O julgamento que havia absolvido o acusado de ser mandante do
assassinato do casal de extrativistas Zé Claudio e Maria foi anulado
hoje em Belém
O casal de extrativistas que lutava pela preservação da floresta (©Greenpeace/Felipe Milanez)
O Tribunal de Justiça de Belém julgou, na manhã de hoje, a apelação
do Ministério Público contra a decisão do Tribunal do Júri de Marabá,
que havia absolvido o fazendeiro José Rodrigues, acusado de ser o
mandante do assassinato de Zé Claudio e Maria. Também foi decretada a
prisão preventiva do réu, que ainda não foi localizado pela Justiça.
O casal de extrativistas foi assassinado em 2011, em Nova Ipixuna
(PA), por lutar contra a grilagem e o roubo de madeira no assentamento
em que viviam. Na época, o juiz criminalizou a luta das vítimas para
defender a floresta, considerando que o casal teria contribuído para o
crime, em razão de seu comportamento. Agora, o Tribunal de Justiça de
Belém reavaliou a sentença e decidiu anular o julgamento.
“Foi uma vitória muito significativa pra nós. Não consigo nem
descrever a felicidade, a sensação de justiça sendo feita. Agora vamos
lutar para que o próximo júri seja realizado na capital do Pará, em
Belém, pois em Marabá seria o mesmo que voltar à estaca zero. ”, disse
Clara Santos, sobrinha de Zé Claudio.
Impunidade no campo
De acordo com Josep Iborra, conhecido como Zezinho, da CPT (Comissão
Pastoral da Terra), entre os principais motivos dos assassinatos na
Amazônia, estão a grilagem de terras, a extração de madeira ilegal e de
minérios: “Isso gera enfrentamento entre grupos vindos do Sul,
interessados em explorar estas riquezas, com as populações locais
originais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Tem também os
pequenos agricultores que estão em busca de sobreviver na região,
aproveitando o que a floresta oferece, e lutam pela preservação dessas
áreas. Por isso, acabam se chocando com esses grupos cuja única
preocupação é extrair a madeira e se apropriar da terra”.
“A falta de condenações contribui para o silêncio dos ativistas e da
população que sofre com atividades econômicas ilegais. E, quanto mais
importante o papel de defesa do meio ambiente se torna, mais ameaçadas
essas pessoas se encontram”, disse Claudia Caliari, da Campanha Amazônia
do Greenpeace.
Quando se trata de madeira ilegal, as consequências de um sistema de
controle florestal falho e fraudulento – como é o caso do sistema que
controle a extração e o comércio de madeira – são enormes. Os danos vão
muito além das estimativas oficias. Envolvem a perda de biodiversidade, a
degradação do bioma, as emissões de carbono e, principalmente, a vida
das comunidades e populações que habitam a floresta.
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