Governos do Acre e do Mato Grosso comprometem-se, junto ao Ministério
do Meio Ambiente, a cumprir a lei ambiental do País apenas em 2020
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
No último dia 29 milhares de brasileiros foram às ruas para
pressionar os líderes mundiais na COP21, exigindo metas mais ambiciosas
contra as mudanças climáticas. (© Zé Gabriel/ Greenpeace
Esta foi a piada encenada hoje (7), durante a Cerimônia de Assinatura de Compromisso pelo Desmatamento Ilegal Zero, onde o Ministério do Meio Ambiente e os governos dos estados do Acre e Mato Grosso comprometeram-se publicamente a cumprir o Código Florestal até 2020 - algo que todos os governos já deveriam estar fazendo.
O evento contou com uma ação do grupo Engajamundo, que entregou o troféu “Cara de Pau” à Izabella Teixeira, pela proposta de “enorme relevância”, como forma de satirizar a iniciativa do governo de lembrar que é preciso seguir a lei.
O aumento de 16% no desmatamento na Amazônia Legal, entre agosto de 2014 à julho de 2015, na comparação com o período anterior, mostra que apostar apenas no cumprimento da lei não é suficiente. O estado do Mato Grosso, que assinou o compromisso em Paris, foi o segundo que mais desmatou a Amazônia no último ano, sendo responsável por 23% de todo o desmate, além de apresentar um aumento de 40% na destruição florestal de um ano para o outro.
“Para enfrentar as mudanças climáticas deveríamos estar firmando compromissos pelo fim de todo o desmatamento, seja legal ou ilegal”, diz Cristiane Mazzetti, da campanha de florestas do Greenpeace Brasil.
O anúncio parece não passar de uma jogada de marketing. Primeiro porque o desmatamento ilegal zero anunciado ainda deixa livre 88 milhões de hectares de vegetação nativa no Brasil para o desmate legal, de acordo com o levantamento do pesquisador Britaldo Soares-Filho.
Segundo, porque as outras lacunas do tortuoso sistema ambiental brasileiro continuam sem solução. Que medidas serão tomadas para acabar com a exploração ilegal de madeira na Amazônia? E as recém-concedidas autorizações provisórias de funcionamento que liberam áreas embargadas no Mato Grosso para produção, serão banidas? Será retomada a demarcação de Unidades de Conservação e Terras Indígenas no Brasil, já que o governo federal atual foi o que menos demarcou terras indígenas desde o final da ditadura?
Sem essas respostas, e somando-se à falta de ambição do Brasil em relação à proteção de florestas, fica dificil acreditar que o desmatamento irá diminuir nos próximos anos. Por isso é que a sociedade civil deve continuar pressionando para que o governo assuma compromissos mais rigorosos, que sejam realmente efetivos para proteger as florestas.
Faça parte, apoie o movimento que pede o fim do desmatamento no Brasil. Desmatamento Zero Já!
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