O Projeto de Lei Complementar que coloca sob ameaça Terras Indígenas já
demarcadas e abre caminho para sua exploração deve ser apreciado nesta
quarta-feira
O projeto do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que restringe
drasticamente os direitos de povos indígenas sobre suas terras, deve
estrar em pauta nesta quarta-feira (10), às 14h, em uma comissão mista
no Senado.
O Projeto de Lei Complementar sem número/2013, estabelece exceções à
posse e uso exclusivo das comunidades indígenas sobre suas terras. Caso
aprovada, ela segue direto para os plenários do Senado e da Câmara.
O texto, que regulamenta o Art. 231 da Constituição Federal, é
assinado pelo senador Romero Jucá, ex-líder do governo no Senado – que
também é relator do controverso parecer sobre a regulamentação da PEC do
Trabalho Escravo.
Sob a justificativa de normatizar o conceito de relevância de
interesse público no processo de demarcação, o projeto quer, na
realidade, legalizar fazendas, estradas, hidrelétricas, minas, linhas de
transmissão e outros empreendimentos em Terras Indígenas (TIs).
A proposta classifica propriedades rurais como “área de relevante
interesse público da União”. Como consequência, o projeto estabelece que
essas áreas poderão ser excluídas da delimitação das terras indígenas
se seus títulos de ocupação forem “considerados válidos” ou poderão ser
objeto de desapropriação ou de compensação com outra área ofertada pela
União. Dessa forma, o projeto transforma interesses privados em "de
relevante interesse público da União".
Enquanto o mundo todo está reunido em Lima, no Peru, em busca de
acordos para mitigar as mudanças climáticas, o Congresso e o Senado
brasileiro, capitaneados pela Bancada Ruralista, tentam destruir os direitos indígenas, evitando que novas terras indígenas sejam criadas e colocando em risco as áreas atualmente protegidas.
"As TI, são o melhor instrumento de conservação das florestas e devem
fazer parte da estratégia brasileira de mitigação de emissão dos gases
de efeito estufa, evitando assim o agravamento das mudanças climáticas,
maior crise ambiental que os seres humanos podem enfrentar", afirma
Rômulo Batista, da campanha Amazônia do Greenpeace.
A Mobilização Nacional Indígena, rede de organizações coordenada pela
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, promove um tuítaço nesta
quarta, a partir das 10h30, contra a proposta. Participe utilizando a
hashtag #DireitosIndigenas.
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