Prazo para inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) será estendido
por mais um ano. Prorrogação já estava prevista na Instrução Normativa
publicada em 2014
Ministros Izabella Teixeira (MMA) e Patrus Ananias (Desenvolvimento
Agrário) avaliam o Cadastro Ambiental Rural em coletiva, nesta
segunda-feira. (Ascom/MMA).
Em 2012, depois de muito embate e debate, o novo “Código Florestal”
foi aprovado e a única modificação que aparentava agradar a gregos
(ambientalistas) e troianos (ruralistas) era o Cadastro Ambiental Rural –
o CAR, ferramenta que traria em detalhes informações sobre todas as
propriedades rurais do Brasil, com suas respectivas áreas produtivas e
de proteção ambiental. Mas essa aparência durou apenas até a publicação
da instrução normativa (IN) que regulamentou o Cadastro, em 2014, onde
ficou claro que urgência e transparência não são preocupações do
Ministério do Meio Ambiente (MMA).
No dia 6 de maio venceria o prazo previsto na IN para que
proprietários de terras regularizassem suas fazendas junto ao CAR.
Segundo anúncio do MMA, até o momento 52,8% das propriedades foram
cadastradas. O ritmo lento de adesões era esperado pelo governo, que
durante a regulamentação já previa a extensão do prazo. Agora, os donos
de imóveis rurais terão mais um ano para se cadastrar no sistema sem
perder os benefícios garantidos pelo programa, como a aquisição de
empréstimos em bancos estatais com taxas subsidiadas pelo governo.
Mas talvez o aspecto mais procupante trazido pela IN não seja o
atraso da implantação do programa, mas sim a falta de transparência do
mecanismo. A IN limita drasticamente os dados que podem ser consultados
publicamente no CAR, tornando o cadastro ineficiente para o controle
social.
“Ao não dar o nome aos bois, ou nesse caso aos desmatadores, o
governo promove um desfavor a toda a população, evitando que
organizações sociais e ambientais utilizem o CAR para auxiliar no
combate ao desmatamento, no controle de suas aquisições e até para
enviar denúncias de trabalho escravo” afirma Rômulo Batista da campanha
da Amazônia do Greenpeace. A crítica refere-se a restrição de acesso ao
CAR imposta pelo governo federal, onde não será possível consultar o
nome do dono da propriedade rural, o que já acontecia em sistemas
Estaduais, como do Mato Grosso e do Pará.
Apenas dois dias antes do fim do prazo previsto inicialmente pela IN,
ainda é impossível realizar qualquer consulta no sistema, até mesmo
para saber quantos cadastros já foram realizados. De acordo com dados
apresentados em março pelo representante do MMA junto ao Grupo de
Trabalho da Soja (GTS), o número de adesões nos estados que lideram o
ranking do desmatamento na Amazônia eram animadores: O Mato Grosso
apresentava mais de 90% das áreas já cadastradas e o Pará tinha 76% da
área passível de registro já realizada.
“Esses dados são extremamente importantes, pois a partir daí
começaremos a ter um real dimensionamento sobre o uso de terra na
Amazônia. Mas com a falta de transparência é impossível saber a
qualidade dessa informação e o CAR, por si só, não é uma garantia de
combate ao desmatamento, já que a lei brasileira ainda permite o
desmatamento de até 20% da propriedade rural na Amazônia e ainda mais em
outros Biomas”, explica Batista.
Rômulo Batista ressalta, ainda, que apesar se ser uma boa ferramenta
para auxiliar no controle, o CAR não assegura o fim do desmatamento.
“Estudos mostraram que em estados onde já eram realizados cadastros
semelhantes, o desmatamento ilegal acontecia mesmo com o registro da
propriedade nos sistemas. Por isso é fundamental a manutenção de acordos
de mercado, como a Moratória da Soja e o Compromisso Público da
Pecuária, que já foram apontados como fundamentais para a diminuição do
desmatamento da Amazônia”, completa.
O Governo Brasileiro precisa se comprometer com a transparência e
aparelhar os brasileiros com informações para que todos possamos
auxiliar no combate ao desmatamento ilegal. Mas devemos ir além. Legal
ou ilegal, o desmatamento de florestas nativas não pode continuar!
É hora de o Brasil assumir a vanguarda da preservação ambiental,
mostrando que está realmente comprometido com o combate às mudanças
climáticas e o desmatamento da Amazônia.
Mais de 1 milhão de brasileiros já assinaram pela criação de uma lei que garanta a sobrevivência das florestas e o futuro do planeta. O País precisa adotar, com urgência, uma política de Desmatamento Zero
para todas as nossas florestas. Que tal ouvir a voz do povo? Pois nós
queremos as florestas em pé, para um futuro com água, produção de
alimentos e clima ameno para todos.
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