Friday, October 2, 2015

Amarelar? Só se for com tinta!

Postado por Thiago Almeida*

Algumas vezes a vida traz desafios que parecem intransponíveis. E são nesses momentos em que aprendemos na marra a nos adaptar às adversidades para fazer as coisas acontecerem. O trabalho que desenvolvemos no Greenpeace é um ensinamento diário de perseverança, um verdadeiro trabalho de formiga: aos poucos a gente chega lá.
Ao idealizarmos uma mensagem de proporções gigantescas para colocar no famoso encontro dos rios Negro e Solimões, em Manaus, pedindo o fim do uso de fontes fósseis de energia, sabíamos que o trabalho seria pesado. A missão: pintar uma balsa de aproximadamente 96 x 24 metros.
Foram mais de 2,6 mil metros quadrados pintados, intermináveis galões de tinta, além de mais de 48 horas de trabalho voluntário sem parar, com direito a dormir na própria balsa. A sensação térmica de Manaus atingia os 40ºC – na sombra. Some isso ao fato da embarcação ser feita de ferro, que naturalmente absorve muito calor. E finalize essa conta adicionando toda aquela tinta amarela: era um verdadeiro 
deserto escaldante.

Veja o vídeo da ação:


Parecia que nunca ia acabar. O Sol ia atravessando o céu manauara e pintávamos. Depois foi a vez de uma lua vermelha, cheia e linda nos acompanhar; e pintávamos. E trabalhando em equipe, com respeito, compreensão e dedicação, a balsa ia se tornando um dos maiores ‘banners’ que o Greenpeace já fez.
Mas a vida... ah! como a vida gosta de pregar uma peça. Com a balsa finalizada e tinindo, o próximo passo era seguir para o Encontro das Águas a fim de realizar a tão esperada foto. Acontece que Manaus amanheceu totalmente tomada por uma fumaça fedida e espessa de queimada, que virou notícia nacional. E agora? Como fazer essa foto?
Atrasou, demorou, deu o dobro de trabalho. Coloca a balsa ali, traz mais para cá, tira dessa área que tem fumaça, volta pra lá. Mas a gente se adapta, a gente se supera e com isso é possível driblar o desafio para mostrar ao mundo inteiro que a as fontes fósseis são coisa do passado. Atualmente a comunidade internacional toma medidas firmes contra a produção de fontes fósseis, mas o Brasil insiste em continuar nesse negócio velho e sujo, e ainda por cima coloca em xeque um dos maiores tesouros nacionais.
No fim deu tudo certo, como vocês podem ver nas lindas imagens que conseguimos registrar. Mais uma importante superação para a organização, que se torna um valioso aprendizado que levaremos para a vida: se desistirmos, ninguém fará por nós. Então tem que tirar leite de pedra e fazer acontecer. A vida nem sempre é justa, mas se não levantarmos a cabeça para encarar os nossos desafios, o barco passa e a fumaça fecha o céu.

*Thiago Almeida é da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil

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