Durante abertura da Cúpula dos Povos, em Lima, cinco lideranças
Munduruku denunciam governo brasileiro à relatora especial da ONU sobre o
não-cumprimento da Convenção 169 da OIT na construção de grandes
hidrelétricas na Amazônia
Munduruku falam sobre hidrelétricas do Tapajós durante evento
da Cúpula dos Povos (© Greenpeace)
Enquanto negociadores discutem na COP, Conferência das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas, que acontece em Lima, no Peru, como combater
as ameaças do clima, representantes de povos indígenas de todo o mundo
se reuniram ontem, dia 8, para a abertura da Cúpula dos Povos, evento
que ocorre em paralelo à COP para ampliar o debate e incluir a
participação de movimentos sociais.
Na ocasião, os Munduruku informaram à relatora especial da ONU para
direitos indígenas que o Brasil não está respeitando a Convenção 169 da
OIT, diante da falta da Consulta, Livre, Prévia e Informada em relação a
construção das hidrelétricas previstas para o rio Tapajós, na Amazônia:
“O governo não nos consultou sobre esse grande projeto e por isso
estamos aqui, para denunciá-lo por estar atropelando a lei. Nós não
vamos abrir mão do rio Tapajós, onde temos vários lugares sagrados”,
afirmou Josias Munduruku.
Vicky Tauli-Corpuz, a relatora especial da ONU para povos indígenas,
disse que é preciso que os direitos humanos estejam integrados com as
discussões que estão ocorrendo durante o evento oficial. “Eu vim aqui
hoje para ouvir sobre as violações aos direitos humanos que estão
acontecendo em vários países da América Latina. É uma ótima oportunidade
para entender o que está acontecendo nessa região e fazer a conexão com
o que está acontecendo dentro da Conferência sobre mudanças
climáticas”, afirmou ela.
Durante a mesa sobre desmatamento e mudanças climáticas, organizada
pela Aidesep (Asociación Interétnica de Desarrollo de la Selva Peruana) e
pela Forest Peoples Programme, os Munduruku também fizeram uma fala
pública em que condenaram o projeto que prevê a construção de uma série
de hidrelétricas no rio Tapajós, onde vivem, afirmando que irão resistir
“até a última gota de sangue” e reiterando que o governo deve realizar a
consulta em todas as mais de cem aldeias.
A mesa reuniu ainda
indígenas de várias partes do América Latina, que expuseram os problemas
em comum enfrentados pelos povos da Pan Amazônia, ameaçados por
madeireiros e grandes projetos de infraestrutura, como mineração,
extração de petróleo e a construção de grandes hidrelétricas.
Cerca de oito mil pessoas e duzentas organizações sociais de várias
partes do mundo estão sendo aguardadas para a Cúpula dos Povos, que esse
ano tem como tema central: “Mudemos o sistema, não o clima”.
No comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.