Ativistas em protesto na sede da Fiat, em Betim, em Minas Gerais, pedem que a montadora líder de vendas no país se comprometa com eficiência energética. (©Paulo Pereira/Greenpeace)
Quase ninguém sabe que Turim, na Itália, foi capital do país entre 1861 e 1864, mas quase todo mundo sabe que esta é a cidade-sede da Fiat, uma das maiores empresas automobilísticas do mundo e uma das líderes de vendas no Brasil. Líder de venda e de mercado no país, mas não de eficiência. O Greenpeace foi até a sede da empresa, em Betim, em Minas Gerais, para lembrá-la do desafio que foi lançado em abril deste ano que pede motores mais eficientes para os veículos brasileiros e que ela tem que deixar de vacilar.
A empresa foi surpreendida hoje pela manhã com ativistas que escalaram um dos portões de entrada e penduraram um banner que dizia ‘Não mate a Mama de desgosto’ e com um rolo de massa de seis metros que remetiam às tradicionais raízes italianas da marca. Também havia ativistas fantasiados de italianos com as mensagens “Carro moderno é carro eficiente” que pediam que a eficiência da Fiat não acabe em pizza, ou seja, que uma questão tão importante quanto a qualidade dos motores da empresa não seja ignorada.
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O estudo “Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito Estufa”, feito pela Coppe/UFRJ em parceria com a organização, propõe que a indústria brasileira se comprometa com as mesmas metas de eficiência energética que já estão em voga na União Europeia, até 2021. Ou seja, o Brasil precisaria aumentar em 41% a eficiência dos veículos brasileiros, se tomarmos como base as taxas de 2011.
Com tecnologia mais moderna, o Brasil teria, em 2030, emissões mais baixas que as de hoje, mesmo que a frota de veículos dobre, como é estimado, e os brasileiros economizariam cerca de R$287 bilhões até 2030 já que consumiriam menos combustível. Pensar a emissão do setor de transportes é fundamental para o país já que este é um dos maiores responsáveis pelas emissões de gases estufa no Brasil. De 1990 a 2012, segundo o Observatório do Clima, o salto das emissões do setor foi de 143%, e continua aumentando.
Dois dias depois do lançamento da campanha e após milhares de mensagens direcionadas à empresa, a montadora respondeu ao Greenpeace. Em seu posicionamento, enviado por e-mail à quem assinou a petição, a Fiat numerou várias medidas que mostravam seu comprometimento com inovações que reduzem o impacto ambiental de seus veículos.
Citou um de seus novos carros que emitem menos CO2 que a média e destacou que 97,5% de seus automóveis são flex, podendo ser abastecidos com álcool, combustível renovável. No entanto, motores flex não significam ganhos em eficiência e existem impactos socioambientais relacionados à produção de biocombustíveis no Brasil.
“Apesar dessa resposta, o Greenpeace mantém sua posição e reforça o desafio à Fiat. Se a empresa já é capaz de aplicar inovações em alguns de seus automóveis, por que não se compromete com as mesmas metas de eficiência energética europeias?”, disse Iran Magno, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. “A tecnologia existe, deve ser exigida nos veículos brasileiros e vamos pressionar a Fiat para que isso aconteça. Não aceitaremos respostas vazias”, concluiu Magno.
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