Empresa anuncia que vai excluir de sua cadeia produtiva fornecedores que
causam desmatamento. No Brasil, é hora de afirmar seu apoio à
continuação da moratória da soja
Se a moratória da soja chegar ao fim sem uma alternativa, o desmatamento pode voltar a subir. Foto: Greenpeace/Daniel Beltra
A Cargill está entre as maiores comercializadoras de commodities do
planeta. Ela compra e vende soja e óleo de palma, dentre outros
produtos. E nesta terça-feira, se comprometeu a parar de comprar produtos agrícolas de empresas ou agricultores envolvidos com desmatamento. É uma ótima notícia.
Desde 2006, a companhia já vem sendo um importante ator na Moratória
da Soja, um acordo entre os principais comercializadores comprometidos a
não comprar o grão de produtores que destroem a Amazônia brasileira. No
entanto, o acordo está em risco.
Inicialmente, a moratória deveria ter durado apenas dois anos, tempo
que seria suficiente para encontrar uma solução permanente para o
problema. No entanto, o acordo continuou sendo renovado
ano a ano, pois nunca foi apresentada uma alternativa. Se a moratória
acabasse prematuramente, o cultivo de soja poderia voltar a ser uma
ameaça para a Amazônia, como costumava ser antes do compromisso.
Encontrar uma solução duradoura para acabar com a destruição da
floresta leva tempo. Mas a moratória está prevista para acabar de vez no
próximo mês de dezembro. Se não há uma alternativa na mesa, vamos,
obviamente, ter que estender a moratória mais um pouco – caso contrário
colocamos essa conquista para a floresta em xeque.
Poderíamos passar os próximos meses discutindo sobre renovar a
moratória ou não. Mas não seria mais sensato concordar que vamos
mantê-la até que uma alternativa real seja apresentada para
substitui-la? E então poderíamos focar numa solução que de fato proteja a
floresta.
Durante a Cúpula do Clima da ONU, que aconteceu no último dia 23 de
setembro, o diretor executivo do Greenpeace Kumi Naidoo chamou a atenção
da Cargill em seu discurso: “A Cargill tem sido importante para o
sucesso da moratória da soja no Brasil, o que ajudou a reduzir
drasticamente o desmatamento. No entanto, este sucesso vai ser apenas
temporário caso a moratória acabe prematuramente no final deste ano”.
Pedimos à empresa que coopere e aproveite essa oportunidade para
declarar seu apoio à continuação da moratória, enquanto soluções
permanentes para conter o desmatamento da Amazônia sejam construídas e
acordadas.
A Cargill diz querer ajudar a acabar com o desmatamento. Nesse
sentido, trabalhar com outros comercializadores de soja para garantir
que a moratória não termine agora deve ser sua prioridade no momento.
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