A atual versão do acordo foi concluída em junho de 2019, durante o governo Bolsonaro, após mais de 20 anos de negociação. Mas devido à explosão do desmatamento da Amazônia e da violência contra povos indígenas do Brasil sob Bolsonaro, o acordo não foi ratificado pelas partes. Agora, com a eleição de Lula como presidente, a Comissão Europeia, assim como alguns governos e indústrias na Europa, veem uma oportunidade de promover o acordo comercial UE-Mercosul e pressionam por sua ratificação.

Mas este é um acordo do século passado e que reflete o pensamento daquele tempo. Não condiz com as necessidades destes tempos. O presidente Lula manifestou preocupação com o acordo, enfatizando que quer um comércio mais justo e não está interessado em acordos comerciais que condenem o Brasil ao “eterno papel de exportador de commodities e matérias-primas”. Porém, Lula e membros do governo têm avançado no diálogo sobre o acordo e indicado que querem renegociar o texto com a União Europeia.

“Sem um repensar radical, o acordo levará à destruição contínua da Amazônia e de outros ecossistemas vitais, acelerando as crises do clima e da natureza, e fortalecerá as assimetrias econômicas entre as economias do Mercosul e da UE, aprofundando as disparidades globais”, alerta Thais Bannwart.

Considerando os desafios impostos pelas mudanças climáticas e uma nova configuração geopolítica do século XXI, é urgente repensar acordos de comércio baseados na cooperação e que coloquem a questão ambiental e os direitos humanos como elementos centrais.