Segundo relatório da REN21, energias renováveis bateram recorde de
instalação no mundo em 2014 e receberam investimento de quase 300
bilhões de dólares
Capa do relatório Renewables 2015 Global Status Report, da REN21 (Renewable Energy Policy Network for the 21st Century)
As energias renováveis mostram – mais uma vez - que não estão para
brincadeira e que vão ganhar cada vez mais espaço no mercado global de
energia. O relatório Renewables 2015 Global Status Report, da
REN21 (Renewable Energy Policy Network for the 21st Century), publicado
hoje traz importante balanço sobre as fontes renováveis no ano de 2014:
recorde de instalação, de crescimento e de investimentos. Coincidência
ou não, os dados animadores sobre renováveis são publicados no mesmo
dia em que o Papa Francisco pede urgência pelo meio ambiente e ação para
combater as mudanças climáticas em sua Encíclica.
Pela primeira vez em quatro décadas, a economia mundial cresceu sem
um aumento paralelo das emissões de CO2, que em 2014 mantiveram-se
estáveis em relação a 2013. Este fato histórico se deve em grande parte
ao aumento do uso de energias renováveis na China, e aos esforços
diversos para promover essas fontes e medidas de eficiência energética.
Foram adicionados cerca de 135 GW em usinas de fonte renovável em 2014,
8,5% a mais do que no ano anterior. Com isso, as renováveis já respondem
hoje por 27,7% da capacidade mundial para gerar eletricidade.
Nos últimos dez anos, a capacidade instalada de energia solar
fotovoltaica aumentou 48 vezes e apenas no ano passado foram adicionados
44 GW, elevando a capacidade mundial para 177 GW. Já a capacidade de
energia eólica cresceu oito vezes na última década e só ano passado
foram adicionados 51 GW, trazendo a capacidade total para 370 MW. O
Brasil foi o quarto país que mais instalou usinas eólicas no mundo,
adicionando 2,5 GW e, além disso, está em segundo lugar na produção de
biocombustíveis.
O crescimento do setor poderia ter sido ainda maior se os mais de 550
bilhões de dólares anuais em subsídios aos combustíveis fósseis e à
energia nuclear passassem a ser alocados em fontes renováveis. “Os
atuais subsídios mantem preços baixos artificiais para fontes sujas,
atrapalhando a concorrência das renováveis. Removê-los revelaria que as
renováveis são a opção energética mais barata, além de limpa e segura”,
afirma Sven Teske, da campanha de Energias Renováveis do Greenpeace.
O relatório também mostra que os investimentos em energias renováveis
em países em desenvolvimento, como o Brasil, aumentaram 36% desde 2013,
totalizando 131 bilhões de dólares, quase ultrapassando o investimento
total das economias desenvolvidas, que atingiu 138 bilhões de dólares em
2014, apenas 3% acima do ano anterior. Os investimentos foram liderados
pela China e o Brasil foi o sétimo país com mais investimentos. Também
vieram novos postos de trabalho: em 2014 cerca de 7,7 milhões de pessoas
em todo o mundo trabalharam no setor das renováveis e o Brasil foi o
terceiro país onde mais empregos foram criados.
O crescimento das energias renováveis ultrapassou de forma inédita o
das fontes fósseis. “Isto pode e deve significar o começo de uma nova
era visto que, em 2014, a capacidade instalada de renováveis,
principalmente solar e eólica, aumentou 60% mais rápido do que de usinas
de carvão e gás natural juntas”, continua Teske.
“Ao redor do mundo a energia eólica é, hoje, a opção mais barata para
gerar energia. Além disso, na maior parte dos países desenvolvidos já é
mais vantajoso adquirir painéis solares para gerar energia nos próprios
telhados do que comprar a energia das distribuidoras. As usinas
termelétricas movidas à combustíveis fósseis não vão mais fazer sentido
economicamente”, conclui Teske.
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