Algumas vezes a vida traz desafios que parecem
intransponíveis. E são nesses momentos em que aprendemos na marra a nos
adaptar às adversidades para fazer as coisas
acontecerem. O trabalho que desenvolvemos no Greenpeace é um ensinamento
diário de perseverança, um verdadeiro trabalho de formiga: aos poucos a
gente chega lá.
Ao idealizarmos uma mensagem de proporções gigantescas para
colocar no famoso encontro dos rios Negro e Solimões, em Manaus,
pedindo o fim do uso de fontes fósseis de energia, sabíamos que o
trabalho seria pesado. A missão: pintar uma balsa de aproximadamente 96 x
24 metros.
Foram mais de 2,6 mil metros quadrados pintados,
intermináveis galões de tinta, além de mais de 48 horas de trabalho
voluntário sem parar, com direito a dormir na própria balsa. A sensação
térmica de Manaus atingia os 40ºC – na sombra. Some isso ao fato da
embarcação ser feita de ferro, que naturalmente absorve muito calor. E
finalize essa conta adicionando toda aquela tinta amarela: era um
verdadeiro
deserto escaldante.
Veja o vídeo da ação:
Parecia que nunca ia acabar. O Sol ia atravessando o céu
manauara e pintávamos. Depois foi a vez de uma lua vermelha, cheia e
linda nos acompanhar; e pintávamos. E trabalhando em equipe, com
respeito, compreensão e dedicação, a balsa ia se tornando um dos maiores
‘banners’ que o Greenpeace já fez.
Mas a vida... ah! como a vida gosta de pregar uma peça. Com
a balsa finalizada e tinindo, o próximo passo era seguir para o
Encontro das Águas a fim de realizar a tão esperada foto. Acontece que
Manaus amanheceu totalmente tomada por uma fumaça fedida e espessa de
queimada, que virou notícia nacional. E agora? Como fazer essa foto?
Atrasou, demorou, deu o dobro de trabalho. Coloca a balsa
ali, traz mais para cá, tira dessa área que tem fumaça, volta pra lá.
Mas a gente se adapta, a gente se supera e com isso é possível driblar o
desafio para mostrar ao mundo inteiro que a as fontes fósseis são coisa
do passado. Atualmente a comunidade internacional toma medidas firmes
contra a produção de fontes fósseis, mas o Brasil insiste em continuar
nesse negócio velho e sujo, e ainda por cima coloca em xeque um dos
maiores tesouros nacionais.
No
fim deu tudo certo, como vocês podem ver nas lindas imagens que
conseguimos registrar. Mais uma importante superação para a organização,
que se torna um valioso aprendizado que levaremos para a vida: se
desistirmos, ninguém fará por nós. Então tem que tirar leite de pedra e
fazer acontecer. A vida nem sempre é justa, mas se não levantarmos a
cabeça para encarar os nossos desafios, o barco passa e a fumaça fecha o
céu.
*Thiago Almeida é da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil
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