Ativistas do Greenpeace bloqueiam sede de empresa americana que tem
ligações com exploração florestal irregular na Amazônia brasileira
Ativistas bloqueiam entrada da Lumber Liquidators
Ativistas do Greenpeace bloquearam no estado de Virgínia, Estados
Unidos, a entrada da empresa Lumber Liquidators, uma das maiores
varejistas de produtos de madeira dos Estados Unidos. A atividade
aconteceu na manhã de hoje, durante reunião de sócios e investidores da
companhia, para protestar contra as ligações da Lumber com a extração
ilegal de madeira na Amazônia brasileira e a falta de uma política
eficaz de controle sobre sua cadeia de custódia.
A atividade ocorre após o lançamento de uma investigação de dois anos do Greenpeace
que revelou o descontrole e os altos índices de ilegalidade que imperam
no setor madeireiro na Amazônia. O levantamento mostrou que a Lumber
Liquidators tem feito negócios com exportadores de madeira brasileiras
cujas cadeias produtivas estão contaminadas com ilegalidades na
exploração da floresta.
“A Amazônia está enfrentando uma crise silenciosa, resultante da
exploração madeireira ilegal e do descontrole do setor. Sem garantias
reais de origem, a grande demanda por espécies raras e valiosas de
madeira brasileira por parte de empresas como a Lumber Liquidators está
alimentando ainda mais esta grave situação”, disse Daniel Brindis, da
Campanha de Florestas do Greenpeace.
“Os acionistas da empresa precisam saber que sua política florestal
não tem critérios que realmente impeçam a madeira ilegal vinda do Brasil
de entrar em sua cadeia de suprimentos. Eles estão fazendo negócios com
empresas brasileiras que têm milhões de dólares em multas por crimes
ambientais, em uma região onde grande parte da exploração madeireira é
feita sem autorização e, portanto, de forma ilegal”.
Na última semana, ativistas do Greenpeace ocuparam a madeireira Pampa
Exportações Ltda, próximo à cidade de Belém, no Pará, com o objetivo de
chamar atenção para o descontrole no setor. Em poucos dias, mais de 22
mil brasileiros enviaram emails aos principais pré-candidatos à
presidência, exigindo que se posicionem sobre o problema e apresentem
soluções. Nos EUA, mais de 40 mil pessoas já pediram o mesmo à Lumber
Liquidators.
Os protestos também se espalharam por outros países que estão
comercializando madeira brasileira sem garantias de sua legalidade, como
Itália, Espanha, Inglaterra e Israel. Como resposta, o ministro
italiano de Agricultura e Florestas, Maurizio Martina, anunciou a
aprovação de decreto que regulamenta a aplicação da legislação europeia
de combate à madeira ilegal. Ontem, na França, ativistas embargaram simbolicamente um carregamento de madeira vindo da Amazônia brasileira, com indícios de ilegalidade.
“A situação da madeira brasileira está completamente fora de
controle. Os sistemas que deveriam controlar a extração de madeira na
Amazônia estão na verdade servindo pra legalizar boa parte da extração
predatória e ilegal. Iremos denunciar isso ao redor do mundo até que os
problemas sejam solucionados”, afirmou Marina Lacorte, da campanha
Amazônia do Greenpeace, que participou da ação nos EUA.
O Greenpeace exige que o governo brasileiro reveja todos os planos de
manejo aprovados na Amazônia desde 2006, implemente regras mais
consistentes para controle do setor, torne esses processos públicos, e
aumente a governança na região, dando maior capacidade e infraestrutura
aos órgãos ambientais federais e estaduais.
“O mercado também tem um papel a cumprir: empresas que adquirem
madeira da Amazônia devem parar de comprar a menos que tenham garantias,
através de mecanismos próprios, de que sua origem não tenha contribuído
para o desmatamento, degradação florestal, perda de biodiversidade ou
impactos sociais negativos, uma vez que o atual sistema oficial é falho e
inseguro”, diz Marina.
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