Thursday, June 18, 2015

Papa pede urgência para o meio ambiente

Documento pontifício dirigido ao mundo e publicado hoje aponta problemas ambientais e pede ação internacional para lidar com mudanças climáticas

 
Papa Francisco (©creative commons)

A menos de seis meses da próxima rodada de negociações das Nações Unidas sobre o tema das mudanças climáticas, a COP 21, a encíclica do Papa Francisco é um forte sinal de que o mundo precisa de um acordo relevante e que os líderes mundiais precisam dar uma resposta à altura do desafio climático. O Papa mostra que acompanha a escalada dos anúncios globais sobre o clima ao trazer direcionamentos valiosos para a proteção do meio ambiente e dos seres humanos.
“O Greenpeace considera extremamente valiosa a intervenção do Papa Francisco na batalha de toda a humanidade para evitar mudanças climáticas catastróficas. A primeira Encíclica sobre o meio ambiente deixa o mundo mais próximo de momento de mudança no qual abandonaremos os combustíveis fósseis e o desmatamento de florestas para  abraçarmos as energias limpas e renováveis para todos, até a metade deste século”, avalia Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional.
Todas as pessoas, sejam religiosas ou não, podem e devem reagir ao chamado de Francisco por iniciativas ousadas e urgentes. De acordo com a Encíclica, o meio ambiente é um bem comum, uma herança coletiva de toda a humanidade, e somos todos responsáveis por ele. O Greenpeace sempre defendeu essa posição. Por isso, com o apoio de milhares de pessoas queremos levar ao Congresso brasileiro uma proposta de lei que estabelece o Desmatamento Zero.
Um dos trechos da Encíclica diz que “a tecnologia baseada em combustíveis fósseis e altamente poluentes – principalmente o carvão, mas também o petróleo e, em menor grau, o gás natural– deve ser substituída de forma gradual, e sem demora’. Trata-se de um claro apelo para investidores, CEOs e líderes políticos responsáveis, que devem acelerar o ritmo da revolução das energias limpas.
Há ainda uma crítica aos que ‘detém a maior parte dos recursos e do poder econômico ou político e que parecem estar mais preocupados em esconder os efeitos negativos das mudanças climáticas’. É um recado direto aos que negam as mudanças climáticas e procuram atrasar, por exemplo, o desenvolvimento das energias renováveis.
Acima de tudo, o Papa Francisco lembra a todos nós, das pessoas comuns aos líderes mundiais, que o enfrentamento das injustiças sociais e climáticas é um imperativo moral. Os pobres são os mais afetados pelas mudanças climáticas catastróficas, embora tenham sido os que menos contribuíram para o problema.
“Recebemos de forma positiva a clareza e a franqueza da Encíclica sobre a necessidade de ação política internacional diante das mudanças climáticas, que faz prevalecer interesses específicos em detrimento do bem comum.  As palavras do Papa devem servir para afastar os governantes de seu comportamento apático. Elas são um incentivo para que os líderes aprovem legislações severas de proteção ao clima em seus países, e para que cheguem a um sólido acordo sobre o clima em Paris, no final deste ano”, diz Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil.
A Encíclica é correta quando aponta que o desmatamento contribui fortemente para as emissões de CO2 e para o desaparecimento de espécies. Acabar com o desmatamento no Brasil é um passo importante para o combate às mudanças climáticas, pois hoje ele  representa mais de 30% das nossas emissões. Além disso, florestas são essenciais para garantir equilíbrio hídrico e produção de alimentos.
Apoiamos o clamor do Papa Francisco aos líderes globais, para que protejam as florestas e os oceanos e escutem as exigências do povo e de cientistas de todo o mundo. “O gesto do Papa ressalta a importância de se chegar à um acordo ambicioso na ONU e também a necessidade de ações concretas nos países. Temos a Fé e a ciência do mesmo lado e os governantes devem seguir o exemplo, chegar aos acordos que precisamos e colocá-los em prática. No Brasil, isto significa acabar com o desmatamento e investir em energias renováveis, como a solar”, conclui Astrini.

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