No quinto episódio da minissérie Linhas, conheça o projeto de energia solar que mudou a vida em condomínios populares
A renda obtida através da venda da energia solar poderá ser usada
para a
melhoria das áreas públicas, como transformar o quiosque
vazado em
centro comunitário. (© Greenpeace/Carol Quintanilha)
Mulheres levantando escadas, subindo ao telhado e carregando um tanto
de painel que ninguém sabia pra que era, virou uma cena rotineira no
cotidiano dos condomínios Praia do Rodeadouro e Morada do Salitre, em
Juazeiro, Bahia.
Em fevereiro de 2014 o projeto piloto no sertão baiano - nascido da
parceria entre a Caixa Econômica Federal e a empresa Brasil Solair -
instalou nove mil painéis solares em mil casas do programa Minha Casa
Minha Vida, além de três aerogeradores de energia eólica. A energia
limpa e renovável é distribuída na rede elétrica comum e vendida no
mercado livre.
A participação popular na montagem da miniusina solar foi fundamental
para a união dos moradores, já que pessoas dos mais diversos lugares
chegam para viver nos condomínios populares.
“A autoestima da comunidade aumentou surpreendentemente, sobretudo
entre as mulheres que têm filhos e não podiam trabalhar fora. Além de
aprenderem um novo ofício, são elas que recebem o dinheiro da renda e
decidem onde a família deve investir”, explica Jean Aragão, técnico de
manutenção da Brasil Solair.
O destino de 60% da renda cai diretamente na conta das famílias. 30%
vai para um fundo de investimento e 10% para a manutenção dos painéis.
No dia do pagamento, R$ 123,00 entravam na conta de cada uma das
famílias beneficiadas (o valor oscila de acordo com o preço da energia
no mercado). No fim da tarde, Marinalva Rodrigues chegava em casa
sorridente e cheia de sacolas: “Comprei iogurte, queijo e Toddynho para
meus filhos, além de bolinhas para a árvore de Natal. Vou montar meu
presépio”, contou.
O destino dos 30% que vai para o fundo de investimento é assunto até
na rádio local. A intenção das síndicas de usar o dinheiro para
melhorias das áreas comuns – como a construção de creche, lombadas,
postos médico e policial e um centro comunitário – não é aceita por
muitos moradores, que preferem investir a verba em gastos pessoais.
“Fazemos um apelo aos moradores para que pensem a longo prazo.
Investir em um centro comunitário onde podemos oferecer cursos aos
nossos jovens, por exemplo, significa prepará-los para o mercado de
trabalho”, explica Gilsa Oliveira, síndica do Morada do Salitre.
É o que mais deseja Neide Silva, a personagem principal do 5º episódio da minissérie Linhas.
Aos 43 anos, mãe de oito filhos e sem ter tido a oportunidade de
estudar, ela encontrou nos painéis fotovoltaicos a chance de trabalhar
com o que gosta e montar sua microempresa. Assista!
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