Os problemas apontados pelo Greenpeace sobre o sistema de controle de
comércio de produtos florestais na Amazônia foram discutidos em Manaus,
em evento realizado pela ONG Idesam
Debate sobre o setor madeireiro na Amazônia (©Rogerio Lima/Idesam)
A crise no licenciamento e exploração florestal na Amazônia, divulgada pelo Greenpeace na campanha Chega de Madeira Ilegal,
foi tema de debate realizado ontem, dia 7, pelo Instituto de
Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), em
Manaus (AM), que contou com a participação de entidades como o
Greenpeace, CEUC (Centro Estadual de Unidades de Comservação), Idam
(Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas) e
APEFEA (Associação Profissional dos Engenheiros Florestais do Estado do
Amazonas).
A investigação de dois anos do Greenpeace expôs a fragilidade do
sistema de controle de comércio de produtos florestais na Amazônia e
expôs como suas falhas acabam alimentando a degradação florestal e o
desmatamento. Segundo dados do Imazon, entre agosto de 2011 e julho de
2012, estima-se que 78% das áreas com atividades madeireiras no Pará,
maior produtor e exportador de madeira da Amazônia, não tinham
autorização de exploração. No Mato Grosso, segundo maior produtor, essa
proporção é de 54%.
O objetivo do evento, segundo André Vianna, coordenador de projetos
do Programa Manejo Florestal do Idesam, foi trazer a problemática
levantada pelo Greenpeace também para o estado do Amazonas: “A gente tem
que discutir como o Amazonas vai se posicionar nessa questão. É preciso
entender como garantir a redução da exploração ilegal e ao mesmo tempo
fomentar a produção legal e de pequenos produtores”, afirmou ele. Para
Vianna, a madeira ilegal é muito prejudicial para os planos de manejo de
pequena escala, pois, entre outros problemas, diminui o preço da
madeira e os torna menos competitivos. “Quem quer fazer ilegalmente
consegue meios de fazer, mas quem quer fazer de forma legal, mas é um
pequeno produtor, vai ter mais dificuldades de trabalhar com isso”.
A investigação do Greenpeace Brasil mostrou cinco casos de planos de
manejo com indícios de fraudes comuns e que o sistema permite. Dentre as
principais estão: inflação do número de árvores de espécies raras e do
tamanho das árvores no inventário florestal, áreas autorizadas sem sinal
de exploração (das quais os créditos obtidos são utilizados para
documentar madeira extraída ilegalmente de outras áreas), exploração
acima do limite autorizado pelo plano de manejo e corte de árvores
protegidas por lei.
Esse vasto menu tem permitido a circulação de madeira com
documentação limpa e origem suja. Os estudos de casos do Greenpeace
indicam que os estados da Amazônia, responsáveis por administrar a
extração e comércio da madeira que sai da floresta e entra nos mercados,
não são capazes de provar ter controle sobre o setor. Dessa forma, o
consumidor nunca terá certeza de que não está contribuindo com a
destruição da Amazônia.
“Em 2006, a gestão florestal foi repassada aos estados, que
infelizmente não estavam e não foram preparados para lidar com essa
demanda. É por isso que discussões como essa que aconteceu no Amazonas
são muito importantes para todos os estados da Amazônia e seu setor
florestal, e precisam ser encaradas com seriedade. Os estados devem
estar cientes de sua responsabilidade agora e tomar atitudes urgentes
para resolver a situação”, disse Marina Lacôrte da Campanha Amazônia do
Greenpeace.
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