Governo contratou 1.973 MW a partir de hidrelétricas de grande e pequeno
porte e termelétricas a biomassa e gás natural, que vão suprir o
mercado em 5 anos
Usina a carvão ao fundo, em contraste com placas solares, na
Alemanha. Qual polui mais? (© Paul Langrock / Greenpeace)
Esta manhã foi realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL), na sede da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)
em São Paulo, o Leilão de Energia A-5, que negociou a contratação de
projetos que fornecerão energia ao País em cinco anos, ou seja, a partir
de 1º de janeiro de 2020.
Para participar do leilão foram habilitados 50 projetos, somando o
total de 6,7 mil megawatts (MW). As iniciativas dividiam-se entre
pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), usinas hidrelétricas e também
usinas térmicas a carvão, gás natural e biomassa.
A boa notícia é que as duas termelétricas a carvão, habilitadas para
participar do leilão, não foram contratadas. Elas somavam 1.200 MW de
potência e poderiam emitir gases de efeito estufa na ordem de 8 milhões
de toneladas de CO2 por ano. Após o resultado de hoje, essas emissões foram evitadas.
De acordo com Larissa Rodrigues, da Campanha de Clima e Energia do
Greenpeace, “o fato das termoelétricas a carvão terem ficado de fora já é
um motivo para comemorar o resultado do leilão. Essas usinas
representariam um enorme retrocesso para a matriz elétrica do país,
considerando que o carvão é a fonte mais poluente”.
Segundo ela, novas usinas a carvão não deveriam mais ser contratadas:
“temos um potencial enorme para fontes limpas e seguras, como a energia
solar e a energia dos ventos e são essas as fontes que devem ser
incentivadas e não as fontes poluentes”.
Ao final do processo, foram contratadas oito PCHs, somando 164,33 MW e
também as hidrelétricas de Itaocara I, no Rio de Janeiro, com potência
de 150 MW e outra no Rio Tibagi, no Paraná, com potência de 32 MW.
Em relação às demais térmicas que participaram do leilão, houve a
contratação de três usinas a biomassa, somando 111,4 MW e também a de
uma usina a gás natural em ciclo combinado – mais eficiente do que
usinas em ciclo aberto –, com 1.515 MW de potência.
O preço médio de contratação do leilão foi de R$ 259,19/MWh, preço
mais elevado do que o praticado para as fontes solar e eólica nos
últimos leilões. “O fato de um leilão de hidrelétricas e térmicas
registrar um preço médio superior ao dos leilões de eólica e solar
atesta que essas fontes já se consolidaram entre as mais competitivas na
matriz elétrica”, explica Rodrigues.
Bandeira vermelha
Infelizmente, o resultado para a energia eólica não foi positivo no último Leilão para Fontes Alternativas,
realizado também essa semana. Neste leilão, apenas 90 MW de projetos
eólicos foram contratados de um total de 3.930 MW habilitados, por conta
das regras e prazos. A expectativa é que a fonte eólica tenha melhor
resultado nos próximos dois leilões já marcados para esse ano.
A diversificação da matriz elétrica é uma necessidade. Hoje, com o
modelo hidrotérmico, quando os reservatórios das hidrelétricas estão
baixos e as térmicas são constantemente acionadas, passa a valer a
chamada “bandeira vermelha” e a geração de energia pesa mais no bolso do
consumidor. A bandeira vermelha deixa a conta de luz mais cara em R$
0,055/kWh. Para o consumo e tarifa médios de uma casa brasileira, isso
equivale a pagar cerca de 20% a mais. A má notícia é que em maio a
bandeira vermelha continua valendo
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