Sunday, December 7, 2014

Floresta viva com direitos indígenas garantidos

Enquanto os políticos discutem dentro das plenárias da COP20, mensagem é passada em banner humano que pede respeito aos direitos indígenas e proteção às florestas 
 
Os direitos aos territórios indígenas devem ser garantidos como uma estratégia efetiva para o combate das mudanças climáticas. Esta foi a mensagem que centenas de pessoas passaram, hoje, ao se unir na praia Água Dulce, em Lima, no Peru. Deitados na areia e unidos, os participantes da mobilização formaram o desenho de um rosto e de uma árvore, simbolizando Pachamama, a “mãe terra”, e os dizeres “Povos + Direitos, Florestas Vivas”, em espanhol.

Depois de quase uma semana de discussões políticas, debates sobre parágrafos de um possível rascunho para o novo acordo, plenárias e conversas fechadas, este foi um ato de solidariedade aos povos indígenas durante a COP20, a 20a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas. O termo “Floresta Viva” se refere a um conceito indígena holístico da Amazônia e é um dos pontos de importante discussão quando falamos sobre soluções para as mudanças climáticas.
Cinco lideranças Mundurukus participaram da atividade. “Vamos resistir até onde for possível assim como temos resistido há 500 anos de massacres e violações aos direitos humanos”, disse Ademir Munduruku, liderança do movimento Ipereg Ayu em relação a luta que os indígenas Mundurukus tem travado contra a construção do Complexo Hidrelétrico do Tapajós.
O complexo de cinco usinas está sendo desenvolvido sem consultar de forma apropriada as populações tradicionais que serão afetadas pelo empreendimento. “Temos uma história de resistência e queremos continuar existindo”, completa Ademir. Apenas a usina de São Luiz do Tapajós, a maior de todas, seria responsável pelo alagamento de uma área do tamanho da cidade de São Paulo.
Na semana passada, ativistas do Greenpeace se uniram a cerca de 60 Mundurukus para protestar contra o licenciamento das obras escrevendo a mensagem “Tapajós Livre” com pedras na areia de uma praia próxima à comunidade São Luiz do Tapajós. “O nosso direito não tem preço. Chegamos até aqui para fortalecer a nossa luta e vamos lutar até a última gota de sangue pelas nossas futuras gerações”, disse Josias Munduruku.
Enquanto a COP20 acontece no Peru, está marcada para a semana que vem a votação da PEC215 (Proposta de Emenda à Constituição 215/2000), medida que propõe uma ampla gama de exceções ao direito de posse e usufruto das terras por parte dos povos indígenas. Além disso, inviabiliza novas demarcações e legaliza a invasão, a posse e a exploração de terras indígenas demarcadas. “A demarcação de terras indígenas é uma das ferramentas mais eficientes para a proteção das florestas e de seus povos. A PEC215 é um retrocesso que deve ser evitado”, conclui Tica Minami, coordenadora da campanha da Amazônia do Greenpeace Brasil.


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