A 20a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas chegou ao fim
em Lima, no Peru, sem definições claras de como as emissões serão
controladas
O presidente da 20a Conferência das Nações Unidas, Manuel
Pulgar-Vidal,
ao final das negociações apresenta o texto "Lima
call for climate
action" (©Greenpeace)
Muitas dúvidas e perguntas, poucas definições. Foi assim que a COP20 -
a 20a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas – chegou ao
fim em Lima, no Peru, na madrugada de sábado para domingo. O impasse
entre países desenvolvidos e em desenvolvimento impediu que a
Conferência fosse encerrada na sexta-feira no horário previsto e acabou
suavizando no texto final critérios de avaliação e a data de entrega das
metas nacionais que devem ser apresentadas no ano que vem.
Durante duas semanas, negociadores de mais de 190 países se reuniram
para discutir como combater as mudanças climáticas e controlar as
emissões de gases de efeito estufa. A reunião que ocorreu em Lima tinha o
objetivo de estabelecer as bases para que os países apresentem seus
compromissos e promessas. Lima era, portanto, um encontro preparatório e
facilitador para o acordo que deve ser assinado no ano que vem e que
entra em vigor a partir de 2020.
Leia mais:
Não houve definição clara sobre as regras para o formato dessas metas
nacionais, nem clareza sobre como os países desenvolvidos e os em
desenvolvimento serão diferenciados. Temas como adaptação – apontada por
Christiana Figueres, secretária executiva da COP, como tão importante quanto a redução das emissões de gases – e financiamento foram tratados de forma vaga no texto.
“Foram duas semanas de debates intermináveis sobre parágrafos,
vírgulas e qual a melhor palavra para constar em determinado texto. Uma
disputa para ver quem tem menos culpa e quem deve pagar mais. Enquanto
isso mais de 1 milhão de pessoas foram evacuadas de suas casas nas
Filipinas por conta de um tufão, mostrando a urgência de um acordo
ambicioso”, disse Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e
Energia do Greenpeace Brasil.
Apesar das muitas questões ainda em aberto, um elemento importante
que fez parte de discussões concretas foi o de zerar as emissões de CO2
até 2050. É a primeira vez em que alternativas para que isso seja
alcançado foram realmente discutidas e se os países finalmente
concordarem com esse caminho, a transição de energias fósseis para uma
matriz energética 100% renovável se tornará realidade.
“Essas reuniões só trarão resultados concretos quando os países
tiverem feito suas lições de casa, não adianta acreditar que 190 países
vão chegar a uma conclusão na Conferência se não tiverem se preparado
para isso”, continuou Baitelo, “ o Brasil, por sua vez, precisa acabar
com os investimentos em combustíveis fósseis, diversificar e
descentralizar sua matriz energética e zerar o desmatamento. Temos que
pressionar os negociadores para termos em Paris um acordo que responda a
essas lacunas.”
No comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.