Saturday, February 28, 2015

Mobilizações pela água em SP ganham força

Aula pública, seminário, visita à represa seca e protesto nas ruas mostra que população está unida e atenta para buscar soluções e seguir pressionando governantes diante do colapso hídrico.

  

 Aula pública no Vão do Masp com movimentos e organizações para debater com a sociedade civil a crise hídrica de São Paulo. Realizado por Aliança pela Água e Assembléia Estadual da Água. (Foto: Mídia NINJA.)

A mobilização popular em torno da crise da água em São Paulo subiu de nível nesta semana, com diversos protestos e atividades tomando as ruas e unindo uma grande diversidade de ONGs, movimentos sociais e cidadãos. Diante da omissão do governo estadual, principal responsável pela crise, e também dos governos federal e municipal, a população segue se organizando para buscar e demandar soluções.
Na 3ª-feira, a Aliança pela Água (da qual o Greenpeace faz parte) e a Assembleia Estadual da Água organizaram aula pública no vão do MASP para discutir a escassez hídrica em São Paulo e suas implicações. Além de atores pertencentes a essas duas redes, grupos como o Movimento Passe Livre e a Marcha Mundial das Mulheres também marcaram presença, além de pesquisadores da Universidade de São Pulo, em uma cada vez mais necessária união entre Academia e movimentos sociais.
Na quarta e quinta-feira, a Defensoria Pública de São Paulo e os Ministérios Públicos da União e de São Paulo promoveram o seminário “Crise Hídrica: alternativas e soluções”. Não faltaram análises sobre as irregularidades de como o governo vem conduzindo a atual crise, e membros dos órgãos da Justiça que promoveram o evento já estão avaliando e levando adiante as medidas cabíveis para defender os direitos dos cidadãos.
Na quinta-feira à noite, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) reuniu 15 mil pessoas em São Paulo para demandar medidas urgentes do governador Geraldo Alckmin. Marchando até o Palácio do Governo, o movimento foi recebido pelo secretário-chefe da Casa Civil, que assumiu importantes compromissos. É preciso monitorar de perto o cumprimento de tais compromissos e seguir pressionando, já que de promessas e afirmações vazias (como a de que não faltaria água no estado) o governo está cheio.
Também na quinta-feira, um grupo de ativistas, midialivristas e artistas visitou o reservatório Atibainha, que é parte do Sistema Cantareira, para ver de perto e discutir a realidade da crise. O Greenpeace esteve presente, e pôde constatar que, além do terreno seguir seco, agora já há mato crescendo onde havia água - o que dificulta ainda mais o processo de recuperação da represa. Em breve divulgaremos mais informações sobre como foi essa visita ao Sistema Cantareira.
Por fim, ao longo deste final de semana a Casa da Ação unirá ativistas, profissionais da comunicação e programadores em um StoryHack para produzir narrativas em diversos formatos sobre a crise da água. A meta é fazer barulho de formas criativas e ajudar a fortalecer ainda mais a mobilização.
Esta última semana do mês de carnaval mostrou como os paulistas ocuparão as ruas pelo resto do ano - e brasileiros de outros estados devem fazer o mesmo, tendo em vista que doze estados do país já enfrentam algum nível de crise e o cenário tende a se agravar se medidas sérias não forem tomadas rapidamente. A negação da crise está sendo substituída pela revolta e descontentamento com o descaso do poder público, que não atua nem para prevenir os acontecimento e, menos ainda, para solucioná-los.
Vamos às ruas.

Queda no consumo de carvão na China

O consumo de carvão da China caiu 2,9% em 2014, de acordo com dados oficiais de energia chinesa. O país vive um embate dramático para barrar o crescimento do uso do carvão nas últimas décadas e os mesmos dados indicam uma redução de 1% nas emissões de CO2 provenientes da queima de combustíveis fósseis. 
Ainda, a diminuição do consumo de carvão ocorreu sem que houvesse interferência no crescimento econômico do país desde 2012. A fonte foi responsável por mais da metade do crescimento das emissões de CO2 global nos últimos 10 anos. 
Uma série de fatores contribuiu para a redução no ano passado: rápido aumento da capacidade de geração de energia renovável, mudança do crescimento econômico da indústria pesada para novos setores da economia, e melhoria da eficiência energética na geração de energia e na indústria. Vale destacar que a China tem atingido números significativos relacionados à capacidade de energia eólica conectada à rede e de energia solar.

  
As emissões chinesas de petróleo, gás e queima de carvão
 não caiam desde a crise econômica, há mais
 de 15 anos. (© Lu Guang/Greenpeace) 

 A crise de poluição no ar no país impulsionou a criação de políticas ambiciosas para controlar o uso do carvão, com políticas que restringem o acesso de grandes empresas da indústria à matriz poluente. O último prego restante para fechar o caixão do crescimento desenfreado do consumo de carvão da China veio no final de 2014, quando  o país reduziu radicalmente o interesse e o uso do carvão, devido a preocupações sobre os impactos na água e viabilidade econômica.
 “A redução de consumo do carvão e o fato de que a economia segue em constante crescimento mostra como é possível nos desvencilharmos do carvão e como estamos bem encaminhados em relação a isso”, disse Fang Yuan, porta-voz do Greenpeace do Leste Asiático. “A partir de agora, em vez de nos perguntarmos se é possível zerar o consumo de carvão até 2020, a pergunta feita será em quanto tempo poderemos enxergar novamente paisagens que foram tomadas pela poluição originada pelo carvão. Esta é uma chamada para os principais emissores do mundo.”
A implementação das metas de energia existentes na China, incluindo fontes renováveis e o controle do consumo total de energia, pode fazer com que o país zere o consumo do carvão bem depois de 2020. O Greenpeace está pedindo para que esta seja uma meta oficial para o plano quinquenal da China entre 2016 e 2020.
Outra decisão importante foi o recente pedido que a China fez a quatro províncias localizadas em regiões econômicas-chave, para que estas definam metas absolutas de redução de consumo de carvão. Essas regiões consomem mais de 600 milhões de toneladas por ano, quase a mesma quantidade de todo o país.
“A queda do consumo de carvão da China é a melhor notícia possível para os cidadãos chineses, que sofrem os impactos da poluição atmosférica. Esta é uma oportunidade histórica para que autoridades estabeleçam metas que reduzam à zero o consumo de carvão no próximo plano quinquenal”, concluiu Fang Yuan.

O Sol agora fornece energia e autonomia ao Parque Augusta

Greenpeace doa placas solares ao movimento pró-parque e fortalece a autonomia de ativistas


(Divulgação Organismo Parque Augusta)

Há muito mais do que bares, lojas e baladas no famoso Baixo Augusta de São Paulo. Entre as ruas Augusta e Consolação, em meio aos prédios e a selva de concreto que marca a paisagem da maior cidade do Brasil, há um coração verde que bate forte e que quer continuar a pulsar, em uma luta dos cidadãos da cidade pela oficialização do Parque Augusta como espaço público pela prefeitura, contra os interesses privados das grandes incorporadoras e do mercado imobiliário. O movimento pelo parque se fortalece, inclusive com fonte de energia limpa e renovável. A partir desta quinta-feira 26 de fevereiro, a área - uma das últimas áreas com resquícios de Mata Atlântica na região central de SP - passa a contar um mini-sistema autônomo para geração de energia solar.
O Greenpeace doou ao movimento Organismo Parque Augusta (OPA) duas placas solares e baterias. Isso vai reduzir o uso do gerador movido a gasolina que vinha sendo usado para gerar eletricidade no local. O sistema independente poderá ser usado para um roteador de wifi e para carregar computadores laptop e celulares. “Estamos muito animados por poder diminuir nossos custos [com gasolina] e ver que energia solar não é coisa de filme”, diz Vitor Gomes, do OPA.


(Divulgação Organismo Parque Augusta)

O Organismo ocupa o terreno desde janeiro, mas a disputa pelos 25 quilômetros quadrados é antiga e os interesses são grandes. Moradores da região e a população clamam para que este continue sendo um espaço aberto com uma gestão mais democrática enquanto as construtoras tem planos para grandes empreendimentos imobiliários.
Em novembro de 2013, duas construtoras compraram a área e, como resposta, o movimento pró-parque criou o OPA com a proposta de repensar o uso dos espaços ociosos e com o objetivo de garantir um parque 100% público. “Usar uma fonte que é limpa e que permite o acesso democrático à eletricidade vai completamente de encontro com os princípios que pregamos dentro do Parque”, ressalta Gomes.
Entre cachorros, palhaços, artistas e outras pessoas que apenas vieram passear no bosque, Heloísa Costa, do time de mobilização do Greenpeace Brasil, lembra a importância dos sistemas fotovoltaicos autônomos: “Se você está em uma comunidade isolada na Amazônia, por exemplo, isso pode permitir que jovens estudem a noite. Aqui, vamos permitir que ativistas sejam beneficiados. Não se trata apenas de energia solar, é também sobre educação, inclusão e autonomia”.
O Greenpeace está trabalhando pela implementação de sistemas fotovoltaicos em duas escolas públicas brasileiras. Participe da campanha e colabore pelo fortalecimento da energia solar no nosso País, acesse: www.kickante.com.br/campanhas/greenpeace-ilumine-o-futuro-das-criancas
Outros Valores





Thursday, February 26, 2015

Um “respiro” para a floresta

A Polícia Federal prendeu, no último final de semana, Ezequiel Castanha, considerado o maior desmatador da Amazônia


Área de floresta sendo queimada ilegalmente para dar espaço a criação de gado,
 na floresta Nacional do Jamanxim, no Pará, próximo a BR 163.
 (© Rodrigo Baléia / Greenpeace)

No último sábado a Polícia Federal prendeu, em Novo Progresso, no Pará Ezequiel Antônio Castanha, um conhecido contraventor ambiental, considerado um dos maiores grileiros e desmatadores do Brasil. A gangue de Castanha é acusada de ter desmatado pelo menos 15 mil hectares na Amazônia, num período de dez anos. A prisão foi mais um dos desdobramentos da “Operação Castanheira”, deflagrada no ano passado.
De acordo com o pedido de prisão preventiva expedido pela justiça do Pará, Ezequiel é acusado por crimes como invasão de terras públicas, desmatamento de Unidades de Conservação, furto de bens da União, falsidade ideológica, além de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Castanha acumula, ainda, uma dívida que passa de R$ 30 milhões em multas ambientais.
O bando atuava no município de Novo Progresso-PA, principalmente ao longo da rodovia BR-163, grilando e desmatando terras públicas para depois vendê-las. Na região, Ezequiel liderou por muito tempo o movimento contra a criação da Floresta Nacional (Flona) Jamanxim, junto com Giovany Marcelino Pascoal - também preso na Operação Castanheira.
Operações como essa, que identificam e penalizam pessoas que cometem crimes contra a floresta, são importantes no combate ao desmatamento, mas, isoladas, não resolvem o problema.  A Amazônia vem sendo ameaçada por vários fatores, geralmente conectados entre si, como a grilagem, desmatamento, exploração ilegal de madeira e avanço do agronegócio sobre as áreas de floresta. Para piorar, a bancada ruralista no Congresso Nacional vem atuando fortemente para enfraquecer a legislação que garante proteção à floresta e seus povos, em um claro ataque às áreas protegidas e terras indígenas. O objetivo é abrir essas áreas aos seus interesses econômicos – ou tirá-los do caminho de vez. A impunidade, aliada à histórica ausência de Estado na Amazônia, tem perpetuado o ciclo vicioso de destruição da floresta.
Fim do desmatamento exige mudanças profundas
Apesar da ótima notícia para o meio ambiente, sabemos que, com o profundo problema de falta de governança na Amazônia, é bem possível que outras “gangues” ocupem rapidamente a lacuna deixada por Castanha sem serem incomodadas. A grilagem de terras tem sido uma prática comum ao longo de todo o processo de ocupação da Amazônia, que apresenta situação fundiária  crítica e caótica.
Na tentativa de promover a regularização fundiária, o governo lançou, em 2009, o programa Terra Legal, criado para regularizar antigas ocupações na Amazônia. O programa abriu espaço para a obtenção de títulos de terras que foram griladas e desmatadas ilegalmente, agravando ainda mais o problema. É um cenário que combina a ação de “mestres” em burlar a lei com brechas legais, ausência de fiscalização e falta de capacidade da justiça para tratar tantos crimes juntos.
É preciso que governos e toda a sociedade passem a olhar com mais atenção para a região e discutam com seriedade os problemas da Amazônia. E todos podem colaborar para isso. O governo deve empenhar esforços para proteger a floresta e atacar de fato o problema da regularização fundiária na Amazônia. É preciso garantir a real implementação das unidades de conservação e terras indígenas existentes, além da criação de novas áreas protegidas, bem como a manutenção integral dos direitos constitucionais dos povos tradicionais ao seu território ancestral. Estudos apontam que as áreas protegidas e terras indígenas são o mecanismo mais eficiente no combate ao desmatamento, garantindo, assim, a proteção do clima.
Empresas que atuam na Amazônia também devem fazer sua parte, banindo o desmatamento de suas cadeias de produção, excluindo fornecedores envolvidos na destruição da floresta e em outros crimes associados, a exemplo da Moratória da Soja e do Compromisso Público da Pecuária.
Por fim, a sociedade pode contribuir pressionando as outras partes para que, juntos, possamos seguir no caminho para um mundo mais saudável e com florestas. Foi seguindo esta trilha que mais de 1 milhão de brasileiros já declarou apoio ao um projeto de lei pelo desmatamento zero, que visa proteger as florestas remanescentes

Flexibilidade da lei dificulta combate à madeira ilegal

Empresa denunciada por receptar madeira ilegal é liberada para comercializar enquanto está sob investigação

 
Rainbow Trading, serraria denunciada por receber madeira ilegal
 (© Greenpeace/
Otavio Almeida)

 A Rainbow Trading, serraria que receptou madeira ilegal, conforme foi revelado em investigação do Greenpeace, e que já acumula quase meio milhão de reais em multas junto aos órgãos ambientais, acaba de ser liberada pelo governo estadual do Pará para voltar a comercializar madeira.
Em novembro de 2014, a empresa recebeu quatro multas da Sema-PA (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará) por uma série de infrações, tais como: vender centenas de metros cúbicos de madeira ilegal, vender madeira com créditos falsos ou fraudulentos e inserir informação falsa no Sisflora, o sistema eletrônico de controle de produtos florestais do Pará.
Na ocasião, a Rainbow foi obrigada a “devolver” os créditos suspeitos de ilegalidade enquanto seria investigada – uma medida cautelar para impedir que créditos ilegais sejam comercializados. No entanto, uma saída administrativa prevista em lei permite que a empresa pague uma “taxa de reposição” de valor irrisório para que possa voltar a comercializar madeira normalmente enquanto ocorre a investigação. Ou seja, agora a serrraria, que já acumula diversas infrações, está livre para comercializar por meio do mesmo sistema de controle que é acusada de ter fraudado.
Isso significa que empresas como a Rainbow Trading conseguem com facilidade voltar a operar até que tenham seus processos completamente julgados, algo que pode levar anos e acaba trazendo grande insegurança ao mercado, já que, nesse meio tempo, os consumidores ficam sujeitos a comprar madeira sem garantia de origem.
Desde maio de 2014 o Greenpeace vem mostrando que madeira da Amazônia, retirada sem autorização e com base na destruição da floresta, está sendo vendida livremente no Brasil e no exterior como se fosse legal. Para se ter uma ideia, de 2007 a 2012, 80% da extração de madeira ocorreu de forma ilegal no Pará e 44% no Mato Grosso.
“Num setor em que a extração ilegal de madeira é regra e não exceção, a liberação da Rainbow Trading no sistema Sisflora é um atestado de permissividade e estímulo para que as serrarias continuem na ilegalidade”, afirma Marina Lacôrte, da Campanha Amazônia do Greenpeace. “Ao permitir que essas empresas sigam operando normalmente mesmo tendo valores exorbitantes em multas a serem pagas, o Estado passa um recado simples e claro: a ilegalidade compensa. E, nessa conta, quem se dá mal são os que tentam trabalhar corretamente, obrigados a competir com a ilegalidade”, completa Lacôrte.
O não pagamento das multas aplicadas a quem realiza atividades ilegais é outro sério problema que alimenta a impunidade e agrava ainda mais o combate aos criminosos da floresta. Um levantamento feito com relação às empresas membro da Aimex (Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará), por exemplo, mostra que, entre 2006 e 2014, de um total aproximado de 30 milhões de reais em multas, sob diferentes status de tramitação, apenas cerca de 180 mil reais foram quitados, o equivalente a menos de 1%.
Além de estimular a destruição da floresta, a impunidade provoca conflitos, violência e até a morte no campo.
“A solução deve começar pela revisão de todos os planos de manejo aprovados a partir de 2006, esse é o primeiro passo para separar o joio do trigo e impedir que todo o setor pague por esses crimes”, afirma Lacôrte.
O mercado começa a agir
Por mais que o governo brasileiro continue ignorando o problema, a preocupação com a madeira ilegal já levou a uma série de quebra de contratos em diversos países, como Holanda, França, Suécia, Suíça e Bélgica.
O caso mais recente ocorreu em Israel, onde a Home Center, maior rede varejista de produtos para construção e maior vendedora de Ipê do país, se comprometeu a parar de comercializar a madeira vinda da Amazônia brasileira e, portanto, de origem suspeita, após o Greenpeace ter exposto a ligação entre a loja e a compra de madeira ilegal.
Nos últimos quatro anos, Israel foi um dos maiores importadores do mundo de Ipê, madeira nobre que é principalmente utilizada para a construção de decks. Só em 2013 o país importou cinco mil toneladas de madeira vinda da Amazônia.
“Ao comprar, o mercado internacional também tem responsabilidade sobre a situação madeireira na Amazônia e a quebra de contratos é a sua resposta ao governo brasileiro de que não irá compactuar com isto. Essa resposta deveria ser ouvida, mas vem sendo ignorada tanto pelo governo federal quanto o estadual, que nada fazem para encontrar uma solução para a madeira ilegal”.

Vamos salvar a floresta Boreal?

O bioma, que possui o maior potencial de estocagem de CO2 do mundo, está ameaçado no Canadá devido a atuação irresponsável de empresas como a Resolute Forest Products em áreas sensíveis.

 
A floresta Boreal é o bioma com a maior capacidade de sequestro
de carbono do mundo. Mas sua manutenção vem
sendo ameaçada no Canadá, pela exploração
 irresponsável de madeira
(© Francois Pesante/Greenpeace)

A maioria das pessoas já ouviu falar da floresta Amazônica e da urgente necessidade de garantir sua proteção, certo? Mas existem outras florestas pelo mundo que estão tão ameaçadas quanto o bioma tropical e cuja situação é menos conhecida. Esse é o caso da floresta Boreal, que está sofrendo sérios impactos neste exato momento.
A floresta Boreal, que se estende ao longo de todo o hemisfério Norte do planeta, desde a América do Norte até o Japão, passando pela Rússia e pela Escandinávia, vem sendo ameaçada no Canadá por uma empresa da qual você provavelmente nunca ouviu falar: a Resolute Forest Products. Embora seu nome seja pouco conhecido no Brasil, é possível que ao menos um dos produtos da Resolute já tenha passado por suas mãos, em forma de jornais e revistas. A empresa é uma das maiores produtoras de papel, celulose e outros produtos florestais do Canadá. 
A Resolute tem extraído árvores em territórios de povos indígenas, sem seu consentimento, e destruído habitats críticos para as renas ameaçadas. Como se não bastasse, a empresa tem agido judicialmente contra o Greenpeace, para impedir que a organização revele o que a companhia anda fazendo na Floresta Boreal do Canadá. 
“Floresta Boreal” quem?
A floresta Boreal ocupa uma grande faixa de terra ao norte do planeta e sua vegetação é composta por coníferas, plantas extremamente resistentes ao clima rigoroso da região, onde a temperatura oscila entre -54º e 21 °C. Entre as árvores desta classe estão os pinheiros, as sequóias e as araucárias, comuns no sul do Brasil. Devido a sua resistência e durabilidade, algumas das árvores mais antigas do mundo são desta categoria.
O potencial de estocagem ou sequestro de CO2 destas plantas não se compara ao potencial de espécies tropicais. O solo do bioma, no entanto, tem um enorme potencial de sequestro, o que torna a Floresta Boreal o maior reservatório de CO2 do mundo. Para se ter uma ideia, enquanto as florestas tropicais de todo o mundo, incluindo a Amazônia, ocupam uma área de 17,6 milhões de quilômetros quadrados (Km²) e possuem capacidade para estocar 428 gigatoneladas de carbono (Gt de C), a floresta boreal, que ocupa 13,7 milhões de Km², tem capacidade para retirar da atmosfera 559 Gt de C.

)
 O Woodland Caribou, ou Rena das Montanhas,
 necessita de extensos territórios intactos para
 manter suas populações
  (© Markus Mauthe/Greenpeace)

Além disso, o bioma abriga espécies como lebres, esquilos, raposas e linces, e recebe, todos os verões, milhares de pássaros que buscam alimentos em seus lagos recém descongelados. Neste cenário vive uma espécie que encontra-se seriamente ameaçada, o Woodland Caribou – ou Renas das Montanhas.
A espécie tem sido gravemente impactada pela ação do homem, pois necessita de extensos territórios intactos para manter suas populações. Mas estas áreas vêm sendo ameaçadas pela ação de empresas como a Resolute, que exploram espécies nativas de coníferas para a produção de papel e outros produtos.
A floresta não pode se defender sozinha. Ela precisa da nossa ajuda. Então diga ao presidente da Resolute, Richard Garneau, que não vamos desaparecer. Que queremos proteger as florestas do mundo e a Resolute pode fazer sua parte preservando a floresta Boreal.
Assine a petição

Wednesday, February 25, 2015

Caio Blat, embaixador solar do Greenpeace

Ator é embaixador do projeto que pretende instalar painéis solares em escolas públicas


Ator Caio Blat apoia financiamento coletivo para
 instalar paineis solares em duas escolas
 públicas (©Ivo Gonzalez/Greenpeace)

O projeto do Greenpeace para a instalação de sistemas fotovoltaicos – que geram eletricidade a partir do Sol – em duas escolas públicas, uma em Uberlândia (MG) e outra em São Paulo (SP), ganhou apoio de peso. O ator Caio Blat é o embaixador do projeto que conta com um crowdfunding (financiamento coletivo) para poder ser viabilizado. 
Simpatizante da organização, Blat, atualmente no ar como José Pedro na novela Império da Rede Globo, cedeu sua imagem para a divulgação da campanha, por considerar o tema muito urgente e importante.
“O Brasil tem uma grande responsabilidade em mostrar ao mundo que podemos renovar a nossa fonte de energia por alternativas menos poluentes e mais duradouras”, disse.



O material de divulgação da campanha foi gravado no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, onde o ator incentiva a população a doar para o projeto. “Sua participação vai ajudar a espalhar o projeto por outros estados do Brasil, ensinando uma nova realidade para as próximas gerações”, declarou o ator, que tirou um tempinho entre as gravações da novela para encarar com leveza e bom humor a bateria de chamadas para a campanha.
Educação, energia limpa e economia
Os painéis instalados na Escola Estadual Professor Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, em São Paulo (SP), e na Escola Municipal Professor Milton Magalhães Porto, em Uberlândia (MG), vão gerar mais do que energia limpa e renovável: também vão trazer economia nas contas de luz dos estabelecimentos.
Os sistemas produzirão o equivalente a 55% e 20%, respectivamente, do consumo de eletricidade, fazendo com que as escolas economizem juntas, cerca de R$25 mil por ano. O valor será revertido em atividades culturais - como viagens, cursos e visitas a museus - para cerca de 1.800 estudantes.
“Escolhemos fazer as instalações em escolas porque acreditamos no poder transformador e multiplicador da Educação” diz Barbara Rubim, coordenadora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.

Tuesday, February 24, 2015

Florestas em perigo na África

A expansão do agronegócio em diversos países da África Central está destruindo o habitat de espécies frágeis e ameaçadas na região, como os gorilas e chimpanzés

 
Os gorilas são uma das espécies ameaças na floresta tropical
de Camarões, África (© Markus Mauthe/Greenpeace)

Imagens de satélite obtidas em uma investigação do Greenpeace África (em inglês) mostraram que mais de 3 mil hectares de floresta tropical já foram destruídos nas bordas de uma importante reserva natural africana, a Reserva de Fauna Dja, que é patrimônio mundial da Unesco e lar de grandes primatas. A área destruída faz parte de uma concessão da empresa chinesa Havea Sud, que produz óleo de palma no sul do Camarões.
"Os projetos agroindustriais de desenvolvimento vão logo se tornar a maior ameaça para a biodiversidade da floresta tropical africana", diz o Dr. Joshua Linder, professor assistente de antropologia da Universidade James Madison, nos Estados Unidos. "Se não forem tomadas medidas urgentes e proativas para mitigar esses impactos, podemos esperar um rápido declínio na diversidade dos primatas africanos", completou ele.
A Unesco já havia solicitado uma investigação para avaliar se algum dano havia sido feito na Reserva Dja, mas a permissão foi negada pelas autoridades locais. O desmatamento dessas florestas foi significativamente maior do que o realizado pela empresa norte-americana Herakles Farms para o seu projeto de óleo de palma na região Sudoeste do país, que também já desmatou o habitat dos animais selvagens e privou as comunidades locais do acesso à floresta da qual dependem para subsistência.


Área de plantação do óleo de palma
 no Camarões (© Jan-Joseph Stok/Greenpeace)

 utra investigação realizada em dezembro pelo Greenpeace África revelou que a empresa camaronesa Azur pretende converter uma grande área de floresta preservada de Camarões em uma enorme plantação de óleo de palma. O local é próximo a uma área onde vivem espécies raras de primatas e mamíferos ameaçados, como o elefante da floresta. O Greenpeace África já escreveu duas vezes para a empresa pedindo que essa detalhasse os seus planos sobre o projeto, mas nenhuma resposta foi obtida.
O chimpanzé da Nigéria e Camarões é um dos primatas mais ameaçados do mundo e enfrenta vários perigos, incluindo a destruição de seu habitat por extração ilegal de madeira, caça ilegal, o comércio de carne de animais selvagens e os efeitos das mudanças climáticas.

 Chimpanzé no ninho em
 floresta africana

As concessões agrícolas em escala industrial são atribuídas na maioria das vezes em toda a África Ocidental e Central sem o planejamento adequado do uso da terra. Muitas delas pertencem a companhias estrangeiras e se sobrepõem a áreas de florestas de alta biodiversidade. Esse conjunto de fatores frequentemente gera conflitos sociais – quando o desmatamento ocorre sem o consentimento prévio das comunidades locais – e graves impactos ecológicos sobre as espécies selvagens ameaçadas de extinção.
"Os governos precisam desenvolver urgentemente um processo de planejamento participativo do uso da terra antes da atribuição de concessões agroindustriais", disse Filip Verbelen, da campanha de Florestas do Greenpeace Bélgica.

Monday, February 16, 2015

Na balança do clima: nem avanço, nem retrocesso

Na primeira rodada de negociações sobre mudanças climáticas do ano, em Genebra, representantes de quase 200 países rascunham metas sem muito progresso

 
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015 Em Marcha pelo Clima durante a COP20, em Lima, no Peru, manifestantes pedem
100% de energia limpa e renovável (©Eva Petschull/Greenpeace)

A primeira rodada de negociações sobre mudanças climáticas chegou ao fim, hoje, em Genebra. Este é um passo importante rumo ao novo acordo que deve ser assinado na COP21 (21a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas), que acontecerá no final deste ano em Paris.
O ano de 2015 é tido como crucial já que o novo acordo deverá substituir o Protocolo de Kyoto e que indicará os caminhos que o mundo decidiu seguir para combater as mudanças do clima. Durante essa semana, o rascunho do texto do novo acordo dobrou desde a última reunião – a COP20 – que aconteceu em dezembro de 2014, em Lima.
“Em Genebra, os países falharam ao tentar negociar assuntos complexos como ajuda financeira para países vulneráveis e a transição para fontes renováveis de energia. Estes tópicos cruciais não foram detalhados e foram relegados ao pano de fundo das discussões”, afirma Martin Kaiser, coordenador internacional de políticas sobre mudanças climáticas.
O acordo que deve ser assinado ao final de 2015 corre o risco de ser fraco. Para evitar que isto aconteça, países com China, Estados Unidos e a União Européia e muitos outros devem apresentar seus compromissos de mitigação de gases do efeito estufa para curto e longo prazo até o final de março.
"O Brasil também tem sua parcela de responsabilidade e ainda não mostrou ser, na prática, o líder que afirma ser em discursos. Em um ano no qual o país enfrenta graves crises de energia e água, problemas profundamente relacionados às mudanças climáticas, é fundamental que o governo eleve seu nível de comprometimento e ajude na construção de um acordo verdadeiramente ambicioso", avalia Pedro Telles, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Os países precisam ter como meta 100% de energia limpa e renováveis enquanto auxiliam os países que já estão sentindo os piores efeitos das mudanças climáticas, como as pequenas ilhas do Pacífico.
“No entanto, as negociações em Genebra não foram totalmente em vão. Negociadores rascunharam algumas metas de longo prazo para a redução de emissões. Colocando na balança, não foi uma grande perda, nem um grande avanço para o que será discutido em Paris”, conclui Kaiser.

Ensaio sobre poluição na China ganha prêmio no World Press Photo

O renomado fotógrafo chinês Lu Guang acaba de ganhar o prêmio “Projetos de Longo Prazo” com seu trabalho “Desenvolvimento e Poluição”, desenvolvido na China. A premiação faz parte do concurso de maior prestígio do mundo da fotografia, o World Press Photo (WPP). Entre as 30 fotos que compõem o ensaio, oito foram feitas a pedido do Greenpeace.
Esta não é a primeira vez que o WPP premia um fotógrafo com trabalhos feitos para o Greenpeace. Desde 2006, esta é a sexta oportunidade em que isso acontece, sendo as anteriores para Daniel Beltra (02), Nick Cobbing (01), Paul Hilton (01) e o próprio Lu Guang, que levou o prêmio pela segunda vez.

Acidente em plataforma da Petrobras escancara precariedade de plano de contingência

No litoral do Espírito Santo, acidente em navio-plataforma deixa mortos e feridos. Plano de Contingência para acidentes como esse ainda não tem orçamento.



Imagem de arquivo da plataforma FPSO da Petrobras, em
São Mateus, Espírito Santo (©divulgação)


Um acidente em um navio-plataforma deixou três mortos, dez feridos e seis desaparecidos no litoral norte do Espírito Santo, segundo a Petrobrás. A plataforma FPSO Cidade de São Mateus, alugada da BW Offshore pela Petrobrás, explodiu por volta do meio-dia devido a um vazamento de gás na casa de bombas. A plataforma estava a 40 quilômetros do litoral do Espírito Santo, próximo ao município de Aracruz, e explorava na zona do pós-sal.
Segundo a Infraero, responsável por administrar os aeroportos brasileiros, o Plano Nacional de Contingência foi acionado diante da emergência. “Este é o principal instrumento que estabelece as providências em casos de vazamentos de petróleo e acidentes em plataformas”, afirma Thiago Almeida, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. “Foi estabelecido em outubro de 2013 e, no entanto, seu orçamento ainda não foi alocado. Também seguimos sem a definição dos recursos humanos e materiais necessários para evitar a poluição das águas brasileiras”, critica Almeida.
Também falta transparência e conhecimento das autoridades públicas sobre o que acontece com a exploração de petróleo na costa brasileira. A Petrobrás só comunicou a Agência Nacional de Petróleo (ANP) uma hora após o acidente ter acontecido e o comunicado público sobre o ocorrido só aconteceu seis horas depois.

Localização do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, a 40 quilômetros da costa
do Espírito Santo.

Vale recordar o acidente na Bacia de Campos, em 2011, no qual mais de 380 mil litros de petróleo vazaram de uma plataforma da Chevron, expondo a fragilidade e a ausência de amparo técnico do setor. Ainda agrava a situação o fato de que a ANP permite que plataformas incompletas e sem fiscalização sejam lançadas ao mar.
A FPSO Cidade de São Mateus tem 25 anos de idade, o que indica uma situação crítica visto que as plataformas com 30 ou mais anos são protagonistas de mais acidentes do que as mais novas. Desde 2000, já aconteceram mais de 100 acidentes em plataformas no país, sendo 62% nas mais velhas. O Greenpeace monitora estas plataformas mais antigas da região do pré-sal e apresenta o histórico de acidentes no observatório Lataria.
Para além dos acidentes, o descontrole e a falta de informação ficam evidentes em relatório do Tribunal de Contas da União de 2012. Das 671 ocorrências – acidentes, vazamentos, explosões – que aconteceram entre 2009 e 2011, menos de 4% foram verificados pela ANP. “Esse acidente é mais uma prova dos riscos e da fragilidade da exploração de petróleo no litoral brasileiro. As consequências são graves não apenas para o meio ambiente, mas também em termos de vidas humanas”, conclui Almeida.

Apple na dianteira da corrida por energia renovável

A Apple anunciou que investirá 850 milhões de dólares na aquisição de um sistema fotovoltaico capaz de gerar 130 MW de eletricidade, o suficiente para abastecer 50 mil casas na ensolarada Califórnia, todas as lojas de varejo da marca no mesmo estado, além do centro de dados da empresa. Trata-se de um negócio verdadeiramente grandioso em termos de energia solar.
Graças a um empurrãozinho do Greenpeace e seus parceiros, não apenas a companhia da famosa maçã está se movendo rumo a um futuro mais sustentável, mas outras empresas de tecnologia como Facebook, Google, Microsoft, Rackspace, Salesforce e mais recentemente a Amazon.com, também expandiram seus horizontes para um caminho renovável. Nos últimos três anos, mais e mais empresas têm se comprometido com formas mais limpas de energia.


Ativistas do Greenpeace protestam em frente à loja revendedora da Apple em São Paulo. (© Greenpeace/Alexandre Cappi)

 Em 2012, a Apple se comprometeu a implantar 100% de energia renovável em suas operações, e desde então, se moveu como nenhuma outra para cumprir este compromisso, culminando no mais recente anúncio do CEO da empresa, Tim Cook, de que a Apple acaba de fechar um acordo gigantesco para geração de energia solar na Califórnia.
Enquanto outras empresas que se comprometeram com a mesma meta também podem ser elogiadas por apontarem seus caminhos no rumo das energias renováveis, seria ótimo que todas dessem ouvidos à declaração feita por Cook: "Nós (Apple) sabemos que a realidade das mudanças climáticas é real. O tempo para conversa ficou no passado", disse ele. "A hora de agir é agora.”
Esta é uma excelente notícia, especialmente por conta da ausência da mudança climática nas pautas governamentais. Independentemente de políticas públicas promovidas por políticos, o debate deve existir e ações devem ser tomadas.
A Apple está ditando o ritmo da indústria para o que significa não só se comprometer com 100% de energia renovável, mas para avançar verdadeiramente até alcançar este objetivo

Monday, February 9, 2015

O sangue ainda corre na floresta

Dez anos após o assassinato de Dorothy Stang, os mandantes do crime continuam em liberdade e o círculo vicioso de exploração, violência e impunidade segue imperando na Amazônia 

 
Em reação a morte de Dorothy Stang, o Greenpeace foi à Brasília
em 2005 para pedir Paz nas florestas e ações para acabar com os
conflitos agrários na Amazônia. (© Greenpeace/ Olivier Boëls) 

"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus". Estas foram as últimas palavras ditas por Dorothy Stang antes de ser alvejada por seis tiros, em uma estrada deserta de terra batida no interior do Pará. A missionária norte-americana tinha 73 anos de idade. Segundo seu executor, Rayfran das Neves, quando percebeu a aproximação da moto que levava seus assassinos, a freira abriu a Bíblia que carregava debaixo do braço e começou a rezar. O livro, inseparável, foi seu único consolo naqueles solitários segundos finais.

Neste 12 de fevereiro, o assassinato de Dorothy Stang completa dez anos, sem que os mandantes pelo crime tenham sido, de fato, presos. Depois de sucessivos julgamentos e do polêmico cancelamento do veredicto que condenou Vitalmiro Bastos de Moura a 30 anos de prisão, tanto ele como o outro mandante, Regivaldo Pereira Galvão, continuam livres. O caso, ao invés de exceção, infelizmente é a regra e retrato fiel da violência e impunidade que assolam comunidades rurais de todo o Brasil e especialmente da Amazônia.

De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de 2005 a 2014, 325 pessoas foram vítimas de assassinatos motivados por conflitos agrários. Mais da metade destes casos (67,3%) aconteceram na Amazônia Legal.  O que mostra que, passados dez anos da morte de Dorothy, o sangue continua a correr na floresta.

De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de 2005 a 2014, 325 pessoas foram vítimas de assassinatos motivados por conflitos agrários. Mais da metade destes casos (67,3%) aconteceram na Amazônia Legal.  O que mostra que, passados dez anos da morte de Dorothy, o sangue continua a correr na floresta.

Não bastasse o horror da violência, as famílias que sobrevivem às ameaças e os parentes das vítimas assassinadas ainda têm que conviver com seus algozes às soltas. De 1985 a 2013, a justiça recebeu 768 inquéritos de assassinatos no campo na região amazônica. Apenas 5% deste total chegou a julgamento, segundo a CPT. Pior: somente 19 mandantes receberam algum tipo de punição, sendo que a maioria responde às acusações em liberdade.

Este círculo vicioso de mortes, impunidade e mais violência alimenta uma indústria que vem financiando há anos o desmatamento da Amazônia. As populações tradicionais da região vêm sendo exterminadas por motivos econômicos muito claros, seja para a posterior ocupação com atividades ligadas ao agronegócio, para a grilagem de terra ou para a exploração madeireira ilegal, considerada o principal vetor de violência na Amazônia.

Foi o que aconteceu com Dorothy Stang. A missionária atuou por mais de 30 anos no município de Anapu, sudoeste do Pará, prestando apoio a pequenos produtores agroextrativistas. Na época de seu assassinato, ela lutava pela implantação do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança, há cerca de 40 quilômetros da sede do município. O local, no entanto, era disputado por fazendeiros e madeireiros da região. De acordo com a investigação da Polícia Civil, Vitalmiro e Regivaldo pagaram R$ 50 mil pela morte de Dorothy.

Irmã Dorothy vinha denunciando a violência e as ameaças de morte há pelo menos um ano. Em 2004 a religiosa esteve em Brasília, por mais de uma vez, onde ofereceu denúncias ao Ministério da Justiça, à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, e participou da CPI Mista da Terra, na Câmara Federal. Nada disso adiantou para evitar seu assassinato.
“Infelizmente, o que vemos acontecer ano após ano é que as pessoas entram na lista de ameaçados de morte e só saem dela para entrar em outra lista, a de assassinados”, afirma Danicley Saraiva, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Isso tem que acabar”.


Caixões de madeira amazônica

O embate com grileiros e madeireiros ilegais também foi o estopim para o assassinato de outras vítimas simbólicas na luta pela floresta em pé: Zé Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo. O casal de líderes extrativistas era conhecido pela defesa do manejo sustentável da mata e pela oposição a sua exploração irrestrita. Eles denunciavam constantemente a atuação dos criminosos no Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, a 50 quilômetros de Nova Ipixuna, no Pará. Foram mortos a tiros, em 2011.

“Nosso lote era lindo, a gente levava uma vida muito tranquila e pacata. Mas a partir de 2005, com a intensificação da exploração de madeira dentro do assentamento, o Zé começou a ser ameaçado e ficou ruim de viver. Até que aconteceu o que aconteceu”, relata Claudelice Santos, irmã caçula de Zé Claudio.

A exploração ilegal de madeira também foi o personagem principal da trama que levou à morte do sindicalista Josias de Castro e sua esposa, Ereni Silva, em agosto do ano passado, em Guariba, no Mato Grosso; e também ao assassinato de José Dutra da Costa, o Dezinho, ocorrido em novembro de 2000, em Rondon do Pará.

A violência no campo tem relação direta com desmatamento ilegal na Amazônia. Nos últimos dez anos, por exemplo, o Pará foi o estado que mais desmatou o bioma. Neste período, foram perdidos 39.666 quilômetros quadrados de florestas na região, segundo dados do PRODES (Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélite), do Governo Federal. No mesmo intervalo, foram registrados 116 assassinatos no estado, o maior índice dentre todas as unidades da federação. Nos últimos dez anos 639 pessoas entraram para a lista de ameaçados de morte do Pará.

 
Em 2013, segundo a CPT, 8.836 famílias que viviam no Pará foram afetadas pela violência no campo. Destas, 477 tiveram suas casas destruídas, 264 tiveram suas roças arruinadas e 2.904 foram vítimas de alguma ação de pistolagem.

Entre 2007 e 2012, cerca de 80% de toda a área com exploração madeireira no Pará, maior produtor e exportador de madeira nativa serrada, não contou com nenhuma autorização, ou seja, a madeira foi extraída ilegalmente. No entanto, segundo apurou o Greenpeace em recente investigação, este produto de origem ilegal ganha facilmente papéis oficiais, por meio de um esquema de “lavagem” dessa madeira, que então ganha o mercado nacional e internacional, com a conivência do poder público.

Impunidade e abandono

A origem da violência no campo na Amazônia pode ser combatida através de ações do governo que melhorem a governança na região e incentivo ao uso sustentável da floresta. A devida apuração e julgamento dos casos também deve ser uma prioridade absoluta para o poder judiciário, pois a impunidade funciona na prática como uma espécie de “salvo-conduto” para aqueles que alimentam a violência na região.

Para isso, o governo federal deve promover o aumento da capacidade de ação dos órgãos ambientais estaduais e federais, com mais recursos para ações de monitoramento e fiscalização, a fim de permitir que o crime seja combatido. Os planos de manejo aprovados na Amazônia desde 2006, por sua vez, devem ser revistos, assim como os sistemas de controle de madeira, com processos públicos, transparentes e integrados.

"Precisamos nos perguntar até quando a sociedade e o Estado brasileiro vão tolerar o extermínio daqueles que lutam pelo simples exercício de seus direitos e garantias constitucionais, e que enfrentam as forças responsáveis pela destruição da Amazônia e pelo desrespeito ao Estado de Direito na região", alerta Danicley Saraiva.


Minuto Verde: escute essa novidade!

Greenpeace lança nova plataforma online de conteúdo em áudio. Programa de pouco mais de um minuto irá transmitir podcasts sobre os assuntos do momento

Minuto Verde especial #10AnosSemDorothy 
Visando inovar, aumentar o alcance de suas mensagens e atingir a maior variedade de públicos possível, o Greenpeace lança hoje uma nova plataforma de conteúdo online. O programa Minuto Verde irá contar, em áudio, as histórias que já contamos em outros formatos – textos, vídeos, fotos, mapas e infográficos, por exemplo. A ideia é que a voz de um de nossos repórteres resuma, em um podcast de mais ou menos um minuto, o tema principal que estiver circulando em nossos canais.
Nesta edição inaugural, falaremos sobre os dez anos de morte de Dorothy Stang. A missionária norte-americana, que trabalhou por mais de três décadas em defesa da floresta e das comunidades que dela dependem, foi assassinada no dia 12 de fevereiro de 2005, no município de Anapu, sudoeste do Pará.
À época, ela lutava pela implantação do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança. Por ser uma área de disputa entre madeireiros e fazendeiros locais, ela e outros pequenos produtores sofriam ameaças constantes. Não bastassem todas as denúncias feitas aos órgãos de governo e autoridades responsáveis, além de todos os posteriores julgamentos e decisões judiciais, os culpados, até hoje, continuam soltos. E os ocupantes da região seguem com medo.
A morte da missionária norte-americana, ao invés de triste exceção, é o retrato fiel da violência que assola comunidades rurais de todo o Brasil, em especial da Amazônia. O círculo vicioso de violência, mortes e impunidade alimenta uma indústria que financia há anos o desmatamento da Amazônia. E mesmo depois de uma década da morte de Dorothy Stang, o sangue continua a correr na floresta.
Quer saber mais sobre esse caso? Não perca a estreia do programa Minuto Verde.

Escute aqui:
http://podcast.greenpeace.org.br/amazonia/MinutoVerde_01_DorothyStang.mp3

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Aliança pela Água divulga plano de emergência

Coalizão de entidades da sociedade civil, da qual o Greenpeace faz parte, publica chamado à ação sobre a crise hídrica no Estado de São Paulo

 
A crise hídrica e de abastecimento no Estado de São Paulo se aprofundou nos últimos dois meses. A situação é de crescente incerteza frente aos cenários climáticos - não existem dados para afirmar que o ciclo de estiagem esteja acabando; a seca pode continuar e até se intensificar ao longo deste ano.
O esforço para enfrentar o colapso deverá ser coletivo e exigirá um longo período de sacrifício por parte da população. A partir de agora, as medidas de mitigação da crise devem ir muito além de ações das concessionárias de abastecimento; é fundamental o envolvimento de uma ampla rede de atores governamentais e não governamentais para garantir a segurança cidadã da população, incluindo o direito ao abastecimento de água para consumo, à saúde e ao emprego.
Com o objetivo de contribuir positivamente na gestão dessa crise, a Aliança pela Água destaca ações imediatas de adaptação que podem e devem ser adotadas pelos governos em conjunto com a sociedade, com responsabilidades claramente assumidas pelos distintos órgãos públicos no informe "Chamado à Ação sobre a Crise Hídrica: Por um Plano de Emergência para o Estado de São Paulo". #AguaSP

Clique aqui para ler o documento.

*Texto publicado no site Aliança pela Água

Friday, February 6, 2015

Cunha nega apoio aos ruralistas, mas desenterra PEC 215

Com menos de uma semana na presidência da Câmara, deputado Eduardo Cunha diz não ter poder algum para acabar com a PEC anti-indígena

 
Kayapó cobraram do presidente da Câmara arquivamento definitivo
da PEC 215. © J. Batista / Agência Câmara  

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215 será desarquivada, afirmou o recém eleito presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em reunião com os índios Kayapó. O projeto transfere para o Congresso Nacional a última palavra sobre a oficialização de Terras Indígenas (TIs), Unidades de Conservação e Territórios Quilombolas.
Cunha recebeu a comitiva Kayapó no dia 4, que veio à Brasília para sepultar definitivamente a PEC 215 e avançar na demarcação de TIs. No entanto, Cunha afirmou que não poderia impedir o reinício da tramitação da proposta, arquivada no final do ano passado. Segundo ele, qualquer um dos 170 deputados que assinaram o projeto pode pedir seu desarquivamento.
Leia mais:
E é isso que acontecerá: a bancada ruralista apresentou um requerimento com esse objetivo ontem e, segundo Cunha, o Regimento da Câmara obriga-o a acatá-lo automaticamente. “Não tenho poder ou competência legal para acabar com a PEC 215 ou nenhuma outra PEC. Tenho de cumprir o Regimento”, afirmou o peemedebista. Com o desarquivamento do projeto, será necessário recriar a Comissão Especial que vai analisá-lo.
Sarney Filho (PV-MA) e Nilto Tatto (PT-SP), que participaram da conversa, são a favor de uma reunião entre deputados ruralistas e socioambientalistas nas próximas semanas para discutir uma alternativa à PEC.
“Os povos indígenas estão entendendo a PEC 215 como uma quebra do contrato estabelecido com eles para garantir seus direitos na Constituição de 1988. Se a PEC seguir tramitando, teremos toda a semana uma manifestação aqui na Câmara contra o projeto”, advertiu Tatto. O petista acredita que a análise e aprovação do projeto vão acirrar os conflitos entre povos indígenas e produtores rurais. “Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que a Comissão Especial não seja aberta e não funcione”, disse Sarney Filho.
Com a eleição de 2014, foi eleito o Congresso mais conservador desde os tempos do regime militar. A bancada ruralista é o bloco de maior expressão na Casa, e tem enorme influência nas decisões do plenário. Cunha negou que tenha feito um acordo com os ruralistas para fazer avançar a tramitação do projeto em troca de apoio à sua eleição para a Presidência da Câmara, ocorrida no fim de semana.
*Essa matéria foi escrita pelo Comitê de Comunicação da Mobilização Nacional Indígena e publicada inicialmente no site do Instituto Socioambiental (ISA).

Thursday, February 5, 2015

Só faz mal quando respira

Mais de 250 mil pessoas que habitam nas maiores cidades da China podem ter suas vidas encurtadas graças aos altos níveis de poluição do ar 

 
Poluição em San Jian Fang Xiang, no centro da cidade de Beijing.
© Wang Yi Kun / Greenpeace

Pesquisa realizada por uma das mais importantes universidades da China revela que em uma média de 90 entre 100 mil pessoas vivendo numa das 31 capitais provincianas do país podem morrer prematuramente devido à longa exposição aos níveis recordes de poluição.
Esse é o primeiro grande estudo a usar o histórico de concentração PM – ou material particulado, o conjunto de poluentes constituído de fumaça, poeira e material sólido e líquido suspenso no ar – de cada capital provinciana para mapear os impactos da poluição urbana em mortes prematuras a longo prazo.


Chineses usam máscara para respirar melhor na praça Tian An
Men, com o memorial de Mao Tse-Tung ao fundo.
© Yin Huang / Greenpeace

A análise, feita em parceria com a Universidade de Peking (Beijing) e o Greenpeace, também mostra que se as cidades afetadas tivessem mantido o nível de poluição do ar dentro do estipulado, 41 mortes prematuras a cada 100 mil pessoas poderiam ser evitadas.


 
Pela primeira vez em 2015 o nível de poluição
do ar foi classificado como "perigoso" (15/01).
Usando uma máscara, ativista do Greenpeace
mostra a diferença entre a poluição e o ar limpo.
© Yang Di / Greenpeace

A publicação vem num momento crítico para a China: é nesse período do ano que os piores níveis de poluição do ar são atingidos em Beijing, Tianjin e outras cidades vizinhas a Província de Hebei.
A cidade de Shijiazhuang, em Hebei, tem a taxa anual mais alta de poluição da China e consequentemente, tem o maior número de mortes prematuras de todas as 31 capitais chinesas: 137 falecimentos a cada 100 mil pessoas.
Já a cidade de Beijing exeperienciou 2,5 mil mortes e a perda de US$328 milhões em 2012 por causa do alto nível de poluição PM 2.5.
“Essas descobertas questionam mais uma vez o coração desenvolvimentista da China, baseado em indústrias sujas”, comenta Fang Yuan, coordenador de campanha do Greenpeace China. Segundo ele, a prosperidade e os níveis de vida continuam subindo, mas milhões de pessoas ainda têm suas vidas encurtadas por causa da poluição, o que não precisa ser assim: “O fato do consumo de carvão da China cair enquanto a economia continua em expansão mostra que as cidades engasgadas pela fumaça não são um subproduto inevitável do modelo de crescimento”.


Cidade industrial de Qiangang. Conhecidas como "cidades de
ferro e aço", a China tem inúmeras cidades industriais altamente
poluentes. © Lu Guang / Greenpeace

Pesquisadores usaram o dado PM 2.5 de 2013 e a metodologia da Organização Mundial de Saúde. As mortes prematuras relacionadas com o nível de poluição do ar em 2013 podem ocorrer em vários momentos no período entre um e dez anos.
"Com dezenas de milhares de vidas na balança, é crucial que as autoridades chinesas corram para implementar planos para frear a queima de carvão e limpar a poluição do ar”, completa Yuan.

Wednesday, February 4, 2015

Kayapó serão recebidos por Eduardo Cunha

Após visita dos Munduruku à Brasília, índios Kayapós chegam à capital federal com demandas similares: frear a PEC215 e avançar na demarcação de Terras Indígenas

 
Índios Kayapós chegam à Brasília para cobrar por direitos.
© Instituto Kabu 

Cerca de 50 lideranças Kayapó, das Terras Indígenas Baú e Mekragnotire, chegaram a Brasília na última segunda-feira, dia 2, com o objetivo de reunirem-se com a presidente Dilma Roussef e o recém eleito presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Os Kayapó foram recebidos nesta terça-feira (3) pelo secretário de Articulação Social da Presidência da República, Paulo Maldos, que auferiu os documentos trazidos pelos indígenas sobre a execução do Plano Básico Ambiental (PBA) da BR-163 e a Proposta de Emenda Constitucional PEC215.
Após uma articulação das entidades em defesa dos direitos indígenas e dos deputados federais Nilton Tatto (PT-SP), Chico Alencar (PSOL-SP) e Sarney Filho (PV-MA), o novo presidente da Câmara agendou uma reunião com as lideranças Kayapó para esta quarta-feira, dia 4, às 15 horas.

Leia mais:
Na pauta, a entrega de uma carta produzida pelos Kayapó sobre como os deputados irão tratar os temas indígenas e sobre os compromissos assumidos com ruralistas, que querem aprovar a PEC215, emenda que transfere do governo federal para o legislativo a responsabilidade pela demarcação de Terras Indígenas.

Leia a carta aqui.

Na última quinta-feira, dia 30, representantes do povo indígena Munduruku também estiveram em Brasília e foram recebidos pelo ministro da Secretaria-geral da Presidência, Miguel Rossetto. Na reunião, entregaram em mãos sua proposta de consulta baseada na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

*Essa matéria é do Comitê de Comunicação da Mobilização Nacional Indígena

Tuesday, February 3, 2015

Segue o seco

Assista aqui os principais trechos do Papo Greenpeace “Sampa Seca” sobre o colapso da produção e abastecimento de água em São Paulo, interior e boa parte do Brasil 

 
Relatos de quem está na linha de frente da crise hídrica, vivendo a falta de água em Itu, interior de São Paulo e cidade símbolo da escassez, e às margens do Sistema Cantareira, principal manancial que abastece a Grande São Paulo – e que está praticamente zerado. Análises, propostas e dicas de quem está pensando práticas e estratégias para encarar, lidar e nos adaptar ao agravamento da situação em São Paulo, no interior e no Brasil. O Papo Greenpeace da quinta-feira passada,  batizado de Sampa Seca, reuniu vozes destas duas dimensões da crise socioambiental que, por sinal, não deve acabar tão cedo. Carlos Thadeu, do Idec, Monica Seixas, do movimento Itu Vai Parar, Claudia Visoni do movimento Cisternas Já e Marcelo Delduque, criador da RPPN Serrinha, na região do Cantareira, além de Pedro Telles, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace. Assista aqui os principais momentos:

Video 1

“As donas de casa foram às ruas de Itu”

Monica Seixas, do Movimento Itu Vai Parar, é jornalista e hoje luta pelo direito à água na cidade onde mora, Itu.

Video 2

“Nós estamos falando de uma crise parecida com situações de guerra”

Carlos Thadeu, gerente técnico do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), também foi redator chefe da revista do mesmo instituto. Trabalhou na Folha de S. Paulo e no WWF-Brasil.

Video 3

“Não é só desligar a torneira: é pensar a cada ato se precisa mesmo ligar”

A jornalista e pesquisadora Claudia Visoni é do Movimento Cisterna Já, uma iniciativa independente de cidadãos preocupados em aumentar a resiliência urbana diante da crise da água.

Video 4

“A vegetação está ressurgindo no leito da represa”

Marcelo Delduque é um dos administradores da RPPN Fazenda Serrinha, ou Reserva Particular do Patrimônio Natural da Fazenda Serrinha, que fica em Bragança Paulista, interior de São Paulo. A reserva ecológica, que fica ao lado da represa Jaguari-Jacareí, funciona como um centro cultural e promove o Festival de Arte Serrinha.