Saturday, April 19, 2014

Dia do Índio – pra quem?


Índios Guarani ocupam sede do Museu Anchieta, em São Paulo, em campanha pela demarcação de suas terras (Foto: Comissão Guarani Yvyrupa).

Esse 19 de abril, cunhado nacionalmente como Dia do Índio, não será movimentado como o do ano passado em Brasília, já que a data coincidiu com o feriado de Páscoa e as sedes do poder federal estão desertas, como de costume. Mas isso não significa que os povos indígenas estejam calados e satisfeitos.
“‘Dia do índio’, para nós, será o dia em que o Ministro Cardozo assinar a demarcação de nossas terras!”, disse Neike Xondaro Kuery, liderança do povo Guarani na última quarta-feira (16). Sua fala representa a insatisfação de todos os representantes das mais de 300 etnias que resistem no Brasil hoje.
Em alguns estados, como São Paulo e Pará, as manifestações, protestos e ações que demonstram a preocupação com a garantia de seus territórios, seus direitos constitucionais e sua sobrevivência não deixaram a semana passar em branco.
Na capital paulista, a Comissão Guarani Yvyrupa lançou, na última segunda-feira (14), uma petição para pedir que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, assine as portarias de demarcação das Terras Indígenas Tenondé Porã, no extremo sul da Grande São Paulo, e Jaraguá, ao norte da metrópole.
No dia 16, os índios, primeiros habitantes do estado, ocuparam o Largo do Pátio do Colégio Anchieta, espaço interno do Museu Anchieta, no centro de São Paulo. Lá permaneceram até o dia 17, quando foi lançada a campanha "Resistência Guarani SP", para manter a mobilização em defesa da demarcação das duas áreas.
A petição será encaminhada ao ministério, junto com uma caneta com trançado tradicional Guarani e outros presentes produzidos pela comunidade. Veja aqui o vídeo da campanha.
Enquanto isso, no campo…
Mais especificamente nas Terras Indígenas Cachoeira Seca e Menkragnoti, respectivamente dos povos Arara e Kayapó, denúncias da Funai (Fundação Nacional do Índio) e das próprias lideranças indígenas sobre a exploração ilegal de madeira levaram o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) a realizar duas operações de fiscalização recentes.
Na TI Cachoeira Seca, a ação, que aconteceu entre os dias 5 e 10 de abril com o apoio de servidores da Funai e de agentes da Polícia Federal, resultou em multas no valor de R$ 7,5 milhões e no embargo de 700 hectares de área no interior da terra indígena. Foram apreendidos três tratores, um caminhão adaptado para carregar toras, uma serraria portátil, quatro motosserras, três espingardas e 57 metros cúbicos de madeira em tora.
Foram destruídas ainda duas serrarias portáteis e um trator encontrados abandonados no interior da terra indígena, juntamente com madeira extraída da área. O maquinário foi destruído com o objetivo de cessar o dano ambiental que os equipamentos continuariam causando na área.
Já na Terra Índigena Menkragnoti, de cerca de 4,9 milhões de hectares, a parceria entre o Ibama e os Kayapós resultou na detenção em flagrante de 40 pessoas, na destruição de 11 acampamentos de madeireiros e na apreensão de 26 motoserras, além de multas no valor de R$ 50 milhões.

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