Greenpeace Brasil
Foram 329 km² de alertas de desmatamento registrados pelo Deter B em abril de 2023. O mesmo período em 2022 registrou o recorde de mais de 1 mil km².
A Amazônia Legal teve 329 km² sob alerta de desmatamento em abril – uma área maior que a capital Belo Horizonte -, segundo dados do Deter-B, sistema de monitoramento do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) publicado nesta sexta-feira (12).
Apesar de ainda seguir elevado, o dado representa uma diminuição de 67,9% nos alertas de desmatamento em abril de 2023 em comparação com o mesmo mês no ano passado, quando os alertas ultrapassaram 1 mil km², um recorde de devastação para o período.
Considerando a série histórica do Deter B, abril de 2023 teve a menor área sob alerta de desmatamento para o mesmo mês desde 2020 – período de forte desmonte dos órgãos de fiscalização ambiental ocorrido durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022):
- 2019: 247 km²
- 2020: 407 km²
- 2021: 580 km²
- 2022: 1.012 km²
- 2023: 329 km²
Os estados com os maiores alertas de desmatamento em abril de 2023 foram o Amazonas (89 km²), Pará (86 km²) e Mato Grosso (80 km²). Entre os municípios, os maiores índices foram registrados em Altamira (35,9 km²), no Pará, Apuí (26,5 km²), no Amazonas, e Porto Velho (22,7 km²), em Rondônia.
Já a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós, no PA, foi a unidade de proteção ambiental com o maior alerta de desmatamento em toda a Amazônia, com 2,67 km² sob alerta. É a terceira vez desde janeiro que o local concentra a maior área sob alerta dentre todas as unidades de conservação da Amazônia.
O que explica a queda nos alertas em abril
Fatores técnicos e de gestão podem explicar a queda significativa nos alertas de desmatamento no mês de abril, como a cobertura de nuvens (em abril de 2022, esse dado não estava disponível para todo o mês) e iniciativas do governo federal e de alguns estados da Amazônia em defesa do meio ambiente,
Desde o começo do ano também houve reestruturação dos ministérios, em especial os do Meio Ambiente e da Defesa, que resultou em uma ação coordenada de combate ao garimpo ilegal, exploração ilegal de madeira e outros ilícitos ambientais, e um aumento significativo no número de atividades de fiscalização ambiental empreendidas pelo IBAMA, resultando no aumento de multas e áreas embargadas nos últimos meses.
Entretanto, para continuar avançando no objetivo de zerar o desmatamento, o Brasil precisa de uma frente de trabalho estruturada e tecnológica para o combate ao desmatamento na Amazônia.
“É muito importante ter um trabalho integrado entre diversos órgãos, atuando no comando e controle no chão da floresta. Mas é preciso promover inovações tecnológicas, legais e infralegais, considerando que a destruição da floresta hoje é operacionalizada por meios tecnológicos inovadores. Além disso, é preciso atuar diretamente na fiscalização de instituições financeiras que têm co-participação direta no aumento do desmatamento”, analisa Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.
A taxa de desmatamento no acumulado anual
Rômulo Batista ressalta que as áreas de alertas acumuladas continuam muito altas para o período fiscal de desmatamento.
“Se considerarmos o período fiscal do desmatamento que determina a taxa oficial publicada anualmente, que vai de agosto de 2022 a julho de 2023, este acumulado até abril, em comparação com os anos anteriores, é o maior da série histórica iniciada em 2015, registrando 5.977 km² de alertas de desmatamento”, declara Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Vale lembrar que abril é o penúltimo mês do chamado “inverno amazônico”, período de chuvas intensas na região Norte, que vai de dezembro a maio. Nesta época do ano, os índices de desmatamento e queimadas costumam ser menores devido a dificuldade de acesso em algumas regiões de floresta. Já no “verão amazônico”, que vai de junho a novembro, quando as chuvas são mais escassas, o desmatamento tradicionalmente aumenta.
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