(Divulgação)
O Parque dos Búfalos, envolto por muros grafitados e
repleto de trilhas, guarda resquícios de Mata Atlântica e ao menos oito
nascentes de água. O terreno, entre os bairros do Jardim Apura e Santa
Amélia, na zona sul de São Paulo, foi nomeado parque pela população de
seu entorno por ser uma área verde em meio à poluída represa Billings,
além de ponto de encontro e lazer de moradores que carecem de serviços
culturais e recreativos.
Em 2012, a área pertencente ao parque foi declarada de
utilidade pública. Porém, no ano seguinte, o prefeito Fernando Haddad
revogou a lei para levar adiante a construção de 3.800 moradias
populares no local. Desde então, há
um movimento que luta para que essas moradias sejam transferidas para
outro local, e para que o parque seja preservado e reconhecido como tal.
A urbanização e outras atividade humanas, se feitas
em locais inadequados, podem prejudicar os mananciais. A construção de
moradias no Parque dos Búfalos, à beira da represa Billings, causará
desmatamento, impermeabilização do solo e assoreamento de nascentes,
gerando impacto na qualidade e quantidade de água que essas nascentes
produzem Em plena crise hídrica, essas questões devem ser mais
relevantes do que nunca para que decisões sejam tomadas.
Não há escolha a ser feita entre moradia e meio
ambiente, porque os dois são direitos humanos que devem ter prioridade
conjunta. A área de um parque com nascentes ao redor de um manancial
poluído deve ser resguardada para a função que ela já exerce: espaço
cultural e área preservada. A falta de água e impossibilidade de
recuperação de mananciais poluídos é consequência do descaso com
nascentes e florestas – ingredientes essenciais para garantir o
abastecimento de água. Sem floresta não tem água.
Tão importante quanto, as moradias populares devem
estar em locais com acesso a serviços sociais, transporte e emprego,
sendo igualmente priorizadas pelo poder público. É importante destacar
que, em São Paulo, existem outras áreas mais adequadas para a construção
de moradias populares, sem mencionar o fato de São Paulo possuir
imóveis vazios que poderiam abrigar parte da população sem moradia, por
meio de políticas públicas adequadas.
Apenas com esses dois direitos garantidos, as cidades
serão feitas de fato para pessoas. Não devemos optar entre direitos
ambientais e sociais, pois o detrimento de um leva ao prejuízo de
outro. Devemos e podemos escolher moradia e meio ambiente.
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