De acordo com dados do SAD, em maio foram registrados 389 km² de alertas
de desmatamento na Amazônia. O estado do Amazonas e o Mato Grosso
lideraram na destruição
Área desmatada em Roraima, identificada graças ao SAD, foi alvo de
protesto do Greenpeace: "Sem floresta não tem água!" (© Marizilda
Cruppe/Greenpeace
O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou
nesta quinta-feira os resultados de seu Sistema de Alertas de
Desmatamento na Amazônia Legal (SAD) de maio, reafirmando a tendência de
aumento do desmatamento no bioma. No mês passado foram registrados
alertas em uma área de 389 km², destruição 110% maior que a identificada
em maio de 2014.
Mas a surpresa deste mês veio do Amazonas, que registrou a maior área
de alertas de desmatamento (27%), ao lado do Mato Grosso. O estado não
costuma figurar entre os maiores desmatadores do bioma, mas isso parece
estar mudando: entre os três municípios mais desmatados em maio, dois
estão no Amazonas.
O município de Lábrea (AM) perdeu o equivalente a aproximadamente 6.
300 campos de futebol. A região, na fronteira com Rondônia e parte do
Acre, tem sido apontada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT)
como uma das mais críticas na escalada na violência no campo, e tem
sido alvo de ação de madeireiros ilegais e grileiros que promovem o
avanço da fronteira agrícola sob a floresta. Para piorar, há poucos
meses uma reforma política colocou fim a órgãos estaduais de gestão ambiental e cortou quase metade do orçamento da Secretaria de Meio Ambiente do estado.
De agosto de 2014 à maio de 2015 foram registrados alertas de
desmatamento em 2.286 km², um aumento de 170% na comparação com o mesmo
período do ano passado, quando foi de 846 km².
Em maio de 2015, a maioria (55%) das áreas com alertas localizavam-se
em terras privadas ou sob diversos estágios de posse. As Unidades de
Conservação assumiram o segundo lugar, concentrando 31 % da área total
alertas.
“A tendência de aumento do desmatamento nos mostra que estamos indo
na contramão do que deveríamos fazer, já estamos pagando a conta por
tanta devastação. É hora da sociedade se posicionar e colocar um ponto
final do desmatamento, que tão mal nos faz. Sem floresta não tem água,
não tem ar fresco, não tem qualidade de vida”, afirma Cristiane
Mazzetti, da campanha Amazônia do Greenpeace.
O boletim do SAD é publicado mensalmente pelo Imazon, com base em
análise de imagens de satélite, e traz os chamados “alertas de
desmatamento e degradação florestal”, indicando que algo pode estar
errado com a floresta. Apesar de serem apenas indicadores, infelizmente,
as informações apuradas pelo SAD costumam se comprovar em terra. Foi o
que verificamos em abril, quando a partir dos alertas do SAD encontramos
uma grande área recém-desmatada em Roraima, que foi alvo de protesto relacionando a a importância de acabar o desmatamento para garantir água na torneira.
Mais de 1,1 milhões de brasileiros já declararam seu apoio a um
projeto de Lei que torna o Desmatamento Zero uma regra no Brasil. A ciência, as religiões e o próprio clima vem mostrando que o planeta não suporta mais destruição.
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