Monday, October 29, 2018

A responsabilidade do Brasil no futuro do meio ambiente

por Greenpeace Brasil

Agora que foi eleito presidente, exigimos de Jair Bolsonaro responsabilidade com a agenda socioambiental

A Floresta Amazônica detém a maior biodiversidade do planeta e precisa ser protegida
A Floresta Amazônica detém a maior biodiversidade do planeta e precisa ser protegida © Daniel Beltrá/ Greenpeace
O novo presidente da República precisa agir à altura da importância global do Brasil para a preservação do meio ambiente. Isso significa evitar o aumento da temperatura do planeta, preservar a Amazônia e combater crimes ambientais. “A natureza não pode ser vista como um mero recurso econômico, mas como uma garantia de vida das futuras gerações”, afirma Nilo D’Ávila, Diretor de Campanhas do Greenpeace Brasil.
“Reduzir o combate ao desmatamento faz com que o Brasil perca competitividade econômica, o que pode inclusive afetar a geração de empregos. Mercados internacionais e consumidores querem garantias de que o nosso produto agrícola não esteja manchado com a destruição florestal”, declara D’Ávila.
Durante sua campanha, Bolsonaro não apresentou propostas para o meio ambiente, mas sim ameaças. Agora que foi eleito presidente, exigimos responsabilidade com a agenda socioambiental. Precisamos agir agora para evitar que a temperatura do planeta suba para além de 1.5 graus. Bolsonaro pode ser um dos últimos presidentes do Brasil que pode agir a tempo de evitar um dano irreversível ao planeta.
Por isso, trabalharemos para proteger a floresta, combater as mudanças climáticas e denunciar retrocessos, nos opondo à perda de direitos e ao enfraquecimento da democracia brasileira.
Ao longo de 26 anos no Brasil, o Greenpeace nunca se furtou a criticar governos e políticos cujos projetos representassem ameaça ao meio ambiente e à população, independente do partido ou da cor da bandeira que defendem. Foi esta nossa linha de conduta nos governos Fernando Henrique, Lula, Dilma, Temer e com Parlamentares dos mais diversos campos.
Greenpeace continuará defendendo o meio ambiente, a paz e a justiça social. Esses são os valores que guiam a organização desde a sua fundação, assim como a independência e a não violência.
#Eleições2018 #Resista #IssoÉAtivismo

Levando comida de verdade aos desertos alimentares

por Mariana Campos

 

Conheça a história do primeiro ponto de comercialização de produtos orgânicos na periferia de São Paulo

Na Semana Mundial da Alimentação, comemorada em meados de outubro, iniciamos uma parceria com a Agência Solano Trindade com o objetivo de ajudar a tornar a alimentação saudável acessível para todas as pessoas, sem exceção. Em Campo Limpo, periferia da cidade de São Paulo, o Thiago Vinicius, idealizador da agência, tem feito um trabalho incrível para que a galera da quebrada possa comer orgânicos a um preço justo. No blog abaixo, ele conta essa história com mais detalhes.
Thiago Vinicius à frente do Armazém Organicamente, na periferia de São Paulo
Thiago Vinicius à frente do Armazém Organicamente, na periferia de São Paulo © Anna Carolina Souza Dias/ Greenpeace

Para não dizer que eu não falei das flores

Sou Thiago Vinicius, morador da periferia da Zona Sul de São Paulo. Esse é o espaço das ruas, dos becos e vielas. Sustentabilidade como vocês nunca viram, a sevirologia da favela, a gambiarra que esquenta a água para tomar banho no barraco, todas as dificuldades que colocam uma favela de pé, de quem pega o busão, desce do trem, às vezes pega um uber, “mano que corre” e a gente não vê a hora de chegar no final de semana para colocar um Racionais MCs no talo, tomar sol na laje, cortar o cabelo e fazer um rolê. A Agência Popular Solano Trindade, uma aceleradora de negócios sociais e coworking, te convida para mergulhar de cabeça em uma periferia linda, inteligente, lutadora, empreendedora. Está escrito na faixa na entrada da favela: “A FAVELA VENCEU”.
A Organização Mundial da Saúde chama de desertos alimentares regiões da cidade onde as pessoas precisam andar mais de 400 metros para encontrar alimentos in natura, não processados. Diferentemente de bairros nobres, em que há bastante oferta de frutas, legumes e verduras, nas periferias dos grandes centros urbanos são raros os locais que comercializam esses produtos e ficamos reféns do que o mercado disponibiliza. Por exemplo, geralmente é difícil encontrar espinafre, mas há abundância de alface.
Café com Prosa, um encontro para falar sobre alimentação saudável e empreendedorismo social
Café com Prosa são encontros sobre alimentação saudável na periferia © Anna Carolina Souza Dias/ Greenpeace
Democratizar o ato de comer bem — essa é a missão do Armazém Organicamente, situado na Agência Popular Solano Trindade e o primeiro e único ponto fixo de comercialização de frutas, legumes e verduras orgânicas na periferia de São Paulo. O Armazém é um oásis do Campo Limpo e já foi adotado pela comunidade! Atualmente são atendidas mais de 100 famílias que toda semana visitam o espaço buscando alimento sem veneno. Os clientes chegam para comprar orgânicos às 7 horas da manhã e as vendas já totalizam mais de R$ 4 mil por mês, um claro indicador de que os moradores valorizam o trabalho de trazer alimento orgânico para a periferia.
Nossa margem de lucro ainda é pequena, mas sabemos que esse é o momento de investir na nossa comunidade, reconectando-a com a cultura da roça, da terra. Essa conexão foi perdida quando nossos avós e pais sofreram um processo de “desenraizamento” de seus hábitos alimentares devido às mudanças no meio urbano. A vida na cidade vai moldando nossos horários e não damos mais o devido valor às pausas para o café da manhã, almoço e jantar.
Empreender na periferia não é fácil, os desafios são enormes. Mas com o apoio da comunidade e dos amigos, o “viver orgânico” vai aos poucos virando uma realidade na periferia da Zona Sul de São Paulo. Venha com a gente experimentar essa transformação e ser impactado pelo prazer do alimento sem veneno a preço acessível.
#agsolanotrindade #armazemorganicamente #juventudedocampo #juventudedaperiferia

sobre o(a) autor(a)

Jornalista do Greenpeace Brasil em Brasília. Colabora na campanha contra agrotóxicos, é vegana e gosta de andar descalça na floresta. Começou a abraçar árvores ainda criança e não parou mais.

Meio ambiente como prioridade

por Greenpeace Brasil

É preciso um comprometimento de verdade com a agenda socioambiental

Cada vez mais pessoas se sensibilizam com as questões socioambientais e entendem que a preservação dos ecossistemas está intimamente conectada com a nossa saúde, a produção de alimentos e a disponibilidade de água no planeta. O Brasil possui um papel central na proteção do meio ambiente e no combate às mudanças climáticas, por isso precisamos de um Presidente da República à altura dessa enorme responsabilidade.
Neste editorial, O Globo mostra que meio ambiente não é questão secundária. O jornal cita, por exemplo, os riscos que o país corre caso não garanta uma produção responsável de alimentos, livre de desmatamento. Para garantir uma economia forte e empregos para os brasileiros, precisamos de um meio ambiente saudável!
O Greenpeace acredita no poder da mobilização para transformar a sociedade. Listamos aqui propostas para o meio ambiente que acreditamos que precisam ser cumpridas pelo próximo governo. Cobre de seu candidato um comprometimento de verdade com a agenda socioambiental!
O editorial do jornal O Globo também pode ser visualizado aqui:
Editorial Jornal O Globo 25/10/2018
#Resista #IssoÉAtivismo

Friday, October 26, 2018

Greenpeace deixa o Grupo de Trabalho do Cerrado

por Greenpeace Brasil

O Greenpeace anunciou  na semana passada, no dia 17 de outubro, que está se retirando do Grupo de Trabalho do Cerrado (GTC). Criado em 2017, o grupo tem se dedicado a discutir a expansão do cultivo de soja e seus impactos sobre o Cerrado brasileiro, em busca de um acordo que concilie produção agrícola com a conservação de uma das savanas mais ameaçadas e mais ricas em biodiversidade no planeta.
Ele foi criado como um desdobramento do Grupo de Trabalho da Soja (GTS), que implementa a Moratória da Soja na Amazônia, e conta com a participação de grandes empresas  comercializadoras de soja, empresas consumidoras internacionais, organizações da sociedade civil e representantes do governo. A Moratória contribuiu para derrubar em 80% os índices de desmatamento médio anual em 95 municípios da região da soja  na Amazônia, sem impactos negativos na produção.
Vista aérea do município de Balsas, Maranhão, durante sobrevoo pelo Cerrado brasileiro, um bioma que já perdeu em torno de 50% de sua formação original devido à expansão do agronegócio. ©Marizilda Cruppe/Greenpeace
As ONGs que participam do GTC apontaram desde o princípio a necessidade de que as  empresas que compram soja e carne do bioma se  comprometam com medidas concretas para eliminar o desmatamento de suas cadeias produtivas, a exemplo do que ocorre na Amazônia. Essa exigência foi apontada em um manifesto em defesa do Cerrado divulgado em setembro de 2017 por diversas ONGs, incluindo o Greenpeace. A visão de produção livre de desmatamento também foi apoiada por 115 empresas ligadas ao Consumers Goods Forum (CGF), grupo que reúne grandes consumidores mundiais de soja e investidores internacionais. Em carta enviada ao GTC, essas empresas pediram “um acordo robusto de conversão zero a ser estabelecido pelo GTC até o final de 2018”. As empresas ressaltaram que seus fornecedores no Brasil já tinham demonstrado que isso é plenamente viável com a iniciativa bem sucedida da Moratória da Soja.
No entanto, a Abiove, que coordena o setor empresarial do GTC, descartou a adoção de uma moratória para o Cerrado semelhante à existente na Amazônia, alegando que a medida é rejeitada pelos produtores de soja. Apresentou, como alternativa, projeto de um fundo financeiro para compensar fazendeiros  por desmatamento evitado durante a vigência do contrato. Os recursos para esse fundo viriam principalmente das empresas do CGF. Pela proposta, a implementação do fundo, ainda inexistente, adiaria a discussão do fim do desmatamento para, no mínimo, 2023.
Na avaliação do Greenpeace, em vez de assumir suas responsabilidades corporativas, a Abiove e as traders que dela fazem parte ganham tempo – e querem transferir para seus clientes e para os fazendeiros o destinos do Cerrado.  Sem o compromisso prévio e imediato das traders de não comprar soja de quem desmata, o  fundo em gestação corre o risco de se tornar um mecanismo de capitalização de produtores que, depois de receber recursos de compensação por uns poucos anos, poderiam desistir de renovar o contrato e usar o dinheiro para ampliar seus negócios. “Nem o Cerrado nem o clima podem esperar até que esse fundo tenha recursos suficientes para convencer produtores a não desmatar”, diz Paulo Adario, estrategista sênior de florestas do Greenpeace.
Em um momento em que o lançamento recente do relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) aponta os caminhos para limitar o aquecimento global a 1.5º C, o Cerrado, conhecido como a “caixa d’água do Brasil” por abastecer grandes e importantes bacias hidrográficas, está sendo destruído em proporções alarmantes pelo agronegócio e pela falta de ambição de empresas que têm a responsabilidade histórica de interromper esse processo. “Agir já não é apenas uma manifestação de responsabilidade corporativa para com todos nós – é também um instrumento de autodefesa: os negócios e as fazendas de soja serão atropelados pelas mudanças climáticas”, diz Adario. “O mundo não tem mais tempo a perder. Nem nós. Em tempos de crise global como estes que estamos vivendo, a visão de curto prazo e as ameaças políticas que pairam sobre o sistema de proteção socioambiental do país não permitem lentidão na tomada de decisões em defesa do Cerrado”, conclui ele.

Thursday, October 25, 2018

People powered progress on tuna

by Oliver Knowles

The news that European tuna and food giant Bolton is adopting a brand new, progressive tuna sourcing policy is another great example of how people power can help drive ocean-friendly momentum in a huge and complicated global industry.
Over the last eight years, people all over Europe have sent Bolton messages encouraging them to change the way they fish and improve their supply chains to help protect our oceans. In the first Italian tuna ranking back in 2011 Bolton was a laggard:  this week’s commitment is a sure sign that people, and individual action, can help change largely unheard of companies as well as the biggest industries.
Radio Beacon Attached to FAD © Pierre Baelen / Greenpeace
Greenpeace documents the use of fish aggregating devices (FADs) in the Indian Ocean and campaigns to end the plunder of the world’s oceans. © Pierre Baelen / Greenpeace
Bolton sells brands of tuna that are well known in many parts of Europe and elsewhere – such as Rio Mare and Saupiquet. The changes they are announcing this week will have an important impact on our oceans. Among other steps, the company has committed to ensure that a full 50% of the tuna it uses will only come from more selective fishing methods such as pole and line or FAD-free purse seining, an impressive increase of 22% on its current sourcing. (FADs are floating devices that attract tuna and other species around them, and are associated with high levels of bycatch). In its remaining operations, it has also committed to significantly reduce the numbers of FADs used by its vessels, setting a cap of 300 in line with earlier commitments made by the world’s largest tuna company, Thai Union. Bolton will also prohibit the use of so-called ‘supply vessels’ that service its own fleet by providing extra FADs and other equipment. These measures help to send a strong signal to the global tuna fishing industry that FAD numbers must be reduced from their currently historically high levels.
While these changes on how Bolton gets its tuna are important, it also marks global momentum within the tuna industry towards practices which better protect the ocean and the people who work on them – the fishermen.
Only last year, following an international campaign by Greenpeace, the world’s largest tuna company, Thai Union, signed up to a landmark set of commitments to better protect the oceans and workers. There is no doubt that the huge public pressure generated globally to help encourage Thai Union to make these changes has also played a part in encouraging Bolton to move. The issues around destructive tuna fisheries are now well known – overfishing of some tuna stocks, high accidental catches of sharks and other species, and human rights abuses and labour violations on many fishing vessels. Consumers and concerned people around the world are demanding higher standards from our seafood and the companies that catch and process it.
Protest at Thai Union Headquarters in Thailand © Baramee Temboonkiat / Greenpeace
Greenpeace activists in front of the Thai Union Headquarters, in Bangkok. © Baramee Temboonkiat / Greenpeace
With Thai Union and Bolton, who sell huge volumes of tuna every year, now moving ahead to deliver greatly improved standards, the pressure on other major tuna and seafood brands, traders, processors and retailers continues to grow. Those companies that fail to respond and raise their own game start to fall behind the new high standards, and are less able to provide the ocean and worker friendly tuna that more and more consumers now demand.
Small actions, taken by us as individuals when we send a message to a company, can really help to drive substantial changes in the biggest industries. Even those operating far away from easy scrutiny… a long way out at sea.
One of the best ways to protect our oceans from destructive fishing is to establish ocean sanctuaries. Help us create the world’s largest ocean sanctuary in Antarctica.

Oliver Knowles is an Oceans Campaigner with Greenpeace International

Propostas aumentam riscos para a Amazônia

por Greenpeace Brasil

Caso Bolsonaro seja eleito e cumpra suas promessas para a área socioambiental, desmatamento na Amazônia pode triplicar

Desmatamento na Amazônia para produção de soja

O desmatamento na Amazônia pode triplicar caso o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) vença as eleições e cumpra o que tem prometido para a área socioambiental. Os cálculos, feitos por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e divulgados em reportagem do Estado de S. Paulo, se baseiam em um cenário em que o Ministério do Meio Ambiente seja incorporado ao Ministério da Agricultura, o Brasil seja retirado do acordo internacional do clima (Acordo de Paris), a atuação de órgãos de fiscalização, como o Ibama, seja limitada e a mineração em terras indígenas seja autorizada.
Seguindo a modelagem do Inpe, a perda florestal poderia aumentar 268%, chegando a 25,6 mil km² por ano a partir de 2020. Em 2017, foram desmatados 6,9 mil km². Se isso acontecer, a preservação do meio ambiente, a biodiversidade e a capacidade do país de enfrentar as mudanças climáticas estarão ainda mais ameaçadas. A Amazônia, que ocupa quase a metade do território brasileiro, é essencial para a vida de milhares de pessoas, como os povos indígenas, ribeirinhos e extrativistas. Sem a floresta em pé, nossa capacidade de produção de alimentos e abastecimento hídrico de grandes centros urbanos corre risco.
O Greenpeace nunca deixou de criticar governos, políticos e grupos cujos projetos ameaçassem o meio ambiente e a população, independentemente de partido. Ao longo das últimas décadas, experimentamos grandes retrocessos na área ambiental, mas as propostas de Jair Bolsonaro poderão nos levar à um cenário trágico e sem precedentes. Seja qual for o resultado dessas eleições, continuaremos defendendo os princípios que nos norteiam desde nossa fundação. Neste blog, listamos as sete propostas para o meio ambiente que acreditamos que precisam ser cumpridas pelo próximo governo.
#Eleições2018 #Resista #IssoÉAtivismo

Cacique Karipuna reivindica à ONU punição de empresas que violam terras indígenas

por Patricia Bonilha

 Diante de representantes de cerca de 100 países, a liderança indígena denunciou a destruição e o esbulho de seu território, em Rondônia

André Karipuna e sua mãe, Katiká Karipuna, têm suas vidas ameaçadas pela ostensiva destruição da floresta causada por madeireiros e invasores. © Rogério Assis / Greenpeace
Diante de representantes governamentais de cerca de cem países, André Karipuna, cacique de seu povo, reivindicou na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra (Suíça), na última quarta-feira, dia 17 de outubro, a adoção de mecanismos para punir, civil e criminalmente, empresas nacionais e internacionais que violam direitos humanos nos territórios indígenas onde atuam. “Não temos paz em nossa própria terra. Se o Estado brasileiro não proteger nosso território, os invasores podem nos exterminar pra se apropriarem dele, porque ele é grande e tem muita riqueza”, afirmou André durante o evento.
Saiba mais sobre a dramática realidade do povo Karipuna:
Liderança do povo Karipuna, que vive às margens do Rio Jaci Paraná, em Rondônia, André também reiterou a obrigação estatal de proteger as terras ocupadas por povos indígenas e outras comunidades tradicionais contra a invasão e a exploração dos recursos naturais por parte das empresas.
Apesar da Terra Indígena (TI) Karipuna ter sido homologada em 1998, análises realizadas pelo Greenpeace a partir de imagens de satélite e de um sobrevoo confirmam que mais de 11 mil hectares de floresta já foram destruídos, sendo que 80% deste total ocorreu nos últimos três anos. Além do ostensivo roubo de madeira, invasores têm feito loteamentos da terra com o propósito de vendê-la. O povo Karipuna, composto por uma população de 58 pessoas, quase foi dizimado na época do contato com a sociedade não indígena e atualmente sofre constantes ameaças e intimidações pelos invasores.
Segundo o secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber Buzatto, também presente na reunião da ONU, a manifestação do cacique Karipuna em um espaço multilateral é fundamental para criar uma pressão política internacional sobre o governo brasileiro. “O Brasil deve assumir a sua responsabilidade constitucional de executar as medidas necessárias e urgentes para que os invasores da Terra Indígena Karipuna sejam retirados e que todos que se beneficiam desta invasão sejam devidamente identificados e punidos”, disse ele.
A fala de André Karipuna na ONU ocorreu durante a  4a sessão do Grupo de Trabalho Intergovernamental sobre Empresas Transnacionais e outras Empresas de Negócios com respeito aos Direitos Humanos (OEIGWG), que acontece nesta semana na cidade suíça. Desde 2014, quando foi criado, este Grupo de Trabalho tem como propósito a elaboração de um Tratado Vinculante que obrigue as empresas nacionais e internacionais a respeitarem os direitos humanos em todas as suas cadeias de produção.
Fotos georeferenciadas evidenciam áreas invadidas por madeireiros dentro da Terra Indígena Karipuna
Fotos georeferenciadas evidenciam áreas invadidas por madeireiros dentro da Terra Indígena Karipuna
Mapa TI Karipuna
Para Raphaela Lopes, advogada da Justiça Global, o Tratado Vinculante pode contribuir na atual correlação de forças assimétricas que existe entre as empresas transnacionais e os povos indígenas e as comunidades tradicionais, por exemplo. “Com um bom Tratado, seria possível restringir o poderio das empresas em relação às políticas de demarcação dos territórios, promovendo uma vitória dos direitos destes povos e comunidades diante dos privilégios empresariais”. Segundo ela, são, justamente, os indígenas, os camponeses, os extrativistas e os povos tradicionais as maiores vítimas deste avanço: “São eles os que mais morrem devido à cobiça das empresas pelas suas terras”, declara.
Diversas organizações brasileiras têm participado da elaboração do Tratado Vinculante desde 2014, como a Justiça Global, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (Abia), o Homa – Centro de Direitos Humanos e Empresas (da Universidade Federal de Juiz de Fora) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), dentre outras.
Todos os Olhos na Amazônia
A Associação Indígena do Povo Karipuna Abytucu Apoika, o Greenpeace e o Cimi estão trabalhando juntos no monitoramento da invasão da TI Karipuna, e para que os criminosos sejam responsabilizados. Estas organizações fazem parte da coalisão “Todos os Olhos na Amazônia”, que tem como objetivo principal estimular a ação em rede como estratégia para apoiar a luta de povos indígenas e comunidades tradicionais pela conservação de suas florestas. Outros parceiros nesta iniciativa são a Fase-Amazônia, a Coiab e a Artigo 19, no Brasil, e a Witness e a Hivos, dentre outras que atuam no cenário internacional.
Assista à fala de André Karipuna na ONU aqui.

Tuesday, October 23, 2018

Em 2018 focos de calor se concentraram no oeste da Amazônia

por Greenpeace Brasil

Em sobrevoo realizado no início de outubro, Greenpeace identificou diversas áreas já queimadas, inclusive dentro de áreas protegidas.

Se antes os incêndios na Amazônia aconteciam em áreas desmatadas, como pastagens, agora o fogo se alastra majoritariamente sobre floresta em pé. © Daniel Beltrá / Greenpeace
Mesmo com sua reconhecida importância para conservação da sociobiodiversidade e para que o mundo consiga cumprir a meta de limitar o aquecimento global a 1.5 grau, a Amazônia continua a encolher todos os anos e, parte dessa perda, se dá pelo fogo, que além de oferecer risco às pessoas e aos animais, contribui para engordar as emissões de gases do efeito estufa do Brasil. Em 2018, apesar da tendência geral de queda no número de focos de calor na Amazônia Legal, estados críticos registraram mais fogo.
Na primeira semana de outubro, que anuncia o final da temporada de fogo na Amazônia, o Greenpeace esteve em campo e para registrar o estrago deixado pelas queimadas na região entre os estados do Amazonas, Acre e Rondônia, onde encontrou focos ainda ativos e diversas áreas que já viraram cinzas.
Em Roraima o crescimento foi de 200%, no período de janeiro a setembro de 2018, na comparação com o mesmo período de 2017, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe). No Acre o número de focos subiu 28% no mesmo período, enquanto nos estados do Amazonas e Rondônia o número de focos permaneceu estável, alcançando o patamar de mais de 9 mil focos cada.
Durante o sobrevoo, identificamos focos ativos e diversas cicatrizes de fogo, especialmente no entorno e dentro de áreas protegidas, como Terras Indígenas (TI) e Unidades de Conservação, que representa um grande risco à sua preservação. Em Careiro da Várzea (AM), um grande incêndio consumia parte da Terra Indígena Sissaíma, da etnia Mura. No sul do estado, em torno da TI Tenharim Marmelos, próximo de Humaitá, o fogo deixou inúmeros rastros de destruição. Assim como a Reserva extrativista (Resex) Chico Mendes e diversas outras áreas no entorno de Rio Branco, no Acre. Em Rondônia, marcas de queimadas recentes também apareceram em profusão, inclusive dentro da TI Karipuna, que vem sofrendo forte pressão externa.

Na região sobrevoada, além dos recorrentes focos de incêndio nas pastagens, testemunhamos um forte processo de conversão das florestas degradadas. Desde 2016, houve uma inversão no tipo de área em que se concentram os focos de calor: se antes os incêndios aconteciam em áreas desmatadas, como pastagens, agora o fogo se alastra majoritariamente sobre floresta em pé. Em 2015, o número de focos em pastagens e em florestas eram quase iguais, isso começou a mudar em 2016, e 2017 confirmou esta tendência, as florestas concentraram 53,57% dos focos de calor, enquanto as pastagens reuniram 42,61% e as áreas desmatadas 3,82%. Isso acontece, em parte, devido ao aumento da degradação florestal, que deixa a floresta mais suscetível ao fogo.

De acordo com informações do Relatório Anual de Atividades do Fundo Amazônia 2017, o Fundo – que capta doações para investimentos prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, em grande parte financiado pela Noruega – financiou sete projetos para a prevenção e combate ao fogo, de 2009 a 2017, totalizando investimentos de R$ 144 milhões. O Acre, que queimou como nunca nesta temporada, recebeu R$ 13 milhões para lidar com o problema, em projeto que consta como já concluído, de acordo com dados do site transparência Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).

Onde há fumaça, há fogo e mudanças climáticas!

No acumulado, a Amazônia já perdeu cerca de 19,4% (CCAL) de sua cobertura florestal original. Esse é o reflexo de um modelo de desenvolvimento adotado para região que ao longo do último meio século substituiu florestas por agricultura, pecuária e geração de energia hidrelétrica em grande escala, as mudanças no uso do solo em países tropicais contribuem significativamente para as emissões de gases de efeito estufa e desempenham um papel importante na mudança do clima global.
Um estudo publicado na revista Nature aponta que as mudanças climáticas estão alterando os padrões globais de queimadas e devem gerar um aumento na temporada de incêndios nas próximas décadas, de 1979 a 2013, o período anual de queimadas já ficou 18,7% maior. Sob as novas condições climáticas do século XXI, as florestas degradadas podem se tornar cada vez mais secas e suscetíveis a incêndios florestais. Até setembro de 2018 foram identificados 46.527 focos de calor no bioma Amazônia (Inpe).
De acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em ingles) divulgado no início de outubro, na Coreia do Sul, o caminho para limitar o aquecimento global a 1.5 grau e assim cumprir o histórico Acordo de Paris é uma tarefa que envolve escolhas difíceis e urgentes e a proteção integral das florestas tem um papel central nesta missão.
Missão que pode se tornar ainda mais difícil, a depender do resultado das eleições de 2018. O candidato a frente das pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), já declarou que quer acabar com o Ministério do Meio Ambiente, sair do Acordo de Paris, enfraquecer a fiscalização de crimes ambientais, afrouxar as regras de licenciamento e que, em seu governo os indígenas não terão “um centímetro de terra”, e promete ainda leiloar as já existentes. As terras indígenas são comprovadamente o instrumento mais eficaz no combate ao desmatamento da Amazônia.
“A tarefa de cada um de nós, e especialmente do Estado brasileiro, é libertar a Amazônia da sua eterna espera pelo desenvolvimento”, afirma Danicley Aguiar, da Campanha de Amazônia do Greenpeace. “Entretanto não será aprofundando o atual modelo de desenvolvimento econômico, que reduz pobremente o papel da Amazônia à província de recursos naturais, que se romperá com os mais de 400 anos de destruição de suas florestas e seus povos. Zerar o desmatamento da Amazônia é possível e é também o primeiro passo para a construção de uma nova ordem econômica capaz de salvar a Amazônia das cinzas”, completa.

Saturday, October 20, 2018

Minimalism

by Rex Weyler

It all started with a lingering discontent,” explain Joshua Fields Millburn and Ryan Nicodemus, who post the on-line “Minimalists” podcasts. “Nearly a decade ago, while approaching age 30, we had achieved everything that was supposed to make us happy: six-figure careers, luxury cars, oversized houses, and all the stuff to clutter every corner of our consumer-driven lives. And yet, we weren’t satisfied.”
Millburn and Nicodemus had achieved highly-paid corporate positions with a telephone-service company. However, they discovered that “working 80 hours a week just to buy more stuff didn’t fill the void. We didn’t have control of our time, and thus we didn’t control our own lives.”
In 2009, they gave up the quest for more wealth and founded their now-popular Minimalist podcast. They reduced material possessions and decluttered their lives, but claim that minimalism is also about what they gained: “More time, more passion, more creativity, more experiences, more contribution, more contentment, more freedom.”
Leaf and Stone in Siberia © Markus Mauthe / Greenpeace
Yellow leaf next to a stone. © Markus Mauthe / Greenpeace
“Minimalism,” they write, “gets us past the things, so we can make room for life’s important things — which aren’t things at all.” Millburn and Nicodemus are not ascetics. They advocate possessing only what one needs. They have stumbled upon one of the great truths, discovered by history’s most profound teachers and advocated by modern ecologists: Possessions don’t necessarily bring happiness, can more likely bring trouble, can lead to conflict, and contribute to the degradation of Earth’s fragile ecosystems.
History of Simplicity
People who live close to the land, indigenous and rural communities, naturally understand the value of simplicity and self-reliance. Indigenous and rural communities live from nature’s cycles, typically learn to take no more than they need, and care for the ecosystem that sustains them. The modern indigenous nations of western Canada, where I live, hold Potlatch ceremonies, in which a prosperous family or village share’s its good fortune with neighbors, distributing rather than hording wealth. The tradition of simplicity has deep roots.
“The more one gives to others, the greater one’s abundance,” wrote Taoist teacher Lao Tzu, 2600 years ago. “Precious things lead one astray” (Tao Te Ching 81, 12). During this era, Śramaṇa (seeker) traditions in India also renounced possessions and developed yoga traditions, meditation techniques, and ahimsa (non-violence) practices. The Brihadaranyaka Upanishad from about 700 BCE tells of a dialogue between teacher Maitreyi and a wealthy student, Yajnavalkya, who wished to become a sannyasi, or renunciant, in his old age. He offered his wealth to Maitreyi, but she refused. “If now, Sir,” she asked him, “all the world’s wealth were mine, would I be immortal thereby?” Yajnavalkya acknowledged, “No . . . there is no hope through wealth.”
Gautama Buddha, from Lumbini in modern Nepal, rejected hereditary family power, practiced yogic meditation, and taught a “Middle Way” between material indulgence and severe asceticism. He taught that having possessions may not be inherently bad, but that desire for and attachment to possessions leads to suffering for one’s self and others.
Around 300 BCE, in Greece, the philosopher, Diogenes, lived outside of Corinth in a clay wine barrel. Diogenes had renounced worldly comforts. Detractors called him “the dog,” kyon in Greek. Diogenes gleefully adopted the slur, and his followers called themselves Kyonos, Latin Cynici, the original Cynics. Diogenes boasted that he surpassed even Persian King Darius, because he desired nothing, while the king could never get enough to satisfy himself.
Historians such as John D. Crossan and Géza Vermes have described a “historical Jesus,” (“Yeshua” in Aramaic), independent of later religious contexts. The earliest known descriptions of Yeshua the Israelite teacher and his followers depict them as poor “am ha-aretz,” or “people of the land.” Jesus’ message from these earliest records suggest a universal modesty and common decency: Be generous and merciful, share what you have with others, help the poor and hungry, and don’t worry about your own comforts. Modest living brings one closer to the divine.
These spiritual traditions inspired writers and social activists throughout the middle ages and into our modern era. In 12th-century Assisi, Italy, Francesco Bernadone and Clare Offreduccio, took the Jesus teachings of modesty and compassion seriously, renounced their families’ wealth, and devoted their lives to serving the poor. When asked whom he would choose as a wife, Francis allegedly replied, “La povertà,” poverty.
In the 16th and 17th centuries, the Russian Dukhobors, Friesland Mennonites, English Quakers, and German Amish rejected privileged society to establish self-sufficient, pacifist communities based on simple living. In 17th-century Boston, Quakers Mary Fisher and Ann Austin were imprisoned for preaching these doctrines. The Quaker tradition of civil disobedience inspired author Henry David Thoreau, who spent time in jail for resisting the military and later retired to a cabin on the shores of Walden Pond to live a simple life, recounted in the 1854 book Walden.
View of sand © Greenpeace / Vadim Kantor
Sand with ripple effect from the wind. © Greenpeace / Vadim Kantor
Russian author Leo Tolstoy rejected family wealth and Russian nobility for a simple life based on Franciscan, Buddhist, and Hindu ascetic traditions. Tolstoy arranged for royalties from his novels to support persecuted Dukhobor communities, and in 1899, the Quakers and Tolstoyan movement helped 6,000 Dukhobors emigrate to Canada, where they established self-sufficient agricultural communities.
Mahatma Gandhi began his human rights career by establishing a self-sufficient “Tolstoy Farm” near Johannesburg, South Africa, and later organized Swaraj (self-rule) communities in India. He hand-spun his own dhoti cloth and ate simple vegetarian food. His practice of satyagraha — peaceful civil disobedience, borrowed from the Quakers — led to the liberation of India from British rule. “Earth provides enough to satisfy everyone’s needs,” wrote Gandhi, “but not everyone’s greed.”
Ecology and Simplicity
In the 1970s, Greenpeace borrowed non-violent civil disobedience tactics from Gandhi and the Quakers. At that same time, in Norway, Arne Naess, inspired by Gandhi, chained himself to rocks at the Mardalsfossen fiord to protest a dam project. Naess coined the idea of “Deep ecology,” and summarized his modest lifestyle with the adage: “Simpler means, richer ends.”
From the beginning, modern ecology promoted simple living, exemplified in books such as Diet for a Small Planet by Frances Moore Lappé (1971), Small Is Beautiful by E. F. Schumacher (1973), and Ecotopia, by Ernest Callenbach, (1975).
Frances Moore Lappé argued that meat production was a root cause of world hunger and she urged vegetarianism as an ecological principle. More recently, in 2006, Frances’ daughter, Anna Lappé, wrote Diet for a Hot Planet, linking our climate crisis to industrial food production.
In Small Is Beautiful, Schumacher showed how our modern, consumer economy (even 45 years ago) was unsustainable. He advocated for localization and for small, appropriate technologies that empowered people, were durable, easily maintained by users, and did not require a vast extraction industry to produce.
In Ecotopia, Callenbach, created a fictitious society based on ecological values. Callenbach’s citizens were “sick of bad air, chemicalized food, and lunatic advertising.” He described his book as “a protest against consumerism and materialism.”
Most of the world’s people, of course, do not have to worry about reducing consumerism and materialism because they already live modest lives in environments that have been plundered by the resource extraction industry. For the wealthy nations, however, simplification and material restraint are necessary tenets of ecological awareness. We’re not going to solve our ecological challenges if we don’t reverse the consumptive lifestyles of growth-addicted economies.
Voluntary simplicity
My family lives in an rural, island community that experiences power outages in the winter. Two years ago, we went without power for two weeks during a heavy snowfall. We cooked on our wood stove and melted snow for water. Without internet, we read more books, played more music together, and sat up at night by candel-light telling stories. We got out the big, historical atlas and studied history together. We worked together with neighbours to repair fences and dig paths through the snow. When the power came back on, and the computers fired up, we felt somewhat disappointed. We all learned a deep lesson about what really matters in life.
© Patrick Cho / Greenpeace
Overconsumption Issue in Hong Kong © Patrick Cho / Greenpeace
In 1936, Gandhian sociologist Richard Gregg wrote The Value of Voluntary Simplicity, pointing out that extravagant consumerism degraded the Earth and was socially unethical. Furthermore, Gregg argued, non-materialist satisfactions — reading, contemplation, friends and loving relationships — offered a richness that material things could not provide. Duane Elgin added to this movement in 1981 with Voluntary Simplicity, describing “a manner of living that is outwardly simple and inwardly rich,” echoing the aphorism of Arne Naess. “A deliberate choice to live with less,” Elgin wrote, will increase one’s quality of life.
In 2004, Mary Grigsby documented the voluntary simplicity movement in Buying Time and Getting By, with case studies of people who had chosen to simplify their lives, reduce consumption, and live in a smaller dwelling. “Identify the essential,” she wrote, and “eliminate the rest.”
We have huge global challenges to address: Global heating, species diversity loss, and economic injustice. For people living in environments of abundance, living modestly can be a personal statement to help address these challenges, and can also lead to a happier, more meaningful life. The Minimalists today ask the question: “How might your life be better with less?” It is a question worth contemplating.

=============

References and Links:

The Minimalists: The podcasts; Leo Babauta, Description of Minimalism; Courtney Carver, 25 Reasons You Might Be a Minimalist.
Coast Salish Potlatch: “Potlach Economics 101,” Malcolm McColl, First Nations Drum, 2009
Taoism: My earlier Deep Green article on Ecology and Taoism: “Oh Gaia! I’m a Taoist!” Deep Green, 2017. Tao Te Ching, Lao Tzu, translated by Gia-Fu Feng and Jane English, Vintage Books, 1989; text on line at Terebess Asia.
Buddhism and Ecology: Buddhism and Ecology, edited by Mary Evelyn Tucker and Duncan Ryūken Williams, Harvard university Press, 1998. “Buddism + Ecology,” EcoDharma.
“The Cynics and Diogenes, the Philosopher who Lived in a Barrel,” Janet Cameron, Decoded Past, 2015
Historical Jesus: John Dominic Crossan: The Historical Jesus, (Harper Collins, 1992); Géza Vermes: Jesus the Jew (Fortress, 1981).
“Walden by Henry David Thoreau (1854),” by Robert McCrum, The Guardian, 2017
Books that influenced Gandhi: William Salter, Ethical Religion (1889); Henry David Thoreau, On the Duty of Civil Disobedience (1849), pdf; and Leo Tolstoy, The Kingdom of God Is Within You (1894), pdf.
Frances Moore Lappé Diet for a Small Planet, 1971, Ballentine Books; Anna Lappé, Diet for a Hot Planet, Bloomsbury, 2006.
  1. F. Schumacher, Small Is Beautiful: A Study of Economics as if People Mattered, Blond & Brigs, HarperCollins, 1973.
Ernest Callenbach, Ecotopia, Heyday Books, 1975.
Poet Patrick Kavanagh on simplicity: “Kavanagh’s lessons for simple living,” Alan O’Riordan, The Irish Times, 2009
Helen and Scott Nearing, Living the Good Life: How to Live Sanely and Simply in a Troubled World, Schocken Books, 1973, at Amazon.
Voluntary Simplicity: Richard Gregg, The Value of Voluntary Simplicity, 1936, pdf; Duane Elgin, Voluntary Simplicity, 1981, duaneelgin.com; and Mary Grigsby, Buying Time and Getting By, State University of New York, SUNY Press, 2004.

=================

about the author

Rex Weyler was a director of the original Greenpeace Foundation, the editor of the organisation's first newsletter, and a co-founder of Greenpeace International in 1979. Rex's column reflects on the roots of activism, environmentalism, and Greenpeace's past, present, and future. The opinions here are his own.

Comida saudável para todas as pessoas – queremos!

por Mariana Campos

Comida orgânica para todas as pessoas, de todas as classes sociais, sem exceção! Essa foi a mensagem de Thiago Vinicius, da Agência Solano Trindade, nosso novo parceiro na luta por uma alimentação saudável e sem veneno no Brasil.
Celebramos a Semana Mundial da Alimentação em Campo Limpo, na periferia da cidade de São Paulo, com a primeira edição do Café com Prosa. Nesses encontros, abordaremos temas como empreendedorismo social, alimentação sem veneno, direito à cidade e saúde.
Há alguns anos, falamos sobre a necessidade de uma outra agricultura no país. Uma produção agrícola que respeite as pessoas, o meio ambiente e o clima. Queremos alimentos saudáveis como um direito de todos, não um privilégio de poucos!

#ChegaDeAgrotóxicos #IssoÉAtivismo

sobre o(a) autor(a)

Jornalista do Greenpeace Brasil em Brasília. Colabora na campanha contra agrotóxicos, é vegana e gosta de andar descalça na floresta. Começou a abraçar árvores ainda criança e não parou mais.

Todos juntos em defesa do meio ambiente

por Greenpeace Brasil

Meio ambiente é coisa séria
Junto com mais de 30 redes e organizações da sociedade civil, publicamos hoje um manifesto em defesa dos principais órgãos e políticas ambientais do país. No documento, reagimos a uma série de propostas que atacam o meio ambiente feitas durante a campanha eleitoral.
A fusão do Ministério de Meio Ambiente (MMA) ao de Agricultura, bem como o anúncio de enfraquecimento de órgãos de fiscalização ambiental, como o Ibama, representam um enorme e perigoso retrocesso, podendo resultar na explosão das taxas de desmatamento e colocar em risco décadas de avanços na proteção ambiental.
Outra ameaça grave é a retirada do Brasil do tratado internacional de mudanças climáticas (Acordo de Paris), o que pode prejudicar o comércio e a imagem internacionais do Brasil, tendo em vista as crescentes exigências do mercado quanto à sustentabilidade.  
Nosso manifesto também condena as propostas de enfraquecer ou mesmo acabar com o licenciamento ambiental; facilitar o uso de agrotóxicos; abrir as áreas protegidas a atividades de alto impacto ambiental; e a defesa do “fim do ativismos” no país.
Ao longo de 26 anos de atuação no Brasil, o Greenpeace nunca se furtou a criticar governos e políticos cujos projetos representassem ameaça ao meio ambiente e à população, independente do partido ou da cor da bandeira que defendem. Continuaremos defendendo o meio ambiente, a paz e a justiça social, princípios que nos norteiam desde nossa fundação, e de forma independente.
Leia o manifesto na íntegra:
Desvalorizar o meio ambiente é um risco para todo brasileiro
Patrimônio e direito de toda a sociedade, cabe a ela não abrir mão de seu capital natural
Estamos a poucos dias do segundo turno das eleições. O momento é desafiador para os brasileiros e para o Brasil. Chegou a hora de se unir a favor da proteção do meio ambiente, direito e patrimônio de toda a sociedade brasileira.
O Brasil detém a maior biodiversidade do mundo e belas paisagens naturais que atraem anualmente milhares de turistas. O futuro e o desenvolvimento do País também dependem da boa gestão do seu capital natural. Aqui está a maior área de floresta tropical contínua do planeta, que ajuda a regular o clima, produzir água, estocar carbono nas árvores, manter solos férteis para a agricultura, reduzir o risco de desastres naturais, dentre tantos outros serviços. O país não pode abrir mão da proteção conferida ao meio ambiente pela Carta Cidadã de 1988.
A economia brasileira, hoje em grande medida conectada aos mercados globais, depende do equilíbrio entre produção e proteção ambiental para prosperar. Retrocessos na agenda ambiental do País podem representar riscos enormes à reputação das empresas e produtores brasileiros, colocando o Brasil na contramão do movimento global de transição para a economia de baixa carbono.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) e seus órgãos têm papel central na implementação das políticas ambientais, que não se resumem àquelas afetas ao setor agropecuário, englobando, entre outros, a preservação dos biomas brasileiros, a proteção da biodiversidade e o combate à biopirataria, o combate ao desmatamento ilegal e outros crimes ambientais. Além disso, define e efetiva áreas protegidas, controla os variados tipos de poluição e de resíduos sólidos, gerencia os recursos hídricos, analisa a sustentabilidade de empreendimentos de impacto ambiental e combate às mudanças climáticas.
Eventual extinção do MMA, com a sua incorporação ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e o esvaziamento das funções de seus órgãos, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), resultaria em violação sem precedentes a todo o Sistema Nacional do Meio Ambiente, desenvolvido a partir da Política Nacional do Meio Ambiente, de 1981.
A subordinação de tais funções à pasta da agricultura, além de demonstrar franco desconhecimento do tema, geraria conflitos de interesses insuperáveis e colocaria em risco quatro décadas de avanços na proteção do meio ambiente. A eliminação do licenciamento ambiental, um dos principais instrumentos da política ambiental, e a ampliação do uso de agrotóxicos no País, retirando da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e do IBAMA a competência de avaliar os impactos à saúde da população e ao meio ambiente, expõem toda a sociedade nacional a danos irreversíveis.
O anúncio de uma possível saída do Brasil do Acordo de Paris é inconsequente e demonstra desprezo a um dos mais importantes tratados internacionais de proteção ao meio ambiente, às presentes e futuras gerações, podendo gerar enormes prejuízos diplomáticos e comerciais ao País. Mais de 95% dos cidadãos brasileiros consideram que as mudanças climáticas já afetam o Brasil. Líderes de todo o planeta, a exemplo do Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, alertam que o mundo corre riscos de danos irremediáveis diante das mudanças climáticas, com consequências desastrosas para toda a população mundial e os sistemas naturais que a sustenta.
Na mesma direção, a proposta de abrir Terras Indígenas, Territórios Quilombolas e Unidades de Conservação à mineração, à agropecuária e demais atividades de impacto desconsidera a sua essencialidade para a sobrevivência física e cultural de povos e comunidades tradicionais e também para o equilíbrio ambiental, visto se tratar das áreas mais preservadas de todo o País.
Defender o fim do ativismo – inclusive do ambiental – representa afronta à Constituição Federal e à democracia, que asseguram livre direito de expressão, de organização, manifestação e mobilização social na defesa de direitos. Isso se torna ainda mais grave em função da posição ocupada pelo Brasil de recordista mundial em assassinatos de defensores do meio ambiente.
Tais medidas, ao arrepio da Constituição, podem fazer explodir o desmatamento na Amazônia, no Cerrado, na Mata Atlântica e nos demais biomas brasileiros, que já é alto. Se isso acontecer, o País todo vai sofrer, não só porque perderemos irreversivelmente nossas fauna e flora, mas também porque é da floresta conservada que depende o regime de chuvas de todo o continente sulamericano, que viabiliza, por exemplo, a irrigação de plantações agrícolas no Brasil ou que mantém cheios os reservatórios do Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. A ciência brasileira nos alerta: se o desmatamento da Amazônia atingir entre 20% e 25% (o desmatamento acumumulado atualmente é de 19%), a floresta entrará em um “ponto de não retorno”, a partir do qual todo o seu equilíbrio será modificado, passando por processo irreversível de savanização, com a perda de seus serviços ambientais. Ademais, é no Cerrado, cujo desmatamento já ultrapassou 50%, que estão as nascentes dos mais importantes rios brasileiros, como o Paraná, o Tocantins e o São Francisco. Para além de todos os riscos ambientais, a adoção das propostas em tela terá impactos negativos nas relações comerciais do Brasil com os demais países do mundo.
Diante da gravidade deste cenário à área socioambiental, as organizações signatárias vêm alertar à sociedade brasileira e à comunidade global sobre os riscos concretos e irreversíveis a que estão expostas.
Meio ambiente é coisa séria. Diz respeito à nossa qualidade de vida e ao mundo que deixaremos para nossos filhos, seja qual for a nossa forma de pensar, agir e lutar. A sua proteção constitui direito fundamental de toda a sociedade brasileira, configurando-se como pauta apartidária. O próximo Presidente da República tem o dever de reconhecer e se comprometer com a proteção das conquistas ambientais da sociedade. É preciso caminhar em direção à Constituição Cidadã; não se afastar dela.
Assinam:
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib)
Associação dos Servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Asibama-DF)
Associação Nacional da Carreira de Especialistas em Meio Ambiente (Ascema- Nacional)
Centro de Trabalho Indigenista (CTI)
Conectas Direitos Humanos
Coordenação das Organizações Indígena da Amazônia Brasileira (Coiab)
Ecologia e Ação (ECOA)
Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São Paulo (FREPESP)
Frente por uma Nova Política Energética
Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social
Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (FORMAD)
Greenpeace
Grupo Ambientalista da Bahia (Gamba)
GT Infraestrutura Instituto Centro de Vida (ICV)
Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc)
Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé)
Instituto Ethos
Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB)
Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN)
Instituto Socioambiental (ISA)
International Rivers Network (IRN)
Observatório do Clima
Operação Amazônia Nativa (OPAN)
Rede Cerrado Rede de Cooperação Amazônica (RCA)
Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA)
Rede Pantanal
SOS Mata Atlântica
Terra de Direitos
WWF-Brasil

#Eleições 2018 #IssoÉAtivismo #Resista

Friday, October 19, 2018

Ativismo: o vírus da qualidade de vida

por Sucena Shkrada Resk

Exercitado em rede e nas redes, ele é o meio em que pessoas praticam sua cidadania política para transformar não só o lugar onde vivem como a si próprias

A ativista e voluntária do Greenpeace Ana Carolina na mobilização pela Defesa dos Corais da Amazônia
A jovem arquiteta Ana Carolina de Souza, de Manaus, é voluntária do Greenpeace e quer expandir esse ativismo para a sua profissão. © Marlon Marinho
Sabe o que o engenheiro mecânico paulistano Antonio Padilha, 74 anos, e a arquiteta manauara Ana Carolina Souza, 23, têm em comum? Apesar de pertencerem a gerações diferentes e viverem a quilômetros de distância um do outro, suas trajetórias se encontram na mobilização que realizam por diferentes causas socioambientais. Eles se consideram ativistas, e isso tem um peso importante em suas histórias de vida a ponto de contagiar outros, funcionando como um “vírus do bem”.
“Ativismo para mim é uma forma de auto respeito. A nossa vida é preciosa e por isso deve ter significado, objetivo. Temos de usar bem essa dádiva, que é uma só. Por isso me sinto feliz quando me envolvo nas causas que acredito. Ajuda a minha auto-estima. Do contrário,, me sentiria incompleto”, afirma Padilha, um dos mais queridos voluntários do Greenpeace, desde o início dos anos 2000. Nesse tempo, já fez desde limpezas de praças, mobilizações e até  plantios de árvores como compensação ambiental.
Já Ana Carolina, uma jovem arquiteta de Manaus que já participou de inúmeras atividades de mobilização pelo meio ambiente, seja com o público urbano como os ribeirinhos, e deseja agora levar seu espírito ativista para sua profissão. “Já fiz alguns projetos de moradia popular a populações menos favorecidas, na faculdade. No mundo em que vivemos, é preciso haver realização pessoal naquilo que a gente acredita. É algo muito maior”, avalia.
Radiografia do ativismo
O que se observa é que hoje, além do ativismo nas ruas, sua propagação é facilitada pelo uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), como a Internet e midias sociais, que permitem as pessoas a participar e formar grupos com uma velocidade sem precedentes, quebrando barreiras sociais, culturais, econômicas e geográficas. É o que constatou a pesquisadora Juliana Zuquer, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP). Ela fez fez uma radiografia deste ativismo em rede entrevistando 27 integrantes de 22 coletivos na cidade de São Paulo para sua tese de Doutorado – “Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC) e movimentos sociais nos urbanos do século 21: interfaces e possibilidades na busca pelo direito à cidade”.
Padilha realiza plantio de mudas com jovens nativas em parque com voluntários do Greenpeace
O veterano Antônio Padilha (de chapéu) realiza a limpeza e plantio de mudas nativas em parque da periferia de São Paulo, com jovens voluntários do Greenpeace © Fabio Silva Gomes
São pessoas que dedicam parte do seu tempo a promover desde hortas urbanas à uma melhor mobilidade para a cidade. “Em rede e na rede, esses indivíduos integram movimentos sociais que se diferenciam dos anteriores pela tentativa de ausência de hierarquias entre seus integrantes, discursos apartidários, imprevisibilidade em suas ações, formato organizativo em redes”, avalia Juliana.
Segundo a pesquisadora, uma vez que não acreditam mais na eficácia da gestão da cidade e no formato de tomadas de decisões em estruturas formais do governo (em sua maioria consultivas e não deliberativas com poder de voto), essas pessoas têm usado as TIC para mobilizar recursos a seu favor. “Buscam novas possibilidades de participação social e um processo de governança com maior diálogo entre governo e sociedade e construção de uma nova perspectiva de cidade”, explica.
Segundo a pesquisadora, entendendo que a saúde perpassa também formas mais participativas de compartilhamento de poder, de decisões e de melhorias de gestão de espaços públicos, ao revitalizar praças, plantar hortas e impulsionar ações para ampliação da mobilidade ativa na cidade, esse ativismo cidadão se reflete no ganho de qualidade de vida para todos. “São diversas as experiências que mostram soluções locais impulsionadas, por exemplo, para ampliação da infraestrutura verde (incluindo arborização pública, parques, telhados permeáveis e jardins verticais, hortas comunitárias) nas cidades. Esses aspectos, por sua vez,  trazem benefícios ambientais, sociais, econômicos e de saúde, como conforto térmico, bem-estar do indivíduo, contemplação e convívio social, além de redução da poluição sonora”, diz Juliana.
Desafios para a participação
Para o aprimoramento deste ativismo cidadão, a pesquisa identificou dois desafios. O primeiro está no fato de os movimentos poderem de fato se inserir nas tomadas de decisões em estruturas de poder que hoje se mostram ultrapassadas. “Uma vez que se mostram consultivas, os ativistas ficam mais restritos a escutar ou opinar sobre assuntos relevantes para melhoria da cidade, mas com pouco poder efetivo de voto, de decisão. Essa percepção, inclusive, reverbera na descrença que têm em relação ao estado democrático atual e na urgência que sentem de modificar a lógica top-down (de cima para baixo) de tomadas de decisões sobre aspectos que afetam a todos os habitantes de uma cidade”, diz Juliana.
O segundo desafio está na constante mudança de cargos e ou partidos políticos, o que acaba por travar ainda mais os processos de decisões ou mesmo esvaziá-los, o que traz entraves para uma maior participação dos ativistas nas decisões tomadas.

Thursday, October 18, 2018

Quando descobri que comer é um ato político

por Mariana Campos

A Semana Mundial da Alimentação nos faz refletir que uma dieta saudável é melhor para nossa saúde e a do planeta. Mas precisamos cobrar dos nossos governantes

alimentação saudável sobre a mesa
Por uma alimentação saudável para todas as pessoas © Mitja Kobal / Greenpeace
Aos 17 anos, decidi me tornar vegetariana porque não queria mais comer bicho. Mal sabia que um mundo completamente novo se abria para mim naquele momento. Até então estava acostumada a comer qualquer coisa que minha mãe preparasse. Fui criada no subúrbio do Rio de Janeiro, onde fim-de-semana sim e outro também tem churrasco ou feijoada. Ou aprenderia a cozinhar sem carne ou passaria fome!
Nessa época, eu virei a “louca da alimentação saudável”: pesquisava em sites como o da Sociedade Vegetariana Brasileira, trocava ideia com donos de restaurantes, marcava presença em congressos de alimentação… queria garantir uma boa ingestão de cálcio, proteína e outros nutrientes e tentava acalmar minha mãe, mostrando que eu não precisaria de carne para viver bem.
Nesse processo de começar a olhar com mais atenção para o que eu estava colocando no meu prato, descobri que comer é um ato político, mesmo. Só o fato de eu poder escolher o que consumir já me coloca em um lugar privilegiado. Uma reportagem recente da Agência Pública, por exemplo, traz histórias dramáticas de quem busca comida nas latas de lixo de São Paulo. Em seguida, conclui que, ao deixar de comer carne, estava contribuindo para diminuir minha pegada ecológica no planeta. A forma como produzimos alimentos no mundo hoje é altamente impactante. Enquanto a gente se delicia com pratos cheios de picanha, a Amazônia e o Cerrado estão sendo desmatados, principalmente por conta da produção pecuária.
Ativismo nas ruas © Mariana Campos
Confesso que só depois de muitos anos seguindo uma dieta vegetariana – lá se vão quase duas décadas sem comer carne – é que fui me preocupar com a qualidade das verduras, legumes e frutas que colocava dentro do meu corpo. Ouvia falar que era importante comer orgânicos, porque as plantações estão cada vez mais contaminadas por agrotóxicos, mas como não encontrava esse tipo de produto em qualquer supermercado, não olhava para isso com atenção. (Hoje eu vejo o importante papel tanto dos supermercados quanto do poder público de facilitar – e baratear – o acesso a alimentos sem veneno, porque não é todo mundo que consegue contato direto com produtores locais)
Tudo fez sentido quando comecei a perceber que todos essas questões estão conectadas. No fundo, o motivo inicial de eu ter adotado o vegetarianismo – não concordar com a forma cruel como geralmente os animais são confinados e abatidos – está intimamente relacionado com as razões de quem para de comer carne por questões ambientais e com a dificuldade de acessar produtos orgânicos. O culpado disso tudo: o modelo agrícola convencional. Dentro dessa lógica de produção industrial, grandes áreas de floresta são convertidas em pasto ou plantação de soja para ração animal; nossos alimentos são pulverizados por veneno com subsídios do governo; recursos naturais essenciais como água e solo são contaminados; trabalhadores rurais são frequentemente explorados; e animais são maltratados. Além disso, no Brasil, a agropecuária corresponde a 32% dos gases de efeito estufa lançados na atmosfera. Só de pensar que podemos levar vários itens desse pacotão do mal para o nosso prato de comida todos os dias, meu estômago fica embrulhado.
A gente muda o mundo
mariana campos com coração de couve
Mais vegetais, menos carne © Caio Paganotti
Se uma quantidade considerável da população mundial ainda passa fome no mundo, como falar em acesso à alimentação saudável para todos e todas? Parece tarefa impossível, mas acredito que o melhor caminho seja o de questionarmos cada vez mais esse modelo atual de produção, distribuição e consumo de alimentos, e de defendermos uma agricultura mais justa e saudável para quem planta e para quem consome.
Para conseguirmos essa mudança tão necessária, é fundamental que cobremos dos nossos governantes um rearranjo na forma de produzir, distribuir e comercializar os alimentos, para que mesmo as pessoas mais pobres tenham condições de adquirir alimentos realmente saudáveis, com mais vegetais, menos carne e menos agrotóxicos e, de preferência, produzidos localmente. Isso também é ser ativista!
Ao mesmo tempo em que políticas públicas são fundamentais para trazer as mudanças estruturais de que precisamos, vale também a conscientização do quanto nossas decisões individuais contribuem para o bem-estar do planeta. Se você pode escolher colocar no seu prato alimentos que não carreguem todos os problemas socioambientais que listei nesse texto, por que não começar agora? Aproveite a Semana Mundial da Alimentação e se inspire! Informe-se, experimente receitas baratas e saborosas. Uma dieta mais rica em vegetais é ótima não só para a nossa saúde e o clima – é melhor também para as florestas, rios e oceanos, e para a segurança alimentar global.

sobre o(a) autor(a)

Jornalista do Greenpeace Brasil em Brasília. Colabora na campanha contra agrotóxicos, é vegana e gosta de andar descalça na floresta. Começou a abraçar árvores ainda criança e não parou mais.

Wednesday, October 17, 2018

What a difference a week makes

by Mark Breddy

It started in the early hours of Monday morning. I rolled out of bed and tiptoed to the kitchen table to stare at my laptop bleary-eyed: 3.04 am in Brussels, 10.04 am in Incheon, Korea.
The world’s top climate scientists had just released one of the most important climate science reports ever: a warning that our window to avoid the worst effects of climate change is rapidly closing, but that – if governments make it a priority – we can still protect the environment and save millions of people.
Greenpeace East Asia activists send message of climate hop
Greenpeace East Asia activists unfurl a banner with the message ‘There is still hope. Climate Action Now!’ ahead as the IPCC released its special report on 1.5 degrees Celsius in Incheon, Korea. © Jung Taekyong / Greenpeace
Within minutes, my WhatsApp and Skype chats were on fire. Scientists had effectively just given governments a kick in the arse.
By the time I made it into the office several hours later, the report by the United Nations’ Intergovernmental Panel on Climate Change had well and truly ‘hit’ Europe. In a year when millions of Europeans have suffered tragic forest fires, deadly heatwaves and devastating drought, the inadequacy of European Union pledges on climate change were clear for all to see.
Politicians right, left and centre were falling over themselves to stress the importance of the report. Few of them drew the logical conclusion that they needed to up their game – at least initially.
Battlegrounds
Along came Tuesday, when environment ministers gathered in Luxembourg to plan for a global climate conference in Katowice, Poland, in early December. Unsurprisingly, there was no consensus, but in a sign that things are beginning to shift politically, 15 countries did speak up. They supported ramping up EU climate targets in line with the Paris climate agreement and Monday’s IPCC recommendations.
Germany’s minister Svenja Schulze was surprisingly vocal, given Angela Merkel’s earlier reluctance to bring the targets in line with the science. If anyone ever doubted it, it’s now clear that Germany has become a major battleground for Europe’s response to climate change.
Demonstration for Climate Protection and Hambach Forest © Bernd Arnold / Greenpeace
More than 50 000 people participate in the demonstration at the Hambacher Wald near Koeln-Buir for a quick coal phase-out and for the rescue of the Hambacher Forest. © Bernd Arnold / Greenpeace
A powerful movement has grown out of protests to stop the destruction of what’s left of the ancient Hambach forest in Western Germany, to make way for Europe’s biggest lignite mine. But as Germany contemplates a country-wide coal phase-out, the alliance between dinosaur industries and politicians is not dead yet. Only hours after supporting greater European climate ambition – and seemingly oblivious to the irony – Schulze fought tooth and nail to water down measures to limit CO2 from cars.
Climate justice
The German government’s attitude to coal companies and carmakers only shows that politicians have lost touch with the zeitgeist on climate change. Now, after getting a beating from scientists, the courts are also pitching in. Just this week, court rulings forced Berlin to introduce a ban on diesel cars in 11 of the city’s busiest streets, while a Belgian court told the region of Flanders it must submit a plan to deal with the worsening air pollution problem.
But the stand-out legal case was in the Netherlands on Tuesday, when Urgenda, a Dutch environmental group, and hundreds of private citizens, won a landmark ruling against the Dutch government. A court in The Hague upheld an earlier decision forcing the government to fulfil its obligations on climate change. To comply with the court order, the Dutch government must shut down all remaining coal fired power stations before 2020. Truly a momentous decision in what had already become a momentous week.
Cherry on the cake
By the middle of the week, my neglected inbox was growing increasingly out of control. But it turned out that the week that keeps on giving wasn’t quite done.
COP21: Climate March in Amsterdam © Chantal Bekker / Greenpeace
People participate in the Global Climate March in Amsterdam on the day before the COP21 Paris talks begin. © Chantal Bekker / Greenpeace
Some more great news from The Netherlands: one of the country’s biggest investors, NN Group, announced it would no longer finance controversial tar sands oil and pipeline companies in Canada and the United States, citing the projects’ carbon emissions as a major reason for its decision.
And then it was a bit like finishing a bag of M&M’s at the movies, only to find one more at the bottom of the packet. In this case, the European Parliament delivered the final treat. Members of the environment committee adopted a resolution calling on the EU to bump up its greenhouse gas emission reduction pledge and back a pathway to achieve net-zero emissions in Europe by 2050 at the latest.
This would mean ending coal and all fossil fuels, radically increasing energy efficiency and ultimately powering everything with renewable energy. We would also have to change the way we produce our food, eat less meat and protect and restore our forests and peatlands.
This last piece of news from the Parliament is in fact the opening salvo in what promises to be the next European political battle on the climate front. In just over six weeks, the European Commission will release a draft long-term (2050) climate strategy for the EU, only a few days ahead of the UN climate talks in Poland.
So lots more to come, but for now, it’s mid-October in Brussels and I’ve had to draw the curtains on an unusually hot autumn day… There’s plenty of work to do. But what a week that was!

Mark Breddy is the Head of communications of the Greenpeace European Unit

Think we can’t win on climate change? This victory by Dutch citizens will change your mind

by Louise Fournier and Kristin Casper

Victory in Dutch climate case and call for action by UN scientific report puts all laggard governments on notice: act now or see you in court!
COP21: Climate March in Amsterdam © Chantal Bekker / Greenpeace
People participate in the Global Climate March in Amsterdam on the day before the COP21 Paris talks begin. © Chantal Bekker / Greenpeace
If it ever feels like the road to solving the impacts of climate change is a slow, uphill battle, this news will change your mind.
In 2015, Dutch environmental group, Urgenda Foundation sued the state of Netherlands in a world-first victory of citizens holding their government accountable for climate change. The District Court of the Hague ruled that the Dutch government must reduce emissions 25 percent from 1990 levels by 2020, and as governments do, they appealed.
This month, the Hague Court of Appeal confirmed this ground-breaking decision meaning that the Dutch government MUST increase its climate ambition and reduce emissions to protect the rights of its citizens.
This is a big deal.
For the Netherlands, it means that all remaining coal fired power plants must be shut down before 2020 in order for the Dutch government to comply with the court order. Internationally, this ruling sets the stage for what’s to come – countries must prevent foreseeable violations of human rights resulting from climate change.
No doubt, this will have a beautiful “butterfly effect” on  global climate action. This is what we can expect:
Activists Block Entrance to RWE Coal Plant in Eemshaven © Bas Beentjes / Greenpeace
Greenpeace activists, block the entrance to a coal plant in Eemshaven, Netherlands. The coal ship ‘Paquis’ had plans to unload coal from Russia for the largest coal-fired power plant in the Netherlands. © Bas Beentjes / Greenpeace

Governments are “on notice” to increase climate ambition – or risk being sued

Urgenda’s victory in 2015 was the first time ever that a country’s government was held accountable for its contribution to dangerous climate change, and the fact that they won again on appeal means that countries who don’t actively prevent climate-related harms are violating people’s human rights.
Even better, the decision by the Court of Appeal was delivered the day after the release of a new UN climate report by the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) which clearly laid out that the difference between 1.5°C and 2°C degrees of warming as a matter of survival for the countries most at risk from climate change. Even 1.5°C of warming could cause severe problems to vulnerable populations. With this report, governments have been put on notice that they must act now to increase their climate action and protect our human rights from the worsening impacts of climate change.
The combination of the Dutch ruling and the IPCC report is a warning to all governments. If countries fail to get their act together and update their climate and energy policies with the latest IPCC science, they too will be brought to court.
Projection at 48th IPCC Session Opening in Seoul © David Jaemin Byun / Greenpeace
Greenpeace activists project a laser beam message on Namsan mountain, Seoul on the occasion of the opening of the 48th IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) Session in Songdo, Incheon, South Korea, © David Jaemin Byun / Greenpeace

Courts provide hope in safeguarding our future

The win by the Urgenda Foundation demonstrates the importance of having courts hold governments accountable on climate change. Despite the Netherlands arguing that matters of climate policy should be decided by politicians, not judges, the Court of Appeal strongly stated the importance of courts in holding States accountable for their human rights obligations – the Netherlands knew about the 2015 court ruling for the 25% carbon emissions cut, but has only cut its emissions by 13%
The role of courts in ensuring climate justice and respect of human rights was also highlighted by the UN Committee on Economic, Social and Cultural Rights’ comment on the 1.5C report:
“Human rights mechanisms have an essential role to play in protecting human rights by ensuring that States avoid taking measures that could accelerate climate change, and that they dedicate the maximum available resources to the adoption of measures that could mitigate climate change.”
In recent years, there’s been a wave of cases around the world of people standing up to fossil fuel companies, governments, or financial institutions and demanding their right to a healthy and safe environment. There’s the KlimaSeniorinnen, the 1000 plus senior women who are suing the Swiss government; youth organisations like Our Children’s Trust in the United States who have filed lawsuits against US states and the federal government over climate change; and right now the Commission of Human Rights in the Philippines is investigating 47 fossil fuel and cement companies for their contribution to human rights harms resulting from climate change.
Now, the victory by the Urgenda Foundation and the strong call for action by the scientific community means that going to court remains one of the best options for communities around the world.    
Senior Women for Climate Protection in St. Gallen © Greenpeace / Ex-Press / André Albrecht
Members of Senior Women For Climate Protection (Klimaseniorinnen) © Greenpeace / Ex-Press / André Albrecht

What will happen next?

Just as it did in 2015, the victory in the Netherlands will continue to have global repercussions. Except this time, it is preceded by the UN’s most important scientific report to date.
We are facing a moment of truth and how we act now will define the course of human history. But we are not alone. People power is unstoppable and their efforts to seek climate justice give us #ReasonsForHope.
Take action! Raise your voice for climate justice. Add your name and support communities seeking climate justice through legal actions.
Louise Fournier and Kristin Casper are litigation counsels for Greenpeace’s global climate justice and liability campaign