Wednesday, March 4, 2015

CTNBio vota três novas variedades de transgênicos esta semana

Eucalipto geneticamente modificado da FuturaGene/Suzano pode ser a primeira árvore transgênica plantada em todo mundo; MPF já pediu o banimento do agrotóxico 2,4-D, usado na variedade de milho transgênico a ser aprovada
 


Plantação de eucalipto na Amazônia (© Rodrigo Baleia / Greenpeace)

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) se reúne na próxima quinta-feira (05/3) em Brasília para votar a liberação comercial de uma variedade de eucalipto e duas de milho geneticamente modificados – um deles resistente ao herbicida 2,4-D. Organizações da sociedade civil pedem que a Comissão vete os três pedidos de liberação comercial, tendo em vista a falta de estudos suficientes para garantir sua segurança para a população e o meio ambiente.
Um manifesto contra a liberação comercial do eucalipto transgênico desenvolvido pela Suzano/FuturaGene foi encaminhado ao Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, e à Presidente substituta da CTNBio, Maria Lucia Zaidan Zagli. Além das incertezas para a saúde dos consumidores e dos potenciais impactos para o meio ambiente, as entidades que assinam o manifesto alertam a liberação da substância na produção e exportação de mel, já que cerca de 25% do mel produzido no País vem do eucalipto.

“Não é à toa que nenhum país do mundo tenha autorizado o plantio comercial de árvores transgênicas até hoje. Os estudos apresentados são insuficientes e liberar esta variedade de eucalipto seria um tiro no escuro”, alerta Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de agricultura e alimentação do Greenpeace Brasil.
Em setembro de 2014, a CTNBio realizou uma audiência pública sobre a liberação comercial desta variedade de eucalipto transgênico. Perguntada sobre o consumo de água do novo eucalipto, a Suzano/FuturaGene declarou que não realizou estudos específicos para comparar o consumo da variedade transgênica com a variedade convencional.
O eucalipto, por si só, já consome uma quantidade enorme de água, esgotando solos e recursos hídricos. “Ninguém sabe qual quantidade de água essa variedade transgênica vai consumir. Essa liberação, em tempos de crise hídrica, é uma insensatez completa”, lembra Vuolo.
Além do eucalipto transgênico, a Comissão também deverá votar dois pedidos de liberação comercial de milhos geneticamente modificados. Um desses pedidos, apresentado pela empresa Dow Agrosciences, é de um milho resistente ao agrotóxico 2,4-D, conhecido mundialmente por ser um dos ingredientes da arma química Agente Laranja, usado na Guerra do Vietnã.
Organizações da sociedade civil também lançaram um chamado para que a população encaminhe mensagens aos membros da CTNBio, pedindo que as variedades em questão não sejam aprovadas. Para participar, basta enviar sua foto ou mensagem para ctnbio@mct.gov.br e secretariactnbio@mcti.gov.br, e postar com a hashtag #NaoQueremosMaisTransgenicos no facebook da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida.
O Brasil já é o campeão no uso de agrotóxicos em todo o mundo, e essas liberações tendem a piorar esse cenário. “Estamos falando de mais veneno na mesa dos consumidores, no meio ambiente e na saúde dos produtores; e venenos cada vez mais tóxicos”, alerta Vuolo.
Em março de 2014, o Ministério Público pediu a suspensão de diversos tipos de agrotóxicos usados no Brasil. A lista incluía o glifosato – amplamente utilizado nas lavouras de soja e milho – e o 2,4-D, por seu potencial de danos à saúde humana. “Não é aceitável que os interesses econômicos sejam sobrepostos à segurança da população e do meio ambiente”, acrescenta Gabriela. E conclui: “é preciso repensar todo o nosso modelo agrícola. A produção de alimentos seguros para as pessoas e para o planeta deve vir em primeiro lugar.”

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