A quem interessa a mineração em águas profundas?

As principais interessadas na regulamentação da mineração em águas profundas são empresas do Norte Global, principalmente a canadense The Metals Company, a Global Sea Mineral Resources e a Loke Marine Minerals.

O setor tem usado um discurso de maquiagem verde para pressionar a liberação da mineração em águas profundas, argumentando que a exploração desses minérios irá potencializar a transição energética e a diminuição do uso dos combustíveis fósseis.

No entanto, a transição energética que precisamos deve ser limpa, justa e sustentável. Existem outros caminhos para limitar a demanda pelos minerais, como, por exemplo, o desenvolvimento de baterias mais eficientes, assim como sua reciclagem e reutilização.

Embora as baterias sejam necessárias no processo de eliminação gradual dos carros à combustão, repensar nossos sistemas de transporte e o modo como vivemos nas cidades também é essencial.

Precisamos de menos carros nas ruas, priorização de transportes públicos que funcionem com energias renováveis e cidades mais preparadas para ciclistas ou para a mobilidade a pé.

E o que podemos fazer para impedir que a mineração em águas profundas aconteça?

Embora testes estejam em andamento na Zona de Clarion Clipperton, no Pacífico, a mineração em águas profundas ainda não é permitida pela legislação internacional. No próximo semestre, a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos realizará uma reunião para decidir sobre o assunto.

O que está em jogo precisamente são as águas que estão para além das denominadas Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE) – faixas localizadas além das águas territoriais sobre a qual cada país costeiro tem exclusividade para a utilização de recursos naturais.

Por isso precisamos pressionar os governos mundiais para que se posicionem contra a mineração em águas profundas e não cedam à pressão e ganância das empresas. O Brasil faz parte do conselho da ISA e terá um papel importantíssimo para impedir que os oceanos sejam alvo da mineração.