Wednesday, April 30, 2014

Índios: alvo certeiro da violência fundiária


Charge produzida pelo cartunista e ativista político Carlos Latuff, na época da divulgação de vídeo em que deputados federais incitam ódio, preconceito e violência contra indígenas

Que a investida anti-indígena no Brasil dos dias de hoje não encontra paralelo desde os tempos da ditadura militar, a gente já sabia. Mas essa constatação refletida na crueza dos números é um tanto quanto assustadora. O relatório Conflitos no Campo 2013, divulgado pela CPT (Comissão Pastoral da Terra) na última segunda-feira (28), demonstra que os indígenas vêm incontestavelmente protagonizando as estatísticas de violência e assassinatos relacionados à disputa por terras no país, especialmente nos estados do Mato Grosso do Sul e Bahia.
Das 1.266 ocorrências relacionadas ao conjunto dos conflitos no campo no Brasil, 205 estão relacionadas a indígenas. Dessas, 154 referem-se a conflitos por terra ou retomada de territórios e 11 a conflitos pela água. No quadro de violências, das 829 vítimas de assassinatos, ameaças de morte, prisões, intimidações, tentativas de assassinato e outros, 238 são indígenas. Das 34 mortes por assassinato, 15 são de indígenas. São também índios 10 das 15 vítimas de tentativas de assassinato, e 33 das 241 pessoas ameaçadas de morte.
Somente no Mato Grosso do Sul, 15 índios foram ameaçados de morte, 7 sofreram tentativa de assassinato e 3 foram assassinados. Roraima também apresenta incidência indígena em 100% dos casos de assassinatos. Na Bahia, dos 6 assassinatos, 4 são de indígenas; e das 3 tentativas de assassinato, 1 é contra indígena, além de 3 ocorrências de ameaça de morte. “Não se tem registro de situação semelhante em outro momento dos 29 anos que a CPT publica o relatório Conflitos no Campo Brasil”, diz a nota da entidade.
A maior parte dos óbitos de índios (5) ocorreu em Roraima, com o povo Yanomami. Em seguida vem a Bahia (4), onde uma disputa antiga entre fazendeiros e índios Tupinambá no sul do estado obrigou o governo federal a enviar a Força Nacional para conter a violência. Mato Grosso do Sul registrou três mortes de índios Guarani. Amazonas, Pará e Paraná registraram uma morte de indígena cada. As demais vítimas, um total de 19, são posseiros, sem-terras, trabalhadores rurais, pescadores e assentados.
Apesar de o número geral de conflitos no campo em 2013 ter sofrido um pequeno recuo com relação ao ano de 2012 – foram registrados 1266 conflitos contra 1364 no ano anterior – a Amazônia continua sendo o principal palco dessas disputas. Nela se concentram 20 dos 34 assassinatos constatados (59%) e 174 das 241 pessoas ameaçadas de morte (72%). Das populações tradicionais que foram vítimas de algum tipo de violência em 2013, 55% também se localizam na região. Os conflitos, segundo o relatório, ocorrem principamente com madeireiros, mineradores, grileiros, além do próprio governo federal, com a instalação de grandes obras de infraestrutura.
Sob a guarda do Estado
Segundo o portal G1 apurou, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República informou que 99 indígenas ameaçados de morte foram incluídos no Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, que fornece proteção especial e no qual está incluído o cacique Babau Tupinambá, recentemente liberado da prisão por uma acusação infundada de assassinato contra um agricultor.
A prisão de Babau ilustra a situação de um dos conflitos mais acirrados em andamento acontece no Sul da Bahia, onde seu povo reivindica a demarcação de uma área de 480 km², localizada nos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema, originalmente ocupada por eles. O problema aparece quando os donos das 600 propriedades rurais se opõem à devolução da área aos indígenas.
De acordo com a Funai, atualmente há 426 terras indígenas regularizadas, que representam 12,2% do território nacional. Mas a maioria delas (98,75%) se encontra na Amazônia Legal, enquanto que 554.081 dos 896.917 índios existentes no Brasil, segundo o Censo do IBGE de 2010, estão nas outras regiões, que concentram 1,25% da extensão de terras indígenas demarcadas.

PLs tentam barrar agrotóxicos em São Paulo

Greenpeace se junta à entidades pelo fim de alimentos nocivos à saúde e pela inclusão de alimentos orgânicos na merenda escolar do município


Avião espalha agrotóxicos em plantação em Sinop, Mato Grosso. (© Greenpeace / Daniel Beltrá)


Representantes de diversas entidades que formam a Frente pela Alimentação Saudável pela Agricultura Orgânica e Contra o Uso de Agrotóxicos, dentre elas o Greenpeace, foram recebidos na Câmara Municipal de São Paulo pelo presidente da Casa, o vereador José Américo (PT). O intuito é pedir apoio ao vereador para que ele mobilize parlamentares pela aprovação de dois projetos de lei por uma alimentação mais saudável na cidade de São Paulo.
O primeiro projeto de lei, o PL 451/2013, foi formulado pelos vereadores Gilberto Natalini (PV), Ricardo Young (PPS) e Nabil Bonduki (PT) e tem como objetivo a obrigatoriedade de inclusão de alimentos orgânicos na alimentação escolar do Sistema Municipal de Ensino do Município de São Paulo. Já o PL 891/2013, de autoria dos vereadores Toninho Vespoli (PSOL) e Nabil Bonduki, proíbe o uso e comercialização de agrotóxicos no Município de São Paulo.


Desde 2008, o Brasil é líder no consumo mundial de agrotóxicos. De acordo com a ANVISA, 20% dos agrotóxicos produzidos no mundo vem parar no País, já que muitos deles são proibidos em seus países de origem.
É impossível ignorar os impactos dessas substâncias, como a abamectina, o acefato, o triclorfom, o carbofurano, entre outros. Esses pesticidas alteram o DNA e levam à carcinogênese, ou seja, a formação de câncer, atingindo desde os trabalhadores rurais e animais até os consumidores finais.
O presidente da Federação Interestadual dos Nutricionistas (Febran), Ernane Rosa, que solicitou o encontro com o vereador José Américo, destaca que essa luta é difícil em âmbito nacional: “O lobby das empresas conseguiu fazer com que a nossa legislação flexibilizasse e permitisse o uso dessas substâncias que já foram banidas em seus países de origem. Em nível nacional é mais difícil lutar contra os ruralistas por isso adotamos a estratégia de barrar localmente, com uma legislação municipal”.
O projeto de lei 891/2013 dispõe também sobre a promoção e valorização da agricultura familiar, que produz alimentos orgânicos e livres de substâncias tóxicas, garantindo preço competitivo e geração de trabalho, sempre com técnicas de produção sustentáveis. O presidente da Câmara Municipal de São Paulo acenou positivamente e sugeriu audiência pública para os próximos dias.

Rainhas da biodiversidade, abelhas correm perigo






A natureza age como um corpo único, interligado de uma maneira altamente complexa e sustentável. Uma alteração em certo ponto da cadeia natural se reflete, muitas vezes, no resto do processo como um todo. E esse impacto, se não corrigido, torna-se cada vez mais visível na biodiversidade do planeta.
Com seu zumbido alto e ferrão dolorido, as abelhas são responsáveis por um processo essencial à vida do homem e do planeta: são as rainhas da polinização. Ao buscarem o pólen nos campos para a produção de mel na colmeia, as abelhas espalham esses minúsculos grãos (futuras sementes) na região que habitam, colaborando para a manutenção da biodiversidade.


No entanto, as colônias de abelha estão cada vez mais escassas e o processo de polinização fragilizado. O Greenpeace foi pesquisar em campo o que acontece com a população de abelhas na Europa e produziu o estudo “O Fardo das Abelhas”, ou “The Bees’ Burden” em inglês, que aponta como o uso de agrotóxicos e pesticidas nas plantas pode acabar com as abelhas. O documento pode ser lido aqui, em inglês.
O relatório analisou o pólen coletado pelas abelhas e levado de volta à colmeia: mais de dois terços estavam contaminados por 17 diferentes químicas tóxicas. Um total de 53 tipos de compostos químicos foi detectado ao decorrer do estudo. Este projeto é um dos maiores já realizados na Europa, com mais de 100 amostras retiradas de 12 países europeus numa mesma estação.

A larga escala de produtos químicos sugere que as abelhas estejam expostas a uma perigosa mistura de inseticidas, fungicidas e acaricidas, sendo que esse pólen que vai para a colmeia serve de alimento às larvas, abelhas operárias, zangões e até a abelha rainha.
É urgente a necessidade de protegermos nossas abelhas e nossa agricultura, já que os agrotóxicos afetam profundamente a qualidade de vida dos humano também. Políticas públicas e leis vigorosas contra os produtos químicos devem ser tomadas, banindo definitivamente das plantações as substâncias tóxicas.
Uma das maneiras de começar esse processo seria incentivar a agricultura orgânica, que produz comida sem agrotóxicos, visando a não poluição e técnicas de proteção de peste a longo prazo. A agricultura orgânica e sustentável é uma das principais maneiras de salvar as abelhas e produzir comida saudável à população.
Junte-se a nós tomando iniciativa agora. Faça parte do movimento global para salvar as abelhas e garantir a agricultura orgânica assinando a nossa petição.

Monday, April 28, 2014

Petróleo do Ártico vai para França

A francesa Total adquiriu primeiro carregamento do óleo, que chega à Europa dia 2


Navio cargueiro Mikhail Ulyanov navega no Atlântico Norte (©Dmitrij Leltschuk/ Greenpeace)

O navio Mikhail Ulyanov transporta, neste momento, uma grande controvérsia rumo à Europa. A Gazprom, a gigante petrolífera russa, negociou seu primeiro carregamento de petróleo proveniente da região do Ártico com a francesa Total. Vale lembrar que o CEO da empresa, Christophe de Margeria, declarou em 2012 evitar a compra de óleo vindo do Ártico visto as graves consequências de um possível vazamento.
O carregamento atrai controvérsias desde a semana passada, quando o presidente russo Vladimir Putin, em entrevista ao vivo com o chefe da Gazprom, aclamou a saída do navio M. Ulynov do mar de Pechora rumo à Europa. Putin declarou que o óleo proveniente do Ártico vai impulsionar a presença da Rússia no mercado global de energia.
Acompanhe a trajetória ao vivo do navio Mikhail Ulyanov (conteúdo em inglês).
“O fato de a Rússia achar um cliente como a Total fortalece o jogo geopolítico do presidente Putin, que já tem na manga contratos com a Shell e BP para perfurarem a região do Ártico. É preciso desestimular essa atividade urgentemente, voltando a atenção para energias limpas e mais eficientes”, explica Ben Ayliffe, coordenador da campanha Salve o Ártico.
Em setembro de 2012, o presidente da Total declarou em entrevista ao jornal inglês Financial Times que “o petróleo da Groenlândia [região que faz parte do Ártico] seria um desastre” e completou que um vazamento poderia arruinar a imagem da companhia.
Para Ayliffe, “a decisão de comprar esse primeiro carregamento é de total hipocrisia, uma vez que Christophe De Margerie fica feliz em comprar produtos cujo risco de operação recai sobre outra empresa”.

Thursday, April 24, 2014

Violação de direitos humanos à luz do dia


Antes de se entregar à Polícia, cacique Babau Tupinambá discursa em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos, na Câmara dos Deputados (Foto: Mário Vilela / Funai).

Nesta quinta-feira (24), semana que sucede o Dia do Índio, foi realizada uma sessão conjunta das comissões de Direitos Humanos da Câmara e do Senado, que discutiu a situação dos conflitos agrários e direitos indígenas no Brasil. No evento, que contou com a participação de parlamentares, representantes da sociedade civil, indígenas e do governo, foi denunciada a paralisação da demarcação de Terras Indígenas em todo o país, além das propostas e projetos do Legislativo e medidas do Executivo que pretendem criar uma série de obstáculos ao já arrastado processo demarcatório.

A subprocuradora-geral da República, Deborah Duprat, discursou na audiência, dizendo que “a inércia do poder Executivo, somada ao desconhecimento profundo do poder Judiciário, ou uma certa lealdade ao princípio da propriedade privada, ainda tão fortemente arraigado nos órgãos do Estado, vêm criando um ambiente de ataque constante a esses povos no Brasil”. Ela citou ainda um requerimento proposto pelo deputado Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR), recém-aprovado na Comissão de Agricultura da Câmara, que visa discutir a retirada da ratificação do Brasil na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
“Se isso fosse possível, em nada alteraria os dispositivos constitucionais relacionadas aos povos indígenas e quilombolas. É só mais uma iniciativa que vem se somar a tantas outras que tentam abolir os direitos conquistados na Constituição, na Convenção 169 e na declaração da ONU para povos indígenas, que atestam que essa é uma sociedade plural, que esse Congresso tem a obrigação de defender”, declarou.
Já a presidente interina da Funai, Maria Augusta Assirati, também presente na reunião, afirmou que as ações de desintrusão de terras indígenas exigem muito esforço do Estado por enfrentarem grande resistência por parte de fazendeiros locais e grupos políticos, que se organizam para impedir que os indígenas ocupem seus territórios tradicionais. “Existe esse passivo e o Estado brasileiro ainda não conseguiu se redimir com os povos indígenas com relação a isso.”
Cacique se entrega à Polícia
Durante a audiência, o cacique Babau Tupinambá, líder indígena do sul da Bahia que teve mandado de prisão expedido no dia 20 de fevereiro, acusado de matar um pequeno agricultor, concedeu um depoimento emocionado antes de se declarar “pronto” para se entregar à Polícia Federal.
“Estão querendo nos tirar do nosso território, lugar de onde nunca saímos desde o primeiro encontro com os portugueses na praia de Ilhéus. E pra isso querem nos matar. Querem não, estão nos matando. Daqui eu vou sair direto para a prisão, acusado de assassinato. Nós não matamos ninguém. Esses que degradam com nós, sim, esses matam. Oito parentes já foram fuzilados dentro da nossa aldeia. Isso está sendo divulgado aqui? Não. Porque não interessa. O que vemos é nossa gente sendo sitiada, acuada, dizimada. Isso é uma vergonha para um país que tem tanta terra. Dito isso, pode por favor avisar ao delegado encarregado de vir me prender, que eu estou pronto.”
Babau seguiu de lá direto para a sede da PF em Brasília. Sua caçada teve início quando foi impedido de viajar até o Vaticano, para um encontro com o papa Francisco, a convite da CNBB. Sua prisão preventiva foi decretada pela Justiça Estadual do município de Una (BA), sob a alegação de que o cacique não foi encontrado para depor em inquérito que investiga a morte de um agricultor da região. Babau afirmou sempre ter estado à disposição das autoridades, inclusive por fazer parte do Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Segundo uma fonte da PF, a prisão foi decretada para impedir o cacique de viajar. Cleber Buzatto, secretário-executivo do Cimi, disse acreditar que o mandado tem a intenção de viabilizar o seu assassinato, já intentado em outras ocasiões. O inquérito policial que baseou a decisão judicial foi realizado em apenas 10 dias, sem efetivo policial suficiente e sem ouvir o contraditório. Já o assassinato do agricultor foi efetivado em local a 40km de distância de onde Babau vive.
No Vaticano, o cacique faria denúncias sobre a situação dos Tupinambá, que há anos demandam o reconhecimento de suas terras sem sucesso e são vítimas de violências e violações dos direitos humanos. Sua aldeia, Serra do Padeiro, fica na TI Tupinambá de Olivença, de 47 mil hectares, que está em processo de demarcação desde 2004 e aguarda parecer do Ministro da Justiça desde 2011.
Resistência tradicional na metrópole
Também nesta quinta, às 17h, no vão do MASP, em São Paulo, aconteceu o Grande Ato de Resistência Guarani, campanha organizada pela Comissão Guarani Yvyrupa. A mobilização teve por objetivo cobrar do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a demarcação das TIs Tendendé Porã e Jaraguá, na Grande São Paulo. Cerca de 3,5 mil pessoas estiveram presentes em apoio ao movimento.

22 anos de muitos mais

Com mais de duas décadas no Brasil, Greenpeace comemora aniversário com avanços, vitórias e desafios que continuará enfrentando.

No sábado, 26 de abril, o Greenpeace completa 22 anos de presença no Brasil. É um momento de comemoração, mas também de reflexão sobre o que foi realizado até agora e quais caminhos vamos querer trilhar no futuro.

Em mais de duas décadas de história, tivemos avanços e vitórias, mas os desafios ainda existem. Apesar dos níveis de desmatamento terem diminuído, as taxas ainda são alarmantes. Mesmo com contratação recorde de energia eólica em 2013, o governo prevê apenas 3% dos investimentos do setor para energias renováveis. O Brasil precisa de veículos mais eficientes e investir na tecnologia de carros elétricos para diminuir as emissões de gases do efeito estufa do setor de transportes.
Aniversário também lembra presente e o melhor que você pode oferecer ao Greenpeace nesta data tão especial é o seu apoio. Peça à Fiat, Volskwagen e Chevrolet, as montadoras que mais vendem carros no país, adotem tecnologias mais modernas em seus carros. Assine a petição e compartilhe nas redes sociais.
Esse presente que não é apenas para o Greenpeace, mas para todos, pode vir de outras formas. Você pode ajudar as florestas brasileiras a continuarem em pé, proteger o Ártico e pedir a criação de um santuário internacional na região e ainda defender as florestas da Indonésia do desmatamento.

Comemore conosco e junte-se a nós nesses 22 anos de história.

Wednesday, April 23, 2014

Papo Greenpeace sobre transportes




 

Vamos conversar sobre transportes? Na terça-feira, dia 29 às 20h, Iran Magno, coordenador da campanha de Clima & Energia, participará do #PapoGreenpeace. Ele nos contará mais sobre a nova campanha do Greenpeace por um transporte mais eficiente e sobre a mobilidade urbana das cidades brasileiras. Hoje, no Brasil, o setor de transportes é um dos que mais contribuem para o aquecimento global.
Facebook Twitter
Sua participação é muito importante. Envie sua pergunta pelo Twitter com a hashtag #PapoGreenpeace ou deixe um comentário com a sua pergunta no evento do Facebook. O papo será transmitido aqui, nesse blog, basta acessar esse link alguns minutos antes de começar.
Já é hora de o Brasil ter carros mais eficientes como os da Europa.

Kumi Naidoo escreve à Dilma

Carta entregue terça-feira alerta para a criminalização dos movimentos sociais no Brasil


Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace Internacional. (© Bodo Marks / Greenpeace)

Um dos representantes da luta contra o apartheid na África do Sul, Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, enviou uma carta à presidenta Dilma Rousseff chamando atenção para a abordagem do governo em relação aos protestos que vêm tomando cada vez mais corpo no Brasil.
Durante sua viagem ao Brasil, no início do mês, Naidoo encontrou-se com representantes da Conectas, Artigo 19 e Anistia Internacional. Todos demonstraram preocupação com o contexto político atual do país, e por isso viu-se a necessidade de lembrar o governo que os direitos básicos dos cidadãos precisam ser respeitados.
A carta lembra a presidenta dos anos de ditadura, um regime opressor que acabou com o direito fundamental de muitos e por isso combatido com energia por pessoas como a própria Dilma. Naidoo se mostra preocupado com o contexto político atual do País, que tende para a repressão de movimentos populares por meio de leis antidemocráticas que tramitam no congresso nacional.
“O fato de que muitas pessoas em todo o mundo ainda vivem em pobreza extrema e sem acesso a serviços básicos - como transporte, saneamento, saúde e educação - só agrava a sensação de que as pessoas não são devidamente representadas pelas instituições oficiais”, escreve Naidoo. Para ele, o governo não deveria se sentir ameaçado quando o povo vai para rua. Deveria, por outro lado, respeitar e ouvir a voz da sociedade, e não tentar calá-la. “De fato, esses projetos de lei parecem servir apenas ao propósito de enfraquecer a intensidade dos protestos populares às vésperas da Copa do Mundo”, acrescenta.
No fim, pede à presidenta que receba as manifestações populares como uma chance de construir uma sociedade mais justa e igualitária para os brasileiros, ressaltando que toda e qualquer tentativa de silenciar as “vozes da mudança” vindas da rua deve ser abandonada.
Leia a carta na íntegra:
Exma. Sra. Presidenta,
A luta pela democracia marcou a história do Brasil profundamente. Por mais de 20 anos, brasileiros e brasileiras viveram sob a sombra da ditadura, um regime repressor que encolheu direitos democráticos fundamentais - como o direito à organização, ao protesto e à liberdade de expressão. Apesar das forças estatais terem sido fortemente usadas para silenciar os que eram contra o regime, isso não impediu que as pessoas lutassem por seus direitos - pessoas como a senhora, Presidenta. Eu fiz o mesmo na África do Sul lutando contra o apartheid e leis antidemocráticas.
Muitas coisas mudaram de lá pra cá e o Brasil agora é uma democracia. Mas depois de minha recente viagem ao país, gostaria de alertá-la para algumas coisas que estão acontecendo e que me preocupam, porque colocam a democracia brasileira em risco e ameaçam enfraquecer direitos fundamentais de todos os cidadãos.
Assim como vi em muitos lugares ao redor do mundo, as pessoas estão revoltadas com o aumento da corrupção e da impunidade, e com a falta de ação sobre problemas sociais e ambientais. Conflitos no campo vêm sendo agravados por ataques constantes aos direitos indígenas e aos movimentos de pequenos agricultores em nome de poderosos interesses econômicos. Além disso, o fato de que muitas pessoas em todo o mundo ainda vivem em pobreza extrema e sem acesso a serviços básicos - como transporte, saneamento, saúde e educação - só agrava a sensação de que as pessoas não são devidamente representadas pelas instituições oficiais.
Essas são as forças por trás dos protestos que estão acontecendo em todo o planeta - Egito, Grécia, Turquia e também no Brasil - e que são parte fundamental de qualquer sociedade verdadeiramente democrática. Quando as pessoas se reúnem para dizer a seus governos que elas querem que eles ajam e mudem, os governos não deveriam se sentir ameaçados. Pelo contrário, eles deveriam permitir que as vozes da mudança fossem ouvidas e respeitadas
Mas o que vemos pelo mundo são governos usando mais e mais formas de repressão para silenciar protestos pacíficos. Infelizmente, isso pode ser visto em muitas ruas do Brasil hoje em dia - levando a mais protestos e criando um certo grau de violência durante as manifestações.
Eu compreendo a revolta legítima que as pessoas sentem a respeito da repressão policial e do abuso de poder. Também estou ciente que muitos governos sob pressão tentam desmobilizar protestos pacíficos autênticos pelo uso da força. Já vi isso acontecer em muitos lugares como uma tentativa de fazer com que nossas causas pareçam ilegítimas quando o problema real é que os governos não sabem como lidar com manifestações de massa.
Diversas organizações de direitos humanos trabalhando no Brasil - incluindo Anistia Internacional, Conectas e Artigo 19 - demonstraram grande preocupação com a escalada de violência nas ruas e como isso tem sido usado para criminalizar movimentos sociais. Temos acompanhado com preocupação a tramitação de projetos de lei no Congresso Nacional que restringem os direitos democráticos brasileiros. De fato, esses projetos de lei parecem servir apenas ao propósito de enfraquecer a intensidade dos protestos populares às vésperas da Copa do Mundo.
Devo dizer, Sra. Presidenta, que a violência não nos ajuda. Em tempos como este, não temos escolha a não ser agir ainda mais pacificamente, ser mais confrontativos e defender nossa democracia e todos os valores que nos são caros: o direito ao protesto, o direito à livre associação e organização, a liberdade de expressão.
Por isso eu peço, Sra. Presidenta: receba e acolha os protestos no Brasil como uma oportunidade para construir uma sociedade mais justa, diversa e livre, e olhe para os manifestantes como aqueles que estão dispostos a ajudar o governo a construir esse novo caminho. Refute e lute contra qualquer tentativa de silenciar as vozes de mudança vindas das ruas - pelo contrário, faça tudo o que estiver a seu alcance para garantir um ambiente democrático que permita participação pública ampla nas decisões políticas do Brasil.
Com respeito e amor,
Kumi Naidoo
Diretor Executivo
Greenpeace Internacional
Veja a mensagem de Kumi Naidoo aos brasileiros:


Redescobrindo o Brasil em tempo de retrocesso



Neste 22 de abril, dia em que se comemora o Descobrimento do Brasil – e três dias depois da data que celebra o Dia do Índio – os brasileiros se perguntam: o Brasil foi de fato descoberto ou invadido? E questionam se ainda é possível a construção de um país mais justo, que honre os direitos de todos os seus habitantes, incluindo os mais antigos e tradicionais ocupantes dessa Terra Brasilis.
Depois de séculos de opressão, na Constituinte de 1988, o Congresso Nacional brindou os povos indígenas com o reconhecimento do direito originário a seus territórios – isto é, um direito que já existia mesmo antes da adoção da lei em si. Entretanto, hoje, mais de duas décadas depois, o mesmo Congresso está analisando propostas e projetos, como a PEC-215, o PLP-227 e o PL-1610, que, se aprovados, enfraquecerão os direitos desses povos de ocuparem plenamente suas terras Brasil afora.
Contra tamanho retrocesso e em apoio a todas as causas da Mobilização Nacional Indígena, um grupo de artistas lançou hoje a campanha Tamuaté-aki, para cobrar dos parlamentares brasileiros mais respeito aos direitos conquistados democraticamente pelos mais de 900 mil indígenas de mais de 300 povos no Brasil, além das dezenas de grupos em situação de isolamento voluntário que evitam o contato com a sociedade.

Assista ao vídeo de divulgação da campanha:
 

A petição pública da campanha tem a intenção, em pleno período pré-eleitoral, de pedir a todos os deputados e senadores que demonstrem seu apoio aos índios e sua oposição a qualquer proposta que vise desconstruir os direitos desses povos consagrados na Constituição Federal. Com a iniciativa individual de cada cidadão, o Parlamento brasileiro pode, mais uma vez, garantir que o Brasil seja um país mais justo, mais diverso e mais livre, para todos os povos.
Em algumas regiões do país, quase tudo o que sobrou da cobertura vegetal nativa se encontra no interior das terras indígenas e das unidades de conservação. Em uma década – entre 1998 e 2009 –, somente na Amazônia, o desmatamento dentro de áreas protegidas foi de 1,22 milhões de hectares, segundo relatório Áreas Protegidas na Amazônia Brasileira, Avanços e Desafios, produzido pelo Imazon e ISA em 2011.
Dentre elas, as terras indígenas apresentaram o menor percentual de perda de cobertura florestal: 1,5% do total de suas áreas foram desmatadas. E isso só pode representar uma coisa: defender Terra Indígena é defender a floresta.
Esse dado comprova que a diversidade sociocultural dos povos tradicionais caracteriza um patrimônio da sociedade brasileira como um todo, e por isso merece a atenção particular de cada um. A demarcação dos territórios indígenas, hoje paralisada pelo Executivo e ameaçada pelo Congresso, é condição básica de sobrevivência para essas populações e, portanto, para uma herança que é de todos.
Minuta do atraso
Enquanto a sociedade se mobiliza, o governo anda para trás. O Ministério da Justiça, órgão que hoje possui a atribuição de analisar os pedidos de demarcação de terras indígenas, divulgou há algumas semanas, uma Minuta de Proposta para promover alterações no procedimento demarcatório dessas áreas.
Com o documento, o ministro José Eduardo Cardozo tenta reavivar, 50 anos depois, mecanismos da ditadura militar para a demarcação de territórios tradicionais. A proposta do Ministério contraria decisões recentes, inclusive tomadas pela Corte Suprema do país, o STF, caso do julgamento sobre a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, entre outros.
A minuta também permite a interferência de grupos contrários à demarcação desde os primeiros momentos do procedimento de identificação e delimitação das terras indígenas, inviabilizando até mesmo o trabalho de campo dos profissionais técnicos.
Contra mais esse retrocesso, dessa vez vindo diretamente do Executivo, organizações indígenas e indigenistas que participam da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) divulgaram um parecer, no último dia 08 de abril, em que analisam a proposta e sintetizam nove principais conclusões, sendo a última delas um recado claro para o governo federal:
“Uma eventual publicação da Portaria em questão reforçará compreensão, por parte dos povos indígenas, organizações de apoio aos povos e da sociedade em geral de que o Governo Dilma é claramente anti-indígena, aliado de primeira hora dos ruralistas, alinhado aos interesses do poder econômico nacional e transnacional, notoriamente do agronegócio, e obstinado por um modelo de desenvolvimento neocolonizador, usurpador de territórios, etnocida e ecocida”.
Isso talvez responda à pergunta inicial do texto. Ou precisa desenhar?

Saturday, April 19, 2014

Dia do Índio – pra quem?


Índios Guarani ocupam sede do Museu Anchieta, em São Paulo, em campanha pela demarcação de suas terras (Foto: Comissão Guarani Yvyrupa).

Esse 19 de abril, cunhado nacionalmente como Dia do Índio, não será movimentado como o do ano passado em Brasília, já que a data coincidiu com o feriado de Páscoa e as sedes do poder federal estão desertas, como de costume. Mas isso não significa que os povos indígenas estejam calados e satisfeitos.
“‘Dia do índio’, para nós, será o dia em que o Ministro Cardozo assinar a demarcação de nossas terras!”, disse Neike Xondaro Kuery, liderança do povo Guarani na última quarta-feira (16). Sua fala representa a insatisfação de todos os representantes das mais de 300 etnias que resistem no Brasil hoje.
Em alguns estados, como São Paulo e Pará, as manifestações, protestos e ações que demonstram a preocupação com a garantia de seus territórios, seus direitos constitucionais e sua sobrevivência não deixaram a semana passar em branco.
Na capital paulista, a Comissão Guarani Yvyrupa lançou, na última segunda-feira (14), uma petição para pedir que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, assine as portarias de demarcação das Terras Indígenas Tenondé Porã, no extremo sul da Grande São Paulo, e Jaraguá, ao norte da metrópole.
No dia 16, os índios, primeiros habitantes do estado, ocuparam o Largo do Pátio do Colégio Anchieta, espaço interno do Museu Anchieta, no centro de São Paulo. Lá permaneceram até o dia 17, quando foi lançada a campanha "Resistência Guarani SP", para manter a mobilização em defesa da demarcação das duas áreas.
A petição será encaminhada ao ministério, junto com uma caneta com trançado tradicional Guarani e outros presentes produzidos pela comunidade. Veja aqui o vídeo da campanha.
Enquanto isso, no campo…
Mais especificamente nas Terras Indígenas Cachoeira Seca e Menkragnoti, respectivamente dos povos Arara e Kayapó, denúncias da Funai (Fundação Nacional do Índio) e das próprias lideranças indígenas sobre a exploração ilegal de madeira levaram o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) a realizar duas operações de fiscalização recentes.
Na TI Cachoeira Seca, a ação, que aconteceu entre os dias 5 e 10 de abril com o apoio de servidores da Funai e de agentes da Polícia Federal, resultou em multas no valor de R$ 7,5 milhões e no embargo de 700 hectares de área no interior da terra indígena. Foram apreendidos três tratores, um caminhão adaptado para carregar toras, uma serraria portátil, quatro motosserras, três espingardas e 57 metros cúbicos de madeira em tora.
Foram destruídas ainda duas serrarias portáteis e um trator encontrados abandonados no interior da terra indígena, juntamente com madeira extraída da área. O maquinário foi destruído com o objetivo de cessar o dano ambiental que os equipamentos continuariam causando na área.
Já na Terra Índigena Menkragnoti, de cerca de 4,9 milhões de hectares, a parceria entre o Ibama e os Kayapós resultou na detenção em flagrante de 40 pessoas, na destruição de 11 acampamentos de madeireiros e na apreensão de 26 motoserras, além de multas no valor de R$ 50 milhões.

Thursday, April 17, 2014

Fiat responde a consumidores

Ao receber milhares de mensagens pedindo carros mais limpos e eficientes, montadora lista medidas que adota pelo meio ambiente. Greenpeace mantém posição: dá para ir além.



Na última terça-feira, o Greenpeace lançou uma campanha desafiando Fiat, Volkswagen e Chevrolet – líderes em vendas de automóveis no Brasil – a produzir veículos que consumam menos combustível e emitam menos gases estufa. A Fiat começou a responder, por email, às milhares de pessoas que enviaram mensagens pedindo essa mudança. As demais companhias ainda não se manifestaram.
No email enviado pela Fiat (íntegra abaixo), a companhia elenca várias medidas mostrando comprometimento com inovações que reduzem o impacto ambiental de seus veículos. Para exemplificar, a montadora cita um de seus carros novos que, segundo ela, emite menos CO2 que a média.
A Fiat também destaca que 97,5% de seus automóveis são flex, podendo ser abastecidos com etanol. E nesse caso, sugere a empresa, o problema está resolvido, pois o combustível é 100% renovável e “praticamente neutraliza as emissões de CO2 na atmosfera com o ciclo do plantio da cana-de-açúcar”, diz a nota.
O Greenpeace mantém sua posição: dá para ir além. Os novos veículos que a fabricante têm colocado no mercado brasileiro, com eficiência energética superior à média dos veículos nacionais, são a prova disso: a tecnologia não só existe como está acessível. O que o Greenpeace e os consumidores estão pedindo é que essa prática – que significa menos emissões e menos consumo de combustíveis – não seja fato isolado, mas que se torne padrão em todos os veículos produzidos pela montadora.
Se a Fiat já está aplicando essas inovações tecnológicas em alguns de seus automóveis, não há motivos para que ela não se comprometa com as mesmas metas de eficiência energética europeias, alinhando toda sua frota com o que há de mais avançado em termos de redução de consumo de combustível.
Quanto à adoção de motores flex, abastecidos com etanol, não se pode ignorar dois elementos: isso não significa ganho de eficiência energética – desde que foi criada, a tecnologia flex avançou pouco nesse sentido.  E há impactos socioambientais inegáveis da atual produção de biocombustíveis no Brasil, como o desmatamento, o avanço sobre outras culturas alimentares e a contaminação de água e solo por fertilizantes. O investimento em eletromobilidade também pode ser uma resposta a essas questões.
Enquanto esses problemas são solucionados no médio e longo prazo, medidas de eficiência energética são a melhor solução de curto prazo na redução de emissões e de consumo de combustíveis. Esperamos que a Fiat, líder em vendas de carros no Brasil, também lidere o caminho para carros mais limpos e eficientes.

Leia abaixo o email enviado pela FiatAgradecemos o envio de sua mensagem. A propósito do tema que é sua preocupação, gostaríamos de observar que a Fiat foi uma das primeiras fabricantes do país a apoiar voluntariamente o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) criado em 2009 pelo Inmetro, ao informar com transparência aos consumidores os valores de consumo de combustível de seus principais modelos e de emissão de CO2.
A cada novo lançamento, a Fiat investe em tecnologias para ampliar a eficiência energética e reduzir a emissão de CO2, com resultados concretos para a qualidade do ar. O Novo Uno com motor 1.4, que recebeu nota A no PBEV 2014, emite 97,4 gramas de CO2 fóssil – valor que está abaixo da marca exigida pelo Inovar-Auto em 2017 e pelas legislações europeias vigentes, comprovando a constante evolução da Fiat por veículos cada vez mais eficientes. O Palio Fire e o Novo Fiorino, recém-lançados, também trazem importantes inovações como pneus verdes, óleo lubrificante do motor com aditivos de baixo atrito, melhorias aerodinâmicas, entre outras tecnologias e ações, com foco na redução do consumo de combustível. Atualmente, 80% dos veículos produzidos têm pneus de baixa resistência a rolamento (pneus verdes).
Vale destacar que 97,5% dos veículos da marca Fiat comercializados são flex, que podem ser abastecidos com etanol – combustível 100% renovável que praticamente neutraliza as emissões de CO2 na atmosfera com o ciclo do plantio da cana-de-açúcar. Além da escolha do combustível, a manutenção dos veículos também é um importante diferencial com reflexos diretos na emissão de CO2. Velas usadas, filtro de ar sujo, pneus com calibragem fora do padrão e suspensões desalinhadas ampliam, em média, 20% do consumo de combustível. Com o objetivo de conscientizar os motoristas para os riscos da falta de manutenção, a Fiatrealiza, de forma contínua, campanhas educativas.
É importante lembrar também que a Fiat foi a primeira  fábrica de automóveis a conquistar a ISO 14001, em 1997, que atesta a eficácia de nosso Sistema de Gestão Ambiental. E a Fiattambém foi a primeira montadora  do Brasil a conquistar a ISO 50001, de gestão da energia.
Fiat Chrysler América Latina

De olho na Gazprom


Prirazlomnaya, plataforma da Gazprom responsável pelo início das perfurações no Ártico. (©Denis Sinyakov/Greenpeace)

Mesmo com forte pressão internacional, a Gazprom iniciou este ano a exploração de petróleo no Ártico. Embora a petroleira russa tenha apresentado um plano de contingência contra vazamentos recheado de brechas e inconsistências, o primeiro carregamento de petróleo proveniente do Ártico está previsto para chegar à Europa já em maio.
O Greepeace analisou o plano de contingência (Oil Spill Response Plan, ou ORSP em inglês) publicado no site da própria Gazprom, e inúmeras falhas foram encontradas, o que coloca em xeque sua efetividade.
Entre as brechas do texto, algumas podem ser consideradas graves. Falta definir a operação de contingência em caso de vazamento de 1,5 a 5 toneladas de óleo (previsto em constituição), sendo que a Gazprom não leva em consideração as condições extremas da região. Além disso, o OSRP dá preferência à limpeza mecânica, comprovadamente ineficaz em alto-mar e inútil em caso de água encoberta por camada de gelo.
Foram quase vinte anos para que a Gazprom finalmente conseguisse extrair petróleo do Ártico. Pergunta: como, portanto, um documento incompleto de contingência pode ser considerado satisfatório? É essa questão que o Greenpeace vai fazer ao Procurador Geral da Rússia até a chegada do carregamento na Europa.
A irresponsabilidade da Gazprom pode custar muito caro ao planeta inteiro. Nós vamos continuar de olho, pressionando pela preservação do Ártico.

A Taça vem aí. Já a mobilidade...

Quando a Copa foi anunciada, mais uma vez a promessa de melhorias no transporte público das cidades foi renovada. E mais uma vez ela não saiu.


E mais uma vez a mobilidade urbana ficou no papel. Foto: Greenpeace/Otavio Almeida

Na próxima semana, a Taça do Mundo chega ao Brasil, para um passeio pelas 27 capitais. Sorte a dela que virá em carro particular. Porque se dependesse do transporte público, talvez ela não chegasse em seus destinos.
Quando o Brasil foi anunciado como país-sede do Mundial de Futebol, ainda em 2007, junto com o alvoroço veio uma promessa: com a Copa, viria também o legado da mobilidade urbana para o país. Os recursos, afinal, seriam volumosos. Era a chance de botar o sistema de transporte público nos eixos.
Sete anos se passaram e a promessa saiu dos trilhos, não do papel. Os trilhos, na verdade, continuam esperando trens e metrôs prometidos chegarem. Nos pontos de ônibus, milhões de pessoas também esperam, por horas. Enquanto isso, pedestres e ciclistas dão seu jeito para se deslocar pelas cidades sem contratempos.
No ano passado, a panela estourou: milhões de pessoas tomaram as ruas do país para gritar suas insatisfações com os serviços públicos, e os governos sentiram a pressão. O governo federal acabou anunciando o Pacto Nacional da Mobilidade, destinando mais de R$50 bilhões para a área. Somados a outros bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a bolada – de R$143 bilhões - representou mais recursos ao setor do que o investido pelo governo nos últimos dez anos.
Parecia que era a hora da virada. Mas só parecia. Até o fim de 2013, apenas 10% dos recursos tinham sido usados: o resto não saiu da gaveta por falta de projeto e por incapacidade de estados e municípios de entregar o prometido.
Além disso, enquanto os gastos com os estádios da Copa triplicaram nos últimos anos, a grana destinada à mobilidade urbana – que deveria superar em 50% os recursos com estádios – foi secando. Em 2011, a previsão de investimentos nos estádios que vão receber os jogos era de R$ 5,6 bilhões, enquanto em mobilidade era de R$ 11,9 bilhões. Atualmente, ambos estão no mesmo patamar, R$ 8 bilhões, numa inversão de prioridades que o país tem se especializado cada vez mais.
Nessa equação, a conta está saindo caro. Com uma mobilidade que não anda e nem é democrática, os reflexos negativos vão em várias direções. As emissões de gases estufa do setor de transportes aumentam sem freios: foram 143% de crescimento entre 1990 e 2012. Secas no sudeste, enchentes no norte e outros eventos climáticos extremos ao redor do mundo, causando tragédias e afetando milhões de pessoas, indicam que estamos na contramão.
Os gastos médios do sistema de saúde brasileiro com tratamentos e outros custos decorrentes de acidentes de trânsito já estão na casa dos R$ 50 bilhões, sem contar ainda o valor destinado ao tratamento de doenças respiratórias decorrentes da poluição do ar, que também seguem em disparada. São bilhões de reais a cada ano para resolver esses problemas gerados por uma mobilidade mal resolvida.
Quando a Taça e a Copa do Mundo passarem, esses problemas vão ficar. Mas se o evento é icônico do descaso dos governos com a mobilidade urbana, um outro evento que chega em seguida traz novas oportunidades de mudança. As eleições vêm aí, e a sociedade civil precisa aproveitar a oportunidade para uma participação consciente e efetiva, para que a mobilidade que queremos deixe de ser promessa e ajude, de fato, a construir uma cidade melhor para todos.

Fraude no sistema: o conto da madeira legal


Balsa carregada com madeira no Pará, em 2012 (© Rodrigo Baleia/Greenpeace)

Duas recentes ações do Ministério Público Federal para tentar barrar esquemas de fraudes no comércio de madeira no Pará exemplificam o descontrole que impera sobre a atividade madeireira na Amazônia.
Segundo uma das ações, uma falha “aberrante” na comunicação entre os sistemas utilizados pelos estados para controlar o comércio de produtos florestais permitiu a produção irregular de um total de 26,8 mil metros cúbicos de carvão vegetal e madeira serrada. Em outra, a falha permitiu que fosse irregularmente autorizada a comercialização de 1,9 milhão de metros cúbicos de produtos florestais no estado entre 2007 e 2012. Esse volume equivale a uma área de 64 mil hectares de floresta explorada de forma ilegal, pouco mais do que a área urbana do Rio de Janeiro.
“As denúncias feitas pelo MPF revelam um esquema criminoso que se alimenta da madeira produzida de forma ilegal e totalmente predatória, cujo resultado é a destruição da floresta”, disse Marcio Astrini, da Campanha Amazônia do Greenpeace. “E o pior de tudo é que essas fraudes servem para esquentar madeira irregular, que é vendida ao consumidor como se tivesse sido produzida de forma responsável”, completou.
Quando mal feita, a extração madeireira é o primeiro passo para a destruição total da floresta. A degradação causada por ela é uma ameaça silenciosa, difícil de ser detectada pelos satélites e que abre espaço para a ocorrência de incêndios ou para o desmatamento total da área, além do incalculável prejuízo à biodiversidade local.
Ambas as ações do procurador da República Bruno Valente foram propostas contra o estado do Pará e contra a empresa Tecnomapas, que desenvolveu o sistema de comercialização utilizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente. A ação que apontou a falha de comunicação entre os sistemas foi proposta também contra o Ibama e contra nove madeireiras envolvidas no esquema. Nos dois casos, o MPF pede à Justiça que os envolvidos sejam obrigados a corrigir, dentro de dez dias, as falhas que possibilitam as fraudes e que o dano ambiental seja reparado.
Entenda as fraudes
A partir da aprovação de um plano de manejo são gerados créditos florestais, que têm o papel de controlar a produção do setor. As falhas apontadas pelo Ministério Público permitiram a inflação desses créditos no sistema, cujos excedentes foram então utilizados para “esquentar” a madeira ilegal.

Tuesday, April 15, 2014

Carros brasileiros têm tecnologia defasada

Greenpeace inicia campanha para que Volkswagen, Fiat e Chevrolet produzam veículos mais eficientes – como já fazem em outros mercados – e invistam em carros elétricos


Enquanto produzem carros mais limpos e eficientes em outros países, montadoras fazem veículos com tecnologia velha no Brasil.


O Greenpeace apresentou hoje, em São Paulo, o ‘lançamento do ano’: um carro da Idade da Pedra. Com uma tenda da Volkswagen, Fiat e Chevrolet – as montadoras que mais vendem carros no país –, ativistas vestidos com roupas daquela época convidavam pedestres a fazer um test drive. A sátira fazia parte do lançamento de uma campanha desafiando as empresas a adotarem tecnologia mais moderna em seus carros, para que eles consumam menos combustível e emitam menos gases de efeito estufa.
“A União Europeia, os Estados Unidos e vários outros países estão muito mais avançados nas discussões sobre eletromobilidade e já adotaram metas ousadas de eficiência energética para seus veículos. Estamos ficando para trás nessa corrida, colocando nas ruas carros que têm design atual, mas que ainda gastam muito combustível e contribuem largamente para o aquecimento global”, diz Iran Magno, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Na última semana, o estudo “Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito Estufa”, feito pela Coppe/UFRJ em parceria com o Greenpeace, foi divulgado mostrando que as emissões de CO2 dos veículos brasileiros podem reduzir. Segundo os dados, caso as montadoras nacionais seguissem as mesmas metas de eficiência energética europeias, chegaríamos em 2030 com emissões mais baixas que as de hoje, mesmo que a frota de veículos do país dobre, como é estimado.
“Se por um lado precisamos que os governos ofereçam um sistema de transporte público muito melhor que o atual, a indústria de automóveis também precisa tomar medidas para amenizar sua contribuição ao aquecimento global”, diz Magno. “Fiat, Volkswagen e Chevrolet, que detêm 61% do mercado brasileiro de automóveis, já estão produzindo carros mais limpos e eficientes em outros países. Portanto, um alinhamento tecnológico para os veículos produzidos no país é imprescindível. Está na hora de oferecer o mesmo para os consumidores brasileiros, que colocaram o país entre os quatro maiores mercados de carros do mundo”.
O setor de transportes se tornou um dos maiores emissores de gases estufa no Brasil. De 1990 a 2012, segundo o Observatório do Clima, o salto de suas emissões foi de 143%, e continua aumentando. A tendência é global: no domingo, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou relatório mostrando que, se nada for feito, as emissões do setor são as que mais crescerão, superando todas as outras fontes, até 2050.
Os cientistas sugerem que a indústria de veículos adote tecnologias de baixo carbono, melhorando a eficiência energética de seus carros e abrindo caminho para a eletromobilidade. “O que estamos pedindo para as companhias é exatamente o que recomendam os cientistas. O Brasil é uma das maiores economias globais e temos todas as condições de avançar muito mais nessas questões”, diz Magno.
A proposta do Greenpeace é que a indústria brasileira se comprometa com as mesmas metas de eficiência energética da União Europeia, até 2021. Isso significa aumentar em 41% a eficiência de seus carros, tomando como base as taxas de 2011. Além disso, a organização também pede que haja mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para carros elétricos. No site www.ocarroqueeuquero.org.br, lançado hoje pelo Greenpeace, os consumidores podem enviar mensagens às empresas pedindo essas mudanças.

Monday, April 14, 2014

A Era das Renováveis


Ativistas pedem mais energias renováveis e o fim da energia suja, em Berlim, durante lançamento de relatório de mudanças climáticas (©Gordon Welters/Greenpeace)

A semana foi longa em Berlim. Especialistas do mundo inteiro estiveram reunidos para discutir e finalizar as tão aguardadas conclusões da terceira parte do relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). E a mensagem é clara: agir para impedir as mudanças climáticas é uma oportunidade, não um fardo.
Para prevenir uma catástrofe climática precisamos mudar urgentemente o modo como geramos energia. E o caminho para que isso seja feito é conhecido: nós precisamos e podemos parar de queimar carvão, óleo e gás.
Chegou a vez da ‘Era das Renováveis’.
Energia limpa não é cara, mas o preço que teremos que pagar por não agir será elevado caso governos e empresas continuem agindo da mesma forma: vidas, sustento de famílias e economias.
As fontes renováveis estão crescendo, evoluindo, são cada vez mais acessíveis e podem ser a solução que tanto precisamos. Elas são a melhor alternativa econômica para suprir o aumento da demanda energética.
O problema agora é como lidar com o atual sistema de energia sujo e ultrapassado. Quando falamos com pessoas que trabalham nas maiores empresas de energia, elas admitem privadamente que precisam mudar para as energias limpas. No entanto, o investimento feito por companhias como a Vattenfall ou a E.On, empresas sueca e alemã que geram e distribuem energia na Europa, faz com que o prejuízo fosse muito grande se de fato essa mudança acontecesse.
Agora é o momento de mostrar para as indústrias de combustíveis fosseis que é preciso mudar e que a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis deve começar imediatamente.
Sabemos que as energias renováveis resultarão em melhor eficiência energética que, por sua vez, acarretará em maior número de oportunidades de emprego. Ao investir em energias renováveis até 3,2 milhões de oportunidades de trabalho podem ser criadas no setor a partir de 2030. Na África do Sul, por exemplo, 149 mil empregos poderiam ser oferecidas à população, 38 mil vagas a mais do que no modelo atual.
Não temos tempo a perder. A emissão de gases do efeito estufa aumentou drasticamente entre 2000 e 2010 comparado às décadas anteriores. Mais da metade do aumento da emissão de carbono é causado pela China, que recentemente adotou medidas para melhorar a qualidade do ar, podendo deixar o ar mais limpo e os cidadãos chineses com fôlego novamente. A meta é melhorar o quadro atual até 2020.
Caso o projeto se concretize, a China poderia mudar o rumo do debate global sobre o clima. O governo chinês poderia acabar com a atual mentalidade "você primeiro" que envenenou o progresso nas negociações climáticas da ONU. Em vez de lutar para ver quem é o maior poluidor, os governos têm que encarar a realidade e aceitar que os dias dos combustíveis fósseis estão contados.
É verdade que os países possuem capacidades diferentes para investir em um futuro sem emissões de gases poluentes. Países que, no passado, emitiram pouco devem ser apoiados pelos países ricos para eliminar sua matriz energética suja e antiga. E o mais importante é que as ações para mitigar as mudanças do clima não devem mais ser vistas como algo doloroso.
Não seria maravilhoso se a China liderasse uma nova e ambiciosa meta de redução de emissões de gases poluentes? Imagine o quão embaraçoso seria para os Estados Unidas e para União Europeia lidar com essa novidade. Será que a UE sustentaria sua proposta “ambiciosa” de corte de 40% nas emissões até 2030? Ou será que se sentiriam pressionados a fazer uma oferta mais justa, como a redução das emissões em pelo menos 55%?
Um novo tratado climático deve ser adotado em Paris no ano que vem quando governos se reunirão em Conferência das Nações Unidas. É necessário que a meta do uso de 100% de energias renováveis, eliminando gradualmente os combustíveis fósseis, esteja incluída. Apenas assim os governos entenderão as verdadeiras implicações das conclusões do relatório do IPCC.
*Daniel Mittler é diretor de políticas do Greenpeace Internacional e Kaisa Kosonen é consultora de políticas do Greenpeace Internacional

Um dia para fugir do trânsito e do aperto


Ciclistas trocam carro por bicicleta (©Steve Morgan/Greenpeace)

Com o intuito de incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte nas cidades, e desmistificar as principais preocupações da população acerca do tema, o Bike Anjo, em parceria com outras organizações, promove, pelo segundo ano consecutivo, o Dia de Bike ao Trabalho. Anote na agenda: dia 09 de Maio de 2014.  
A iniciativa procura mostrar, na prática, todos os benefícios que o uso da bicicleta pode trazer em termos de qualidade de vida, meio ambiente e até para a produtividade profissional. Afinal, pedalar até o trabalho é saudável, evita congestionamento e não emite nenhum gás de efeito estufa.
Para os interessados, o site do Dia De Bike ao Trabalho (http://debikeaotrabalho.org/) possui dicas preciosas: como preparar a bicicleta, a melhor rota a ser feita, as roupas mais confortáveis, o que fazer nos dias de chuva, como se comunicar no trânsito e onde encontrar ciclistas experientes que podem te dar uma mãozinha neste e em outros dias de pedaladas. É fácil, simples e não custa nada.  
O Greenpeace apoia a iniciativa e para mostrar que é possível, separamos o depoimento de três colegas que aceitaram o desafio e garantem que a escolha traz ótimos resultados.  
Quebrando os tabus sobre mulheres de bicicletas, Gabriela Vuolo trocou o carro pela magrela há cerca de um ano, quando percebeu que levava muito tempo para percorrer pequenas distâncias. Segundo a campaigner do Greenpeace Brasil, a bicicleta também fez bem para o seu humor e para o bolso. “Percebi que eu não gostava da transformação que acontecia comigo quando eu pegava o carro (link com o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=RMZ3bsrtJZ0)– eu reclamava das pessoas que buzinavam, falavam mal, entravam em guerra com os outros carros; mas no instante em que meu carro parava no congestionamento, eu me via fazendo essas mesmas coisas. E pra completar, resolvi colocar tudo na ponta do lápis. A quantidade de dinheiro gasto pra manter um carro em São Paulo, especialmente se você só percorre distâncias curtas, é absurda e não compensa.”
Hoje, ela usa a bicicleta para o trabalho, e para outros lugares também, quase todos os dias, e se diverte muito mais do que antes. “Passei a perceber a cidade e as distâncias de outro jeito e interagir mais com as pessoas pelo caminho – eu sorrio pra elas, elas sorriem de volta. Também é verdade que tem dias que dá uma preguiça de manhã. E tudo bem – a bicicleta não precisa ser uma escravidão, há outros meios de transporte possíveis. Mas o fato é que com o passar do tempo, eu notei que sinto falta quando fico muitos dias longe da bike, por tudo de bom que ela me traz”.
O mesmo aconteceu com Matheus Dutra, de Porto Alegre, Analista de Sistemas e Arquiteto de Software e voluntário do Greenpeace Brasil. O gaúcho de 30 anos usa a bicicleta como meio de transporte há anos e recomenda: “optei pela bicicleta como meio de transporte em função da praticidade, velocidade e agilidade de locomoção que ela oferece, além da enorme economia financeira. Isso sem contar o condicionamento físico que ganhei dados os 24 quilômetros que percorro só no trajeto casa-trabalho. Com a bicicleta, tenho mais vitalidade para enfrentar o dia-a-dia”.
Apesar de confessar as dificuldades enfrentadas para conquistar seu espaço no trajeto de dez quilômetros por grandes avenidas de Osasco até São Paulo, Thiago Rocha, 22 anos e analista de Marketing do Greenpeace Brasil, não troca a bicicleta pelo transporte público ou pelo veículo individual, e dá dicas para quem está começando: “Para quem está iniciando, recomendo fazer um reconhecimento pelo trajeto antes de iniciar a pedalada, a fim de traçar o melhor percurso com menos riscos”.
O resultado de todos esses cuidados é inspirador: “O prazer de pedalar, poder observar a cidade de outra perspectiva e praticar um esporte, e tudo isso apenas no caminho do trabalho ou voltando pra casa é realmente incrível. Cada vez mais vejo novos ciclistas no trajeto que faço diariamente e isso mostra que as pessoas estão mudando e se conscientizando, a rua é um espaço de todos e se aprendermos a dividir esse espaço, veremos mais bicicletas nas ruas, menos carros e consequentemente um transito mais agradável”, completa Thiago.
O Greenpeace trabalha pelo desenvolvimento da mobilidade urbana nas cidades brasileiras. Não só carro na rua, mas transporte público barato e de qualidade e respeito com os transportes alternativos é uma de nossas principais metas.
E você, está esperando o que para começar a pedalar no Dia de Bike ao Trabalho!? Inscreva-se já (http://debikeaotrabalho.org/comoaderir/)!
*Heloísa Mota faz parte da equipe de mobilização do Greenpeace Brasil

Sunday, April 13, 2014

A janela está se fechando

Painel de cientistas da ONU confirma que setor de transporte contribui cada vez mais para aquecimento global; quadro pode mudar com transporte público e carros eficientes e elétricos.


No dia que o IPCC divulga novo relatório, ativistas pedem mais energias renováveis. Foto: © Gordon Welters / Greenpeace

As medidas para frear as mudanças climáticas não são apenas necessárias, mas viáveis e urgentes. Porém, devem vir de todas as frentes: governos, indústrias e sociedade civil. O recado veio de centenas de cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU), que divulgaram hoje mais um relatório abordando o assunto. Dessa vez, sobre as oportunidades de mitigação para essa crise global do clima.
Um dos dados que o relatório traz, o Brasil conhece bem: nos últimos anos, o setor de transporte foi um dos que mais aumentou sua contribuição para o aquecimento global. De 1970 a 2010, suas emissões mais que dobraram. E, segundo o IPCC, se nada for feito, as emissões do setor devem crescer como nenhuma outra até 2050, puxadas principalmente pelos países emergentes. Dados nacionais reforçam esse alerta. De acordo com o Observatório do Clima, de 1990 a 2012 as emissões de transporte subiram 143% no Brasil. E continuam em frente.
“A notícia boa que o IPCC traz é que há espaço para amenizar esse quadro. Os investimentos em transporte público e em infraestrutura para as opções não motorizadas são fundamentais para essa mudança”, explica Iran Magno, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace. Só assim, ele diz, com ações concretas dos governos – do federal aos municipais –, os indivíduos poderiam fazer escolhas inteligentes em seus deslocamentos no dia a dia.
Ele acrescenta que, por outro lado, a indústria também tem sua parcela de responsabilidade. “Não adianta apenas melhorar o transporte de massa. O Brasil é o quarto maior mercado de veículos do mundo, e a estimativa é que a frota nacional continue crescendo. A recomendação expressa dos cientistas é que a indústria adote tecnologias de baixo carbono, melhorando a eficiência energética dos automóveis e abrindo caminho para a eletromobilidade”, diz Magno.
Na última semana, o Greenpeace divulgou um estudo feito em parceria com a Coppe/UFRJ mostrando que os veículos brasileiros poderiam reduzir substancialmente suas emissões caso a indústria investisse em tecnologias mais modernas. Segundo os dados, se os carros brasileiros fossem produzidos com a mesma meta de eficiência energética europeia, chegaríamos a 2030 emitindo 11% menos gases estufa que hoje, mesmo que a frota de carros fosse o dobro da atual.
"O desafio das mudanças climáticas já está lançado e, cada vez mais, vemos eventos climáticos extremos e tragédias ao redor do mundo“ afirma Magno. "No Brasil ainda temos espaço para mudança e potencial de liderar uma guinada para uma economia de baixo carbono. Agora é uma questão de vontade e escolha".

Thursday, April 10, 2014

Mais eficiência, menos emissões

Estudo da Coppe/UFRJ em parceria com o Greenpeace mostra que mesmo com o dobro da frota de carros em 2030, emissões podem ser menores que atuais, caso indústria adote metas de eficiência energética europeias.


Transporte foi um dos setores cujas emissões mais cresceram ultimamente. Foto: Greenpeace/Otavio Almeida

Se a indústria brasileira de automóveis adotar meta de eficiência energética alinhada à europeia, as emissões de gases estufa dos veículos nacionais reduzirá substancialmente: mesmo que dobre o número de carros nas ruas do país em 2030 – como é estimado –, as emissões, ainda assim, seriam cerca de 10% menores que as de 2010. A conclusão é do estudo Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), produzido pelo Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), em parceria com o Greenpeace.
“O Brasil é o quarto maior mercado de automóveis do mundo e, no entanto, estamos muito atrasados quando o assunto é eficiência energética e consumo de combustíveis dos veículos. Vários países têm adotado metas rigorosas para que seus carros reduzam o consumo energético e emitam menos gases estufa. É hora das montadoras que operam no Brasil assumirem a responsabilidade pelo impacto que têm no clima e serem coerentes ao adotar padrões similares aos que elas já têm lá fora”, diz Iran Magno, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Nos últimos anos, as emissões brasileiras do setor de transporte cresceram vertiginosamente. De 1990 a 2012, segundo o Observatório do Clima, esse aumento foi de 143%. Na próxima semana, o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU) divulga mais um relatório com conclusões de cientistas sobre a crise climática global. Um vazamento dos dados divulgado essa semana pela imprensa internacional mostra que, até 2050, as emissões de transporte devem ser as que mais crescem no mundo, puxadas principalmente por países emergentes.
Hoje, a única meta que o Brasil tem de eficiência energética veicular é voluntária, estipulada pelo programa Inovar-Auto, do governo federal. Este é o cenário de referência do estudo. Os cálculos da Coppe/UFRJ mostram que, caso a indústria siga essa meta – que representa um ganho de 12% em eficiência até 2017 – as emissões veiculares em 2030 seriam de 88Megatoneladas de CO2 equivalente (Mton CO2 eq). Mas se o país for mais ousado e adotar a mesma meta definida pela União Europeia – de 1,22 MJ/km até 2021 – entre 2010 e 2030 teríamos deixado de emitir quase 2 vezes o que foi emitido pelos veículos leves em 2012.
O professor Emilio La Rovere, do Programa de Planejamento Energético da Coppe, diz que é fundamental a criação de uma política de estímulo aos fabricantes e compradores de veículos leves para se reduzir o consumo de combustíveis como gasolina, álcool e gás natural.
De acordo com o professor, que coordena o Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (Centro Clima) da Coppe, uma das alternativas é reduzir o valor dos impostos para quem fabricar veículos com mais eficiência energética. “Já os fabricantes de veículos com baixa eficiência passariam a pagar um imposto mais alto. E, como o carro é objeto de desejo de muitas pessoas, pode ser dado a elas uma redução no valor do IPVA no ato da compra. O nosso estudo mostra que tais medidas são possíveis”, afirma o professor da Coppe.
Os dadosO estudo da Coppe/UFRJ compara três cenários de eficiência energética na frota de veículos do Brasil, e aponta as diferenças entre elas nas emissões de gases estufa até 2030. Nos três casos, o ano base é 2011, quando a eficiência média dos veículos novos estava em 2,07 MJ/km e as emissões totais eramde 79 Mton CO2 eq – cinco vezes o que a cidade de São Paulo emitiu no ano de 2011.
O primeiro cenário é o descrito acima, em que a indústria alcança a meta voluntária estipulada pelo programa Inovar-Auto. No segundo panorama, moderado, a Coppe considerou que os carros produzidos no país atingiriam a mesma meta de eficiência adotada pela Europa – só que apenas em 2023, com dois anos de atraso. Nesse caso, as emissões em 2030 chegariam a 68Mton CO2 eq.
No terceiro cenário, o mais otimista, foi considerado que os veículos novos brasileiros já estariam equiparados às metas de eficiência europeia em 2021, mesmo ano que o bloco europeu estipulou para que os carros cheguem à média de 1,22 MJ/km. Desse modo, as emissões totais dos automóveis brasileiros alcançariam 67Mton CO2 eq. Em 2030, se compararmos este cenário com o de referência, a redução de emissões seria de quase 24%.
“Além de voluntárias, nossas metas de eficiência são muito pouco ousadas se levarmos em conta que o Brasil é, e vai continuar sendo pelos próximos anos, um dos principais mercados de carro do mundo. Montadoras e governo precisam viabilizar meios para que os carros produzidos sejam mais limpos e eficientes, alinhados com a realidade de outros mercados automobilísticos”, defende Magno.
Para o Greenpeace, as discussões sobre eletromobilidade também precisam ganhar relevância no Brasil, para que a dependência de combustíveis fósseis seja quebrada aos poucos. “Nesse momento, a eficiência energética é a medida mais emergencial. Mas a eletromobilidade é o seguinte passo nesse desafio. E essas questões interessam à própria indústria e à economia do país, pois produzir carros de ponta significa gerar empregos e abrir mercados de exportação”, diz Magno, ao lembrar que a solução de longo prazo inclui necessariamente o aprimoramento do transporte público.
O aumento da frota de veículos individuais no Brasil é um fato. Por isso, é necessário adotar medidas rigorosas para que esses carros cheguem às ruas da maneira mais limpa possível. “Mas paralelamente a isso, os governos precisam melhorar muito o sistema de transporte público, para que a população também tenha condições de fazer a opção por veículos de massa em seus deslocamentos”, defende o pesquisador do Centro Clima da Coppe, William Wills.
Nos últimos anos, enquanto o desmatamento – considerado o grande vilão das emissões brasileiras – reduziu substancialmente, a contribuição da área de energia só fez crescer. E o principal responsável por esse aumento foi o largo consumo de combustíveis fósseis no sistema de transporte. Justamente por ter se tornado um dos maiores contribuidores do aquecimento global no país, o setor de transportes tem ainda largo espaço para ações de mitigação. “A questão é de escolha: o Brasil vai optar pelo passado ou vai liderar um revolução para o futuro?”, questiona Magno.

O download do estudo pode ser feito aqui.

Oi, prazer! Vamos pintar uma ciclovia juntos?


Tinta, spray e boa vontade: cicloativistas mudando a cidade.

Os ciclistas e pedestres que utilizam diariamente o canteiro entre as vias da Av. Pedroso de Morais, na zona Oeste de São Paulo, têm que ter paciência e aprender a fazer malabarismos. As curvas fechadas em S, a falta de iluminação, a ausência de sinalização, especialmente nos cruzamentos, colocam em risco a integridade de todos que transitam na região.
Inconformados com o fato de sua rota para o trabalho parecer mais uma tentativa de esporte radical, um grupo de amigos que utiliza a ciclovia diariamente resolveu, na mesa do almoço, que a solução era muito simples: “Vamos, nós, cidadãos, pintar e sinalizar a ciclovia”. Foi assim que eles se articularam com amigos e conheceram outros cicloativistas, que compartilhavam exatamente da mesma ideia, para mostrar ao poder público que fazer a coisa certa não é difícil e não é cara, só o que basta é compromisso e força de vontade.
Assim, nesta terça feira, cerca de quinze ativistas se reuniram para desenhar estêncis, preparar a tinta e organizar materiais de segurança que possibilitassem uma intervenção urbana divertida e segura. Afinal, garantir a segurança das pessoas era o objetivo principal da atividade.
Nem todos se conheciam, alguns de nome, outros apenas pelas mensagens trocadas em redes sociais, mas eles estavam pintando todos juntos, a partir das 22h da noite de 08 de Abril de 2014. Os recém-conhecidos pintaram e decoraram a esquina da Mario Guastini e da Praça Ernâni Braga com bicicletas e assinaram juntos: “Feito pelo Povo”. Lá ficaram por duas horas, alertando aos motoristas, ciclistas, motociclistas, pedestres e cachorros com seus donos, que elogiavam a idéia, para tomar cuidado com a tinta fresca. Pouco antes da meia noite, os ativistas saíram juntos, alguns pedalando e outros caminhando, orgulhosos do resultado, refletindo e sonhando sobre como poderiam ainda mudar muitas coisas juntos na cidade.
Nesta quarta-feira, a trajetória de todo dia dos usuários deste canteiro central foi mais alegre, e não teve quem não sentisse uma ponta de emoção ao ver os carros parando na faixa pintada pelo povo, pintada pelas pessoas que têm coragem de fazer mais, de compartilhar suas ideias e unir forças para ver uma cidade diferente acontecer. Parabéns a todos os envolvidos, nós todos compartilhamos juntos os resultados dessa inusitada e bela mobilização.
Vejam o registro no vídeo gravado pela jornalista e cicloativista Renata Falzoni.

*Heloisa Mota é do time de mobilização do Greenpeace.

É o fim do desmateichon?


Plantação de óleo de palma na Indonésia. (©Ulet Ifansasti/Greenpeace)

Os números resumem bem o tamanho do esforço de milhares de pessoas ao redor do mundo para pedir a Procter & Gamble (P&G) o fim do rastro de destruição deixado pelos seus produtos nas florestas tropicais da Indonésia.
Foram quase 400 mil pessoas ligando e enviando suas mensagens diretamente à empresa nessas últimas semanas, além de um protesto pacífico na sede da P&G em Cincinnati, Ohio.
“Somente do Brasil, aproximadamente 50 mil emails foram enviados diretamente ao presidente da P&G. Realizamos um vídeo paródia de um comercial da empresa que foi amplamente divulgado nas redes sociais, além de protestos em supermercados de oito capitais, expondo aos consumidores a relação do shampoo Head&Shoulders com o desmatamento”, explica Cristiane Mazzetti, da campanha de florestas do Brasil.


Protesto em mercados de oito capitais do Brasil contra produtos da P&G. (©Greenpeace)


Resultado: o mundo virou sua atenção à P&G e à destruição causada pela indústria do óleo de palma. Como resposta, a Procter & Gamble cedeu e se juntou a um grupo de empresas já comprometidas com o fim do desmatamento, como a Nestlé, L’Oreal, Colgate-Palmolive, Unilever, entre outras. Trata-se de uma mudança real no coração da indústria do óleo de palma, promovida justamente por nós, sociedade civil.
É claro, embora sejam notícias encorajadoras, ainda há trabalho a ser feito. O sistema proposto pela P&G de rastreamento da origem do óleo de palma tem como meta um fornecimento 100% livre de desmatamento até 2020.
“São mais seis anos onde fornecedores podem desmatar, prejudicando ainda mais a floresta, os animais e os povos que dela dependem” explica Mazzetti. Segundo ela, o Greenpeace continuará atuando constantemente na região para acompanhar de perto a implementação dessa nova política da P&G, além de pressionar a empresa por atitudes imediatas para lidar com fornecedores irregulares.

Tuesday, April 8, 2014

Procter and Gamble renuncia ao desmatamento

Sob pressão popular, P&G recua e se compromete a erradicar o desmatamento de sua cadeia produtiva


Áreas de extração de óleo de palma para a P&G devastam grandes porções de floresta na Indonésia. © Ulet Ifansasti / Greenpeace

Após semanas de protestos, a empresa Procter and Gamble (P&G) se comprometeu com uma nova política de não desmatamento que prevê a rastreabilidade total da cadeia de produção para excluir óleo de palma e derivados provenientes da destruição florestal. Este foi um importante passo para a proteção das florestas da Indonésia e comunidades que dela dependem. Mas para que esse anúncio se transforme em ação, ainda é preciso trabalho.
Aproximadamente 400 mil pessoas enviaram seu recado a empresa para mudar suas ações que colocam em risco a vida de diversos animais como o tigre-de-sumatra e o orangotango. Protestos ao redor do globo chamaram a atenção para a má conduta da P&G, inclusive em sua sede internacional, na cidade de Cincinnati, Estados Unidos, cujos ativistas participantes enfrentam sérias e descabidas acusações.


Em resposta, a P&G se comprometeu a remover o desmatamento de sua rede de fornecimento de óleo de palma até 2020. O acordo vai além de critérios existente da Mesa Redonda sobre Óleo de Palma Sustentável (RSPO em inglês) e exige que os fornecedores garantam que não haverá conversão de turfeiras, que os direitos das comunidades locais serão respeitados e que as áreas de alto teor de carbono e alto valor de conservação serão protegidas.
“A política recém anunciada da P&G foi um passo importante para que a empresa encerre a sua participação na destruição das florestas da Indonésia. No entanto a política ainda não é perfeita, pois só garantirá a completa rastreabilidade da cadeia em 2020, permitindo desmatamento por mais seis anos”, diz Areeba Hamid, da campanha de florestas do Greenpeace internacional.
“O Greenpeace encontrou evidências de fornecedores da P&G como a Musim Mas e a KLK utilizando da prática do desmatamento para produzir óleo de palma. Isso mostra que a empresa precisa tomar medidas urgentes em relação a esses fornecedores problemáticos”, afirma Hamid.
Um estudo publicado pelo Greenpeace em fevereiro de 2014 mostrou diversas violações cometidas por fornecedores de óleo de palma da P&G, e isso contribuiu para atingir quase meio milhão e-mails enviados diretamente ao presidente da empresa exigindo a mudança de postura por parte da P&G.
A política de não desmatamento anunciada hoje pela P&G segue o mesmo caminho de outras empresas e fornecedores como a L’Oreal, Colgate-Palmolive, Wilmar e GAR que também se comprometeram a limpar suas cadeias do desmatamento por óleo de palma. O posicionamento dessas empresas indica uma mudança significativa para a indústria do óleo de palma, que tem forte ligação com impactos como a destruição florestal, deslocamento de comunidades locais e destruição de espécies raras e ameaçadas.
“A política da P&G serve como mais um exemplo da transformação da indústria do óleo de palma, onde o consumidor demanda produtos livres de desmatamento, exigência que chega até os fornecedores desse produto, que também precisam adotar políticas urgentes de não desmatamento. E, dessa forma, o óleo de palma responsável vai rapidamente virando norma”, conclui Hamid.
Notas:
1) A nova política da P&G pode ser lida em ingles aqui.
2) As denúncias do Greenpeace que ligam a P&G ao desmatamento na Indonésia podem ser lidas aqui (em inglês).

Ronny Morris oferece single para salvar o Ártico

Um vídeo um pouco diferente é lançado hoje. O artista Ronny Morris doou seu single Built to Last (em português “Construído para Durar”) ao Greenpeace em apoio a campanha Salve o Ártico. O vídeo mostra o músico vagando pelas ruas de Los Angeles vestido de urso polar.
Ronny Morris, criador de temas musicais para séries televisivas famosas como One Tree Hill, Brothers & Sisters e Ghost Whisperer, prepara o lançamento do seu primeiro álbum, que contém 12 músicas e é produzido com material sustentável.
“O Ártico derrete mais rápido do que qualquer um poderia prever. Devido às mudanças climáticas a região inteira pode entrar em colapso, colocando em risco a vida de diversas espécies naturais do Ártico. Espero que esse víde o abra os olhos das pessoas em relação ao perigo que esses animais e a região inteira correm”, afirma Morris.
A campanha Salve o Ártico já atraiu o apoio de outros importantes nomes como Paul McCartney, Richard Branson, George Clooney, Chris Martin (Coldplay) e muitos outros, sem contar o suporte de mais de cinco milhões de pessoas ao redor do mundo.
O dinheiro das vendas do single Built to Last vai diretamente ao Greenpeace, para ajudar a financiar a campanha Salve o Ártico. “Estamos muito contentes com o apoio de Morris. A vida selvagem do Ártico está mudando rapidamente, o que não impede as petrolíferas de continuarem a extrair petróleo da região. Para elas, o derretimento das geleiras é uma oportunidade de negócio, e não um sinal de mudanças climáticas”, declara Birgitte Lesanner, chefe de comunicação do Greenpeace.
O principail objetivo da campanha é criar um Santuário Global no Ártico, e impedir a exploração de petróleo offshore e a pesca industrial exploratória na região.
Para assistir ao vídeo completo, clique aqui.

Friday, April 4, 2014

Ponto para as baleias


quinta-feira, 3 de abril de 2014 Governo japonês cancelou oficialmente seus planos de caça às baleias na Antártida para 2014. (© Paul Hilton/Greenpeace)

Uma boa notícia para as baleias e para todos aqueles que as defendem: o governo japonês cancelou oficialmente seus planos de caça às baleias na Antártida para 2014. O Greenpeace espera que os baleeiros não voltem a navegar no Oceano Antártico para que outros projetos voltados à preservação dos oceanos e desses esses animais magníficos possam ser desenvolvidos.
No começo dessa semana a CIJ (Corte Internacional de Justiça) suspendeu o “programa de pesquisa” japonês, alegando que as justificativas para execução do programa não eram plausíveis. As provas foram apresentadas por um processo movido pela Austrália, em 2010, que comprovou que o “projeto cientifico” japonês funcionava como fantoche para o país praticar a caça dos animais. O Japão recebeu fortes críticas por caçar baleias ameaçadas de extinção no território estabelecido como o “Santuário Antártico das Baleias”.
A caça de baleias na região acontece há mais de um século. Em 1989, o Greenpeace enviou uma expedição para Oceano Antártico, desde então vem trabalhando para que o governo se opusesse aos subsídios que mantinham o mercado de carne de baleias em pé. Atualmente o mercado vive um colapso e cargas com a carne do animal permanecem encalhadas nos portos uma vez que há poucos consumidores. O apelo mundial para o fim do comércio foi um dos principais fatores para desencadear a crise.
A comercialização de baleias precisa ser extinta o mais rápido possível antes que as mesmas desapareçam. “Finalmente as baleias do oceano Antártico podem viver em paz. Eu continuo surpreso com a notícia, lágrimas de felicidade escorreram sobre meu rosto. A gente nunca teria conseguido chegar tão longe sem a ajuda de nossos voluntários e colaboradores”, afirma Phil Kline da campanha de Oceanos do Greenpeace Estados Unidos.
O Greenpeace agradece a todos que lutaram por essa causa, essa conquista é um grande passo para acabar com a indústria baleeira. Ainda temos que enfrentar a caça de baleias na Noruega, Islândia e no norte do Pacífico, mas sem duvida nenhuma, esse é um fato que deve ser comemorado por todos nós.