Segunda pesquisa da Datafolha, 73% das empresas acreditam que suas ações
de mitigação ou adaptação terão impacto financeiro positivo sobre os
negócios
Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha com 100 empresas listadas
entre as mil maiores do Brasil mostra que as mudanças climáticas já
fazem parte da agenda de investimentos da iniciativa privada e que uma
ação mais firme do governo para lidar com o desafio seria bem-vinda.
Impressionantes 82% das empresas entrevistadas já estão adotando ações
de mitigação ou adaptação às mudanças climáticas e 71% acham que
políticas públicas relacionadas ao assunto beneficiariam a economia. O
levantamento, encomendado pelo Observatório do Clima e pelo Greenpeace,
teve como objetivo conhecer as ações adotadas pelas maiores empresas
brasileiras sobre mudanças climáticas.
Os números mostram que os empresários vêem as medidas de mitigação e
adaptação como algo positivo para os negócios, redundando em impactos
financeiros positivos para 73% deles. A pesquisa também mostra que não
há uma bala mágica para resolver o problema – as iniciativas em curso
citadas foram bastante variadas e vão desde soluções para reduzir o
consumo de água e energia (40%) a ações para mitigar poluentes (23%) e
campanhas de educação e conscientização (12%). Entre os que estão
focando na questão energética, 15% já estão utilizando energias
renováveis.
“Dentro do tema ‘mudanças climáticas’, a preocupação com energia
mostrou-se relevante”, destaca Carlos Rittl, secretário-executivo do
Observatório do Clima. “Na pesquisa, ela aparece tanto quando falamos
dos planos das empresas como quando perguntamos ao empresário o que ele
acha que o governo deve fazer”, completa.
Perguntados sobre ações que o governo pode adotar para lidar com as
mudanças climáticas que favorecem a inovação, os investimentos de longo
prazo e retornos financeiros para as empresas, os entrevistados citaram
28 iniciativas. Entre as mais mencionadas estão a adesão à energia
limpa, como solar e eólica (18%), investimentos em novas tecnologias
para diminuir poluentes (12%), o incentivo tributário à preservação
ambiental (12%) e ações de conservação do meio ambiente (12%). Quando
questionados sobre as ações que o governo pode adotar em relação às
mudanças que podem trazer retornos financeiros para o país, a energia
renovável aparece com 20% de menções, atrás apenas dos investimentos em
tecnologia (32%).
Para 71% dos entrevistados, as ações do governo em relação às
mudanças climáticas beneficiariam a economia. Tanto que 85% declararam
que o Brasil deveria adotar posições mais ambiciosas frente a outros
países para lidar com as mudanças climáticas. A realidade, no entanto,
não condiz com essa percepção: para 46% dos entrevistados, as
iniciativas governamentais em relação ao tema são ruins ou péssimas.
Para apenas 4% elas são boas ou ótimas. As opiniões dos empresários
espelham as da população brasileira, avaliadas numa pesquisa anterior do
Datafolha: para 48% dos entrevistados, o governo faz muito pouco contra
a mudança climática.
A nova pesquisa identificou também que o tema gera algum temor: dois
terços da amostra (66%) acham que os impactos das mudanças climáticas
sobre a economia serão muito negativos. As principais preocupações são
com a produção (queda na produtividade, diminuição no volume de vendas
etc.), com o fornecimento de matérias-primas (aumento nos custos,
redução da oferta) e com a produção de energia. Juntos, esses itens
foram citados por 78% dos entrevistados. “O empresário já percebeu que
as mudanças do clima afetam os negócios. Se eles enfrentarem o problema,
pode haver impacto positivo. Se não fizerem nada, as mudanças
climáticas poderão prejudicar sua atividade”, sintetiza Ricardo Baitelo,
coordenador de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
A pesquisa foi realizada entre 17 de março e 23 de abril de 2015 por
meio de entrevistas telefônicas com os cargos executivos responsáveis
pelas áreas de planejamento e/ou investimentos de cem empresas que
integram a lista das mil maiores corporações que atuam no Brasil segundo
o ranking do Valor Econômico. Três quartos da amostra ouvida eram de
nível de diretoria.
O levantamento contemplou organizações dos mais variados setores
econômicos: comércio varejista, alimentos, agropecuária, metalurgia e
mineração, química e petroquímica, eletroeletrônica, construção e
engenharia, comércio atacadista, água e saneamento, veículos e peças,
transporte e logística, plásticos e borracha, papel e celulose,
mecânica, energia elétrica, TI e telecom, têxtil e vestuário, petróleo e
gás, açúcar e álcool, materiais de construção, fumo, educação e
ensino.
Veja a pesquisa na íntegra.
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