As mudanças climáticas tem elevado a temperatura e os alertas de fogo não param de crescer em todo o mundo. No Brasil, até julho, o número de focos de calor no Cerrado e Amazônia já chega a 22 mil
O Apocalipse ainda não começou oficialmente, mas já tem muita floresta ardendo em chamas em diversas partes do mundo. No hemisfério norte, uma onda de calor sem precedentes tem intensificado as queimadas numa escala nunca vista antes, nos USA e países nórdicos da Europa os incêndios florestais batem recorde e já fizeram vítimas. No Brasil, a partir de maio no Cerrado e junho na Amazônia, com a diminuição das chuvas, o número de focos e a intensidade do fogo começam a aumentar.De janeiro a junho deste ano, o número de focos de calor identificados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) na Amazônia chegou a 11.281. Com o início da temporada seca na floresta, o número de focos saltou de 775, em maio, para 1.983 em junho, e deve continuar aumentando. Entre janeiro e julho deste ano, 11.505 quilômetros quadrados (km² de floresta já viraram cinza na Amazônia.
A situação não é muito diferente no Cerrado. De janeiro a junho já foram registrados 11.536 focos. O clima lá começou a esquentar mais cedo, passando de 541 focos em abril, para 1.725 focos em junho.
O fogo em paisagens naturais, que na maioria das vezes tem origem na ação humana, é geralmente usado para limpar áreas para o uso agropecuário e também no processo de desmatamento. Por isso, fogo e desmatamento tem tudo a ver. Até porque, floresta saudável é mais resistente ao fogo.
Saiba mais sobre a relação entre o fogo e as mudanças climáticas:
Estudos apontam que as temporadas de queimada na Amazônia devem aumentar
Segundo o estudo “Climate-induced variations in global wildfire danger from 1979 to 2013” (Variações induzidas pelo clima no risco de incêndios florestais), publicado no periódico Nature, as mudanças climáticas estão alterando os padrões globais de queimadas e devem gerar um aumento na “temporada de incêndios” nas próximas décadas. O estudo aponta também que, de 1979 a 2013, o período anual de queimadas ficou 18,7% maior .
“O aumento da temporada de fogo e das áreas afetadas por queimadas foi verificado em todos os continentes, exceto Austrália. Florestas tropicais e subtropicais, campos e savanas da América do Sul têm experimentado enormes mudanças meteorológicas e temporadas de fogo mais longas, com um aumento médio de 33 dias ao longo dos últimos 35 anos”, revela a pesquisa.
Para os pesquisadores de outro estudo – “Landscape fragmentation, severe drought, and the new Amazon forest fire regime” (Fragmentação de paisagem, secas severas, e o regime de fogo na Amazônia), fruto de uma parceria entre as universidades de Stanford e da Flórida com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), os incêndios florestais estão cada vez mais longos e comuns na região devido a “mudanças fundamentais no clima e na paisagem”.
“O desmatamento influencia os regimes de fogo da Amazônia, pois resulta no aumento de fontes de ignição, aumento do comprimentos de borda da floresta , e alterações de climas regionais”, esclarece o estudo. Ou seja, o desmatamento e a degradação deixam as florestas mais expostas e vulneráveis à queimadas. Segundo a pesquisa, ao longo de um período de 24 anos (de 1983-2007) 44% das florestas degradadas e 46% florestas de transição queimaram, contra 15% das florestas primárias, muito mais densas e protegidas.
Ambos os estudos chamam atenção para o alarmante aumento na emissão de gases do efeito estufa que este “alongamento” na temporada de queimadas pode representar.
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