Destruição recua e bioma pode ser o primeiro com desmatamento zero do
Brasil; nove Estados desmataram menos de um quilômetro quadrado
Praia do Sono, no litoral do Estado do Rio de Janeiro, é cercada por Mata Atlântica (Creative Commons / Eduardo Gabão)
Hoje é 27 de maio, Dia Mundial da Mata Atlântica, que recebeu em seu
aniversário uma boa e importante notícia: a taxa de desmatamento caiu
24% em 2014 e está próxima do desmatamento zero. Foram destruídos 183
km2 frente aos 240 km2 registrados na medição de 2013, segundo o estudo Atlas de Remanescentes Florestais, que a ONG S.O.S. Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) lançam nesta quarta-feira (27).
Foram analisadas as taxas de derrubada de 17 Estados, e 11
apresentaram queda nesse índice. Boa notícia mesmo veio de nove Estados
que registraram desmatamento menor do que 100 hectares, o equivalente a 1
km2: São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Goiás, Espírito Santo,
Alagoas, Rio de Janeiro, Sergipe e Paraíba.
Segundo Marcia Hirota, diretora-executiva da S.O.S Mata Atlântica,
“com tais números, esses Estados caminham para o nível do desmatamento
zero no bioma”. Em sua opinião, trata-se de uma oportunidade para outro
importante debate: a necessidade de se recuperar as áreas já devastadas.
Restando nada mais que 12,5% de sua área original da Mata Atlântica (1,3 milhão de km2)a
conservação e restauração das florestas devem ser prioridade. “Sem
floresta não tem água, e não é à toa que o Sudeste do Brasil esteja
passando por uma crise hídrica sem precedentes”, diz Cristiane Mazzetti,
da campanha de florestas do Greenpeace Brasil.
Drama no Cantareira, zona de Mata Atlântica: rio seco, reservatório
exaurido e o ponto exato da captação do Volume Morto (canto inferior
esquerdo). (© Zé Gabriel/Greenpeace)
O Greenpeace fez recentemente uma expedição pelos principais mananciais do Sudeste,
e as impressões foram bem negativas. “Floresta é algo quase inexistente
nas bacias que abastecem os reservatórios do sudeste do País. As
florestas protegem os rios e mananciais além de contribuir com a
formação de chuvas. Continuar desmatando a Mata Atlântica é um erro”,
explica Mazzetti.
Áreas de Mata Atlântica ainda sob ameaça
O monitoramento de desmate abrange toda a vegetação da Mata
Atlântica, que é determinada pela Lei de Aplicação da Mata Atlântica.
Ela é predominante em todo o litoral do Brasil, de norte a sul, e também
em certas regiões no interior dos Estados do Pauí, Bahia, Ceará entre
outros. Estas últimas áreas não seguem a tendência do estudo e vêm
apresentando números insatisfatórios.
O Piauí foi o Estado campeão de desmatamento do ano de 2014, com 56,3 km2
de mata derrubada, sendo 76% só no município de Eliseu Martins. É o
segundo ano consecutivo que o Atlas observa padrão de desmatamento nos
municípios do Piauí.
A produção de soja e milho na região é protagonista do desmatamento, e
a fronteira agrícola do agronegócio está numa importante zona de
transição entre Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga – em especial no
oeste da Bahia e sul do Piauí.
“Não somente podemos, como devemos zerar o desmatamento. Isso deve
ser uma prioridade para a Mata Atlântica, o bioma brasileiro que mais
foi destruído pelo homem, e para todas as florestas nativas do Brasil ”,
defende Mazzetti.
O Greenpeace está juntando assinaturas para o Projeto de Lei Popular
pelo Desmatamento Zero que tem como objetivo o fim do desmatamento nas
florestas nativas do Brasil, incluindo a Mata Atlântica. São necessárias
1,43 milhão de assinaturas para o Projeto ser encaminhado ao Congresso
Nacional, e já são mais de 1 milhão de pessoas a favor da causa.
Participe você também deste movimento, assine pelo Desmatamento Zero.
No comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.