Thursday, August 16, 2018

Veneno da Monsanto no paredão

por Greenpeace Brasil

Gigante do agronegócio é condenada a indenizar homem que contraiu câncer após uso contínuo de agrotóxico

Ativistas em protesto em Bruxelas, Bélgica, contra o glifosato, em 2017
Protesto em Bruxelas, Bélgica, contra o glifosato, em 2017 © Eric De Mildt/ Greenpeace
A gigante do agronegócio Monsanto acaba de ser condenada pela Justiça dos Estados Unidos a pagar U$ 289 milhões (R$ 1,1 bilhão) ao jardineiro Dewayne Johnson, que declarou ter contraído câncer após usar os agrotóxicos “Round Up” e “Ranger Pro” da empresa. O júri da Califórnia tomou a decisão no último dia 10, alegando que a Monsanto agiu com “malícia e opressão” e foi responsável por “falha negligente”, pois sabia ou deveria saber que seu produto é “perigoso”.
A exposição aos agrotóxicos pode causar sérios danos à saúde da população e ao meio ambiente. Tanto o “RoundUp” quanto o “Ranger Pro” contêm glifosato, um dos agrotóxicos mais usados no mundo e o mais consumido no Brasil atualmente, utilizado para eliminar plantas chamadas de “daninhas” (indesejáveis naquela cultura). A Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (Iarc) já classificou o produto como provável cancerígeno para humanos, e diversos estudos evidenciam seu potencial causador de problemas de saúde, como distúrbios gastrointestinais e respiratórios, conforme trazido pelo relatório do Greenpeace “Agricultura Tóxica: um olhar sobre o modelo agrícola brasileiro”. O relatório também aponta que, em 2014, foram despejados nas lavouras brasileiras mais de 190 milhões de litros desse veneno.
Segundo a Drª Reyes Tirado, cientista dos laboratórios de pesquisa do Greenpeace localizados na Universidade de Exeter, no Reino Unido, vários alertas foram dados antes desse desfecho. “A Organização Mundial de Saúde já havia apontado que o glifosato, ingrediente ativo do produto RoundUp, provavelmente é carcinogênico para humanos. Agora, os resultados desse caso atestam que precisamos interromper o uso de agrotóxicos que podem causar danos à saúde humana e adotar um sistema de agricultura ecológica que leve em conta as pessoas”.
No Brasil, apesar de todas as dificuldades impostas pela bancada ruralista quando se trata de reduzir a quantidade de veneno, na semana passada, a 7ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal proibiu o uso de glifosato e outros dois agrotóxicos perigosos, ordenando que produtos já licenciados devem ser retirados do mercado em até 30 dias, enquanto novas licenças estão suspensas. A decisão ainda pode ser revertida por conta da pressão ruralista e por isso devemos pressionar para a Justiça manter a proibição!
Tanto a decisão dos Estados Unidos quanto a do Brasil representam uma vitória na luta pela diminuição de agrotóxicos no mundo, porque aos poucos criam jurisprudência para esse tema, ou seja, podem servir como referência para que outras decisões de casos semelhantes sejam tomadas com mais segurança a partir de agora. Apenas nos Estados Unidos, a Monsanto tem mais de 5.000 processos semelhantes ao do jardineiro Dewayne Johnson. Ações de litígio como essas mostram a importância de se responsabilizar empresas e governos que atuam de modo a prejudicar a saúde das gerações atuais e futuras e do meio ambiente.
Foi o que aconteceu com a indústria do tabaco nos últimos anos, por exemplo, que foi obrigada a incluir advertências sobre os efeitos nocivos dos cigarros nas embalagens, entre outras medidas. Isso aumentou a responsabilização por parte do setor e gerou melhorias para o consumidor, que passou a ter mais direito à informação sobre os malefícios do consumo de cigarro.
Todos unidos por uma alimentação sem veneno
Recentemente, a França iniciou uma forte campanha para banir o glifosato, e o presidente Emmanuel Macron prometeu erradicá-lo do país até 2021, apesar da resistência do Legislativo. No ano passado, mais de um milhão de pessoas na Europa já haviam assinado a petição “Stop Glyphosate”, exigindo da Comissão Europeia metas para redução da substância.
Campanhas por uma alimentação livre de venenos têm sido uma tendência global. No Brasil, a mobilização para priorizarmos formas de produzir mais sustentáveis e saudáveis também vem ganhando força e já conta com o apoio de mais de 1,6 milhão de pessoas e mais de 320 organizações da sociedade civil, além de diversas instituições públicas. O país é o maior consumidor mundial de agrotóxicos em valores absolutos e tem seu limite permitido de uso do glifosato 200 vezes maior do que na União Europeia.
Apesar da força dessa mobilização, a bancada ruralista vem tentando aprovar a qualquer custo o Pacote do Veneno (PL 6299/2002), que pretende afrouxar o uso e liberação de agrotóxicos no Brasil, incluindo alguns comprovadamente cancerígenos. Além de graves impactos ambientais, o Pacote do Veneno coloca em risco o bem-estar, a saúde e a segurança alimentar da população. Na tentativa de oferecer um antídoto contra essa investida, o Greenpeace, junto a uma rede de organizações da sociedade civil, vem lutando pela aprovação da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA), que representa o caminho de uma agricultura sustentável e justa para quem planta e pra quem consome.
Você pode se juntar a nós nessa campanha por uma alimentação mais saudável e  de direito de todos, assinando a petição #ChegaDeAgrotóxicos. Se informe, participe e compartilhe com os amigos!  https://act.gp/2Mq52pD

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