Dois índios Ka’apor estão feridos e quatro estão desaparecidos após um
ataque de madeireiros na Terra Indígena Alto Turiaçu, no Maranhão. A
aldeia Turizinho chegou a ficar cercada por madeireiros
Durante monitoramento, Ka'apor encontram extração ilegal de madeira em seu território (©Lunaé Parracho/Greenpeace)
No entanto, um invasor conseguiu fugir e retornou mais tarde, com cerca de 20 homens armados, atacando os Ka’apor e bloqueando o ramal que dá acesso a aldeia Turizinho. Dois indígenas ficaram feridos e quatro estão desaparecidos. Não há informações sobre a gravidade dos ferimentos. O superintendente da Polícia Federal (PF) no Maranhão foi acionado e policiais devem ser enviados à área para resgatar os baleados da aldeia. Um sobrevoo da PF sobre a área esta previsto para hoje.
“A falta de credibilidade nas
autoridades, que deveriam garantir os direitos e a segurança dos povos
tradicionais, tem feito com que grupos indígenas entrem em estado de
guerra na defesa de suas terras, a exemplo do que vem acontecendo com os
Ka’apor da TI Alto Turiaçu”, afirma Tica Minami, coordenadora da
campanha da Amazônia no Greenpeace.
O episódio é o mais recente capítulo de um conflito que se arrasta há
mais de 20 anos entre os Ka’apor e madeireiros que invadem a Terra
Indígena Alto Turiaçu. Cansados de esperar pela intervenção do Estado,
os Ka'apor decidiram, em 2013, defender-se dos madeireiros de maneira
autônoma. De
forma coordenada, lideranças indígenas passaram a fazer ações de
vigilância e monitoramento da Alto Turiaçu para evitar o avanço do
desmatamento e a abertura de novos ramais de extração e transporte de
madeira ilegal.E, apesar de bem-sucedidas, as ações autônomas de proteção ao território vêm gerando retaliações aos indígenas da região. Exemplo disso são os recentes incêndios que estão devastando as terras indígenas do Maranhão, ameaçando inclusive povos isolados - como é o caso dos Awa na TI Caru.
A facilidade com que a madeira roubada de áreas
protegidas recebe documentação oficial, passando a ser vendida
livremente no mercado, motiva as invasões às terras indígenas e deixa um
rastro de destruição e violência na Amazônia.
Para o Greenpeace, o que vem acontecendo na Alto
Turiaçu não pode mais ser tolerado. “O governo precisa parar de reagir e
começar a tomar as medidas necessárias para garantir a proteção efetiva
das terras indígenas existentes. Só fiscalização não resolve. Tem que
investigar as serrarias e rever os planos de manejo em operação na
Amazônia como primeiro passo para ordenar o setor madeireiro que opera
na região e garantir a proteção dos territórios e povos tradicionais”,
completa Tica Minami.
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