Saturday, February 28, 2015

Mobilizações pela água em SP ganham força

Aula pública, seminário, visita à represa seca e protesto nas ruas mostra que população está unida e atenta para buscar soluções e seguir pressionando governantes diante do colapso hídrico.

  

 Aula pública no Vão do Masp com movimentos e organizações para debater com a sociedade civil a crise hídrica de São Paulo. Realizado por Aliança pela Água e Assembléia Estadual da Água. (Foto: Mídia NINJA.)

A mobilização popular em torno da crise da água em São Paulo subiu de nível nesta semana, com diversos protestos e atividades tomando as ruas e unindo uma grande diversidade de ONGs, movimentos sociais e cidadãos. Diante da omissão do governo estadual, principal responsável pela crise, e também dos governos federal e municipal, a população segue se organizando para buscar e demandar soluções.
Na 3ª-feira, a Aliança pela Água (da qual o Greenpeace faz parte) e a Assembleia Estadual da Água organizaram aula pública no vão do MASP para discutir a escassez hídrica em São Paulo e suas implicações. Além de atores pertencentes a essas duas redes, grupos como o Movimento Passe Livre e a Marcha Mundial das Mulheres também marcaram presença, além de pesquisadores da Universidade de São Pulo, em uma cada vez mais necessária união entre Academia e movimentos sociais.
Na quarta e quinta-feira, a Defensoria Pública de São Paulo e os Ministérios Públicos da União e de São Paulo promoveram o seminário “Crise Hídrica: alternativas e soluções”. Não faltaram análises sobre as irregularidades de como o governo vem conduzindo a atual crise, e membros dos órgãos da Justiça que promoveram o evento já estão avaliando e levando adiante as medidas cabíveis para defender os direitos dos cidadãos.
Na quinta-feira à noite, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) reuniu 15 mil pessoas em São Paulo para demandar medidas urgentes do governador Geraldo Alckmin. Marchando até o Palácio do Governo, o movimento foi recebido pelo secretário-chefe da Casa Civil, que assumiu importantes compromissos. É preciso monitorar de perto o cumprimento de tais compromissos e seguir pressionando, já que de promessas e afirmações vazias (como a de que não faltaria água no estado) o governo está cheio.
Também na quinta-feira, um grupo de ativistas, midialivristas e artistas visitou o reservatório Atibainha, que é parte do Sistema Cantareira, para ver de perto e discutir a realidade da crise. O Greenpeace esteve presente, e pôde constatar que, além do terreno seguir seco, agora já há mato crescendo onde havia água - o que dificulta ainda mais o processo de recuperação da represa. Em breve divulgaremos mais informações sobre como foi essa visita ao Sistema Cantareira.
Por fim, ao longo deste final de semana a Casa da Ação unirá ativistas, profissionais da comunicação e programadores em um StoryHack para produzir narrativas em diversos formatos sobre a crise da água. A meta é fazer barulho de formas criativas e ajudar a fortalecer ainda mais a mobilização.
Esta última semana do mês de carnaval mostrou como os paulistas ocuparão as ruas pelo resto do ano - e brasileiros de outros estados devem fazer o mesmo, tendo em vista que doze estados do país já enfrentam algum nível de crise e o cenário tende a se agravar se medidas sérias não forem tomadas rapidamente. A negação da crise está sendo substituída pela revolta e descontentamento com o descaso do poder público, que não atua nem para prevenir os acontecimento e, menos ainda, para solucioná-los.
Vamos às ruas.

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