O mundo sabe, faz tempo, que a produção de energia pela queima de carvão é ultrapassada e extremamente poluente. O mineral é o mais intensivo em carbono e, por isso, o que mais contribui para a aceleração do aquecimento global. No nível local, afeta a saúde da população e do meio ambiente. Ainda assim, o atraso insiste em firmar seu espaço.
Impulsionado pelos interesses de grandes empresários do setor e de investidores estrangeiros, como os chineses, as usinas a carvão voltaram a fazer parte do leilão de energia A-6, lançado pelo Governo Federal e previsto para acontecer no próximo dia 31 de agosto. Há 5 anos, não são contratados investimentos em termelétricas movidas a carvão nos editais deste tipo apresentados à iniciativa privada.
Em 2017, 19 países e diversos estados anunciaram uma aliança pelo encerramento de seus programas a carvão até 2030, entre eles Reino Unido, França, Canadá, Portugal e México.
“Já neste ano, países que são grandes dependentes dessa fonte para geração de energia, como o Chile, onde o carvão mineral representa 35% da matriz energética, estão se comprometendo a abandoná-lo”, afirma nosso especialista em energia, Marcelo Laterman Lima. Na Alemanha, uma comissão foi formada em julho para definir um prazo para o fim do carvão, que representa hoje 40% da matriz elétrica do país.
Já o Brasil tem apenas 2,3% de sua matriz energética baseada em carvão e possui um dos maiores potenciais para gerar energia renovável e limpa, como solar e eólica. Apesar desta vantagem competitiva natural, o país segue mais uma vez na contramão do mundo e da História, ao querer investir em uma tecnologia do século 18! Para você ter ideia, a previsão é de que as novas usinas a carvão que forem aprovadas este ano funcionem pelo menos até 2049!
“Neste momento político do Brasil estamos frente a uma discussão sobre que país queremos. A qualidade da matriz energética é fundamental para o rumo de desenvolvimento que vamos seguir. Se optarmos pelo caminho da soberania, eficiência e sustentabilidade, o carvão não é uma opção. Uma matriz limpa e justa e um futuro mais saudável e seguro só serão possíveis por meio de compromissos claros de eliminar esse combustível fóssil como fonte energética”, diz Marcelo.
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