Papa Francisco (©creative commons)
A menos de seis meses da próxima rodada de negociações das Nações Unidas sobre o tema das mudanças climáticas, a COP 21, a encíclica do Papa Francisco é um forte sinal de que o mundo precisa de um acordo relevante e que os líderes mundiais precisam dar uma resposta à altura do desafio climático. O Papa mostra que acompanha a escalada dos anúncios globais sobre o clima ao trazer direcionamentos valiosos para a proteção do meio ambiente e dos seres humanos.
“O Greenpeace considera extremamente valiosa a intervenção
do Papa Francisco na batalha de toda a humanidade para evitar mudanças
climáticas catastróficas. A primeira Encíclica sobre o meio ambiente
deixa o mundo mais próximo de momento de mudança no qual abandonaremos
os combustíveis fósseis e o desmatamento de florestas para abraçarmos
as energias limpas e renováveis para todos, até a metade deste século”,
avalia Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional.
Todas as pessoas, sejam religiosas ou não, podem e devem
reagir ao chamado de Francisco por iniciativas ousadas e urgentes. De
acordo com a Encíclica, o meio ambiente é um bem comum, uma herança
coletiva de toda a humanidade, e somos todos responsáveis por ele. O
Greenpeace sempre defendeu essa posição. Por isso, com o apoio de
milhares de pessoas queremos levar ao Congresso brasileiro uma proposta
de lei que estabelece o Desmatamento Zero.
Um dos trechos da Encíclica diz que “a tecnologia baseada
em combustíveis fósseis e altamente poluentes – principalmente o carvão,
mas também o petróleo e, em menor grau, o gás natural– deve ser
substituída de forma gradual, e sem demora’. Trata-se de um claro apelo
para investidores, CEOs e líderes políticos responsáveis, que devem
acelerar o ritmo da revolução das energias limpas.
Há ainda uma crítica aos que ‘detém a maior parte dos
recursos e do poder econômico ou político e que parecem estar mais
preocupados em esconder os efeitos negativos das mudanças climáticas’. É
um recado direto aos que negam as mudanças climáticas e procuram
atrasar, por exemplo, o desenvolvimento das energias renováveis.
Acima de tudo, o Papa Francisco lembra a todos nós, das
pessoas comuns aos líderes mundiais, que o enfrentamento das injustiças
sociais e climáticas é um imperativo moral. Os pobres são os mais
afetados pelas mudanças climáticas catastróficas, embora tenham sido os
que menos contribuíram para o problema.
“Recebemos de forma positiva a clareza e a franqueza da
Encíclica sobre a necessidade de ação política internacional diante das
mudanças climáticas, que faz prevalecer interesses específicos em
detrimento do bem comum. As palavras do Papa devem servir para afastar
os governantes de seu comportamento apático. Elas são um incentivo para
que os líderes aprovem legislações severas de proteção ao clima em seus
países, e para que cheguem a um sólido acordo sobre o clima em Paris, no
final deste ano”, diz Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas
do Greenpeace Brasil.
A Encíclica é correta quando aponta que o desmatamento
contribui fortemente para as emissões de CO2 e para o desaparecimento de
espécies. Acabar com o desmatamento no Brasil é um passo importante
para o combate às mudanças climáticas, pois hoje ele representa mais de
30% das nossas emissões. Além disso, florestas são essenciais para
garantir equilíbrio hídrico e produção de alimentos.
Apoiamos o clamor do Papa Francisco aos líderes globais, para que
protejam as florestas e os oceanos e escutem as exigências do povo e de
cientistas de todo o mundo. “O gesto do Papa ressalta a importância de
se chegar à um acordo ambicioso na ONU e também a necessidade de ações
concretas nos países. Temos a Fé e a ciência do mesmo lado e os
governantes devem seguir o exemplo, chegar aos acordos que precisamos e
colocá-los em prática. No Brasil, isto significa acabar com o
desmatamento e investir em energias renováveis, como a solar”, conclui
Astrini.
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