Em resposta a consumidores que pedem carros mais eficientes, Volkswagen se limita a dizer que cumpre “exigências políticas” do Brasil. Mas isso todo mundo faz, né?!
No discurso é tudo divino, maravilhoso: líderes, inovadoras,
pioneiras. As montadoras de carro no Brasil sabem, como ninguém, se
vestir com os melhores adjetivos. Mas na prática, falta muito para essa
beleza virar realidade. Há três meses, o Greenpeace botou na rua uma campanha cobrando carros mais limpos e eficientes das três líderes em vendas no país. Fiat e Chevrolet
foram as primeiras a vir a público com respostas vagas. Agora foi a vez
da Volkswagen. Em carta ao Greenpeace, a empresa diz que o assunto é
sua prioridade. Mas ação concreta que é bom, nada.
O pedido do Greenpeace – ecoado por milhares de consumidores que
enviaram mensagens às companhias – é muito claro: que as empresas adotem
no Brasil a mesma meta de eficiência energética que a União Europeia.
Os carros produzidos por aqui gastam, em média, mais combustível e
emitem mais gases de efeito estufa que os veículos fabricados pelas
mesmas empresas na Europa.
A tecnologia, portanto, existe e já está sendo aplicada em outros mercados. Queremos o mesmo para cá. Isso é pioneirismo.
Na carta ao Greenpeace, a Volkswagen ressalta que foi “a primeira
fabricante de veículos na União Europeia a anunciar, de forma proativa,
sua intenção de reduzir emissões de CO2 de sua frota (...)”.Nesse
sentido, é também importante ressaltar que a meta de 2015 estabelecida
pela União Europeia foi atingida já em 2013 (com dois anos de
antecedência) não só pela Volkswagen como por outras montadoras.
O argumento e o fato provam a contradição: enquanto se desdobra para
ser inovadora do outro lado do Atlântico, no Brasil ela se limita a
fazer o que as “exigências políticas” pedem, diz a carta. Seguindo esse
raciocínio, a empresa ainda complementa que vai cumprir as metas do
Inovar Auto até 2017 - um programa voluntário que oferece deduções
fiscais em trocas de melhorias em nossos carros – entre as quais, mais
eficiência. Fechando a conta, enquanto se declara protagonista na
Europa, a empresa deve oferecer aos consumidores brasileiros carros com
tecnologia defasada em 4 anos, comparados aos europeus.
Isso não é pioneirismo. É seguir o jogo. Tampouco é suficiente, em um
contexto onde o setor de transporte já é o segundo que mais contribui
para o aquecimento global no Brasil - só ficando atrás do desmatamento.
A arrancada do setor nas emissões de gases estufa segue em disparada.
Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da
ONU, este é o setor com maior potencial de crescimento de emissões nos
próximos 50 anos. E quem vai puxar o índice são justamente os países
emergentes como o Brasil, que já é o quarto maior mercado de automóveis
do planeta. Está na hora de se responsabilizar.
Queremos clareza sobre ações efetivas que a empresa pretende tomar
para que os carros que saírem das fábricas brasileiras tenham a mesma
tecnologia dos que estão saindo das fábricas europeias, gastando menos
combustível e emitindo menos gases estufa. Enquanto esse compromisso
público não vier, a cobrança continua. Envie agora sua mensagem para as montadoras exigindo carros mais limpos e eficientes.
Leia aqui a carta da Volkswagen na íntegra.
E aqui, a carta que o Greenpeace enviou em resposta.
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