Governo promove primeiro leilão exclusivo para energias renováveis do ano; pouco mais de 10% da potência habilitada é contratada
Parque Eólico de Osório, RS. (© Rogério Reis / Tyba)
Na manhã de hoje foi realizado o primeiro Leilão de Energia de Fontes
Alternativas de 2015 para a contratação de energia para suprir a
demanda do país para os próximos anos. Realizado pela Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), além de ser o primeiro, o
leilão foi pensado especialmente para projetos de fontes alternativas,
como a energia dos ventos e usinas termelétricas que funcionam com
biomassa.
Ao todo, foram habilitados 200 projetos, totalizando 4.253 megawatts
(MW). Destes, 173 eram para a geração eólica. No entanto, apenas três
empreendimentos eólicos negociaram energia no leilão e poderão somar 90
MW ao sistema em 2017, quando as usinas serão entregues, com um preço
médio de contratação de R$ 177,47/MWh.
Oito usinas termelétricas de biomassa das 23 habilitadas negociaram
energia, e somarão 389,43 MW ao sistema a partir do ano que vem, com um
preço médio de contratação de R$ 209,91/MWh. Outros seis projetos para
novas usinas a biomassa que haviam se habilitado para serem entregues em
2017 não tiveram lances.
De acordo com Larissa Rodrigues, da campanha de Clima e Energia do
Greenpeace Brasil, “é positivo que tenhamos leilões específicos para
fontes alternativas de energia, mas o resultado ficou aquém do que
esperávamos, já que dos 4.253 MW habilitados, somente pouco mais de 10%
foi de fato contratado”.
Ainda, de acordo com Rodrigues, houve uma participação relevante das
usinas a biomassa e isso deve ser reconhecido. “A baixa contratação do
leilão, de modo geral, foi um reflexo das alterações nas regras, que
deixaram mais restritiva a contratação das usinas eólicas”, defende ela.
Espera-se que a fonte eólica tenha melhores resultados nos próximos
leilões marcados para esse ano, que darão maior prazo de entrega para as
novas usinas e que já contam com muitos projetos cadastrados.
Independente do resultado do leilão de hoje, o setor de energias
renováveis tem dado sinais positivos ao redor do mundo. Cerca de $ 270
bilhões de dólares foram investidos no setor em 2014 – 17% a mais do que
em 2013. A China ocupou o primeiro lugar no ranking dos investidores,
seguida de Estados Unidos e Japão. O Brasil ficou em sétimo lugar, com
cerca de $ 7,4 bilhões de dólares investidos. Grande parte dos
investimentos foi puxada por projetos de energia solar e eólica. No caso
brasileiro, mais de 80% do valor investido foi direcionado para a
energia dos ventos.
Os números são de um relatório publicado recentemente pelo PNUMA
(Programa das Nações para o Meio Ambiente), em cooperação com a
Frankfurt School (acesse o relatório na íntegra em inglês aqui).
Os números mundiais mostram que investimentos em energia solar e
eólica são uma tendência e essas são fontes com grande potencial no
Brasil. Por isso, é necessário apoiar o desenvolvimento da energia
eólica e também criar incentivos para a inserção da fonte solar. Em
tempos de crise, com reservatórios hidrelétricos baixos e com a
utilização de usinas térmicas caras e poluentes, a diversificação da
matriz energética aparece como ainda mais crucial e é importante que ela
seja feita a partir de fontes de energia limpas, seguras e que
respeitem o meio ambiente e a sociedade.
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