Em permanente mobilização, povo Munduruku realiza uma nova etapa da autodemarcação de seu território
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Vista aérea do rio Tapajós, no coração da Amazônia © Jannes Stoppel/Greenpeace
Como explica Ademir Kaba, liderança do povo Munduruku, os povos indígenas viveram muitos massacres, porém, continuam resistindo. “Mesmo após todas essas transformações que ocorreram ao longo dos anos, nós continuamos resistindo e existindo no Brasil”, diz ele. “A gente constrói a nossa estratégia para que a gente possa resistir mais 500 anos mesmo diante de todas essas ameaças que vivemos. Construímos estratégias para sobreviver preservando a nossa cultura e os elementos que nos diferenciam”.
O povo Munduruku é um dos muitos povos que têm resistido contra a destruição de seus territórios, no coração da Amazônia. Eles lutam pela demarcação da Terra Indígena (TI) Sawre Muybu, no Pará, e contra a instalação de hidrelétricas e outros grandes projetos que atropelam suas vidas e seu futuro.
Em 2016 os Munduruku conseguiram barrar a construção da hidrelétrica São Luiz do Tapajós em seu território. Para isso puderam contar com o apoio de milhares de pessoas que se engajaram nessa luta. Foi uma grande vitória, mas as ameaças não pararam por aí: o governo insiste em não cumprir sua obrigação constitucional de demarcar o território que lhes é de direito e que garante a continuidade do modo de vida secular dos Munduruku.
Com o intuito de garantir a proteção do local e pressionar pela demarcação, no final de julho deste ano, o povo Munduruku realizou uma nova etapa da autodemarcação da TI Sawre Muybu. Este processo autônomo, que teve início em 2014, consiste em percorrer periodicamente todo o limite do território, abrindo uma linha na floresta e colocando placas indicando que o local é território indígena.
Munduruku denunciam a destruição da floresta
Quanto mais o governo demora para demarcar a Terra Indígena Sawre Muybu mais este local fica vulnerável à invasão. Durante a autodemarcação, os Munduruku denunciaram a exploração madeireira e garimpeira no interior de seu território. Segundo eles, essas atividades estão destruindo seus lugares sagrados e as nascentes, igarapés e açaizais que são fonte de alimentação para eles. Conforme relataram, foi encontrada até uma pista de pouso no limite da terra indígena. “Nós queremos a demarcação para que a gente possa proteger nosso território. Não tem ninguém melhor do que os indígenas para vigiar”, disse Alessandra Korap, liderança Munduruku.Jovens participam da luta pela defesa de seu futuro
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Jovens Munduruku participam do encontro de jovens e da autodemarcação © Coletivo Audiovisual Munduruku
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Lideranças Munduruku apresentam o Mapa da Vida durante o evento Belém+30. © Coletivo Proteja Amazônia
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