Durante cerimônia de abertura do Salão do Automóvel, ativistas do
Greenpeace foram detidos ao protestar por mais eficiência veicular
Durante Salão do Automóvel, quatro ativistas escalaram o teto do
Pavilhão de Exposições do Anhembi e tentaram abrir dois banners com a
mensagem: “Elas estão te enganando. Exija carros eficientes”. (©Brunno
Marchetti/Greenpeace)
O Salão do Automóvel de São Paulo, o mais importante evento do setor
automotivo do Brasil, foi inaugurado hoje com protestos do Greenpeace.
Após a abertura do evento ao público, houve tentativa de manifestação:
quatro ativistas escalaram o teto do Pavilhão de Exposições do Anhembi,
onde acontece o evento. Eles tentaram abrir dois banners gigantes com os
logotipos da Volkswagen, Chevrolet e Fiat – líderes em vendas de carro
no Brasil – e uma mensagem aos consumidores: “Elas estão te enganando.
Exija carros eficientes”.
O protesto foi reprimido pela Polícia
Civil, os ativistas foram retirados, os banners foram recolhidos e seis
ativistas foram encaminhados à Delegacia Especializada de Atendimento ao
Turismo do Anhembi. A repressão ao protesto do Greenpeace comprova que
as maiores montadoras do País evitam o diálogo e admitir a verdade: seus
carros são ultrapassados.
Ainda hoje, mais cedo, durante a
cerimônia de abertura, ativista do Greenpeace abriu um banner com os
logotipos da Volkswagen, Chevrolet e Fiat - líderes em vendas de carro
no Brasil - e um recado para as montadoras: "Chega de enrolação. Carros
eficientes já!".
A manifestação faz parte da campanha que
pede às três montadoras que assumam metas mais ambiciosas de eficiência
energética de seus produtos. No lançamento da campanha, em abril desse
ano, o Greenpeace divulgou o estudo Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE),
feito em parceria com a Coppe/UFRJ. O documento mostra que os carros
produzidos no Brasil poderiam - caso as montadoras adotassem a mesma
meta de eficiência energética estabelecida pela União Europeia -
consumir muito menos combustível e reduzir suas emissões de gases do
efeito estufa, contribuindo para o enfrentamento das mudanças
climáticas. Nesse cenário, mesmo que o número de carros nas ruas do país
dobre em 2030, como é estimado, as emissões ainda seriam cerca de 10%
menores que as de 2010. Além disso, os brasileiros economizariam cerca
de R$ 287 bilhões com a redução do consumo de combustível.
Fiat, Chevrolet e Volkswagen foram desafiadas pelo Greenpeace a
assumir publicamente o compromisso de igualar no Brasil a meta europeia
de chegar à eficiência de 1,22 MJ/km até 2021. Mas até agora nenhuma
delas deu passos concretos. “O Salão do Automóvel é uma das principais
vitrines das montadoras, onde o mote é tecnologia e modernidade. Mas é
pura maquiagem. As mesmas marcas que já produzem carros com menos
consumo de combustível na Europa estão colocando veículos com tecnologia
velha nas nossas ruas”, diz Fabiana Alves, coordenadora da campanha de
Transporte do Greenpeace Brasil.
Nos últimos anos, o setor de
Transporte foi um dos que mais contribuiu para alavancar as emissões
brasileiras de gases estufa: de 1990 a 2012, segundo o Observatório do
Clima, suas emissões aumentaram 143%, e o setor já lidera as emissões
relacionadas ao consumo de energia no país. O último relatório do IPCC
(Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU) também alerta
que o setor é o que mais deve ter crescimento dentro das emissões
globais, puxado principalmente pelos países emergentes – como o Brasil,
que já é o quarto maior mercado de automóveis do mundo.
“As
maiores montadoras do mercado brasileiro estão ignorando a crise
climática global. Mais que isso, elas estão lavando as mãos com relação à
responsabilidade que têm sobre esse cenário”, critica Fabiana Alves. “A
tecnologia para produzir carros mais limpos e eficientes já existe na
Europa”.
Desde o lançamento da campanha, as três empresas
esboçaram respostas, todas vazias. Em nenhum momento se comprometeram a
elevar a eficiência energética dos veículos produzidos no Brasil.
Atualmente, a única meta que o país tem de eficiência energética
veicular, estipulada pelo programa Inovar-Auto do governo federal, é
voluntária e abaixo da meta obrigatória europeia. O Greenpeace mantém o
desafio às empresas para que elas adotem metas mais ambiciosas.
“A
frota de veículos cresceu muito nos últimos anos no Brasil, por isso é
imprescindível adotar medidas rigorosas para que esses carros emitam
cada vez menos gases de efeito estufa. O padrão de eficiência energética
deve ser mais rigoroso para que os carros que cheguem às ruas sejam os
mais limpos possível”, afirma Fabiana, do Greenpeace. “As empresas estão
enrolando o consumidor brasileiro”.
Você
pode ajudar. Peça à Chevrolet, Volkswagen e Fiat para que produzam
carros mais eficientes e desenvolvam tecnologias para carros elétrico.
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