Friday, August 31, 2018

A Total não assume que errou…

por Greenpeace Brasil

As descobertas recentes sobre os Corais da Amazônia invalidam o estudo da empresa francesa que quer explorar petróleo na costa Norte do Brasil. Mas a empresa insiste em seus planos.

Ativista mulher do Greenpeace segura pintada com petróleo falso segura banner em protesto contra a petrolífera Total.
Ativista protesta contra a Total em frente à sede da empresa, no Rio de Janeiro. © João Laet / Greenpeace
Errar é humano, já diz o velho ditado. Mas negar o erro é… antiético, vamos assim dizer. E desde que nós do Greenpeace junto a pesquisadores fizemos duas expedições científicas para estudar os Corais da Amazônia (em 2017 e 2018), revelamos muito sobre esse ecossistema pouco conhecido – mas já muito ameaçado pela indústria do petróleo.

Vimos diversas espécies que vivem ali, encontramos novas áreas nunca antes mapeadas e entendemos mais sobre a dinâmica das marés naquela região. Mas nada disso foi suficiente para que a empresa francesa Total desistisse do plano absurdo de explorar petróleo perto dos Corais da Amazônia.

Depois de nossa expedição, a Total emitiu um comunicado à imprensa. Ela falou muito, mas não explicou os principais questionamentos que temos.

1) Sobre termos encontrado um banco de rodolitos dentro de um de seus blocos:

O que a Total diz:
Nenhuma formação biogênica foi identificada no bloco FZA-M-57″
Só que:
O bloco citado pela Total não é o bloco em que o Greenpeace achou o banco de rodolitos. Então, tudo bem dizer que não há nada no bloco FZA-M-57 porque foi no FZA-M-86 que encontramos os rodolitos.
2) Sobre a distância do poço até o recife
O que a Total diz:
“O poço de exploração estará […] localizado a 28 km dos rodolitos identificados.”
Só que:
Essa informação se baseia no estudo de 2016 que falava que a área dos Corais da Amazônia era de 9,5 mil km2. Desde esse estudo, muitas águas já rolaram. E hoje cientistas estimam que o recife chega a 56 km2 – isso, sem contar a área descoberta recentemente na Guiana Francesa. Então, a Total deveria reconsiderar as distâncias que ela cita.
3) Sobre os planos de exploração
O que a Total diz:
Que está reivindicando perfurar apenas em um bloco (o FZA-M-57).
Só que:

A empresa está tentando obter a licença para cinco blocos na região da foz do rio Amazonas. Ainda que diga hoje que só irá perfurar um, se ela conseguir a licença dos outro quatro, ela pode fazer e perfurá-los. E isso inclui o bloco em que encontramos o banco de rodolitos.

Ou seja…
Tudo o que já sabemos sobre o ecossistema invalida o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da empresa e mostra que ela não fez um trabalho minimamente decente. A questão que nos resta fazer é: até quando a Total vai ignorar as novas descobertas sobre os Corais da Amazônia?
Vamos continuar pressionando a empresa. Compartilhe esse texto em suas redes sociais para que mais e mais pessoas saibam que a Total está fazendo de tudo para ganhar dinheiro em detrimento da natureza. E assine a petição.

ASSINE A PETIÇÃO

Thursday, August 30, 2018

Um funeral para o carvão

por Rodrigo Gerhardt

Protestamos contra o leilão de energia A-6, que pode contratar esse poluente para assombrar o futuro do nosso país

Funeral do carvão realizado por ativistas do Greenpeace em frente à termelétrica de Candiota © Marlon Marinho
Ativistas pedem que o governo brasileiro se comprometa com o fim das usinas a carvão, em frente à termelétrica de Candiota (RS) © Marlon Marinho / Greenpeace
Nossos ativistas enfrentaram uma manhã fria e ainda escura do inverno gaúcho para realizar o enterro simbólico do carvão e mandar uma mensagem clara ao governo brasileiro: queremos o fim da fonte de energia mais poluente do mundo até 2030. O carvão, que moveu a Revolução Industrial e está diretamente ligado ao aquecimento global, deve ficar aonde ele pertence: no solo e no passado.
Nossos governantes, porém, parecem personagens de novela que, congelados no tempo, acordaram do século 19 sem a ideia do que sejam energias limpas e renováveis, e insistem em investir no atraso. No próximo leilão de energia que deve ser realizado nesta sexta-feira (31), dos 59 GW cadastrados para entrar em operação até 2024, metade (29,5 GW) é de origem fóssil. Além de térmicas a gás, incluem também duas novas usinas a carvão no sul do país, uma no Rio Grande do Sul e outra em Santa Catarina.
Sim, são exatamente as térmicas que, quando ligadas, elevam a tarifa de energia para a bandeira vermelha, muito mais cara, que você paga na sua conta de luz, para não falar dos vários impactos que elas trazem para o meio ambiente, para a saúde das pessoas e, no caso das movidas à carvão, até para a crise hídrica, por serem grandes consumidoras de água.

“Chega de energia suja!”

Por isso, com um caixão, uma lápide e a mensagem “Chega de energia suja”, nossos ativistas realizaram um protesto pacífico em frente à termelétrica Presidente Médici, no município de Candiota, a 400 km de Porto Alegre. Candiota foi escolhida como exemplo, pois concentra a maior reserva de carvão mineral no país (a hulha, de péssima qualidade) e o maior parque de usinas térmicas, além de ser a região onde será instalada uma das novas usinas com possibilidade de contratação no leilão, a UTE Ouro Negro.
“O governo insiste em permitir o crescimento do número desse tipo de usina no país enquanto observamos um movimento global no sentido contrário. Vários países dependentes do carvão, como França, Reino Unido, Canadá e México, já assumiram compromissos de abandonar essa fonte poluente até 2030”, afirma Marcelo Laterman, nosso especialista em Energia, que participou do protesto.
Segundo ele, este é um período factível para que possamos fazer uma transição realista em direção às fontes renováveis. Por isso, quereremos a mesma coisa. E a não contratação de novas térmicas a carvão é apenas o primeiro passo para que o Brasil também possa dar fim a todas as sua usinas em operação também até 2030. “No entanto, a contratação de uma nova usina agora pode garantir que ela funcione pelo menos até 2049”, afirma Laterman.
O carvão representa hoje apenas 2,3% da matriz energética brasileira, mas é responsável por 20% das emissões de CO2. É uma tecnologia ultrapassada de geração de energia que em nada contribui para o desenvolvimento de um país mais moderno, limpo e seguro. Se você também quer um Brasil melhor, ajude-nos a fortalecer esse movimento para que o governo assuma o compromisso pelo fim do carvão até 2030. Compartilhe este texto.
Vamos deixar o carvão no passado para que ele não assombre o nosso futuro.  

Wednesday, August 29, 2018

A energia verde do trabalho voluntário

por Felipe Souza

No dia Nacional do Voluntariado, queremos agradecer por esse trabalho tão importante. São vocês, voluntários e voluntárias que levam nossas causas para todos os cantos do país.

Ponto verde no Pelourinho, em Fortaleza. © Rodrigo Santos
Hoje não é um dia qualquer. 28 de agosto é comemorado nacionalmente o Dia do Voluntariado, e nós, do Greenpeace, queremos mostrar toda a nossa gratidão aos voluntários e voluntárias que multiplicam nossas mensagens e colaboram ativamente com a organização, mostrando que ativismo é sim, muito poder!
Atualmente são mais de 7.530 pessoas contribuindo ativamente com as campanhas do Greenpeace. Esse número é possível de ser calculado graças ao Greenwire, uma plataforma online que reúne as pessoas com interesse no trabalho voluntário.
Rafael Ferraz, Desenvolvedor de Comunidades, é um dos responsáveis por gerenciar os mais de 15 grupos espalhados pelo país, e conta que é preciso ter muita empatia para lidar com tanta diversidade. “Sou muito grato por ter a oportunidade de gerenciar tantos grupos pelo Brasil, são muitas pessoas diferentes com ideias, jeitos, costumes e culturas únicas. O respeito às diferenças é o que faz nossa união e mantém tantas pessoas incríveis contribuindo ativamente com o Greenpeace”.
Voluntários contam ao público a história dos 25 anos do Greenpeace do Brasil. Rainbow Warrior visita o Rio de Janeiro para celebrar os 25 anos do Greenpeace Brasil e divulgar a campanha Defenda os Corais da Amazônia. © Barbara Veiga / Greenpeace
Fazer parte do trabalho voluntário é atuar como multiplicador das campanhas da Organização, levando mais conhecimento e atitude de mudança. O Projeto Escola, por exemplo, é um trabalho desenvolvido por voluntários e voluntárias e se tornou uma atividade recorrente para incentivar a luta por um mundo melhor.
No último ano, estivemos em mais de 85 palestras, e conversamos com aproximadamente 4.963 alunos, colocando a questão ambiental nas escolas e servindo como base de educação. Juliana Teixeira é uma voluntária que está há mais de 10 anos trabalhando pelas causas ambientais, e conta que é muito especial poder conversar com tantas crianças e jovens.
“Me sinto muito feliz com esse trabalho. Nada mais gratificante do que ver no final de uma palestra, alunos com os olhinhos brilhando, dispostos a mudar o mundo e engajados na causa. Sinto que minha missão foi cumprida, pois plantei a sementinha verde dentro deles.”
Voluntárias durante o Open Boat. O navio Esperanza abre as portas pela primeira vez em Belém (Pará, Brasil) para encerrar a expedição de 50 dias pelos Corais da Amazônia, que confrontou a petrolífera Total, mostrando a existência dos Corais em um de seus blocos. © Marlon Marinho
Outra iniciativa dos voluntários e voluntárias, muitas vezes em parceria com outras ONGs, é promover limpezas de praias, rios e mangues; no ano passado, mais de 6.961 kg de resíduos foram retirados desses locais.
Para Raphael Roberto, esse projeto incentiva a população a atuar por um equilíbrio entre a vida nos grandes centros urbanos e o respeito ao meio ambiente. “Sonho com o dia em que as pessoas entendam que os nossos hábitos estão diretamente ligados a preservação dos ecossistemas, e então cobrem dos governos ações mais sustentáveis para nossas vidas.”
E não acaba por aí, o  Ponto Verde, é quando vamos às ruas, em um espaço público e conversamos com a população, sendo uma ferramenta de multiplicação das causas ambientais.
Limpeza de praia em Bertioga. © Foto Nativa
Se conseguimos continuar contribuindo por um mundo mais verde, é porque temos vocês, voluntários e voluntárias. Obrigado por levarem o Greenpeace para todo o Brasil, por acreditarem na mudança e no poder da união entre as pessoas! Vocês são  verdadeiros guerreiros e guerreiras do arco-íris!
Se interessou por nosso trabalho? Junte-se à nós! Entre no Greenwire e descubra todas as possibilidades de atuação como voluntário e voluntária, Faça novos amigos e seja você também multiplicador da energia verde.

Tuesday, August 28, 2018

Criativos do Ceará: o ativismo que nasce nas escolas

por Greenpeace Brasil

 O Greenpeace participou de oficina do movimento Criativos da Escola para conhecer e fortalecer iniciativas transformadoras criadas por jovens ao redor do Brasil

Já pensou como um projeto criado dentro da escola para promover a preservação do bioma de caatinga pode se tornar uma lei aprovada pela Câmara de Vereadores da cidade? E como um grupo de estudantes pode recontar a história esquecida de sua cidade para os moradores e visitantes em formato de cordel, valorizando a tradição local? Ainda, de que forma estudantes de uma escola podem fazer sua parte por melhores condições de saneamento no município com a instalação de ecofossas, idealizadas pelos próprios jovens?
Pois todas essas ideias se tornaram realidade graças à força de vontade e criatividade de alunos e alunas ao redor de todo o país! E o que elas têm em comum? Todas foram celebradas pelo movimento Criativos da Escola, que busca engajar estudantes e educadores de todo o Brasil com ideias e projetos que promovem a transformação de sua realidade.
Desde 2015, o movimento realiza o Desafio Criativos da Escola, uma premiação anual de projetos com grande impacto social para a escola ou comunidade local dentro dos mais variados temas como preservação do meio ambiente, discussão de questões étnico-raciais e melhorias no convívio e metodologia de ensino do ambiente escolar.
O Greenpeace foi convidado pelo Instituto Alana, idealizadores do Criativos da Escola no Brasil, para participar de uma oficina na cidade de Cascavel, no Ceará, no mês de junho de 2018. O encontro reuniu 23 estudantes de diferentes partes do estado com projetos premiados nesses três anos de existência do Criativos da Escola.
Durante as atividades, eles foram estimulados a acreditar na capacidade de engajamento, ativismo, comunicação e captação de recursos de seus projetos. A ideia é deixar claro que os jovens possuem grande poder de mobilização. Para colocar em prática o potencial de comunicação dos projetos, simularam entrevistas para rádio, TV e jornal impresso. Além disso, durante todo o período, houve uma troca intensa de experiências entre as diferentes iniciativas.
O desenvolvedor de Comunidades do Greenpeace Brasil, Rafael Ferraz, esteve presente nas atividades e destacou a identificação que o movimento realizado pelo Criativos da Escola possui com o propósito ativista e engajado que o Greenpeace carrega como marca de sua história. “Fiquei muito feliz em representar o Greenpeace nesta parceria, que reafirma nosso compromisso para colaborar com iniciativas que contribuem com o empoderamento das pessoas, especialmente do público jovem, que protagoniza mudanças concretas nas regiões em que vivem”
Ao todo, estiveram reunidos os realizadores de seis projetos que surgiram nas escolas do estado entre 2015 e 2017. Entre as iniciativas estão: espaços itinerantes para debater as questões políticas locais do município de Mulungu, com o Tenda Móvel; a movimentação do turismo local com a criação do primeiro Ecomuseu na cidade de Pacoti; e a revitalização da biblioteca da escola acompanhada de projetos de incentivo à leitura em Cascavel, com a iniciativa do Entrelinhas.

O coordenador do projeto dentro do Instituto Alana, Gabriel Salgado, conta que nesses três anos, diante dos mais diversos projetos, algo em comum transformou a realidade dos jovens envolvidos em cada uma das experiências: a percepção de que é possível transformar a realidade. “Tem projetos que seguem acontecendo e são apropriados pelas comunidades. E tem projetos que, embora não continuem acontecendo, tiveram um impacto muito grande na autonomia dos alunos. A gente percebe que agrega muito pro desenvolvimento pessoal deles e na forma como se colocam no mundo a partir daquilo.”

DESAFIO CRIATIVOS DA ESCOLA 2018

O Criativos da Escola faz parte do movimento global Design For Change, que surge na Índia em 2006 e já foi multiplicado em mais de 60 países, sempre com o intuito de valorizar a autonomia e o potencial criativo de estudantes ao redor do mundo, estimulando a multiplicação de ideias inovadoras que nascem nas escolas
Realizado desde 2015 no Brasil, por iniciativa do Instituto Alana, o movimento acompanha projetos espalhados pelo país e realiza o Desafio Criativos da Escola, uma premiação que reúne anualmente 11 projetos de grande impacto social para a escola ou comunidade local.
Já foram milhares de projetos inscritos e divulgados pelo movimento. Cada uma das iniciativas selecionadas, recebe o convite para que três alunos e um educador participem de um encontro presencial com os jovens envolvidos em outros projetos ao redor do país. A oportunidade serve para que eles possam trocar as experiências vividas com seus projetos e sejam desafiados para uma última missão, realizada entre todos de forma colaborativa.
Diante de tantas boas ideias, o Criativos da Escola também divulga, ao longo do ano seguinte, matérias semanais sobre outros projetos inscritos no desafio e que não foram selecionados. Todas essas histórias podem ser conferidas no site.
Neste ano, as inscrições já estão abertas e vão até o dia 01 de Outubro. O encontro dos criativos premiados no Desafio vai acontecer no Ceará, no mês de Dezembro.

Inscreva sua ideia, seja um agente da mudança e incentive cada vez mais jovens a se mobilizarem pela transformação!

Saturday, August 25, 2018

How can we restore Earth’s nutrient cycles?

by Rex Weyler

Humanity has already breached four of the nine ecological boundaries outlined in 2009 by Johan Rockström: climate change, loss of biodiversity, land-system change, and nutrient cycles.
 © Zhao Gang / Greenpeace
Polluted farm lands in China © Zhao Gang / Greenpeace
Most of us are familiar with the threats of declining biodiversity, deforestation, and global heating. However, nutrient cycles remain less well understood by the general public and by environmentalists.
Nitrogen and phosphorus are the two primary biological nutrients that circulate through Earth’s ecosystems. Every living organism on Earth requires both elements to form proteins and vital organic compounds. Both are required for our genetic DNA. Cells require nitrogen and phosphorus to make proteins, enzymes, and other organic compounds essential for life.
We typically add nitrogen and phosphorus to our gardens and farms in animal manure and synthetic fertilizer. However, human activity has so thoroughly disrupted Earth’s natural nutrient cycles that we have degraded soils and created aquatic dead zones.
Human influences
The rapid decimation of large terrestrial mammals was the first step in humanity’s disruption of nutrient cycles. Early farming communities and entire civilizations – the Maya and Mesopotamians, for example – collapsed after depleting their soils. Farmers learned about manure, compost, biochar, and crop rotation to help stabilize soils, but the rapid growth of humanity eventually depleted soils throughout the world.
 © Ivan Donchev / Greenpeace
Soil and a trowel at a polyculture farm in Bulgaria © Ivan Donchev / Greenpeace
During the nineteenth century, European nations mined potassium nitrate (KNO3) and imported bird and bat guano from Pacific islands to enrich their exhausted soils. As reserves of these nitrogen sources depleted, scientists sought ways to convert atmospheric nitrogen into ammonia. In Germany, Fritz Haber succeeded and by 1913, BASF chemical company was producing 20 tonnes of ammonia per day.
Industrial fertilizer has allowed the modern growth of human population. However, as we so often learn in ecology, there exist unintended consequences.
The use of fertilizer introduces new sources of nitrogen and phosphorus to the ecosystem, and concentrates these nutrients within certain watersheds. Typically, we think of a “nutrient” as a good thing. Nutrients make things grow. However, ecology is never that simple.
By pulling nitrogen and phosphate out of the environment and concentrating these elements in our agricultural and residential septic run-off, we have overloaded certain watersheds. The annual loading is now about 8.5 million tonnes of phosphorus and 54 million tonnes of nitrogen per year. Typically, if the local plant community cannot take up the added nutrient load, the nutrients move through groundwater, ditches, and streams into lakes and oceans.
Eutrophic lake
A eutrophic lake, covered in algae © Creative Commons
Throughout the world, lakes and marine shorelines become “over-productive” (eutrophic) where a few plant or bacteria species feast on the nutrients and choke out other lifeforms. Eutrophication can create dead zones and putrid lakes. Fish and amphibians can die out, leaving festering swamps. Swamps, of course, are part of nature too, but human activity has vastly accelerated this process and altered critical habitats.
Algae blooms virtually killed Lake Erie, between Canada and the US, Lough Neagh in the UK, Lake Taihu in Jiangsu China, Green and Fern Ridge lakes in the northwest US. We’re seeing this repeated around the world: thousands of dead or swampy former lakes. When algae blooms die off, they deplete oxygen, killing other organisms. Anoxia in the Baltic Sea, for example, has been caused by excessive nutrients. Similar ocean anoxic events are linked to present and past mass extinctions of marine life.
The disruption of Earth’s nutrient cycles remains as urgent as global heating and biodiversity loss. To come up with solutions, we must first understand the natural nutrient cycles of a healthy ecosystem.
The Nitrogen Cycle
Graphic of the nitrogen cycle
Visualisation of the Nitrogen cycle from the US Geological Survey
Nitrogen gas, N2, comprises about 78 % of our atmosphere, but is not readily available for organic use. Certain bacteria in Earth’s soils can capture nitrogen and convert it to ammonia, NH3, which they use for their own growth and reproduction, leaving some surplus for plants to absorb.
These nitrogen-fixing bacteria also live in the roots of certain plants, such a beans, peas, clover, and alfalfa. In a typical symbiosis, these plants provide the bacteria a home and carbohydrates. In return, the bacteria convert nitrogen to usable ammonia. Any extra ammonia remains in the soil for other plants.
This leads to the common practice of crop rotation in gardens and farms. After a particular food crop has depleted the soil of nitrogen, the grower may plant a legume crop to restore nitrogen. Farmers in the Indus, Yangtze, Huang Ho, and Mesopotamian river valleys had figured this out by 5,000 years ago, long before anyone understood organic chemistry.
Herbivores get their nitrogen by eating plants and play a significant role in distributing nutrients throughout the ecosystem.  According to a study by Christopher Doughty and colleagues, in the past, marine mammals, seabirds, fish, and terrestrial animals, “likely formed an interlinked system, recycling nutrients from the ocean depths to the continental interiors,” moving nutrients from concentrated hotspots into biomes where other plants and animals could use them. However, the role of animals has been greatly diminished through biodiversity loss. Doughty estimates that due to anthropogenic extinctions and attrition, the capacity of fish, birds, and mammals to distribute nutrients has decreased by 94% across land and ocean.
Nitrogen concentration from fertilizers may help sequester a some carbon in terrestrial ecosystems, the one possible positive impact. However, a study by Peter Vitousek and others, “Human alteration of the global nitrogen cycle,” showed that human disruption of the nitrogen cycle has:
  •  Doubled the rate of nitrogen input into terrestrial ecosystems
  •  Increased the greenhouse gas N2O globally, contributing to photochemical smog
  •  Depleted calcium and potassium in soils, undermining longterm soil fertility
  •  Contributed to acidification of soils, streams, and lakes  
  •  Increased the eutrophication of lakes, rivers, estuaries, and coastal oceans
  •  Diminished biological diversity
  •  Reduced coastal marine fisheries
Taking action
As with virtually all ecological challenges, the scale of human enterprise remains a primary driver. Soils can naturally replenish nutrients after a modest harvest of crops, but not after an endlessly increasing harvest. Watershed ecosystems can process a certain increase in nutrient flow but not an endlessly increasing flow. On a national and regional level, we have to ask: what are nature’s limits?
Permaculture farm in Bulgaria © Ivan Donchev / Greenpeace
Permaculture farm in Bulgaria © Ivan Donchev / Greenpeace
In local gardening, small farming, and in industrial farming, we need to avoid nitrogen and phosphorous fertilizers, and use all fertilizer and manure sparingly. Both gardeners and farmers must consider how much nutrient load their crops can actually absorb, and apply no more than this.  
Farmers, gardeners, residents, and industry need to manage the uptake from their nutrient flow. This can be achieved with swales, dry wells, rainwater catchment, aerobic treatment, and bioremediation. All residential and industrial septic and sewage systems also need be maintained, cleaned, and inspected, to ensure optimum operation.  
Ranchers, pet owners, and small farms have to manage manure run-off. Manure should be removed from fields, isolated from precipitation, and composted prior to use as a soil additive.
Clearing, paving, road building, logging, and construction all reduce natural plant uptake and increase nutrient flow into waterways. Road ditching and culverts should attempt to restore natural groundwater flow, not collect water in ditches.
Biological techniques use bacteria, fungi, and plants to remove or metabolize nutrients and pollutants. Bioremediation occurs naturally in healthy ecosystems and can be enhanced by design. Disturbed shorelines should be replanted with native species, especially those with high nutrient uptake, such as cattails (typha species). Certain useful mushroom species, such as Garden Giant (Stropharia rugosoannulata) can absorb nutrients and metabolize pollutants.
We can reverse the trend of increasing marine dead zones and eutrophic lakes. To achieve this, however, we must accept the evidence that nature’s bounty comes with limits.
Rex Weyler is an author, journalist and co-founder of Greenpeace International.

Resources and Links
“The Microbial Nitrogen-Cycling Network, ” Kuypers, MMM; Marchant, HK; Kartal, B (2011).  Nature Reviews Microbiology.
“Nitrogen cycles: past, present, and future generations,” Galloway, J. N.; et al. (2004). Biogeochemistry. 70: 153–226. Springer.
Nitrogen cycle as Planetary Boundary: “A safe operating space for humanity,” Johan Rockström,et al. Nature, 461, p.472–475 (24 September 2009)
“Century-scale nitrogen and phosphorus controls of the carbon cycle,” Fred T. Mackenzie, Leah May Ver, Abraham Lerman; Chemical Geology, v. 190, 2002.
“An Earth-system perspective of the global nitrogen cycle,” Nicolas Gruber & James N. Galloway
Nature, v. 451, 2008.
“The Nitrogen Cascade,” James N. Galloway, et al., BioScience, v. 53, No. 4, April 2003.
R. Carpenter, “Regime shifts in lake ecosystems,” Excellence in Ecology Series, v. 15, Ecology Institute, 2003); book review at Center for Limnology.
“Catastrophic regime shifts in ecosystems: linking theory to observation,” Marten Scheffer and Stephen R. Carpenter, Trends in Ecology and Evolution v.18 No.12, December 2003.
“Human Impact on Erodable Phosphorus and Eutrophication: A Global Perspective: Increasing accumulation of phosphorus in soil threatens rivers, lakes, and coastal oceans with eutrophication,”
Elena M. Bennett,  Stephen R. Carpenter  Nina F. Caraco; BioScience, v. 51, No. 3, March 2001.
“Evolution of phosphorus limitation in lakes,” D. W. Schindler, Science, v.195, January, 1977.
Robert W. Howarth, “Coastal nitrogen pollution,” Harmful Algae, 2008.
“Human alteration of the global nitrogen cycle: Sources and consequences,” P.M. Vitousek, et al. Issues in Ecology. August 1997.
“A Lake with A Thousand Faces,” Rex Weyler, May 2014: Salmonberry Arts.
“Hague & Gunflint Lakes Monitoring Report, Rex Weyler, 2017, Friends of Cortes Island.
“Biofilters: Guidance for using Bioswales, Vegetative Buffers, and Constructed Wetlands for reducing, minimizing, or eliminating pollutant discharges to surface waters,” Dennis Jurries, PE, State of Oregon, Department of Environmental Quality, January 2003.
Bioremediation of Contaminated Soil,Dana L. Donlan and J.W. Bauder, Montana State University
“Helping the Ecosystem through mushroom cultivation: mycoremediation,” Paul Stamets, Fungi Perfecti
Bioremediation, “Collaborating with Biohabitats,” John Todd, Ecological Design
“Global nutrient transport in a world of giants,” Christopher E. Doughty, et al., October 26, 2015,  PNAS, US National Academy of Sciences.
“Ocean anoxic events,” I. Handoh, T. Lenton, Global Biogeochemical Cycles, 2003.

about the author

Rex Weyler was a director of the original Greenpeace Foundation, the editor of the organisation's first newsletter, and a co-founder of Greenpeace International in 1979. Rex's column reflects on the roots of activism, environmentalism, and Greenpeace's past, present, and future. The opinions here are his own.

Usina de carvão prevista em leilão pode causar falta de água em Candiota (RS)

por Thiago Gabriel

Ruins para o clima, para a saúde e para o bolso, as usinas a carvão também são grandes consumidoras de água e podem causar sérios problemas  ao abastecimento da população local
Usina termelétrica na Alemanha em tereeno seco.
Usina movida a carvão na Alemanha. As térmicas são grandes consumidoras de água e podem causar problemas graves de abastecimento e seca da terra. © Bernd Lauter / Greenpeace
A gente já mencionou aqui que, no dia 31 de agosto, o governo brasileiro deve realizar um novo leilão para contratação de energia elétrica. Entre os 1090 empreendimentos cadastrados, estão duas novas usinas térmicas movidas a carvão que podem operar no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina até 2049. Ou seja, por mais 30 anos teremos que conviver com uma energia suja e poluente que foi o motor da Revolução Industrial no século XVIII!
Agora, além de aumentar a poluição do ar, agravar o aquecimento global e tornar a tarifa de energia mais cara, você sabia que essas usinas térmicas são grandes consumidoras de água e podem prejudicar seriamente o abastecimento da população local?
Um dos projetos que pode ser aprovado prevê a construção da Usina Ouro Negro, no município de Pedras Altas, divisa com Candiota, no Rio Grande do Sul (RS). A região já conta com outras duas usinas termelétricas que são as maiores responsáveis pelo consumo de água disponível no local e um relatório produzido pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), em 2016, mostra que a nova usina aumentaria em 25% essa demanda. A situação é ainda mais grave já que a região está em estado crítico de abastecimento segundo os critérios da Agência Nacional de Águas (ANA).
Ou seja, se a Usina Ouro Negro for autorizada, os cálculos indicam que cerca de 70% da água daquela área será destinada apenas para geração de energia elétrica.
Inicialmente, é claro que o parecer inicial da ANA, emitido em maio de 2016, só poderia negar a autorização para o uso da água. Mas essa decisão foi revertida logo depois, em agosto do mesmo ano, autorizando a captação de água do rio Candiota para abastecer as máquinas da Ouro Negro. O IBAMA também emitiu o licenciamento ambiental para a construção da usina que pode aumentar em até 7% a emissão de gases de efeito estufa na geração de eletricidade do Brasil.
É importante lembrar que a construção de novas térmicas a carvão vai na contramão dos acordos climáticos globais e que muitos países como França, Reino Unido, Canadá e México anunciam que vão abandonar essa fonte de geração de energia até 2030.
Energias renováveis e limpas, como a eólica e a solar, já provaram ser mais eficientes, seguras, competitivas no preço e estratégicas para o desenvolvimento tecnológico. O que falta é vontade política para abandonar de vez o compromisso com o passado, que beneficia apenas alguns em detrimento de um grande impacto para todos.

Se você se identifica com essa e outras causas que defendemos, torne-se um apoiador do Greenpeace!

Wednesday, August 22, 2018

Emma Thompson: “If we want to save orangutans from extinction we need to save their home”

by Emma Thompson

The first time I saw an orangutan in real life, I nearly peed with fright. I heard a great commotion in the trees above me and there he was, swinging through the branches, his huge plate-shaped face staring down at me.
Orangutan at Gunung Palung National Park in West Kalimantan © Jurnasyanto Sukarno / Greenpeace
A wild female orangutan, Rosa, looks for fruits on a tree at Gunung Palung National Park, a protected area in Kalimantan © Jurnasyanto Sukarno / Greenpeace
It was a terrifying experience, which is just how it should be. These creatures are wild animals and our lives were never supposed to become so closely entwined with theirs. As I stood, rooted to the spot, he came lower to get a better look. His expression was so human-like I felt he could have begun talking at any moment. If he had, I’m quite sure he would have said, “Well done. No really, the mess you’ve created is quite incredible… and you guys are supposed to be the intelligent ones.”
We met – this orange-haired, long-armed character and me – in a sanctuary in Kalimantan. So our encounter wasn’t how it should have been at all. Sanctuaries are where the lucky ones end up, but it’s far from ideal. They’re limited to an area of forest too small for their usual range, reduced to relying on humans to survive. But it’s a thousand times better than the treeless wasteland they’re most often rescued from.

Orangutans on the brink of extinction

Natural rainforest, the primary habitat of orangutans, is being destroyed throughout Indonesia and replaced with oil palms by greedy plantation companies. Their fruits are harvested to make cheap vegetable oil that ends up in over half the products on our supermarket shelves.  
Rescued orangutans, robbed of their home, their independence, and frequently their family, are cared for by the most remarkably dedicated of people but resources are slim. Sanctuaries are overcrowded and rescues are stressful and upsetting for all concerned.
Orangutan at BOS Nyaru Menteng Orangutan Rescue Center in Indonesia © Bjorn Vaugn / BOSF / Greenpeace © Bjorn Vaugn / BOSF / Greenpeace
A keeper hugs an orangutan living at Borneo Orangutan Survival Foundation in Nyaru Menteng, Central Kalimantan © Bjorn Vaugn / BOSF / Greenpeace
For each animal that survives, many more die. Rescue work is vital but it’s a last resort and a losing battle unless the problem is tackled at the source. There are no two ways about it – if we want to save orangutans from extinction we need to save their home.

Palm oil can be made without destroying rainforests

Greenpeace is working hard to make brands clean up their palm oil supply chains. By forcing big brands to buy palm oil only from companies that can prove they’ve no links to deforestation, we can finally create lasting change within the industry.
Brands must take responsibility 
Nearly a decade ago, some of the biggest brands on the planet, including Unilever, Nestle and Mondelez (now parent company of Cadbury’s), among others, promised to end their part in tropical deforestation by 2020.  Now, they have less than 500 days left to make that promise a reality.
Despite now having ‘no deforestation’ policies, which is a huge step forward from a decade ago, no large company has managed to reject suppliers still guilty of producing ‘dirty’ palm oil (by which we mean oil grown on newly deforested land).
Deforestation for Palm Oil by Bumitama in Indonesia © Kemal Jufri / Greenpeace 
Deforestation for palm oil in Central Kalimantan © Kemal Jufri / Greenpeace 
What they’ve done instead, is to rely on the Roundtable on Sustainable Palm Oil (RSPO), an industry body responsible for certifying the ‘clean’ stuff. But time and time again the RSPO has been exposed for turning a blind eye to producers and traders breaking the rules.
In June, Greenpeace linked the world’s largest palm oil trader, Wilmar, an RSPO board member and supplier to all the brands named above, to the destruction of rainforest totalling twice the size of Paris. This can’t go on.

Forests are the lungs of the planet

In the last 16 years, 100,000 orangutans have died mainly due to deforestation. Some are shot dead by frightened farmers after straying out of the drastically diminished forest on to agricultural land. Others starve due to loss of habitat, fall as the tree they’re clinging to is bulldozed to the ground, or suffocate and burn in forest fires deliberately started to clear land for planting.
Orangutan in Lone Tree in West Kalimantan © Alejo Sabugo / International Animal Rescue Indonesia
A stranded orangutan clings to a solitary tree in a palm oil clearing in West Kalimantan © Alejo Sabugo / International Animal Rescue Indonesia
As well as orangutans, Sumatran tigers, rhinos and elephants have all dramatically declined. And people are suffering too. Conflict over land is causing violence, human rights abuses are rife and Indigenous Peoples are losing their homes. In the last 25 years a forest area the size of the  UK has been lost in Indonesia. This undermines all our efforts to tackle climate change and affects us all.

For too long, big brands and the palm oil companies they buy from have been getting away with murder –  I mean that quite literally. And for too long our response to orangutans has been, ‘ohhh, the poor things’ as we’re shown photographs of them orphaned, thin and at death’s door. But change is possible – we can make it so.

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When Greenpeace asked me to narrate a new short film – an animation designed to underline the problem and highlight the power we all have to help our ginger-haired cousins – I didn’t hesitate. It’s just the start of a new global campaign to tackle this problem once and for all.
500 days may not seem long but my hope is that by collectively making a noise, demanding answers and forcing change, we can stop feeling sorry for these beautiful creatures. Instead, we can feel that exhilarating mixture of fear and fascination as witnesses of these iconic beasts living truly wild once more. 

Opinião: “A destruição externa é reflexo de um processo interno.”

por Tiago Batista

Oi, eu sou o Edgard, sou paulistano, formado em eletrônica e comércio exterior. Depois de estudar e trabalhar nas áreas de exatas e humanas, decidi atuar com bem-estar. Isso mesmo!  Promovo atividades de desenvolvimento humano integral, um processo de reordenação para ajudar cada pessoa a viver intensamente cada instante. Resumindo: ajudo pessoas a fazerem uma releitura do cotidiano para que sejam equilibradas e felizes.
Resolvi escrever para vocês porque quando vejo a extinção de um animal, uma planta ou um bioma, é como se apagassem algo importante que poderia servir para o autoconhecimento do ser humano. Se fosse comparar a um livro, seria como um capítulo importante se perder, tornando a história incompleta.
Penso que somente reordenando o homem, reordenamos o ambiente. Vemos cientistas preocupados com a preservação, tentando salvar plantas que podem trazer a cura do câncer, ou preservando espécies que podem levar a cura de outras doenças ou descobertas importantes para nossa saúde.
Filosoficamente, estamos falando de um estilo de vida onde vivemos a integralidade: somos um elo com a natureza e com o todo. A proposta é o equilíbrio interior refletindo no exterior. Porém, o risco é o efeito dominó que acontece negativamente na ausência deste. Desequilibrado, o ecossistema sofre o impacto da destruição.
Essa destruição do meio-ambiente é um reflexo da destruição interna do homem, uma projeção do seu interior. Quando um homem está destruindo fora é porque algum processo de destruição está acontecendo dentro dele. Historicamente, são mais de 300 anos de fracassos, olhando somente de fora para dentro. Como isso? Ideologias falaram de como devemos ser fora, para depois se preocupar em como ser dentro. Hoje o conhecimento científico tem um caráter de posse técnica e não contribuem para o desenvolvimento de virtudes.
Na cultura oriental e em outras culturas, por exemplo, monges fundaram escolas para treinar os discípulos em olhar para dentro de si, encontrarem e desenvolverem suas virtudes internamente. Somente depois desse processo amadurecido, passavam a olhar para o exterior com outros olhos e assim a transformação e a ordenação aconteciam de dentro para fora e forma integral. Posso não ter trazido respostas, mas fico na expectativa de ter causado reflexões…
Edgard, doador do Greenpeace
Edgard, realizando um trabalho de jardinagem para externar o que se faz por dentro.
Eu conheci o Greenpeace pela TV, vendo as intervenções na televisão. Não esqueço das ações que faziam para proteger as baleias.
Certa vez fui abordado perto do metrô. Vi um pessoal interessante, animado, que falavam com muita convicção. Comecei a falar de jardim com o cara que me abordou, eu me interessava pelo assunto e ele parecia um especialista. O rapaz me deu uma consultoria de jardinagem e foi então que resolvi me tornar um doador e me envolver com o Greenpeace.
Falando sobre esse assunto, me veio à mente uma cena da minha infância. Quando pequeno eu sempre ia para um sítio em Alpes de São Pedro. Lá havia uma erosão, era bonito de ver, mas como eu era pequeno, pra mim parecia o Grand Canyon, cheio de barrancos pra brincar, com pedras. Voltei lá uns 7 anos depois e foi decepcionante: o meu lugar da infância tinha virado um depósito de lixo. Me senti roubado, usavam o meu espaço do coração como lixão.
Implantei em minha rotina a coleta seletiva do lixo, mas confesso que não sei o que acontece depois que entrego para a reciclagem. Fico na confiança de que seja tratado e reutilizado.
Enfim, torço pelo projeto de vocês e espero ter deixado alguma reflexão e algum recado útil para vivermos equilibrados e de forma integral.
Um abraço,
Edgard Chieppa Eliakim
Doador do Greenpeace há 3 anos
Você gostaria de ver um texto seu em nosso site? Escreva para doador.br@greenpeace.org e entraremos em contato com você! 

Diga não às novas usinas de carvão no Sul do Brasil

por Greenpeace Brasil

O governo brasileiro quer investir na geração de energia elétrica mais poluente no mundo
Usina de carvão com alta emissão de gases poluentes.
Usina de carvão no Reino Unido. O país faz parte da aliança que se comprometeu a abandonar as termelétricas a carvão de sua matriz energética até 2030. © Steve Morgan / Greenpeace
Você investiria numa nova fábrica de fitas VHS, aquelas que a gente rebobinava no videocassete depois de ver um filme?  Em tempos de Netflix, parece loucura, né? Mas o governo brasileiro está incentivando um retrocesso parecido no setor de energia elétrica: quer abrir espaço para novas usinas a carvão no país, precisamente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O mundo sabe, faz tempo, que a produção de energia pela queima de carvão é ultrapassada e extremamente poluente. O mineral é o mais intensivo em carbono e, por isso, o que mais contribui para a aceleração do aquecimento global. No nível local, afeta a saúde da população e do meio ambiente. Ainda assim, o atraso insiste em firmar seu espaço.
Impulsionado pelos interesses de grandes empresários do setor e de investidores estrangeiros, como os chineses, as usinas a carvão voltaram a fazer parte do leilão de energia A-6, lançado pelo Governo Federal e previsto para acontecer no próximo dia 31 de agosto. Há 5 anos, não são contratados investimentos em termelétricas movidas a carvão nos editais deste tipo apresentados à iniciativa privada.
Em 2017, 19 países e diversos estados anunciaram uma aliança pelo encerramento de seus programas a carvão até 2030, entre eles Reino Unido, França, Canadá, Portugal e México.
“Já neste ano, países que são grandes dependentes dessa fonte para geração de energia, como o Chile, onde o carvão mineral representa 35% da matriz energética, estão se comprometendo a abandoná-lo”, afirma nosso especialista em energia, Marcelo Laterman Lima. Na Alemanha, uma comissão foi formada em julho para definir um prazo para o fim do carvão, que representa hoje 40% da matriz elétrica do país.
Já o Brasil tem apenas 2,3% de sua matriz energética baseada em carvão e possui um dos maiores potenciais para gerar energia renovável e limpa, como solar e eólica. Apesar desta vantagem competitiva natural, o país segue mais uma vez na contramão do mundo e da História, ao querer investir em uma tecnologia do século 18! Para você ter ideia, a previsão é de que as novas usinas a carvão que forem aprovadas este ano funcionem pelo menos até 2049!
“Neste momento político do Brasil estamos frente a uma discussão sobre que país queremos. A qualidade da matriz energética é fundamental para o rumo de desenvolvimento que vamos seguir. Se optarmos pelo caminho da soberania, eficiência e sustentabilidade, o carvão não é uma opção. Uma matriz limpa e justa e um futuro mais saudável e seguro só serão possíveis por meio de compromissos claros de eliminar esse combustível fóssil como fonte energética”, diz Marcelo.

Que tal começarmos por barrar a expansão da fonte de energia elétrica mais poluente do mundo?

Fui ao cerrado e preciso te contar como foi

por Rosana Villar

O Maranhão é um pedaço curioso de Brasil que concentra um pouco de tudo que faz do nosso país esse paraíso de belezas naturais: Amazônia, praia e cerrado. E foi por este último que empacotei meus cadernos e minhas velhas botas de aventura no mês passado e segui rumo ao sul do estado – uma experiência que quero compartilhar com você.
Cachoeira da Prata, Parque Nacional da Chapada das Mesas, no Maranhão. Foto Marizilda Cruppe/Greenpeace.
O cerrado ocupa quase 60% do Maranhão. Um bioma tão diverso quanto ameaçado. A região que visitei faz parte de um território de interesse econômico conhecida como MATOPIBA – que é a junção de territórios dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Desde o início da última década, esse quadrilátero tornou-se o foco da expansão agropecuária, que já começa a deixar rastros e vítimas pelo caminho.
Conhecido como a Caixa D’água do Brasil, por seu enorme potencial de coletar e armazenar água, o Cerrado já tem seus primeiros refugiados pela água. Populações que começaram a migrar, porque os riachos que serviam suas comunidades simplesmente secaram.
Mas antes da chegada da soja, antes que começássemos, como País, a olhar para essas florestas como um “espaço vazio” a ser ocupado, milhares de pessoas já viviam alí, existindo em meio à fartura do cerrado, como as quebradeiras de coco de babaçu.
Floresta de palmeiras de babaçu em Coquelândia, Maranhão. Foto Marizilda Cruppe/Greenpeace.
O Babaçú é uma palmeira grandiosa, de onde pendem cachos igualmente grandes com fileiras de cocos, cada um do tamanho de uma mão. Coletar e processar os cocos são atividades que envolvem toda a comunidade. Mas quebra-los é uma atividade tradicionalmente feminina.
A visão de dentro de um babaçual é realmente impressionante. Mas mais impressionante é acompanhar o trabalho de extração das castanhas. Depois de reunir os cocos, as mulheres sentam-se ao redor das pequenas montanhas, cada uma diante de um machado cravado no chão de terra, onde golpeiam os cocos com um pedaço de pau, até que de suas lascas soltem-se os gomos de castanha – de dois a cinco por coco.
A cinegrafista Fernanda Ligabue acompanha de perto o processo de quebra do coco, em Coquelândia.
Do coco se faz a farinha do mesocarpo – que dizem ser ótima para problemas de estômago – artesanatos, carvão, leite e o óleo, que tem o gosto e o cheiro daquela terra. Entre risadas e um papo gostoso na varanda, sempre nos recebiam com algum ensopado feito com o leite ou o óleo do babaçu. Uma delícia que cada brasileiro deveria ter a chance de conhecer um dia.
Do coco também são retirados os gongos, umas larvas gordinhas e brancas de besouro que crescem dentro do fruto. Embora dessas eu não possa contar muito, já que não tive o apetite para experimentar – mesmo depois que as crianças me ensinaram a degustá-lo, enquanto faziam piada com minha falta de coragem.
O gongo, como é conhecida a larva do besouro Pachymerus nucleorum, cresce no interior do coco do babaçu, enquanto se alimenta de seu interior. Com alta concentração de gordura, a larva é utilizada na culinária local e em tratamentos para a pele e cabelo. Foto: Marizilda Cruppe/Greenpeace
As florestas e os frutos do cerrado fazem parte da vida de muitos brasileiros e essa biodiversidade, os serviços maravilhosos que este bioma nos presta, é essencial para todos, de norte a sul. Em contrapartida, é um dos mais ameaçados: Já desmatamentos 51% do cerrado brasileiro. De 2010 para cá, o crescimento do desmatamento no bioma foi 60% maior que o avanço sobre a Amazônia. Isso é muito preocupante e é preciso entender suas causas e as alternativas a tanta devastação.
Precisamos olhar com mais atenção para este bioma. E com o seu apoio, estamos fazendo isso.
Obrigada por nos ajudar a contar esta história.

Tuesday, August 21, 2018

O petróleo que ameaça o Caribe

por Greenpeace Brasil

Explorar petróleo na costa do Brasil traz riscos não só ao recife dos Corais da Amazônia. A própria Total assume que em caso de vazamento, o óleo pode afetar vários países da região caribenha.
Pássaro coberto de lama e petróleo em rio.
Pássaro coberto de lama e petróleo depois de um vazamento em Bangladesh. A triste cena também pode acontecer no Brasil e em países do Caribe, se a Total explorar petróleo na bacia da foz do Amazonas © Syed Zakir Hossain / Greenpeace
Já falamos muitas vezes sobre o risco que a petrolífera Total traz para o recife dos Corais da Amazônia, com seu projeto de construir uma plataforma na bacia da Foz do Amazonas, onde o Rio Amazonas encontra o Oceano Atlântico, no norte do Brasil.
Mas, se acontecer um vazamento em uma das plataformas da Total que estão em águas brasileiras, o perigo da contaminação pode chegar até mesmo em praias paradisíacas do Caribe. O óleo será levado pelas fortes correntezas do mar e a chance, por exemplo, de alcançar a ilha de Trinidade e Tobago é de até 72%, segundo o próprio Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Total.

Os riscos de que esse óleo alcance outros países também são alarmantes: Santa Lúcia tem 37% de chance, São Vicente e Granadinas 49,5%, e Barbados, 19%. Esses países dependem do turismo e a gente sabe que ninguém visitaria praias contaminadas por petróleo.
Ou seja, a própria empresa assume o perigo que o projeto traz para países que não têm nada a ver com o seu plano ganancioso de exploração petrolífera no Brasil. O que ela não deixa claro até agora é quem seria o responsável por resolver os problemas causados pelo vazamento.
A pergunta que fica é: explorar petróleo para produzir combustível sujo é uma razão suficiente para ameaçar o bem-estar de oceanos, seres marinhos e pessoas que dependem dos mares saudáveis para viver? A resposta a gente sabe, é não! Mas a Total parece ignorá-la.

Para barrar os planos absurdos da Total e salvar os Corais da Amazônia, assine a petição:

Assine a petição

Saturday, August 18, 2018

World Photography Day through the lens of Greenpeace

by Sudhanshu Malhotra

I grew up in photography reading Robert Capa’s words: “If your photographs aren’t good enough, you’re not close enough”.
It’s a simple statement but really profound. Photographers have understood this statement in their own unique way, similar to what photography as a medium is. It can be personal to the photographer and public at the same time. It is open to conversations and interpretations but true and honest to the photographer and situation.
In the 19th century, photography was born for bearing witness. It was used to capture landscapes, document society in form of portraits – a true archive. Photography was the first medium of bearing witness known to our times.
As time passed on, in the last 200 years, we have seen and accepted the power of a good photograph. We have seen images been accepted as evidence in courts and also inspiring governments and people to stand up and take action. Images have left us all speechless, frustrated and motivated at the same time.
Photography is the best ally to an environmental movement, a medium to speak volumes to cross-cultural audiences in a language that everyone understands.
This is a small selection of iconic images from Greenpeace that have inspired and motivated hundreds and thousands across the world.
Logger in Cameroon (1999), © Steve Morgan / Greenpeace
Logger in Cameroon (1999). © Steve Morgan / Greenpeace
Deforestation in Papua (2018) © Ulet Ifansasti / Greenpeace
Deforestation in Papua (2018). © Ulet Ifansasti / Greenpeace
Big river boat trapped on a sand bank East of Barreirinha, during one of the worst droughts ever recorded in the Amazon. (2005), © Daniel Beltrá / Greenpeace
Big river boat trapped on a sand bank East of Barreirinha, during one of the worst droughts ever recorded in the Amazon. © Daniel Beltrá / Greenpeace
Whale secured alongside the Yushin Maru No.2 catcher ship from the Japanese whaling fleet. (2006), © Greenpeace / Kate Davison
Whale secured alongside the Yushin Maru No.2 catcher ship from the Japanese whaling fleet. (2006). © Greenpeace / Kate Davison
Chlorine Action Atochem Blockade - France (1993), © Greenpeace / Michael Jackson
Chlorine Action Atochem Blockade – France (1993). © Greenpeace / Michael Jackson
Oiled Brown Pelicans in Louisiana (2010). © Daniel Beltrá / Greenpeace
Oiled Brown Pelicans in Louisiana (2010). © Daniel Beltrá / Greenpeace
Rescue workers and local volunteers attempt to clean up the oil spill at Ao Phrao beach in Ko Samet, Rayong Province. (2013) . © Roengrit Kongmuang / Greenpeace
Rescue workers and local volunteers attempt to clean up the oil spill at Ao Phrao beach in Ko Samet, Rayong Province, (2013). © Roengrit Kongmuang / Greenpeace
Underwater image of a turtle with plastic on his head. (2006) © Troy Mayne / Oceanic Imagery Publications
Underwater image of a turtle with plastic on his head. (2006) .© Troy Mayne / Oceanic Imagery Publications
Chernobyl in the Ukraine became the site of the most infamous nuclear disaster accident of all. In 1986 the explosion of the nuclear reactor affected the lives of millions in Western Russia, Belarus and the Ukraine. (2005) © Robert Knoth / Greenpeace
Chernobyl in the Ukraine became the site of the most infamous nuclear disaster accident of all. In 1986 the explosion of the nuclear reactor affected the lives of millions in Western Russia, Belarus and the Ukraine. (2005). © Robert Knoth / Greenpeace
A polar bear rests in the icy water in Svalbard. (2016) © Rasmus Törnqvist / Greenpeace
A polar bear rests in the icy water in Svalbard. (2016) © Rasmus Törnqvist / Greenpeace
Protest at Standing Rock Dakota Access Pipeline in the US, 2016. © Richard Bluecloud Castaneda / Greenpeace
Protest at Standing Rock Dakota Access Pipeline in the US, 2016. © Richard Bluecloud Castaneda / Greenpeace
Villagers celebrate the Government’s decision to stop Mahan coal block from mining. (2015) © Sudhanshu Malhotra/Greenpeace
Villagers celebrate the Government’s decision to stop Mahan coal block from mining. (2015). © Sudhanshu Malhotra/Greenpeace
To be honest, this selection of images has been the easiest edit of my life. Most of these images are embedded in my brain but choosing 12 out of hundreds is the toughest decision.
We all have seen the horrible image of the turtle and the plastic in the ocean, the same way the blood on the dead whale moved thousands of people to mobilise and put pressure on governments to ban whaling. From oil-soaked pelicans in the Gulf of Mexico to destroyed forests in Indonesia, the inspiring images of protesters standing against armed police at Standing Rock and the infectious smile of joy and victory of a woman over a giant coal company. These images are just a preview of various struggles we face every day across the world in our efforts protect this environment.
Get involved and join the movement.
World Photography Day is Sunday August 19. Sudhanshu Malhotra is a Multimedia Editor for Greenpeace International, based in Hong Kong. You can follow him on his Instagram. 

Thursday, August 16, 2018

Estudo da USP mostra que extração de árvores valiosas tem indícios de fraude

por Greenpeace Brasil

De acordo com pesquisadores, quanto mais valiosa a madeira, maior o número de inconsistências nos inventários florestais

Toras de madeira provenientes de plano de manejo florestal no pátio de uma unidade de conservação. © Marizilda Cruppe / Greenpeace
Em março deste ano, o Greenpeace divulgou em seu relatório “Árvores Imaginárias, Destruição Real” que dois terços dos planos de manejo de ipê do Pará têm indícios de fraudes. Agora, pesquisadores da Esalq/USP demonstram em pesquisa inédita que o problema no licenciamento pode ser muito maior envolvendo diversas espécies madeireiras de alto valor comercial exploradas na Amazônia.
A pesquisa completa acaba de ser publicada pela revista Science Advances e aponta que são fartos os indícios de que diversas espécies valiosas de madeira amazônica vêm sendo superestimadas para gerar créditos falsos de movimentação de madeira.
Para chegar a este resultado, os pesquisadores analisaram a ocorrência e densidade natural de 11 espécies de madeira no leste amazônico publicados em inventários científicos e governamentais, e compararam com a ocorrência e densidade declarada destas espécies nos pedidos de licenciamento de planos de manejo. A surpresa foi que quanto maior o valor da madeira, maior a quantidade dessa madeira declarada no inventário feito para licenciar o corte.
“Em nosso relatório, apontamos que existia indícios de fraude em 80% dos inventários válidos para licenciamentos de planos de manejo florestal que continham ipê na mesma região, pois a quantidade de madeira declarada era maior do que havíamos analisado em inventários de florestas nacionais. Os resultados da pesquisa são praticamente os mesmos e ainda demonstram que o padrão é muito parecido para outras madeira de alto valor”, afirma Rômulo Batista, especialista em Amazônia do Greenpeace.
A pesquisa desenvolvida é um marco importante, pois além de mostrar o problema, sugere que os compradores de madeira não devem depender apenas dos governos para reduzir a extração ilegal de madeira. O mercado de madeira e outros setores da sociedade devem exercer mais pressão sobre os governos para fazer do licenciamento um processo totalmente transparente.
O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia do Brasil, que controla a atividade dos engenheiros florestais, tem o mandato de punir os profissionais envolvidos na fraude e deve fazer uso dela. Por outro lado, um novo sistema de controle é necessário e seria relativamente fácil de implementar. Os principais problemas atualmente observados no sistema – a falta de consistência e padronização em nomes de espécies, aprovação quase automática do licenciamento sem verificação de campo e falta de integração entre os bancos de dados disponíveis sobre estoques de madeira e distribuições de espécies – poderiam ser parcialmente resolvidos com a criação de um novo sistema de gerenciamento de informações e vistoria de campo antes de licenciar o plano de manejo florestal.
O estudo “Fake legal logging in the Brazilian Amazon”, disponível apenas para assinantes da revista, é assinada pelos pesquisadores Pedro H. S. Brancalion, Danilo R. A. de Almeida, Edson Vidal, Paulo G. Molin, Vanessa E. Sontag, Saulo E. X. F. Souza e Mark D. Schulze.
No jogo Crime na Floresta, você pode ajudar a identificar estas fraudes. Acesse, jogue e envie denúncias reais: http://www.chegademadeirailegal.org.br 

Como funciona a fraude?

Para iniciar a exploração de madeira na Amazônia brasileira, é preciso apresentar um inventário florestal com a estimativa de cálculo do volume aproveitável de madeira das árvores que irão receber autorização para corte. Com base nessa estimativa, os órgãos competentes dos estados emitem créditos de movimentação de madeira para o transporte e comercialização do produto.
Porém, em muitos casos, o volume das árvores indicadas nos inventários florestais é superestimado ou são “inventadas” árvores para a geração de créditos falsos. Esses créditos são, então, transferidos para “esquentar” a contabilidade de serrarias, dando um lastro de legalidade à madeira roubada de florestas em terras indígenas, unidades de conservação e terras públicas não destinadas, onde essa atividade é proibida ou destinada às populações tradicionais.
O levantamento realizado pelo Greenpeace sobre 536 planos de manejo florestais do Pará, com base na metodologia desenvolvida pelos pesquisadores da Esalq/USP, aponta que cerca de 77% dos inventários para exploração de ipê, emitidos no período de 2013 a 2017, apresentaram quantidades superiores de indivíduos da espécie do que a ciência diz ser possível ocorrer na natureza. Em alguns casos, esse “superfaturamento” de árvores pode chegar a até 10 vezes o que a literatura diz ser possível.
As agências licenciadoras precisam rever as permissões já emitidas e verificar inconsistências no campo, usando a estrutura analítica apresentada na pesquisa ou outra abordagem desenvolvida para esta tarefa. Soluções já existem. É preciso levá-las a sério.

Relatório conecta gigantes do agronegócio ao desmatamento no Cerrado

por Greenpeace Brasil

Soja cultivada para exportação é uma das maiores responsáveis pela devastação do bioma

Empresas exportadoras e mercados consumidores de soja estão expostas a risco de desmatamento ao comprarem grãos provenientes do Cerrado. Relatório lançado pela plataforma Trase mostra que as seis maiores companhias que comercializam soja – Bunge, Cargill, ADM, Louis Dreyfus, Amaggi e COFCO – foram responsáveis por 58% das exportações de soja no Brasil e expostas a 68% de risco direto de desmatamento entre 2006 e 2016.
O relatório estabelece níveis de risco de desmatamento relacionando as empresas e os mercados às regiões onde a soja é cultivada. Segundo a metodologia da plataforma Trase, o risco total de desmatamento, medido em hectares, é atribuído a cada empresa de acordo com a quantidade desmatada em determinada região e alocado de maneira proporcional para as diferentes empresas com base nos volumes adquiridos. Já o risco relativo de desmatamento mede os hectares de desmatamento causados diretamente pelo plantio da soja por tonelada exportada.
O estudo também conecta a China, principal importador da soja brasileira, à metade do risco total de desmatamento associado à exportação do grão em 2016. Além disso, embora volumes menores sigam para a União Europeia, estes países estão sujeitos a um maior risco relativo de desmatamento (hectare por tonelada) do que a nação asiática.
Para Cristiane Mazzetti, da campanha de florestas do Greenpeace Brasil, os dados mostram que mesmo o mercado consumidor europeu, cujos critérios ambientais são mais rigorosos, corre o risco de ter em suas prateleiras produtos contaminados pelo desmatamento no Cerrado. “Essa ameaça só será reduzida quando forem colocados em prática compromissos que retirem definitivamente o desmatamento dessas cadeias produtivas”. Para isso, explica Cristiane, as empresas precisam parar de comprar soja oriunda de fazendas que destroem o bioma.
Fronteiras da expansão da soja, 2010-2016
Fronteiras da expansão da soja, 2010-2016 © Plataforma Trase

Risco maior no MATOPIBA

Os índices são ainda mais alarmantes para a área conhecida como MATOPIBA, que compreende parte dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e que mais perdeu vegetação nativa para o plantio de soja no Cerrado entre 2005 e 2016. O relatório mostra que 16 das 20 empresas com o maior risco relativo de desmatamento estavam ativamente comprando soja do Matopiba entre 2006 e 2016.
O Greenpeace Brasil, em conjunto com outras organizações da sociedade civil, vem pressionando as principais empresas de soja e os mercados compradores na Europa a assumirem urgentemente um compromisso robusto e transparente pelo fim do desmatamento no Cerrado, a exemplo do que foi feito na Amazônia. Recentemente, o Ministério do Meio Ambiente divulgou as taxas anuais de desmatamento, indicando que a  savana mais biodiversa do planeta continua perdendo vegetação de maneira acelerada.
O Brasil é o maior exportador global de soja. Atualmente, o cultivo do grão ocupa mais de 33 milhões de hectares do território brasileiro, área equivalente à metade da França. A produção total de soja em todo o mundo passou de 27 milhões de toneladas em 1961 para 335 milhões de toneladas em 2016, sendo que a maior parte dos grãos é usada como proteína para alimentar bois, porcos e frangos que serão abatidos posteriormente. Isso mostra a profunda conexão entre o plantio de grãos para produção de proteína animal com o desmatamento e as mudanças climáticas.
Acesse o sumário executivo do relatório na versão em português aqui.
Fonte: Plataforma Trase

Veneno da Monsanto no paredão

por Greenpeace Brasil

Gigante do agronegócio é condenada a indenizar homem que contraiu câncer após uso contínuo de agrotóxico

Ativistas em protesto em Bruxelas, Bélgica, contra o glifosato, em 2017
Protesto em Bruxelas, Bélgica, contra o glifosato, em 2017 © Eric De Mildt/ Greenpeace
A gigante do agronegócio Monsanto acaba de ser condenada pela Justiça dos Estados Unidos a pagar U$ 289 milhões (R$ 1,1 bilhão) ao jardineiro Dewayne Johnson, que declarou ter contraído câncer após usar os agrotóxicos “Round Up” e “Ranger Pro” da empresa. O júri da Califórnia tomou a decisão no último dia 10, alegando que a Monsanto agiu com “malícia e opressão” e foi responsável por “falha negligente”, pois sabia ou deveria saber que seu produto é “perigoso”.
A exposição aos agrotóxicos pode causar sérios danos à saúde da população e ao meio ambiente. Tanto o “RoundUp” quanto o “Ranger Pro” contêm glifosato, um dos agrotóxicos mais usados no mundo e o mais consumido no Brasil atualmente, utilizado para eliminar plantas chamadas de “daninhas” (indesejáveis naquela cultura). A Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (Iarc) já classificou o produto como provável cancerígeno para humanos, e diversos estudos evidenciam seu potencial causador de problemas de saúde, como distúrbios gastrointestinais e respiratórios, conforme trazido pelo relatório do Greenpeace “Agricultura Tóxica: um olhar sobre o modelo agrícola brasileiro”. O relatório também aponta que, em 2014, foram despejados nas lavouras brasileiras mais de 190 milhões de litros desse veneno.
Segundo a Drª Reyes Tirado, cientista dos laboratórios de pesquisa do Greenpeace localizados na Universidade de Exeter, no Reino Unido, vários alertas foram dados antes desse desfecho. “A Organização Mundial de Saúde já havia apontado que o glifosato, ingrediente ativo do produto RoundUp, provavelmente é carcinogênico para humanos. Agora, os resultados desse caso atestam que precisamos interromper o uso de agrotóxicos que podem causar danos à saúde humana e adotar um sistema de agricultura ecológica que leve em conta as pessoas”.
No Brasil, apesar de todas as dificuldades impostas pela bancada ruralista quando se trata de reduzir a quantidade de veneno, na semana passada, a 7ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal proibiu o uso de glifosato e outros dois agrotóxicos perigosos, ordenando que produtos já licenciados devem ser retirados do mercado em até 30 dias, enquanto novas licenças estão suspensas. A decisão ainda pode ser revertida por conta da pressão ruralista e por isso devemos pressionar para a Justiça manter a proibição!
Tanto a decisão dos Estados Unidos quanto a do Brasil representam uma vitória na luta pela diminuição de agrotóxicos no mundo, porque aos poucos criam jurisprudência para esse tema, ou seja, podem servir como referência para que outras decisões de casos semelhantes sejam tomadas com mais segurança a partir de agora. Apenas nos Estados Unidos, a Monsanto tem mais de 5.000 processos semelhantes ao do jardineiro Dewayne Johnson. Ações de litígio como essas mostram a importância de se responsabilizar empresas e governos que atuam de modo a prejudicar a saúde das gerações atuais e futuras e do meio ambiente.
Foi o que aconteceu com a indústria do tabaco nos últimos anos, por exemplo, que foi obrigada a incluir advertências sobre os efeitos nocivos dos cigarros nas embalagens, entre outras medidas. Isso aumentou a responsabilização por parte do setor e gerou melhorias para o consumidor, que passou a ter mais direito à informação sobre os malefícios do consumo de cigarro.
Todos unidos por uma alimentação sem veneno
Recentemente, a França iniciou uma forte campanha para banir o glifosato, e o presidente Emmanuel Macron prometeu erradicá-lo do país até 2021, apesar da resistência do Legislativo. No ano passado, mais de um milhão de pessoas na Europa já haviam assinado a petição “Stop Glyphosate”, exigindo da Comissão Europeia metas para redução da substância.
Campanhas por uma alimentação livre de venenos têm sido uma tendência global. No Brasil, a mobilização para priorizarmos formas de produzir mais sustentáveis e saudáveis também vem ganhando força e já conta com o apoio de mais de 1,6 milhão de pessoas e mais de 320 organizações da sociedade civil, além de diversas instituições públicas. O país é o maior consumidor mundial de agrotóxicos em valores absolutos e tem seu limite permitido de uso do glifosato 200 vezes maior do que na União Europeia.
Apesar da força dessa mobilização, a bancada ruralista vem tentando aprovar a qualquer custo o Pacote do Veneno (PL 6299/2002), que pretende afrouxar o uso e liberação de agrotóxicos no Brasil, incluindo alguns comprovadamente cancerígenos. Além de graves impactos ambientais, o Pacote do Veneno coloca em risco o bem-estar, a saúde e a segurança alimentar da população. Na tentativa de oferecer um antídoto contra essa investida, o Greenpeace, junto a uma rede de organizações da sociedade civil, vem lutando pela aprovação da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA), que representa o caminho de uma agricultura sustentável e justa para quem planta e pra quem consome.
Você pode se juntar a nós nessa campanha por uma alimentação mais saudável e  de direito de todos, assinando a petição #ChegaDeAgrotóxicos. Se informe, participe e compartilhe com os amigos!  https://act.gp/2Mq52pD