Na próxima semana, a presidenta brasileira e a chanceler alemã se
encontram em reunião bilateral. Florestas, investimentos em energia e a
Conferência do Clima são temas que devem ser abordados.
(©creative commons)
Desafetos no futebol, mas parceiros históricos em relação ao meio
ambiente. A cooperação na área ambiental se consolidou no início dos
anos 90 com a criação do Programa Piloto para a Proteção das Florestas
Tropicais (PPG7), que se destinava ao desenvolvimento e criação de áreas
protegidas no Brasil. A Alemanha teve destaque como o principal
parceiro e investidor do Programa, além de ter contribuído para outras
iniciativas como o Fundo Amazônia.
Nesta antiga relação, não foi apenas a Amazônia que recebeu
investimentos. Também foram feitas parcerias nas áreas de energias
renováveis, como a solar, e em energia nuclear. A contradição é que
enquanto o potencial de Sol é elevadíssimo no Brasil e pouco
aproveitado, a Alemanha que possui menos irradiação tem quase 10% de sua
população se beneficiando da energia solar.
De olho na Conferência do Clima, a COP21, que acontece no final do
ano em Paris, na França, e na qual espera-se que mais de 190 países
assinem um acordo para redução da emissão de gases de efeito estufa, é
fundamental acompanhar o que acontece com o desmatamento e a Amazônia.
Nas negociações internacionais, o Brasil é tido como um excelente
cumpridor de suas obrigações e o governo federal faz questão de
ressaltar os números de queda do desmatamento no País e,
consequentemente, a queda das emissões. No entanto, o governo Dilma é um
dos que menos demarcou Unidades de Conservação e Terras Indígenas, uma
das melhores formas de combater o desmatamento. Para se ter uma ideia,
nos últimos cinco anos Dilma criou apenas 1% do total das Unidades de
Conservação existentes.
Além disso, o controle da extração de madeira da Amazônia na forma
como é feito hoje funciona apenas para legalizar madeira ilegal. Órgãos
oficiais do próprio governo definem que ilegalidade do setor chega a
mais de 50% do volume extraído. O atual cenário coloca em risco os
esforços realizados pelos programas de cooperação entre Brasil e
Alemanha e muitas das áreas protegidas demarcadas com apoio do PPG7.
Um aporte de novos investimentos no Brasil por parte da chanceler
alemã seria bem-vindo e Merkel poderia reiterar o apoio do governo
alemão em relação à proteção das florestas e à adoção de metas mais
ambiciosas para combater as mudanças climáticas visto que a Alemanha é
um dos grandes financiadores do esforço global para a conservação de
florestas tropicais.
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