Greenpeace vai às ruas exigir que o governador Geraldo Alckmin e a
Sabesp acabem com os abatimentos nas contas de água dados a grandes
consumidores de São Paulo
Ativistas do Greenpeace protestam diante do Banco Safra, na Avenida
Paulista, pelo fim dos descontos na conta de água dados pela Sabesp aos
grandes consumidores de São Paulo. (©Greenpeace)
Existe um muro invisível na crise de água de São Paulo que precisa
ser derrubado. Esse muro separa a população da cidade, gravemente
afetada pela falta de água em suas casas, de grandes empresas que, por
meio de contratos especiais com a Sabesp, obtêm descontos crescentes de
acordo com seu consumo. Quanto maior o consumo, maior o desconto. O fim
destes descontos é um passo fundamental para o enfrentamento responsável
da crise que pode levar a maior cidade do País ao colapso do
abastecimento de água.
Nesta sexta-feira, 20 de março, o Greenpeace foi às ruas dar voz à
população e exigir o fim desta injustiça. A ação “Água para Quem?”,
realizada em plena Avenida Paulista, coração financeiro da cidade, chama
a atenção para um dos mais cruéis capítulos da crise da água: os
descontos previstos nos “contratos de demanda firme” estabelecidos pela
Sabesp com grandes consumidores.
A companhia que gere a produção e distribuição de água na região onde
vivem 20 milhões de pessoas privilegia, por meio destes contratos, um grupo de 537 grandes consumidores como bancos, hotéis, shopping centers, entre outros. Os contratos garantem que estas corporações desfrutem do benefício de, quanto mais água consumir, menos pagar por ela.
“Enquanto elas recebem esse estímulo para consumir mais, a população
sofre com o racionamento não-declarado e dias sem abastecimento. Essa
injustiça tem que acabar”, afirma Pedro Telles, coordenador da Campanha
de Clima e Energia do Greenpeace. Sem estes descontos, o Greenpeace
estima que a Sabesp arrecadaria cerca de R$ 140 milhões a mais por ano.
Esses recursos poderiam ser investidos, por exemplo, na redução do
desperdício de água nas tubulações (que beiram 37% na cidade).
Acredite se quiser: quanto mais suas torneiras ficam abertas, menos
estes grandes consumidores pagam por metro cúbico de água. O desconto
oferecido pela Sabesp e aprovado pelo Governo do Estado de São Paulo,
para que empresas turbinem seu consumo, trata a água cada vez mais
escassa como mercadoria, e não como direito básico de todo cidadão,
premiando o desperdício e impondo uma situação de completa injustiça
sobre a população em geral, que sofre com o racionamento não declarado
há vários meses.
A ação realizada nesta sexta-feira diante do Banco Safra, um dos
beneficiados pelos contratos de demanda firme, chama atenção para essa
situação absurda, dá voz para a população expor como a falta de água
afeta suas vidas e exige que o governador Alckmin e a Sabesp acabem
imediatamente com os descontos.
No site 'Água para quem' a
população pode assinar e enviar sua petição para pressionar o
governador Geraldo Alckmin e a Sabesp a extinguir os contratos de
demanda firme com os grandes consumidores. O abastecimento à população
deve ser priorizado e estas empresas não podem mais ser premiadas pelo
desperdício. A rescisão dos contratos interessa a todos os que vivem em
São Paulo e precisa ser realizada como um passo importante para o
enfrentamento da crise que não vai ser superada tão cedo. Assine você
também e aumente a pressão para acabar com a farra do desperdício.
O Greenpeace apoia e é parte da Aliança pela Água, coalizão de mais
de 40 organizações da sociedade civil que trabalha para que profundas
mudanças na gestão da água aconteçam a partir do enfrentamento da atual
crise. Estas mudanças deve estar baseadas em três princípios básicos: a
água é um direito humano e não pode ser tratada como mercadoria; todos
os governos têm responsabilidade sobre a água e prestam um serviço à
população; e os planejamentos hídricos devem necessariamente considerar a
recuperação e recomposição dos mananciais e das atuais fontes de água. A
Aliança também exige a elaboração de um abrangente Plano de Emergência a
fim de mitigar os efeitos da crise e garantir o abastecimento de água
para consumo humano durante a estiagem de 2015, que começa em abril. Saiba mais aqui.
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