Atividade do Greenpeace gera manifestações públicas de partidos
políticos, no entanto, o tema mobilidade urbana ainda precisa ganhar
espaço no debate.
Intervenção em ponto de ônibus próximo ao Parque do Ibirapuera, em São
Paulo, desafia governantes a assumir compromisso com mobilidade urbana
de qualidade (©divulgação)
‘Não visou influenciar a votação e não configura crime eleitoral’.
Essa foi a decisão do juiz Marcelo Coutinho Gordo, do Tribunal Região
Eleitoral de São Paulo a respeito da intervenção urbana do Greenpeace há
exatamente uma semana. A
organização colocou em vários pontos de ônibus da cidade um anúncio
conjunto da Presidente Dilma e do governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, que informava que a extensão do metrô de São Paulo iria dobrar
até o final do ano.
Na quarta-feira, os cartazes geraram um verdadeiro rebuliço – tanto
pela promessa que parecia inalcançável quando pela união de Dilma e
Alckmin – e no debate público, houve acusação de terrorismo eleitoral,
gente achando que se tratava de caça à votos e partidos procurando
culpados. A propaganda atingiu a coordenação das campanhas dos partidos
envolvidos, que anunciaram ações na justiça eleitoral. O suspense se manteve até a quinta-feira de manhã, quando o Greenpeace revelou a assinatura do protesto.
O anúncio, que até então parecia algo impensável, foi na verdade uma
maneira de chamar atenção para o fato de que mobilidade urbana é um
dever de todos os candidatos e que os desafios que temos pela frente vão
além de disputas partidárias e promessas eleitoreiras.
Mesmo depois da organização ter assumido a autoria da intervenção, o
governador do Estado de São Paulo e candidato à reeleição Geraldo
Alckmin condenou a atitude do Greenpeace. Em
seu relato, Alckmin disse que a ação causava desinformação quando “toda
lógica eleitoral é prestar informações, ser transparente, prestar
contas”.
No entanto, o governador não comentou sobre a pauta de mobilidade,
sugerida pelo Greenpeace, não comentou o que deixou de cumprir em seu
atual mandato e nem deixou claro como pretende avançar melhorias em
mobilidade urbana no estado, caso seja reeleito. No balanço dos últimos
quatro anos, por exemplo, apenas 13% do que havia sido prometido de
expansão do metrô virou realidade.
O Greenpeace reforça que esse erro não pode se repetir. Em ano
eleitoral, a organização pede aos candidatos à Presidência que priorizem
investimentos regulares na mobilidade urbana. Como só investimento não
vira realidade, o governo federal precisa também se envolver com a
capacitação e a implementação de projetos em nossas cidades.
Já os governadores de Estado não podem encarar as melhorias de
mobilidade como carta eleitoreira – as mudanças e compromissos assumidos
precisam começar já em 2015, evitando que, daqui há quatro anos, elas
continuem na lista de promessas. O Brasil precisa de verdadeiro
compromisso com melhorias em mobilidade urbana.
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