Nova ferramenta, apresentada pelo IBAMA, irá unificar dados sobre origem e legalidade de madeira, e também de gestão territorial
Em 2014, ativistas do Greenpeace protestaram em serraria no Pará, que
recebia madeira extraída ilegalmente da Amazônia. (© Marizilda Cruppe /
Greenpeace)
No último dia 24, aconteceu no Congresso Nacional, em Brasília, a Audiência Pública sobre Desmatamento e Exploração Ilegal de Madeira na Amazônia Legal,
realizada a partir de denúncias feitas pelo Greenpeace. Durante a
audiência alguns órgãos expuseram inciativas para combater o problema,
foi o caso do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), que apresentou o Sistema Nacional de
Controle da Origem dos Produtos Floresta (Sinaflor).
A criação desta ferramenta foi instituída pelo artigo 35 do novo
Código Florestal e servirá para unificar as informações de todos os
estados sobre a origem e legalidade da madeira, do momento da
autorização até o consumidor final.
Essa iniciativa pode aumentar significativamente o controle sobre o
produto e sobre o setor, que atualmente sofre com o total descontrole e
operações fraudulentas. O Sinaflor, foi criado em dezembro do ano
passado, através da Instrução Normativa n. 21, e começou a ser
disponibilizado para os estados em março, gratuitamente.
Além das informações florestais a ferramenta irá unificar também
outros sistemas, como o CAR (SICAR), por exemplo, que fornece
informações territoriais e ambientais da propriedade rural, e o Cadastro
Técnico Federal ou CTF (número de registro necessário a qualquer pessoa
física ou jurídica que exerça atividades potencialmente poluidoras e
utilizadoras dos recursos naturais), entre outros.
A iniciativa pode representar um grande avanço no combate a
exploração ilegal de madeira e toda a destruição e violência atrelada a
este tipo de crime. Se implementada de fato e da forma devida, a
ferramenta pode ajudar a acabar com as fraudes de “lavagem de madeira
ilegal”, que comumente utiliza esse tipo de falha (falta de comunicação
entre os sistemas de controle) para “esquentar” madeira extraída
ilegalmente, com o uso de créditos de áreas autorizadas para manejo.
A digitalização e publicação de documentos, com o acesso à livre
informação para controle público, juntamente com a integração dos
sistemas, são passos cruciais para acabar com a atividade madeireira
ilegal. Com o Sinaflor implementado, começamos a seguir no caminho
certo.
“Estamos pedindo ao governo federal uma reforma robusta no sistema de
controle e a criação do Sinaflor vai ao encontro dessa demanda, podendo
representar um passo importante para o início da solução”, disse Marina
Lacôrte, da campanha Amazônia do Greenpeace.“Além do Sinaflor outras
medidas devem ser tomadas para acabar com o problema na sua origem, a
revisão dos planos de manejo também é crucial para que se possa separar o
joio do trigo, muitos créditos de planos fraudulentos ainda estão sendo
emitidos e movimentados permitindo que a floresta vá ao chão dia a
dia”, completa.
O Greenpeace vem denunciando a exploração ilegal de madeira desde
maio de 2014 e o problema continua, devido à falta de controle da
atividade. Ações de fiscalização para desarticular operações ilegais são
extremamente importantes, mas sozinhas, não resolvem o problema. Além
de fiscalizar, é preciso monitorar a atividade e garantir que novas leis
e ferramentas não voltem a ser alvos da atuação de criminosos
ambientais, como é o caso do atual sistema eletrônico de controle.
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