Ruins para o clima, para a saúde e para o bolso, as usinas a carvão também são grandes consumidoras de água e podem causar sérios problemas  ao abastecimento da população local
Usina termelétrica na Alemanha em tereeno seco.
Usina movida a carvão na Alemanha. As térmicas são grandes consumidoras de água e podem causar problemas graves de abastecimento e seca da terra. © Bernd Lauter / Greenpeace
A gente já mencionou aqui que, no dia 31 de agosto, o governo brasileiro deve realizar um novo leilão para contratação de energia elétrica. Entre os 1090 empreendimentos cadastrados, estão duas novas usinas térmicas movidas a carvão que podem operar no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina até 2049. Ou seja, por mais 30 anos teremos que conviver com uma energia suja e poluente que foi o motor da Revolução Industrial no século XVIII!
Agora, além de aumentar a poluição do ar, agravar o aquecimento global e tornar a tarifa de energia mais cara, você sabia que essas usinas térmicas são grandes consumidoras de água e podem prejudicar seriamente o abastecimento da população local?
Um dos projetos que pode ser aprovado prevê a construção da Usina Ouro Negro, no município de Pedras Altas, divisa com Candiota, no Rio Grande do Sul (RS). A região já conta com outras duas usinas termelétricas que são as maiores responsáveis pelo consumo de água disponível no local e um relatório produzido pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), em 2016, mostra que a nova usina aumentaria em 25% essa demanda. A situação é ainda mais grave já que a região está em estado crítico de abastecimento segundo os critérios da Agência Nacional de Águas (ANA).
Ou seja, se a Usina Ouro Negro for autorizada, os cálculos indicam que cerca de 70% da água daquela área será destinada apenas para geração de energia elétrica.
Inicialmente, é claro que o parecer inicial da ANA, emitido em maio de 2016, só poderia negar a autorização para o uso da água. Mas essa decisão foi revertida logo depois, em agosto do mesmo ano, autorizando a captação de água do rio Candiota para abastecer as máquinas da Ouro Negro. O IBAMA também emitiu o licenciamento ambiental para a construção da usina que pode aumentar em até 7% a emissão de gases de efeito estufa na geração de eletricidade do Brasil.
É importante lembrar que a construção de novas térmicas a carvão vai na contramão dos acordos climáticos globais e que muitos países como França, Reino Unido, Canadá e México anunciam que vão abandonar essa fonte de geração de energia até 2030.
Energias renováveis e limpas, como a eólica e a solar, já provaram ser mais eficientes, seguras, competitivas no preço e estratégicas para o desenvolvimento tecnológico. O que falta é vontade política para abandonar de vez o compromisso com o passado, que beneficia apenas alguns em detrimento de um grande impacto para todos.

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