Durante a marcha da Cúpula dos Povos, em Lima, Munduruku erguem a voz contra a construção das hidrelétricas do Tapajós
Josias Manhuary protesta durante a marcha da Cúpula dos Povos
(© Greenpeace/Antonio Escalante)
Os Munduruku encerraram sua participação na Conferência das Mudanças
Climáticas das Nações Unidas, a COP 20, em Lima, no Peru, protestando
contra a construção das hidrelétricas no Rio Tapajós durante a marcha
organizada pela Cúpula dos Povos, que ocorreu na última quarta-feira,
dia 10.
“Nós temos direitos garantidos na nossa Constituição de 1988 e na
Convenção 169 que não estão sendo respeitados, por isso viemos aqui,
para denunciar o governo brasileiro e buscar alianças com outros povos
para vencer essa luta”, disse Josias Manhuary Munduruku.
A cúpula dos povos ocorre em paralelo ao evento oficial, onde
diplomatas e cientistas de mais de 190 países tentam chegar a um acordo
sobre o clima. A marcha reuniu milhares de pessoas, entre organizações
indígenas, movimentos sociais, sindicatos e ONG’s para ir às ruas do
centro de Lima e levantar a voz pela necessidade de combater as mudanças
climáticas e mostrar que as discussões que são travadas entre
porta-fechadas durante a Conferência não estão alinhadas com as
necessidades dos povos e das ruas.
Mais ambição nos acordos, energias renováveis, desmatamento zero e
direitos indígenas estavam entre os chamados das ruas dos protestantes.
Durante a semana que estiveram em Lima, os Munduruku participaram da construção de um desenho humano realizado na praia Água Dulce
com o rosto e de uma árvore simbolizando Pachamama, a “mãe terra”, e os
dizeres “Povos + Direitos, Florestas Vivas”, em espanhol.
Na Cúpula dos Povos eles se reuniram com a relatora especial da ONU para povos indígenas para denunciar o governo brasileiro em relação ao não-cumprimento da Convenção 169 da OIT na construção de hidrelétricas na Amazônia.
Também encontraram Ruth Buendia, liderança do povo Ashaninka
e ganhadora do prêmio Goldman de Meio Ambiente por sua luta contra a
construção de hidrelétricas no rio Ene. Juntos, eles trocaram
experiências de luta e discutiram os problemas em comum enfrentados
pelos povos da América Latina.
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