS), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária na Região Sul; Bernardo Vasconcellos (PR-MG), primeiro relator do projeto que pretende liberar mineração em unidades de conservação de proteção integral; e Giovanni Queiroz (PDT-PA), que ocupa a vaga de suplente destinada a seu partido na comissão especial da PEC 215; entre outros defensores dos interesses políticos de grandes proprietários de terra e do agronegócio escuso.
A maioria dos parlamentares que compõem a Frente também votaram a favor do novo Código Florestal, que liberou as florestas do país para novos desmatamentos e anistiou criminosos ambientais. Criada supostamente para rever o processo fundiário que envolve UCs e TIs, a Frente Parlamentar ignora o processo de reversão dessas áreas protegidas que já está em curso.
Não bastassem as reduções, extinção e recategorização de unidades de conservação, o processo de demarcação de terras indígenas também se encontra paralisado. Um estudo recente realizado por cientistas da Universidade Federal de Pernambuco e do Imazon revelou que, em apenas três décadas, foram realizadas 93 alterações em UCs localizadas em 16 estados brasileiros, o que fez com que fossem retirados de proteção 5,2 milhões de hectares, uma área maior do que o estado do Rio de Janeiro.
De encontro a isso, o governo Dilma criou apenas três UCs, totalizando pouco mais de 44 mil hectares, o número mais baixo em cerca de 20 anosSituação similar ocorre com relação à expansão da reforma agrária e à homologação de Terras Indígenas, que têm seus processos parados desde o início da atual gestão.

Em ação: França denuncia madeira ilegal

Greenpeace França realiza atividade para expor o problema da madeira ilegal na Amazônia


quinta-feira, 22 de maio de 2014 Ativista segura faixa em português durante ação do Greenpeace França contra madeira ilegal (© Greenpeace/Nicolas Chauveu)


 Na manhã de hoje, ativistas do Greenpeace França embargaram simbolicamente um carregamento de madeira brasileira suspeita de ser ilegal, no porto de La Rochelle, na França. A atividade ocorre após o lançamento de uma investigação do Greenpeace que revelou o descontrole e os altos índices de ilegalidade que imperam no setor madeireiro na Amazônia.
Em 2013, cerca de 12% de toda a madeira exportada da Amazônia teve a França como destino. Individualmente, foi o país Europeu que mais importou esse tipo de madeira. “Nós denunciamos a inação das autoridades francesas e a atitude dos importadores que não mudaram seus hábitos em relação a países e fornecedores em risco muito elevado de ilegalidade”, disse Jérôme Frignet, do Greenpeace França.
Um terço da madeira exportada da Amazônia brasileira vai para a Europa. Por ser um grande comprador, a União Europeia editou, em março de 2013, um regulamento para tentar garantir que seus países não comprem madeira ilegal. Este regulamento, porém, deve ser implementado por cada país individualmente e, na França, isto ainda não aconteceu. O Greenpeace exige que o governo francês cumpra o regulamento. “Diante de tamanho descontrole e ilegalidade, é inaceitável que países que consomem madeira da Amazônia não tenham mecanismos eficazes e seguros para garantir a origem do produto que compram. E a França, pelo volume das suas compras, deveria ser um exemplo. Mas hoje não é o que acontece”, disse Marcio Astrini, da Campanha Amazônia do Greenpeace Brasil.
A investigação do Greenpeace revelou uma contaminação da cadeia comercial que atende o mercado europeu devido a casos de fornecedores envolvidos em irregularidades ou que adquiriram madeira de planos de manejo irregulares. Tais produtos são “lavados” com documentação oficial do governo brasileiro e vendidos como se fossem legais, devido às falhas no sistema de controle.
Entenda
Em vez de conter o crime, o sistema de controle de produtos florestais na Amazônia é usado para ‘lavar’ madeira produzida de forma predatória e ilegal que, mais tarde, será vendida a consumidores no Brasil e no mundo. Os estados da Amazônia, que administram a madeira que sai da floresta e entra nos mercados, não são capazes de provar que controlam o setor, e o consumidor não consegue ter certeza de que não está contribuindo com a destruição da Amazônia.
O Greenpeace exige que o governo brasileiro reveja todos os planos de manejo aprovados na Amazônia desde 2006, implemente regras mais consistentes para controle do setor, torne esses processos públicos, e aumente a governança na região, dando maior capacidade e infraestrutura aos órgãos ambientais federais e estaduais.
O mercado também tem um papel a cumprir: empresas que adquirem madeira da Amazônia devem parar de comprar a menos que tenham garantias, através de mecanismos próprios, de que sua origem não tenha contribuído para o desmatamento, degradação florestal, perda de biodiversidade ou impactos sociais negativos, uma vez que o atual sistema oficial é falho, inseguro.

Wednesday, May 21, 2014

A denúncia do Greenpeace no mundo


A extração predatória e ilegal de madeira está destruindo a floresta. Na foto, caminhão carrega madeira em Uruará, Belém (© Greenpeace/Marizilda Cruppe)

Na semana passada o Greenpeace lançou a campanha Chega de madeira ilegal para expor o resultado de uma pesquisa de dois anos que revelou que a exploração de madeira na Amazônia continua ocorrendo de forma tão ilegal e predatória como sempre. Mas, desta vez, com um empurrãozinho do próprio sistema que deveria controlar a produção e o comércio de produtos florestais da região.
Em menos de uma semana desde que a campanha está nas ruas, as denúncias do Greenpeace já começaram a rodar o mundo e mostrar resultado. No Brasil, foram enviados mais de 15 mil e-mails aos principais pré-candidatos à presidência exigindo que se posicionem sobre o problema e apresentem soluções. Já na Itália, o ministro de Agricultura e Florestas, Maurizio Martina, anunciou a aprovação do decreto que regulamenta a aplicação da legislação europeia de combate à madeira ilegal. Nos Estados Unidos, mais de 40 mil pessoas também aderiram à campanha e enviaram mensagem pedindo que uma empresa local pare de comprar madeira sem garantia de origem.
Enquanto a maior floresta tropical do mundo vai sendo destruída e vendida tora após tora, quantidades absurdas de madeira com origem suja e documentação limpa circulam por aí. Os estados da Amazônia, que administram a madeira que sai da floresta e entra nos mercados, não são capazes de provar que controlam o setor. Por sua vez, o consumidor nunca terá certeza de que não está contribuindo com a destruição da Amazônia.
“É muito importante que os consumidores dessa madeira estejam alertas sobre a falta de controle que impera sobre o setor madeireiro na Amazônia. O mercado nacional ou estrangeiro precisa exigir garantias de que a origem  da madeira não tenha contribuído para o desmatamento e a destruição da floresta. Exigir garantias e cobrar o governo brasileiro por soluções é essencial para por um fim à essa situação inaceitável”, disse Marcio Astrini, da Campanha Amazônia do Greenpeace.
Você pode ajudar a dar um ponto final nesses crimes ambientais. Mande uma mensagem à presidenta Dilma e aos candidatos à Presidência da República para que a retirada de madeira seja feita de forma responsável na Amazônia, respeitando a floresta e seus povos.

Mobilizar pela defesa do Ártico

Greenpeace lança nova plataforma digital que oferece ferramentas para mobilização em defesa do Ártico; região se encontra em situação delicada em meio à tensão internacional


Arctic Sunrise em expedição pelo Ártico (©Daniel Beltrá / Greenpeace)

Frente a inúmeras ameaças, o Ártico tem se tornado pauta nas comunidades científicas de todo o mundo por ser um dos protagonistas para o equilíbrio climático do planeta. Preservá-lo, portanto, é preservar a nós mesmo. Com esse intuito, o Greenpeace lança hoje a “Declaração Internacional do Futuro do Ártico” no site mobilizepeloartico.org.br.
Em dezembro de 2013, a gigante russa Gazprom começou a extrair petróleo no Mar de Pechora, no norte  da Rússia, tornando-se a primeira empresa da história a estabelecer operação comercial permanente no Ártico – desde 2005 tem-se postergado a exploração na região por atrasos na entrega da plataforma e problemas técnicos.
Isso é apenas uma parte do que compõe o cenário geral do Ártico: populações nativas têm suas terras ambientalmente condenadas por má conduta de empresas petrolíferas que atuam na área, como Statoil, Rosneft, Shell, entre outras; a cada verão que passa mede-se um novo recorde de nível mínimo de gelo; as empresas se aproveitam do degelo para penetrar em áreas virgens; um dos mais ricos biomas do planeta está ameaçado por vazamentos de petróleo e por aí vai... Mas vai para pior.
A existência de mudanças climáticas já foi reconhecida pela ONU no último ano,ratificada por estudos do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), que deram parecer de que há 95% de chance de ser o humano o verdadeiro responsável pelo desequilíbrio climático que vivemos. E o Ártico, por sua vez, exerce um papel essencial para a harmonia do ecossistema: suas camadas de gelo armazenam um gigante depósito de metano, que se liberado, agravaria o quadro geral da crise climática.
É em cima disso que criamos a Declaração Internacional do Futuro do Ártico. “O documento alerta a comunidade internacional não apenas para redobrar os esforços pela mitigação das mudanças climáticas, mas também para trabalhar com os países que compõem o Ártico visando a preservação do ambiente polar”, escreve Yeb Saño, representante das Filipinas na ONU e signatário da declaração.
Entre em mobilizepeloartico.org.br e aprenda como ajudar na preservação do Ártico. É simples, são apenas três passos para se tornar agente de uma grande mudança. Mobilize seus amigos e espalhe essa mensagem, juntos sempre vamos mais longe.

Monday, May 19, 2014

A floresta vai gritar!


O dia 24 marca os três anos do assassinato de Zé Claudio e Maria (©Greenpeace/Felipe Milanez)

O próximo sábado, dia 24 de maio, marca três anos do assassinato de Zé Claudio e Maria do Espírito Santo, que dedicaram suas vidas para proteger a Amazônia, combatendo a extração ilegal de madeira na floresta.
Hoje é o último dia para colaborar com a vaquinha que vai ajudar a família do casal a organizar uma grande mobilização no local onde Zé Claudio e Maria viviam, em Nova Ipixuna, no Pará, para lutar por justiça.
Os mandantes do crime, confiando na impunidade, continuam soltos até hoje. O apoio de cada um de nós é fundamental para fazer ecoar o grito pela defesa da floresta, da justiça e da vida. Participe e colabore com a vaquinha: #AFlorestaVaiGritar!

Jogo sujo

Investigação do Greenpeace revela equipamentos tóxicos para Copa do Mundo. A Adidas, que produz a bola 'Brazuca', é a empresa que apresenta maior índice de violações.


Bola 'Brazuca" está na lista dos itens que contém substâncias tóxicas. (© Daniel Mueller / Greenpeace)

Para além de todos os impactos que a realização da Copa do Mundo no Brasil vem trazendo, estudo do Greenpeace Alemanha aponta agora que, dentro dos gramados, também há graves problemas.
A pesquisa revelou que produtos da Adidas, Nike e Puma voltados ao mercado de futebol se mostraram quimicamente tóxicos. Trinta e três itens, incluindo chuteiras, luvas de goleiro e a ‘Brazuca’, bola oficial da Copa, tiveram suas substâncias analisadas. A famosa chuteira ‘Predator’, da Adidas, contém quatorze vezes mais substâncias tóxicas do que o permitido pela própria empresa.
“Marcas como a Adidas fornecem equipamento para alguns dos maiores times do mundo, e dizem estar proporcionando um lindo jogo. No entanto, nossas pesquisas revelam que eles estão jogando sujo. Com seus lucros exorbitantes durante a Copa, pedimos que essas marcas parem de estragar o futebol e limpem seus produtos”, explica Manfred Santen, coordenador da campanha de Detox do Greenpeace.
Laboratórios independentes encontraram compostos químicos como os perfluorados (PFC), nonilfenol (NPE), ftalatos e dimetilformamida (DMF) em produtos de todas as três empresas, que são largamente consumidos no mundo. Essas substâncias podem afetar o meio ambiente e influenciar a cadeia alimentar, além de serem cancerígenas, desregularem o sistema hormonal e afetarem a reprodução.
Dezessete de vinte e uma chuteiras e metade das luvas de goleiro testadas apresentaram PFCs particularmente perigosos, com PFOA, que pode afetar o sistema imunológico e reprodutivo. Atrás da ‘Predator’, a chuteira ‘Tiempo’, da Nike, contém 5,93 microgramas por m² de PFOA, nível considerado alarmante. Um par de luvas Adidas ‘Predator’ também mostra excesso de substâncias tóxicas em relação aos limites propostos pela empresa.
A bola ‘Brazuca’, por sua vez, é composta por NPEs, uma substância que, quando em contato com o ambiente, libera nonilfenol, conhecido por causar a feminilização de peixes machos na Europa e modificar outros organismos aquáticos. O nonilfenol é proibido nas produções têxteis de países da União Europeia e nos EUA, mas na China e em outros países, onde as grandes marcas de roupa estabelecem suas linhas de produção, o uso é liberado. NPEs também foram encontrados em mais de dois terços das chuteiras e em metade das luvas, indicando um uso intenso desse composto químico.
Ftalatos e dimetilformamidas foram detectados em todas as 21 chuteiras. O DMF, usado como solvente em chuteiras manufaturadas, é classificado como tóxico para reprodução e pode causar lesões se entrar em contato com a pele.
“Apesar de seus compromissos, a Nike e a Adidas não estão limpando sua produção de substâncias tóxicas. Em nome das comunidades locais afetadas pela água contaminada, dos torcedores e dos jogadores, pedimos a retirada de qualquer composto químico tóxico dos produtos citados e a publicação de um plano para a erradicação do uso do PFC”, defende Santen.
Detox
Desde seu lançamento em 2011 pelo Greenpeace, a campanha Detox já convenceu vinte marcas de roupas e acessórios, de luxuosas e pret-à-porter até esportivas, a se comprometerem com o fim do uso de compostos químicos tóxicos em suas cadeias de produção até 2020. Enquanto algumas empresas reconhecem a urgência da situação agindo de acordo com o combinado, outras como a Adidas e Nike se escondem atrás da papelada e da ‘maquiagem verde’.

Friday, May 16, 2014

Vanguarda do retrocesso

Em resposta ao artigo "O verde que escraviza" publicado pela senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), Greenpeace defende agroecologia e relação de mais liberdade com o Estado.


Em 2009, três ativistas do Greenpeace foram detidos no Senado após tentarem entregar à senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) uma faixa de Miss Desmatamento. Episódio marcou MP da Grilagem’, assim conhecida por permitir a legalização da invasão de terras na Amazônia. (©Greenpeace)

A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), em artigo “O verde que escraviza”, publicado no jornal Folha de S. Paulo no dia 3 de maio, fez duras críticas à Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional.
Afirmou que a organização defende um modelo de produção agrícola em que não há espaço para a liberdade e para o indivíduo proposto por Naidoo durante participação no Global Agribusiness Fórum. Seria “um paraíso verde, cheio de escravos, pesadelo com o qual não queremos sonhar” nas palavras da senadora.
O Greenpeace publicou, hoje, uma resposta na Folha de S. Paulo à senadora e aponta para o problemático modelo de relação com o Estado que, na verdade, é proposto por Kátia.
Leia na íntegra:
Em seu artigo “O verde que escraviza”, a senadora e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Katia Abreu (PMDB-TO), acusa o Greenpeace de propor um modelo de produção agrícola em que não há espaço para a liberdade e para o indivíduo.
Tal atribuição é absurda já que, em sua recente visita ao Brasil, o diretor-executivo internacional do Greenpeace, Kumi Naidoo, defendeu a transição para a agroecologia e não “um paraíso verde cheio de escravos” como a senadora afirma.
A agroecologia permite maior diversidade de culturas, o que significa mais qualidade para a lavoura e a diminuição das perdas provocadas pelas pragas que atingem a monocultura. Só a ferrugem asiática, por exemplo, levou a perdas de US$25 bi nos últimos dez anos para o país.

O problema da senadora Kátia Abreu é que ela mantém com o Estado uma relação oportunista. Acredita que este existe para satisfazer seus desejos e os dos grupos mais atrasados da agricultura nacional, defendendo sua mão pesada quando é para proteger seus interesses. Já quando se sente ameaçada – por exemplo, quando o Greenpeace pede a ação do Estado para proteger o meio ambiente – ela o ataca.
A agroecologia é acusada pela senadora de propor que o Estado tome as terras de seus proprietários para distribuí-las entre os pequenos produtores. Irônico ou não, isso já vem sendo feito no país. As terras saem do controle do Estado para irem para as mãos de particulares, só que apenas dos grandes produtores e latifundiários. Vale lembrar o que aconteceu em 2009 quando o governo editou a MP458, muitíssimo defendida pela senadora, e conhecida como ‘MP da Grilagem’ por permitir a legalização da invasão de terras na Amazônia.
Foram 66 milhões de hectares, um território igual ao da França e da Alemanha, somados, que foram para particulares, configurando um estímulo permanente para que leis sejam confrontadas, florestas sejam depredadas e índios e trabalhadores rurais sejam desrespeitados.
Outro momento memorável relacionado a ‘MP da Grilagem’ é que a senadora Kátia, esta ferrenha defensora da liberdade, justamente perdeu um processo contra o Greenpeace no qual pedia indenização por danos morais após protesto em que era chamada de ‘Miss Desmatamento’. A decisão unânime dos desembargadores indicou que "não houve (...) exercício abusivo da liberdade de manifestação do pensamento e da expressão" e que "a liberdade de pensamento não pode ser tolhida nesse caso, já que atende plenamente ao interesse da sociedade".
Falando em “paraíso verde cheio de escravos”, é a senadora Kátia quem tem empregado esforços para alterar a PEC do Trabalho Escravo e para barrar a Lista Suja do Trabalho Escravo no Supremo Tribunal Federal. Para engrossar o caldo, a CNA também se opôs à formação de um cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas às de escravos.  
Além disso, ao opor-se às atribuições da Anvisa de controlar o uso de agrotóxicos no país (em 2013 foram consumidos um bilhão de litros no Brasil, uma cota per capita de 5,2 litros por habitante, das maiores do mundo) e ao afirmar que milhares de brasileiros que ganham salário mínimo precisam se alimentar com agrotóxicos, fica claro que para a senadora Kátia o Estado não serve à defesa da sociedade civil e dos indivíduos. O que ela quer, na verdade, é que este atenda aos interesses da vanguarda do atraso da agricultura brasileira da qual é líder.